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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Edição 158 – Janeiro/2014
Opinião
A gente não quer só dinheiro...
               

Com a virada de ano, as promessas e superstições para atrair dinheiro tomam conta dos brasileiros. É como diz a tradicional música de ano novo: “muito dinheiro no bolso...”. Se na esfera privada, os sonhos são importantes para tocar a vida e avançar para um futuro melhor, na esfera pública, mais ainda. Em matéria de orçamento, Brumadinho está com o bolso cheio. Recursos é o que não parece faltar para o governo da nossa cidade tomando-se em conta a realidade de municípios de mesmo porte no Brasil.
Porém, como na vida pessoal, nas questões de interesse público, o sonho pode virar pesadelo, pois “dinheiro na mão é vendaval”. Alguém deve estar se perguntando como as sábias palavras do samba imortalizado por Paulinho da Viola podem representar algo ruim, se para muitos desafios da cidadania no Brasil o problema maior é o orçamento. Com recursos, saúde, educação, segurança pública e tantas outras agendas de políticas públicas seriam equacionadas. Sem dinheiro, os problemas se avolumam como já estamos habituados a ver em nossa triste sina de cidadãos tupiniquins, em nossa cidadania pequena como diria Pedro Demo.
Porém, “a gente não quer só dinheiro, a gente quer dinheiro e felicidade...”. Nessa outra música importante de nossa cultura, os Titãs nos alertam para o sentido da vida. E, em termos de vida pública, o sentido da vida é a ética. Tanto que para pensadores gregos clássicos como Aristóteles e Platão, que ajudaram a moldar a cultura do mundo ocidental, ética é representada pela felicidade, que por sua vez é entendida como bem viver em conjunto na pólis, ou seja, na cidade. Daí, a essência da tão desgastada, mas tão necessária palavra “política”: viver e agir na pólis em busca da ética, do bem viver em conjunto, para conquistarmos nossa felicidade como povo, quer seja de Brumadinho, quer seja do Brasil ou como cidadãos do mundo.
Para avançar além do rico orçamento de nossa cidade e conquistarmos a cidade na qual todos sonhamos e merecemos viver é preciso que nossa sociedade se reinvente em termos democráticos cotidianamente. Não basta apenas que nos regozijemos com os recursos que temos e que outros municípios não têm e deixemos para que o governo nos informe o que pretende fazer com tão volumosa quantia. Em ambientes nos quais os cidadãos não se mobilizaram para construir propostas de ação em conjunto com o governo, cobrar o direito à informação orçamentária clara e acessível para todo e qualquer cidadão, independentemente de seu grau de conhecimento contábil e financeiro, e punir desvios, má conduta e inapetência gerencial pública, o orçamento mais rico não resultou em melhores políticas públicas. Em muitos casos, como já vimos presenciamos várias vezes em Brumadinho, esse orçamento mais polpudo apenas ajudou encher os cofres privados.
Então, como votos de feliz 2014, desejo um ano novo cheio de boa política democrática para todos nós em Brumadinho, atuando de forma proativa na construção de um orçamento público que seja participativamente discutido, represente os efetivos interesses públicos, seja implementado em colaboração com a população, se faça alvo da prestação de contas para além das obrigações judiciais e permita a todos nós nos tornarmos mais senhores de nossa cidadania.

Armindo dos Santos de Sousa Teodósio (Téo)

Professor do Programa de Pós-Graduação em Administração da PUC Minas

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