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domingo, 13 de setembro de 2009

Edição 105 – agosto/2009
Enchente: atingidos não receberam ajuda até hoje

A enchente e o reajuste dos servidores

Em panfleto distribuído para os servidores públicos e, mais tarde, para a população, no mês de maio, o prefeito Nenen da ASA (PV) alegou que não tinha condições de dar nenhum reajuste salarial para os trabalhadores. Nenen da ASA (PV) alegou que a culpa era da enchente que aconteceu em Brumadinho no ano passado. O prefeito falava também da crise econômica, mas a primeira lembrança para justificar a falta de reajuste para os trabalhadores foi a enchente, que, segundo ele, “afetou Brumadinho”. Ao mesmo tempo em que dava o reajuste zero, Nenen da ASA (PV) criava 14 novos cargos de chefias na Prefeitura, aumentando o valor da folha de pagamento em 43 mil reais mensais. Sem o reajuste, centenas de trabalhadores da prefeitura, que recebiam salário mínimo mas tinham vantagens, como quinquênios, ficaram prejudicados. Hoje, reclamam eles, na prática, recebem menos do que o salário mínimo.

A enchente e os investimentos na cidade

Recentemente, em reuniões realizadas em várias comunidades para discutir o Plano Plurianual – PPA –, o prefeito voltou a justificar a falta de investimentos na cidade alegando culpa da enchente, como se o dinheiro do município estivesse sendo usado para resolver problemas da enchente como ajudar as inúmeras famílias que foram atingidas.

A enchente e o Centro da Juventude

Segundo informou ao jornal uma fonte da Câmara Municipal, ao ser questionado sobre o encerramento das atividades do Centro da Juventude do bairro Santa Efigênia, o Secretário de Ação Social, Nery Braga, teria alegado que o dinheiro do Centro (R$ 90 mil) teria sido gasto para ajudar o pessoal que sofreu com a enchente.

A enchente e o Fundo de Garantia

Recentemente um carro de som da Prefeitura andou pelas ruas anunciando a liberação do Fundo de Garantia para quem foi atingido pela enchente. Mas a liberação do fundo de garantia por tempo de serviço, o FGTS, não foi uma a atitude da Administração de Nenem da ASA (PV). O governo Lula (PT) aditou uma Medida Provisória para liberar o fundo, uma vê que as enchentes daquele ano atingiram o país inteiro, e não apenas Brumadinho. E, obviamente, apenas as pessoas que tinham fundo de garantia para sacar é que puderam sacar. As outras, funcionárias públicas, desempregadas ou que trabalham “sem carteira assinada” não tiveram nem esta ajuda do Governo Federal.

A enchente e as pessoas que sofreram com a enchente

A Administração Municipal, em “informativo” distribuído na cidade, alega que “as famílias que ficaram desabrigadas tiveram total apoio da Prefeitura que além do amparo psicológico, ajudou também com o pagamento de aluguel e auxílio na alimentação daqueles que foram afetados”. Nossa reportagem apurou que houve pessoas que realmente tiveram aluguel pago pela prefeitura. E que a própria Prefeitura admite que os aluguéis não são um problema: pelo contrário, a prefeitura alega que reduziu em 50 mil reais os gastos com essa despesa. Quanto ao “total apoio”, não é isso que as pessoas dizem.
Nossa reportagem procurou várias pessoas que sofreram com a enchente do ano passado. Os moradores dizem que não receberam dinheiro algum como ajuda da Administração de Nenem da ASA (PV). Moradores do Canto do Rio dizem que receberam apenas Kit para limpeza, mas não eram da prefeitura. Algumas pessoas disseram que foram cadastradas na Prefeitura, mas a ajuda não aparece. Segundo elas, quando cobram da Administração Municipal, a Prefeitura diz que não tem como ajudar porque “não chegou verba”. “Ninguém recebeu nada!”, disse Rosane Maria de Jesus, moradora da Rua República do Chile, que conversava com nossa reportagem num grupo de 6 pessoas do bairro. “Teve uma reunião com o Nery Braga, lá no Centro de Líderes mas ele ficou só falando sobre o rio”, continuou ela. Segundo Rosane, foi feito um cadastro das pessoas atingidas porém a Administração não tomou nenhuma outra atitude. Outro morador da Rua República do Chile também falou que sua mãe foi à reunião, mas que a família não recebeu nada.
“Mal-mal passou um caminhão pipa para apagar a poeira”, reclamou outra moradora.

Cadastro

“A prefeitura não conversa, não explica. Ela só fez o cadastro. A gente tá abandonado”, lamentou mais uma moradora. Outro morador relatou que sua oficina ficou debaixo d’água. “Minas coisas ficaram lá, tirei terra e mais terra de lá”, falando do seu local de trabalho.
Já Geraldo Rios, da Rua República da Argentina, quando nossa reportagem perguntou se ele tinha recebido alguma ajuda financeira da Prefeitura, deu uma risada: “Nada, nada!”, falou. ”E nem vai receber”, completou um vizinho com quem ele conversava no momento em que a reportagem o abordou. “Prometeram, mas até o momento, nem um centavo. Recebi ajuda de amigos, de filhos, que viram minha situação e ajudaram”, completou Rios.

Bairro Progresso II

Na rua Camélia, no bairro Progresso II, outro ponto atingido pela enchente, nossa reportagem encontrou o mesmo não de outros lugares. Ali também ninguém foi ajudado. “Aqui ninguém recebeu nada de Prefeitura. Quem ajudou as famílias a voltarem para suas casas foi a comunidade”, contou um morador.

A enchente e a História

A história da enchente se repete. No ano de 1996, Cândido Amabis Neto, o Gibiu, hoje aliado do prefeito Nenen da ASA, foi eleito prefeito. Gibiu assumiu em 1997, ano em que uma enchente passou por Brumadinho. Nos meses seguintes, a prefeitura não deu reajuste para os servidores, não pagou seus salários, não pagou fornecedores, não fez obras. A cidade parou. E Gibiu alegava que tudo era culpa da enchente. O Prefeito acabou enfrentando uma greve dos trabalhadores da Prefeitura e dois pedidos de impeachment. Foi cassado no dia 11 de janeiro de 1998.

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