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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Edição 164 – Julho/2014
Mobilização da População garante vitória aos usuários do transporte coletivo


Depois de duas semanas de muita reclamação por parte dos usuários do transporte coletivo das cidades de Brumadinho, Mário Campos e Sarzedo, o recém-inaugurado Terminal de Passageiros de Sarzedo foi desativado no dia 20 de julho. O Terminal, que teria consumido R$ 8,3 milhões, não durou nem um mês. 
“O Terminal Metropolitano de Sarzedo é moderno, prático, seguro”, declarou o governador do estado, Alberto Pinto Coelho (PP) no dia 2 de julho, data da inauguração, completando que o Terminal seria também “ágil no funcionamento”, o que depois se viu, não passava de balela. Empolgado na inauguração, o prefeito de Sarzedo, Werther Rezende (PMDB), ao lado do candidato a vice-governador Dinis Pinheiro (PP) e do deputado federal Toninho Pinheiro, (PP) encheu os pulmões para dizer: “Essa obra é de grande importância para todos. O Terminal vai proporcionar mais economia para os usuários com a redução do valor da passagem e isso é mais uma vitória do nosso povo”, o que também não passou de mais balela. O que se viu foram passagens mais caras, inclusive para os usuários que usavam os ônibus da região de Bom Jardim até o Terminal. E vitória mesmo o povo sentiu quando o Terminal foi fechado, duas semanas depois de entrar em funcionamento, no dia 5 de julho.
Enquanto, no dia 2 de julho, o governador, em Brumadinho, acompanhado de Diniz Pinheiro, Toninho Pinheiro, Ione Pinheiro, Pinheirinho, vários prefeitos – inclusive os de Brumadinho, Mário Campos e Sarzedo – anunciava a inauguração do Terminal, os políticos aplaudiram. Mas, a partir do dia 5, os problemas começaram, e a população reagiu de pronto.
 
O candidato a vice governador, Diniz Pinheiro;
seu irmão e candidato a deputado federal, Toninho
Pinheiro; e o prefeito Wether comemorando
a inauguração do malfadado Terminal  
Problemas

Os problemas começaram com a falta de transparência por parte do Governo do Estado e da SARITUR.  A população só foi avisada das mudanças na última hora. Além disso, ao invés de ampliar e melhorar a linha que passava pela BR-381, a linha foi extinta, prejudicando as pessoas que trabalham ao longo dessa rodovia que passa por pela região de Citrolândia, em Betim, por dentro de Betim e Contagem.
Além do desconforto pelo tempo de espera de um ônibus para outro, as pessoas de Brumadinho passam a disputar com os passageiros da região de Sarzedo, Ibirité, Tirol, Barreiro e adjacências um lugar qualquer para viajar, sentado ou em pé.
Outro problema absurdo para quem dizia que o terminal trazia “mais economia” para os usuários foi o aumento das tarifas. A passagem de ônibus para o trajeto Brumadinho/BH custava R$6,45 em um percurso aproximadamente de 60 quilômetros. Com o Terminal, pela metade deste percurso, ou seja, de Brumadinho a Sarzedo, o passageiro começou a pagar R$4,00. Depois de pagar R$4,00, ao fazer a baldeação em Sarzedo para embarcar para BH o usuário deveria pagar mais R$5,50, totalizando R$9,50. Como única opção para não pagar R$9,50 e continuar a pagando os mesmos R$6,45, o usuários deveria comprar o cartão “Ótimo”. Aí aparecia outro problema, a chamada – e proibida – “venda casada”, já que o cidadão se via obrigado a comprar o cartão, pagando antecipado por um serviço que ainda não recebeu.
Outro problema era a falta de organização do Terminal, ausência de fiscais, que deixava os usuários à mercê deles mesmos, tendo que “brigar” para entrar nos ônibus e arrumar um lugar para se sentarem. Além disso, a estação não possuía nenhum banheiro gratuito e sim pago, além de não contar com serviço de lanchonete, ou qualquer outro.
A falta de horários foi para partidas de Brumadinho outro problema, já que só havia horários de saída do Terminal. Assim, o usuário teria que ficar “calculando” tempo de viagem, o que se torna cada vez mais difícil por causa do louco trânsito na MG 040 e nas áreas urbanas das cidades.
Mas os problemas não paravam aí. Aumentou também o tempo de viagem. Nos horários de pico, o passageiro gastava de 20 a 60 minutos para embarcar, uma vez que as filas cresciam rapidamente à medida que os ônibus das linhas alimentadoras iam descarregando passageiros com destino a Belo Horizonte, como informaram usuários e quem esteve lá observando a bagunça.
Como se não bastasse, o itinerário do ônibus no centro de Belo Horizonte também foi mudado, extinguindo pontos como o da Praça Sete e Mercado Central, dando imensa volta, passando pela Tereza Cristina, pegando a rua Paracatu e voltando a pegar a Amazonas. Tudo isso sem avisar aos passageiros com antecedência, deixando dezenas de pessoas esperando em vão nos antigos pontos de embarque.

Mobilização popular

Assim que o Terminal entrou em funcionamento e os problemas ficaram estampados, a população se revoltou. Dezenas de reclamações foram encaminhadas à Prefeitura, usuários foram à Câmara Municipal reclamar, gabinetes de vereadores foram visitados, um abaixo-assinado foi elaborado, um grupo foi criado em rede social, o telefone do DER-MG tocou tanto que o órgão o desligou. O jornalista Valdir de Castro Oliveira escreveu um texto bastante esclarecedor sobre a situação, posicionando-se energicamente contra os “cabeçudos” da Saritur e do DER. Castro intitulou seu texto de “Saritur e DER goleiam população de Brumadinho por 11 a 0”, comparando as ações desses “órgãos” à humilhante derrota do Brasil para a Alemanha por 7 X1 durante a Copa do Mundo no Brasil.
A mobilização popular obrigou os prefeitos das três cidades a se movimentarem e se reunirem com o Governo do Estado e o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano e dono da SARITUR, Rubens Lessa Carvalho.  Na primeira reunião, houve alguns avanços, mas insuficientes do ponto de vista dos usuários, o que fez a mobilização aumentar. No dia 15 de julho, cerca de 100 moradores de Sarzedo fecharam o Terminal, impedindo a entrada e saída dos coletivos do local.

Governo do Estado recua

A partir do dia 21 de julho, os ônibus que saíram das três cidades com destino a Belo Horizonte voltaram a circular como anteriormente, deixando de fazer a integração no Terminal Metropolitano de Sarzedo. O Secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas, Fabrício Torres anunciou “a desativação do Terminal até que sejam solucionados os principais problemas apontados pelos usuários do Transporte Público, como horários de ônibus, tempo de espera e valor das passagens.” O Secretário teria reconhecido “os erros ocasionados pelo novo sistema e a necessidade de um plano de ação para solucionar os problemas.”

Vitória popular

A desativação do Terminal significou importante vitória das populações de Brumadinho, Mário Campos e Sarzedo. Os prefeitos das três cidades foram sensíveis às reclamações da população e cumpriram seu papel de defender essa população das arbitrariedades do Governo de Minas e da SARITUR. Porém, a verdade é que isso só aconteceu depois da mobilização da população.

Foi a mobilização popular que fez os políticos agirem! Foi a mobilização da população que garantiu a vitória aos usuários do transporte coletivo.


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