Edição 177 – Agosto 2015
Copasa assume
dívida com Brumadinho e promete R$ 23 milhões
Empresa diz que recursos serão investidos
na implantação de rede e construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto
Em audiência pública realizada no dia 26 de
agosto em Brumadinho, pela Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a Copasa admitiu que está em
dívida com o município e prometeu investimentos de R$ 23 milhões em esgotamento
sanitário, além de obras suplementares de abastecimento de água.
Os problemas sanitários e de abastecimento
de água de Brumadinho ganharam destaque, desde junho, com o início das obras
para captação de água do Rio Paraopeba, no valor de R$ 128,4 milhões, para
tentar afastar o risco de racionamento hídrico na Capital. Durante o período de
cheia do Rio Paraopeba, a COPASA tirará água para reservar na Barragem do Rio
Manso (Conceição de Itaguá) e usar se for preciso em períodos de estiagem.
Ainda assim, o município não tem esgoto tratado e conta com comunidades
abastecidas por caminhões-pipa.
A audiência, realizada no auditório da
Faculdade ASA, contou com presença de ex-prefeitos, pré-candidatos a prefeito,
ex-vereadores, vereadores atuais, pré-candidatos a vereadores, gente de quase
todos os partidos da cidade, pessoas que mesmo sem cargo políticos estão
envolvidas na política local e até alguns populares. Na Mesa de debates, o
Presidente da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização, o vice-prefeito
(de acordo com o convite enviado ao jornal de fato pela ALMG, o prefeito não
era convidado), o vice-presidente da COPASA, outro diretor da empresa, o
Presidente da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e
Esgotamento Sanitário do Estado - ARSAE-MG -, um subsecretário do Governo
Pimentel, um representante do IGAN e um vereador. O Secretário de Meio
Ambiente, Ernane Abdon também não era convidado mas se fez presente.
Convênio de 2008
não foi cumprido
“Não há dúvida de que a Copasa está
inadimplente com Brumadinho”, admitiu o vice-presidente da empresa, Antônio
César Pires de Miranda Júnior. A dívida da Copasa com o município data de
2008, quando foi firmado um convênio que previa investimentos de R$ 28 milhões
no esgotamento sanitário em Brumadinho. Desse total, diretor de Planejamento e
Gestão de Empreendimentos da Copasa, Ronaldo Matias de Sousa, só foram investidos
cerca de R$ 17 milhões. Por essa razão, segundo ele, diversos projetos estão
sendo executados no município.
Em fase de licitação, segundo Sousa, está a
primeira etapa das obras de implantação do sistema de esgotamento sanitário no
município, no valor de R$ 10,4 milhões. Segundo informações da Copasa, são 8,5
quilômetros de redes coletoras e interceptoras, seis estações elevatórias e
interligação de aproximadamente cem imóveis. O diretor da Copasa afirmou que o
projeto está na fase de levantamento das áreas para implantação das redes e
estações. Serão necessárias desapropriações para que as obras sejam iniciadas.
A segunda etapa do projeto, no valor de R$
12,8 milhões, inclui a construção de uma estação de tratamento de esgoto (ETE),
para atender a sede do município. Ronaldo Sousa afirmou que essa fase será
custeada por meio de um financiamento com a Caixa Econômica Federal.
Nem a UPA construída no governo anterior
tem água
O diretor da Copasa também anunciou
investimentos menores para garantir o abastecimento de água em algumas
comunidades de Brumadinho, que ainda não são atendidas. Uma das prioridades,
segundo Sousa, foi a perfuração de um poço artesiano para abastecer a Unidade
de Pronto-Atendimento (UPA) do município, que depende de caminhões-pipa. Outro
poço foi também perfurado na comunidade de Tejuco, que deverá ganhar mais um. A
previsão é de que esses poços estejam operando plenamente até o final do ano.
Segundo informações da empresa, serão implantados nove quilômetros de redes de
abastecimento e construídos três reservatórios, beneficiando mais de 2 mil
moradores, de Tejuco, Parque da Cachoeira e Parque do Lago.
Quanto à obra de captação de água no Rio
Paraopeba, no valor de R$ 128 milhões, Ronaldo Sousa informou que o projeto é
para captar até 5 mil litros de água por segundo, e que se pretende concluí-lo
em dezembro deste ano.
Alguns moradores de Brumadinho se disseram
preocupados com o aumento da captação no Rio Paraopeba. A Copasa foi muito
criticada pelo despejo de esgoto no rio.
Moradores
criticam cobrança de taxa de esgoto e cobram prazos
Também houve queixas de que a Copasa vem
cobrando taxa de esgoto, mesmo sem ter construído o sistema de tratamento.
O Vereador Reinaldo Fernandes (PT) defendeu
que o mais importante naquela audiência era a COPASA dizer à população de
Brumadinho quando ela iniciará e terminará as obras para levar água ao interior
do Município e para construir a Estação de Tratamento de Esgoto. O
vice-presidente da Copasa, Antônio Miranda Júnior, disse que não era possível
responder ao vereador, mas que a empresa informará a população sobre os prazos
de conclusão de todas as obras. No entanto, o diretor Ronaldo Souza afirmou que
não é possível realizar imediatamente as obras de abastecimento de água em
todas as comunidades não atendidas. Por esse motivo, foram priorizadas algumas
localidades, entre as quais o Tejuco. Para outras, ainda não há previsão.
Críticas ao Igam
O Instituto Mineiro de Gestão das Águas
(Igam) foi criticado pela falta de fiscalização sobre o lançamento clandestino
de esgoto nos rios da região. O diretor de Pesquisas, Desenvolvimento e
Monitoramento das Águas do Igam, Marley Caetano de Mendonça, admitiu as
carências do órgão e disse que o Governo do Estado pretende encaminhar em
breve, à ALMG, um projeto de lei para reestruturar o sistema estadual de meio
ambiente, o que deverá ampliar e capacitar o Igam para enfrentar os desafios
impostos pela crise hídrica.
Ação na Justiça contra a COPASA
O Vereador Reinaldo Fernandes (PT)
aproveitou a Audiência para informar à população que a Ação proposta por seu
Mandato Coletivo estava parada na mesa da juíza desde o dia 18 de agosto de
2014. A ação Civil Pública, proposta pelo Ministério Público – MP - depois de
uma representação feita pelo vereador Reinaldo do PT, pede a suspensão do
pagamento da Taxa de Esgoto até que a ETE esteja construída e em operação e a
devolução do que foi cobrado ilegalmente desde 2008. O Vereador lembrou que a
taxa foi suspensa uma vez, por um mês, mas que a COPASA derrubara a Liminar no
Tribunal de Justiça de MG.
Nova Ação contra
a COPASA
Justiça manda arquivar
Além da Ação proposta pelo MP, o Vereador
Reinaldo Fernandes (PT) entrou também com uma ação particular contra a COPASA,
cobrando a devolução do que pagou em Taxa de Esgoto desde 2008. Em mais deste
ano, a Justiça em Brumadinho arquivou a Ação, argumentando que era necessário a
realização de “perícia técnica” para ficar provado que a COPASA não trata o
esgoto de Brumadinho. A juíza que mandou arquivar a Ação de Fernandes é a mesma
da Ação Civil Pública, em cujos autos a COPASA admite que coleta, transporta
mas não trata o esgoto de Brumadinho.
Já o diretor de Planejamento e Gestão de
Empreendimentos da Copasa, Ronaldo Matias de Sousa, afirmou que apenas 50% da
taxa de esgoto é cobrada em Brumadinho, e, novamente, admitindo publicamente que
a COPASA não faz o tratamento de esgoto, disse que Brumadinho já conta com uma
rede coletora que atende parcialmente a sede do município. O diretor-geral da
ARSAE-MG, Gustavo Cardoso, disse que a cobrança feita pela Copasa é legal e
prevista em lei, do que discordou o vereador Reinaldo Fernandes (PT).
Obra de captação
no Rio Paraopeba
Ronaldo
Matias fala ao de fato
Acima, o obra como estava no dia 21 de agosto
próximo passado; abaixo, simulação de como ficará
ao seu final, previsto para dezembro deste ano de 2015
A COPASA, através
da empresa Odebrecht Ambiental, está realizando uma grande obra de captação de
água do rio Paraopeba para o sistema Rio Manso. A obra, já em fase avançada e
com previsão de término em dezembro deste ano, está localizada próximo ao
Inhotim, “atrás” do Almoxarifado da Prefeitura e do Viaduto. Em entrevista concedida
ao de fato, a COPASA esclareceu algumas dúvidas que incomodam a população de
Brumadinho.
“A obra é uma das
intervenções mais importantes do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel,
que vai garantir o fornecimento de água para a Região Metropolitana de Belo
Horizonte (RMBH), nos próximos 20 anos, que envolve recursos de R$128,4
milhões, aportado pelo governo”, explica Ronaldo Matias, Diretor de
Planejamento e Gestão de Empreendimentos da COPASA.
O projeto prevê a
captação de até 5 mil litros de água do rio Paraopeba com bombeamento para a
Estação de Tratamento de Água - ETA Rio Manso. A intervenção garantirá o
abastecimento de água para cinco milhões de habitantes da Região Metropolitana
de Belo Horizonte - RMBH - e irá recuperar o manancial da barragem, permitindo
que se mantenha em períodos de seca, sem comprometer o abastecimento para a
população.
Quanto ao
racionamento, Ronaldo Matias, reafirma que não haverá racionamento de água na
RMBH. Conforme anunciado pela presidente da Copasa, Sinara Meireles, no dia
10/08, não haverá racionamento em função da economia de 13,4% no consumo de
água feita pela população, média atingida no período de janeiro a julho deste
ano, fator decisivo para que a medida fosse evitada. “A população respondeu ao
apelo da COPASA, no início do ano e reduziu o consumo”, acrescentou o diretor.
Aliado a isso, o
aumento de chuvas nos seis primeiros meses deste ano em comparação ao mesmo
período do ano passado e o esforço da COPASA na redução do tempo para correção
dos vazamentos de água nas redes distribuidoras, ao implementar o Programa
CaçaGotas, foram fundamentais para afastar o racionamento. Haverá sim, paradas
técnicas nos fins de semana para adaptar a rede a essa nova obra.
Diálogo com
Brumadinho
A nova diretoria
da COPASA vem mantendo o diálogo com o município e vem atendendo reinvindicações de moradores, mesmo diante da
situação econômica atual do Estado e da COPASA. “Tanto assim que as obras de
implantação do sistema de esgotamento sanitário da sede e dos bairros de
Brumadinho, terão início em janeiro de 2016”, diz o Diretor.
Nesta primeira
etapa, os recursos são da ordem de R$ 10,4 milhões que serão aplicados na
implantação de 8,5 quilômetros de redes coletoras e interceptoras de esgoto,
construção de seis estações elevatórias de esgoto, entre outras. Estas obras já
foram licitadas e serão realizadas em 14 meses.
“Já a segunda
etapa de implantação do sistema de esgotamento sanitário de Brumadinho
envolverá recursos da ordem de 12,8 milhões. Nesta fase, além da construção de
mais uma estação elevatória de esgoto, também será construída a Estação de
Tratamento de Esgoto – ETE. A unidade terá uma vazão de 49,95 litros por
segundo e atenderá plenamente toda população da cidade. Os recursos para estas
obras já estão assegurados, mas como foi detectada necessidade de realocação da
ETE, a COPASA está elaborando novo projeto e até julho de 2016, as obras serão
iniciadas”, diz.
Água para
Conceição do Itaguá, Retiro do Brumado e Tejuco
A COPASA diz que
o sistema de abastecimento de água das comunidades de Conceição do Itaguá,
Retiro do Brumado e Tejuco, as obras de implantação do sistema já foram
iniciadas. Até março de 2016, nove quilômetros de redes de água tratada e três
reservatórios estarão prontos para atender cerca de 2 mil pessoas.
Em Tejuco, onde
estão localizados os bairros Parque da Cachoeira e Parque do Lago, a COPASA já
perfurou dois poços artesianos e um terceiro está sendo perfurado. A previsão é
de que estes poços entrem em operação, até dezembro deste ano, beneficiando
mais três mil moradores.
No Retiro do
Brumado o poço entrou em operação mas a qualidade da água logo apresentou
problemas sérios. A quantidade de ferro e manganês encontrada na água é muito
superior – mais do que o dobro - do que o que pode ser ingerido pelo ser
humano. Agora a Prefeitura, COPASA e Odebrecht terão que buscar uma solução
para filtrar a água ou outra solução técnica que possibilite aos moradores do
Retiro ter acesso a água de boa qualidade.
Política de
governo
“A COPASA tem
seguido as diretrizes e a política do Governador Fernando Pimentel de “ouvir
para governar”, e por isso, vem mantendo o diálogo e a participação popular na
elaboração, execução, monitoramento e avaliação das necessidades e políticas
públicas regionalizadas. Isso tem nos ajudado a identificar as prioridades das
obras a serem executadas”, comentou Matias.
Questionada sobre
o licenciamento ambiental para a obra, a empresa diz que “não existe nenhuma
pendência nas regularizações ambientais na obra de captação do Paraopeba. A COPASA
tem todas as licenças, inclusive a outorga para captar a água do rio”.
“A COPASA
reconhece que temos muitos problemas em Brumadinho, mas a Companhia reafirma o
seu compromisso e empenho em solucionar essas pendências sobre o saneamento na cidade,
no menor tempo possível. Estamos com nossas dificuldades internas, mas estamos
enfrentando tudo isso com o apoio do Governo do Estado, dos trabalhadores da
empresa e da população. Neste momento, a união de todos é muito importante para
obtermos bons resultados”, concluiu o diretor da COPASA, Ronaldo Matias.
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