Busque em todo o blog do Jornal de fato

ENTRE EM CONTATO CONOSCO: defatojornal@gmail.com / 99209-9899
ACOMPANHE-NOS NO facebook.com/jornaldefato

terça-feira, 9 de julho de 2013

Edição 151 – Junho/2013
Momento histórico no Brasil
Milhões de brasileiros participam de manifestações em todas as regiões do País
Só no dia 21 de junho foram quase 2 milhões, em 438 cidades; atos começaram na capital paulista, espalharam pelas capitais, pelo interior e chegaram a Brumadinho


No dia 6 de junho, a cidade de São Paulo foi surpreendida por uma manifestação contra o aumento de 20 centavos no preço do transporte público naquela cidade. A Polícia Militar, sob as ordens do Governador Geraldo Alkimin (PSDB) reprimiu fortemente a manifestação usando de muita força, de gás lacrimogêneo (gás de feito moral), balas de borracha, gás de pimenta, cassetetes, e prisão de manifestantes. Se a intenção do Governador era barrar as manifestações, os tiros de borracha saíram pela culatra: o Movimento pelo Passe Livre – MPL – voltou às ruas, agora com muito mais gente, duas, três, quatro vezes. Ao que parece, iniciou-se aí o movimento histórico de reivindicações: passe livre e, agora, manifestação pelo direito de manifestar-se! “Não é pelos 20 centavos!”, virou, então, o mote das manifestações. 
Dias depois, 20 de junho, o Rio de Janeiro recebeu 300 mil pessoas em suas ruas, um recorde, iniciando também, por uma minoria, outro aspecto das manifestações, os atos de fazer quebra-quebra de prédios públicos e privados. Segundo a imprensa local, ao menos 62 pessoas ficaram feridas nos confrontos, incluindo um jornalista da Globonews atingido na testa por uma bala de borracha. Um veículo do SBT foi incendiado; noutra manifestação, um da Record. O jornalista Caco Barcelos, da Rede Globo, a mais hostilizada pelos manifestantes, quase foi agredido quando trabalhava.
Depois disso, as manifestações se generalizaram, primeiramente pelas capitais; depois, pelos interiores. Chegaram a Mário Campos no dia 18 de junho, voltaram no dia 21. Em Brumadinho, no dia 22, 26 e 29. 
Na quinta, 20 de junho, houve protestos em pelo menos 438 cidades de todos os estados brasileiros. Quase 2 milhões de brasileiros fizeram manifestações pela redução das passagens do transporte público, contra os gastos com as obras da Copa do Mundo, pelo aumento dos recursos para a saúde e educação e contra a corrupção. Em Brasília, o protesto reuniu mais de 30 mil pessoas e manifestantes tentaram invadir o Congresso Nacional, sendo reprimidos pela Polícia de Choque, que utilizou bombas de gás lacrimogêneo. A multidão seguiu então para o Palácio do Itamaraty, onde tentou entrar no prédio por uma das rampas de acesso, provocando um confronto que destruiu parte da fachada do prédio. Segundo os serviços de emergência da capital federal, 35 pessoas ficaram feridas nos confrontos, sendo três em estado grave.
Em Salvador, a polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra cerca de 20 mil manifestantes concentrados na zona do estádio onde Nigéria e Uruguai se enfrentavam pela Copa das Confederações.
Ainda em Salvador, dois micro-ônibus da Fifa foram apedrejados. A fachada do prédio também foi atingida. A polícia de choque reagiu ao ataque com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e gás de pimenta.
Em São Paulo, o protesto reuniu mais de 100 mil pessoas na Avenida Paulista, onde houve brigas entre manifestantes quando um grupo denominado "Os Nacionalistas" tomou bandeiras do PT e do PSTU das mãos de militantes, queimando-as em seguida.
Membros da UNE, do PSOL e de outras organizações também foram hostilizados na capital paulista. Também ocorreram manifestações em Porto Alegre, onde 15 mil pessoas protestaram, e em Belém, 13 mil.
Em Campinas, no interior de São Paulo, a TV local informou sete feridos em incidentes em torno da prefeitura. No Recife, outra sede da Copa Confederações, mais de 50.000 pessoas tomaram as ruas, segundo a Polícia. À medida que a multidão avançava pacificamente pelo centro da cidade, as pessoas jogavam papel branco picado do alto dos edifícios.
Em Vitória, outra manifestação reuniu mais de 100 mil pessoas no centro da cidade, e um pequeno grupo atacou com rojões o prédio do Tribunal de Justiça.
Os protestos também mobilizaram 15 mil pessoas em Belo Horizonte, 30 mil em Cuiabá, 20 mil em Aracaju, 70 mil em Manaus, 10 mil em João Pessoa, 8 mil em Fortaleza e 4 mil em Curitiba. Tudo isso, no dia 20 de junho.

Contra o quê?
 
Manifestação em Niteroi-RJ
Os movimentos tiveram início com protestos pela redução da passagem de ônibus na capital paulista. O Movimento Passe Livre, que mobilizou São Paulo com esse tema, defende em última instância um transporte público gratuito para toda a população. É um movimento que tem clareza de suas propostas, conta com apoio de vários partidos de esquerda e iniciou o movimento. No entanto, quando milhões de pessoas tomaram as ruas, as reivindicações passaram a ser múltiplas, às vezes sem muita clareza. PEC 37; PEC 33; Estatuto do Nasciturno; contra a homofobia e o racismo; pela redução dos preços das passagens; pelo passe livre para estudantes; pelo passe livre pra todo mundo; serviços públicos de qualidade e denúncias dos gastos com a Copa do Mundo; contra a corrupção; mais saúde; mais educação, entre outras reivindicações.

Contra os partidos políticos

Desde o segundo dia de manifestações, uma atitude chamou a atenção. Manifestantes iniciaram um discurso proibindo a presença de bandeiras de partidos nas manifestações. Expulsaram um membro do PCR. Depois, membros da UNE, do PSOL e de outras organizações também foram hostilizados. Como se essas organizações nunca tivessem lutado por direitos dos brasileiros. E, curiosamente, como se centenas e milhares dessas pessoas não tivessem sido torturados, mortos e desaparecidos para que todos hoje pudessem se manifestar à vontade.  Curiosamente, quem não gosta de partidos são as Ditaturas Militares. Todas elas, quando tomaram á força os governos e m toda a América Latina, fecharam as casas legislativas ou proibiram a existência de partidos, como aconteceu no Brasil.    

Presidenta se pronuncia

Em mensagem em rede nacional, no dia 21 de junho, a Presidenta Dilma Rousseff (PT) reiterou sua "enérgica condenação" à violência que houve em alguns dos protestos e se referiu a várias das causas do mal-estar, que passam pela péssima qualidade dos serviços públicos, a corrupção e o gasto público na Copa das Confederações e na Copa do Mundo. Como resposta aos pedidos dos manifestantes, Dilma fez propostas concretas como "trazer de imediato milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do SUS", que 100% dos royalties gerados pelas riquezas petrolíferas em águas profundas sejam destinados à educação e uma reforma política que "permita aos cidadãos fiscalizar melhor todos os seus governantes". Dias depois, a Presidenta recebeu líderes dos protestos, reuniu-se com as autoridades do Parlamento, do Poder Judiciário, com governadores e prefeitos, a fim de elaborar um "plano nacional de mobilidade urbana", já que os protestos se originaram por causa do aumento do preço do transporte público. Mas a proposta mais radical da Presidenta foi ade realização de um Plebiscito Nacional sobre a Reforma Política, que não caminha no Congresso. No Plebiscito, a população vai às urnas, decide e o Congresso é obrigado a acatar, transformando em lei. Entre as propostas do Plebiscito está o financiamento público exclusivo de campanhas políticas.
Segundo o sociólogo Manuel Castells, considerado o maior especialista em sociedade de redes, em entrevista a “ISTOÉ”, a presidenta Dilma agiu corretamente ao falar na tevê à nação, convocando reuniões com governadores, prefeitos e manifestantes para propor um pacto. E ainda afirmou que ela é a primeira líder mundial que presta atenção, que ouve as demandas de pessoas nas ruas.

Manifestações dão resultados

A principal conquista das manifestações foi a redução dos preços das passagens de ônibus. Na verdade, isso foi possível depois que a Presidenta Dilma (PT) retirou das empresas de ônibus pagamento de dois impostos, o COFINS e o PASEP. Em Minas Gerais, houve redução nas linhas intermunicipais. O ônibus da SARITUR para BH baixou de R$ 6,30 para 6,05, uma redução de 3,97%. Além da linha 3388/87, a decisão do governador abrange 745 linhas de ônibus gerenciadas pela Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) e fiscalizadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DER-MG).

As manifestações em Brumadinho
“Movimento” “Fora Brandão” reúne cerca de 20 pessoas


“(... ) Não participei da manifestação em brumadinho por NÂO compartilhar de alguns pontos em pauta na manifestação; Acredito que o Brasil todo está acordando contra o abuso do governo e que se tem 100 mil pessoas ou 20 não importa (...). Mas acredito também que a luta em todo o Brasil é algo bem maior do que rixa entre Nenem e Brandão, estamos tendo a oportunidade de lutar por melhorias e acho oportunismo de alguns aproveitar Toda essa mobilização que acontece em TODO o País pra chorar por Nenem e Brandão. A luta é maior do que isso gente, se não abrirmos nossas cabeças para isso, não adianta estar na rua... é o que eu penso!” O texto foi escrito por um internauta na rede de relacionamentos facebook, W. F..
As manifestações acontecidas em Brumadinho, nos dias 22 (em Casa Branca), 26 e 29 de junho reuniram poucas pessoas. O cidadão W. F. resumiu bem as razões pelas quais em Brumadinho o povo não foi para as ruas: enquanto no Brasil inteiro as manifestações eram por várias bandeiras de luta, em Brumadinho os opositores do Governo Brandão tentaram tirar proveito partidário. As manifestações não reuniram mais de 50 (cinquenta pessoas). “Em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, 50 pessoas fecharam a entrada da cidade. Segundo a Polícia Militar (PM), depois, os ativistas se deslocaram para a avenida principal, a Vigilato Braga. Eles reivindicam melhorias no transporte, saúde e educação. O protesto seguiu pacífico e já foi encerrado”, publicou o jornal O Tempo on line no dia 29 de junho. Apesar da informação, nas fotos postadas pelos participantes vê-se em torno de 20 pessoas participando. Nesta data, os manifestantes fecharam a ponte por 25 minutos, depois de se reunirem na Av. Vigilato Braga e ficar alguns minutos na Praça da Bandeira.

Manifestação partidária


Sobre a manifestação do dia 26, às 17 horas, disse um dos frentistas do Posto Brumadinho, na entrada da ponte: “Foram umas trinta pessoas do Nenen”.
“É isso que acontece, quando se tenta usar o povo como boi de piranha!”, escreveu no facebook B. A. “Acho que tinha mais fora Brandão nas faixas, do que outras formas de protesto! Bem feito!”, completou ele. No anúncio, a manifestação teria sido chamada como se fosse apartidária, mas não era, pelo que se pode inferir da escrita de B. A.: “...denominaram como manifestação apartidária! Foi dito que cada um podia manifestar o que quisesse! Dançaram... “. “Mais um fracasso”, comentou H. S. depois da terceira manifestação.
Vez ou outra dou meu desabafo e posso afirmar aqui minha indignação quanto ao manifesto ocorrido hoje na sede. Pois bem, 90% das pessoas que participaram do movimento, (que não passavam de 30 pessoas), não são da cidade”, postou o internauta T. M. no dia 29 de junho.
Até mesmo uma ex-funcionária da prefeitura na gestão de Nenen da ASA (PV), ferrenha combatente do Governo Brandão (pelo menos na rede social), perguntou: “Kde as 1074 pessoas que estavam confirmadas pra manifestação? A nossa fez mais barulho”, parecendo se referir a uma manifestação em Casa Branca no dia 22 de junho.
“Fechamos a ponte hoje (...) e com pouca gente mesmo mais dignos de nossa companhia”, admitiu no facebook mais um do chamado grupo “Agora é Transparência”, de oposição ao Governo Brandão.
E as manifestações eram mesmo diferentes de todas as outras acontecidas pelo Brasil afora. Ou pelo menos era a intenção dos organizadores. “Por mais que eles não queiram hoje é dia Fora Brandão, Fora Bones chega de marasmo, chega de inércia, chega de incompetência”, postou no grupo “Agora é Transparência” outra ex-funcionária da prefeitura na gestão de Nenen da ASA (PV), Inês de Assis. O aviso foi postado às “07:28 via celular”, com a manifestação marcada para às 9 horas (aconteceu às 11). Renato Ferreira de Carvalho, outro aliado de Nenen da ASA (PV), confirmou o caráter partidário da manifestação: “Mesmo com alguns elementos infiltrados na manifestação é FORA BRANDÃO”.
O caráter de oposição ao Governo Brandão ainda foi confirmado com uma das fotos postadas pela vereadora Alessandra do Brumado (PPS) que mostrava um cartaz com os dizeres “Fora Brandão”.  “Fica muito evidente pela fotógrafa (a postadora) a intenção de focar a faixa com o dizer...”, comentou uma pessoa logo abaixo as fotos da Vereadora.
Apesar de toda a tentativa de tornar a manifestação partidária, mesmo com poucas pessoas, algumas empunharam bandeiras importantes para a cidade como a proteção da nascente Mãe d'água; mais investimento na saúde e educação, com transparência nas contas; melhorias no transporte público e diminuição nas tarifas abusivas cobradas pela SARITUR; pelo fim da Taxa de Esgoto.




Nenhum comentário:

Postar um comentário