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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Edição 118-Outubro/2010
Costa Val fala da Expedição ao Rio Paraopeba

Em entrevista à imprensa, o Secretário-Executivo do Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba, Mauro da Costa Val, coordenador geral da Expedição ao Rio Paraopeba, faz considerações e alertas importantes. Costa Val explica algumas características que tornam esse rio um dos mais importantes do Estado, sobretudo por que todo ele, em sua extensão total, é objetivo de piracema. Além disso, as águas do rio Paraopeba são utilizadas para diversos fins desde o início da civilização ou nascimento dos aglomerados populacionais, no final do século 17. Mas foi no final da década dos anos 60, século 20, que as coisas para as águas do rio começaram a piorar. A abrupta passagem da população rural para urbana (cujo processo se consolidou em fins dos anos 80) concentrou os lançamentos de toda espécie de resíduo líquido, orgânico – esgotos municipais, e químicos – industriais e da agricultura, em suas águas. Some-se a este processo o desmatamento (edificação do urbano exige uma desorganização de intensa área natural), que acarretou a realidade atual de intenso assoreamento do rio Paraopeba e de muitos de seus tributários, denuncia. Apesar disto, a Bacia Hidrográfica do rio Paraopeba é o principal manancial de água de beber para toda Região Metropolitana de Belo Horizonte. Acompanhe a seguir, a entrevista na íntegra.
1) Mauro, quanto por cento do rio está não navegável?
O nome Paraopeba tem sua origem na língua tupi-guarani: Rio de águas rasas e de pouca profundidade. A navegação depende do tipo de embarcação que se pretende utilizar. Os membros da etapa de navegação da Expedição Paraopeba utilizaram três tipos de embarcação: Caiaques (3 qualidades / formatos distintos), bote inflável para rafting (KR) e bote inflável com motor de 15 CV. De acordo com as características de cada trecho, foram colocados tipos específicos de embarcação. Por outro lado, a época do ano hidrológico também define altura da lâmina líquida (água), riscos e possibilidades de navegação. Na época escolhida (seca), que se deu em virtude da saliência das características físicas e dos impactos advindos dos diversos usos das águas, navegou-se com caiaques (usando-se bote inflável de rafting em boa parte deste montante) em aproximadamente 65% do percurso total e, com bote a motor, 35% do percurso total. Somente não foi navegável o trecho entre Cristiano Otoni (nascentes) e Queluzito, a primeira cidade localizada após as nascentes. Neste trecho a equipe acessou as águas do rio por suas margens.
2) Quantos quilômetros foram navegados?
Foram navegados 497 quilômetros de uma extensão total de 537 quilômetros, medidos com aparelho de posicionamento global por satélites (GPS).
3) O Rio passa por quantos municípios e quais são os seus principais pontos importantes?
A Bacia Hidrográfica do rio Paraopeba, unidade territorial de planejamento e gestão das águas, contém territórios de 48 municípios. Dentre estes, 35 têm suas sedes urbanas localizadas dentro deste perímetro. Os outros 13 municípios têm parte de suas áreas localizadas, juntamente com suas sedes, em outras duas bacias lindeiras, as bacias dos rios das Velhas e Pará. É difícil resumir os “principais pontos importantes de um rio”, sobretudo por que todo ele, em sua extensão total, é objetivo de piracema, por exemplo. É uma característica da vida no planeta Terra, a subida rio acima dos peixes para desova e perpetuação das espécies. Além disso, as águas do rio Paraopeba são utilizadas para diversos fins desde o início da civilização ou nascimento dos aglomerados populacionais, no final do século 17. Mas foi no final da década dos anos 60, século 20, que as coisas para as águas do rio começaram a piorar. A abrupta passagem da população rural para urbana (cujo processo se consolidou em fins dos anos 80) concentrou os lançamentos de toda espécie de resíduo líquido, orgânico – esgotos municipais, e químicos – industriais e da agricultura, em suas águas. Some-se a este processo o desmatamento (edificação do urbano exige uma desorganização de intensa área natural), que acarretou a realidade atual de intenso assoreamento do rio Paraopeba e de muitos de seus tributários.
Apesar disto, a Bacia Hidrográfica do rio Paraopeba é o principal manancial de água de beber para toda Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os principais sistemas produtores de água potável são o Sistema Rio Manso e o Sistema Serra Azul, ambos localizados no médio Paraopeba. Grande parte de todas as demandas industriais, municipais e da agricultura ainda são supridas pelo rio Paraopeba e por seus tributários. Assim, para além de ser a Bacia Hidrográfica de Minas Gerais que mais tem economia e mais arrecada impostos, o Paraopeba é vital para os cidadãos e cidadãs da RMBH.
Entretanto, o desenvolvimento econômico, em virtude de seu perverso modelo, não foi acompanhado de responsabilidade e sustentabilidade ambiental. A poluição e a contaminação das águas do rio Paraopeba cresceu no mesmo ritmo e proporção do crescimento econômico. A qualidade de vida, principalmente nas regiões de Betim, Contagem e arredores e, também, nas regiões de Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco e Congonhas, sofreu enorme perda, proporcional ao crescimento econômico.
Desta feita, equacionar e incorporar na política pública o valor social e o valor ecológico das águas é o grande desafio para os próximos anos. A visão atual de nossa sociedade frente aos serviços naturais, de disponibilidade de água por parte dos rios, é extremamente utilitarista e exploratória.
Apesar da existência de rigorosa base legal e órgãos que existem para proteger e regular, de maneira sustentável, os usos das águas, todo e qualquer tipo de empreendimento é licenciado, sempre sob o argumento da geração de empregos e divisas. Este cenário não teve hora para começar, mas terá hora marcada para acabar. O rio Paraopeba já indica sua fragilidade perante a voracidade e insensatez das formas de exploração de suas águas.
Tabela com os nomes dos municípios separados por relação topológica.

Registro lamentável

A Expedição ao rio Paraopeba aconteceu de 4 a 23 de setembro e registrou, por meio de fotografias, filmagens e coordenadas geográficas, as boas ações feitas em prol do rio, belezas, mas, também pontos de lançamentos de esgotos e degradações ambientais. O projeto efetuou também a análise da água em todas as sub-bacias, além de incentivar a participação popular na gestão compartilhada das águas do Paraopeba. “Foi emocionante ver esse projeto se concretizar. É uma data histórica. No entanto, logo na chegada do trajeto os navegadores se deparam aqui na região do alto com uma cena lamentável: A UHE-Retiro Baixo não construiu o canal lateral para facilitar a transposição e subida dos peixes durante a piracema. E o que se viu foram cardumes de lambaris e outros peixes se debatendo contra as paredes do canal dos vertedouros.
Patrocínios e parcerias
A Expedição ao Paraopeba é uma realização do Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba (CIBAPAR) e Instituto Ekos para o Desenvolvimento Sustentável. O projeto contou com patrocínios e parcerias, entre eles da Petrobras, Prefeituras Municipais, Marinha do Brasil, Equipe Tuareg de Navegação e a empresa Geosam, que efetuou a análise de qualidade das águas com uma sonda multiparâmetros de alta tecnologia da Clean Environment do Brasil. A Expedição contou ainda com recursos públicos do Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (FHIDRO).
As informações são da “Assessoria de Imprensa: Edição e Distribuição de Informação: Eficaz Comunicação”, com “Redação: Cibapar”.

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