Busque em todo o blog do Jornal de fato

ENTRE EM CONTATO CONOSCO: defatojornal@gmail.com / 99209-9899
ACOMPANHE-NOS NO facebook.com/jornaldefato

domingo, 23 de março de 2014


Edição 159 – Fevereiro/2014
Editorial

8 de Março: Machismo às avessas? Ou a mulher precisa mesmo ser “melhor”, mais “gostosa” e mais “bela”?

Nesse sábado comemorou-se mais um Dia Internacional da Mulher. Melhor seria que não tivesse acontecido. Não as comemorações, mas o dia em si. O fato de existir um dia especial não é bom negócio, é um indicador de que as coisas não vão bem. Mas, já que o Dia existe, valhamo-nos dele para contribuir com algumas reflexões.
Nesta edição trazemos um belo artigo a respeito, Dizem que a Mulher é o Sexo Frágil...”, de Teo Armindo. Belo porque profundo, foge do lugar comum das comemorações e põe o dedo na ferida. É disso que precisamos, disso que a luta pela emancipação feminina precisa. “Sob pena de “levarem, mas não ganharem”, ou seja, conquistarem muita coisa, mas não alcançarem sua emancipação”, como defende Teo.
De nosso lado, os homens, nada, ou de muito pouco, nos adiantará mandar flores, escrever poemas mas continuarmos, por exemplo, fechando os olhos para o fato de que em Brumadinho, companheiros, namorados e  maridos continuam espancando suas mulheres, tratando-as como se delas fossem donos e senhores, tratando-as como se fossem seres inferiores.
Também não adianta comemorar o 8 de Março e continuar fazendo piadinhas machistas, pagando salários menores pelo mesmo trabalho, ou irritando-se quando as vemos jogando futebol, ocupando cargos políticos importantes ou tendo que conviver com o fato de elas serem nossas chefias na empresa. Não adianta comemorar e se recusar a ajudar no trabalho doméstico, a dar banho nos filhos, e implicar com ela porque escolheu uma profissão “masculina”. Ou dizer que ela é “mal-amada” ou criticá-la por ter feito opção pela vida de solteira ou por não ter filhos. 
Reinaldo Fernandes
Editor
Por outro lado, as próprias mulheres – quem nos alerta novamente é Teo Armindo – precisam se cuidar para que não caiam na esparrela da visão de mundo e dos valores do machismo e da sociedade capitalista, baseada no superficial; na vida loucamente corrida, dominada pelo trabalho e busca de dinheiro, dinheiro e mais dinheiro, sem tempo para si mesma, para os amigos, para a família; sociedade baseada na efemeridade, na hipocrisia, na fachada.
Assim, é hora de se perguntar o que fazer com a ditadura da “beleza”. É crime ser gorda ou baixa? Está correta essa obsessão pelo corpo “perfeito”? É crime ser solteira, descasada ou divorciada? O cabelo precisa, mesmo, ser liso? Por que é preciso depilar? 
Ser “melhor”, mais “gostosa”, ter mais coisas do que a outra mulher; ou fazer algo concreto pelas mais pobres, mais maltratadas, mais marginalizadas, mais menos em tudo?
Se o Dia Internacional da Mulher nos servir para que possamos refletir de forma mais profunda sobre a situação da mulher de Brumadinho - e também da mulher do Brasil e do Mundo -, ele terá valido a pena. Se não, será apenas mais um 8 de março. Ano que vem tem mais!         

Nenhum comentário:

Postar um comentário