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sábado, 11 de abril de 2015

Editorial

Para entender a crise brasileira. Uma contribuição ao debate.

Democracia sempre mais! Ditadura nunca mais! 

A atual crise econômica mundial começou a se desenhar em 2007, por causa das chamadas hipotecas subprime, que ofereciam empréstimos para compras de imóveis a clientes com elevado risco de créditos. Como bancos do mundo inteiro investiam nesses papéis, a crise se espalhou pelo Globo todo.
Em 15 de setembro de 2008, com a quebra do banco americano Lehman Brothers tem-se início a maior crise econômica da história desde a chamada Grande Depressão de 1930. Dos EUA, a crise se espalhou pela Europa, atingindo primeiramente Grécia, Irlanda, Espanha, Portugal e Itália. O desemprego explodiu, benefícios para a população foram cortados.  Reino Unido, Alemanha, Japão, Holanda, França, todos são obrigados a socorrerem bancos em processo de falência. O FMI tem que socorrer a Islândia e a Ucrânia. Os EUA se veem obrigados a concederem empréstimos a Cingapura, México e Coreia do Sul. O Banco Mundial promete triplicar ajuda aos países em desenvolvimento e a Itália destina 80 bilhões de euros para combate à crise. O G7 (sete países mais desenvolvidos do mundo) e o G20 (países avançados e em desenvolvimento) anunciam planos de combate à crise. Ainda em 2008 a 2009, a União Europeia apresenta planos de combate à crise.
Já em 2009, a Alemanha (do G7) entra em recessão técnica, como consequência da crise. Os EUA estão em recessão desde 2007, onde a classe média passa a ter dificuldades até para se alimentar. Enquanto isso, em 2009, o Brasil entra no noticiário internacional como o queridinho para investimentos, chamado pela revista Newsweek como “potência regional única”. A revista The Economist diz que o Brasil é “a maior história de sucesso na América latina”, ano em que o País torna-se credor do FMI, com a compra de 10 bilhões de dólares em bônus, e o dólar perde cerca de 25% de seu valor em relação ao Real. No entanto, a Embraer, fabricante e exportadora de aviões, sente a crise e tem que cortar 4.000 empregos. No 3º trimestre o Brasil volta a crescer. É neste ano que a governo do Presidente Lula toma a decisão de reduzir e retirar impostos. O IPI de veículos e da linha branca (eletrodomésticos) foi retirado, aumentando as vendas, aquecendo a indústria e o nível de emprego e elevando o crescimento no PIB. Neste ano a Selic fechou em 8,75%, menor taxa desde 1999.
Em 2010, a Espanha fez corte de 15 bilhões de euros no seu orçamento para reduzir seu déficit. Nesse ano o PIB brasileiro cresceu 8,9%, o maior desde 1996. Mesmo ano em que a Irlanda teve que ser ajudada pelos europeus. A União europeia aprova pacote de 750 bilhões para ajudar os países da zona do euro.
Em 2011 a Grécia passa por um dos seus piores momentos enquanto no Brasil, em abril, temos o menor índice de desemprego desde 2002. O Brasil volta a cortar impostos para compra de eletrodomésticos e aplicações financeiras. Dólar cai para R$ 1,554, menor valor dos últimos 12 anos.
Em 2012, a Grécia não apenas dá calote em metade de sua dívida com a iniciativa privada como aumenta impostos, corta salários, pensões e empregos. Na Espanha, você deve se lembrar, caro leitor, a população teve que deixar casas, abandonar veículos, tirar crianças da escola privada, tudo por ter perdido seu emprego. Mais de 500 famílias eram despejadas de suas casas a cada dia, por não suportarem o pagamento do aluguel ou das prestações imobiliárias. Em menos de um mês, 4 suicídios. Neste mesmo ano, o desemprego na zona do euro bate recorde, chegando a 11,7% da população desempregada, 19 milhões de pessoas, o maior contingente na história do Bloco. Grécia e Espanha têm 25% de sua população desempregada. Novamente os bancos centrais de diversos países (EUA, China, Japão, Inglaterra) injetam dinheiro na economia para tentar conter a crise. Isso aumenta a entrada de dólares no Brasil e prejudica nossas exportações, crítica feita por Dilma na reunião da ONU.
Em 2013, estudo diz que o Brasil pode se tornar a 4ª economia do mundo até 2050. A Espanha tem 3 milhões de pessoas na pobreza extrema (em torno de 7% do total), enquanto é erradicada no Brasil. No Chipre, banco é fechado, saque limitado a 300 euros e no Brasil Dilma inclui mais oito setores no corte de tributos da folha de pagamentos, como forma de incentivar o emprego enquanto a OIT (Organização Internacional do Trabalho) anuncia que 1 milhão de europeus perderam o emprego nos últimos 6 meses. No EUA a taxa de desemprego cai, com o país começando sua recuperação, crescendo 1,7% enquanto a Itália tem a recessão mais longa, com queda do PIB. Irlanda volta oficialmente à recessão; agência de risco rebaixa nota da França em meio à crise continuada na zona do euro, com recessão já de 1 ano e meio; na Grécia desemprego chega a 27,6%; Espanha loteia espaços naturais e históricos buscando saídas para a crise. Economia brasileira cresce 3,3% no ano.      
Ainda em 2013, os EUA começam a dar sinal de recuperação, mesmo ano em que a China – a economia que mais crescia no mundo - dava mostras do contrário, desacelerando seu crescimento.
O Brasil conseguiu se segurar, aumentou sua poupança (superávit primário), retirou IPI de veículos e dos eletrodomésticos, continuou aumentando o nível de emprego e o PIB continuou crescendo.
Em função da globalização econômica em que vivemos na atualidade, a crise se espalhou pelos quatro cantos do mundo, como pode se ver acima, derrubando índices das bolsas de valores e criando um clima de pessimismo na esfera econômica mundial. Mesmo assim, até 2014, com os dois governos petistas (de Lula, depois, Dilma) tomando as atitudes que tomaram, o Brasil conseguiu segurar a crise. No entanto, como se vê, a crise mundial permanece, com escassez de crédito e consequente fuga de capitais de investidores internacionais.
A queda, ou baixo crescimento do PIB dos países da União Europeia em função do desaquecimento da economia dos países do bloco faz com que diminuam a importação ou impedem que continuem importando do Brasil tal como vinham fazendo (como a China comprando nosso minério). Quando se exporta mais, fabrica-se mais, aumenta-se o emprego etc etc. Mas se os países de fora não podem comprar mais, exportamos menos, fabricamos menos e a consequência é menos investimentos e menos dinheiro no Brasil.
Ora, não há como não ocorrer contaminação da crise para países fora do bloco europeu ou dos EUA. Países que mantém relações comerciais com a União Europeia ou EUA, como o Brasil, são necessariamente atingidos. A crise pode, de acordo com economistas, causar recessão econômica mundial. Não é um problema isolado do Brasil, como poderemos perceber se prestarmos um mínimo de atenção.
Curiosamente, os EUA acabam de ter uma recuperação acima da expectativa, o que fez com que o dólar tivesse uma alta, não apenas em relação ao Real (prejudicando ainda nossas exportações) mas em relação a várias moedas mundiais, inclusive o Euro.
É verdade que o Brasil passa por uma crise. Mas também é verdade que o Brasil se segurou como nenhum outro país no mundo, enquanto foi possível. Se não entendermos isso, continuaremos achando que a corrupção no Brasil aumentou ao invés de entendermos que o que aumentou foi o combate a ela; continuaremos falando besteira, escrevendo besteira, pedindo impeachment da Presidenta, e achando que a solução é a volta dos Militares.
Não! A solução é manter a esperança, estudar um pouco de história e geopolítica, ler fontes alternativas que não sejam da grande e reacionária imprensa brasileira, e cobrar do nosso governo central atenção e medidas concretas para que o País suporte a crise mundial e para que soframos menos com ela. Ou perderemos nossas preciosas força e energia com besteiras do tipo “Fora Dilma”, “Impeachment já” e pedido de volta do governo militar, marcado, especialmente, pelos assassinatos de quem a ele era oposição.

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