Edição 183 – Fevereiro
2016
Entidades
divulgam manifesto em apoio às vítimas da tragédia provocada pela Samarco
Dirigentes
são indiciados por homicídio enquanto empresa gasta milhões com a Reder Globo
Na semana em que a tragédia ocorrida em
Mariana (MG) - provocada pelo rompimento da barragem de Fundão da Mineradora
Samarco - completou três meses, entidades acadêmicas, associações profissionais
e movimentos sociais de diversas áreas de atuação vêm a público chamar a
atenção da sociedade brasileira para a importância de se acompanhar, com muita
cautela e cuidado, todo e qualquer projeto de reconstrução para a “nova Bento
Rodrigues”.
Em um manifesto assinado por 21
instituições, os signatários do documento ressaltam que o processo de
construção dessa nova localidade deve considerar, no mínimo, a equivalência das
condições de vida existentes anteriormente à tragédia e que todas as decisões
devem levar em consideração o desejo e a opinião da população afetada.
No documento, os signatários defendem ainda
que a definição da localização do novo assentamento, bem como a elaboração dos
projetos urbanísticos e arquitetônicos, deve ser fruto de uma construção
coletiva, em que a participação dos moradores seja totalmente assegurada.
O manifesto também destaca que é preciso
dedicar atenção especial às populações ribeirinhas e demais moradores de áreas
atingidas ao longo dos cursos de água impactados. Além disso, reforça que as
obras devem ser custeadas pelas empresas responsáveis pela tragédia, mas que a
gestão de todas as medidas deve ser feita pelo Estado. Segundo o documento,
transparência e controle social são valores imprescindíveis nesse
processo.
Veja o manifesto na íntegra no Portal
Fiocruz: http://bit.ly/1KSCpGE
E no site da Associação Brasileira de
Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES: http://abes-dn.org.br/news/?p=883
Enquanto isso...
Enquanto isso os
moradores continuam sem o atendimento anunciado pela SAMARCO / VALE / BHP
Billiton. Por outro lado, a empresa pagou mais de R$ 3 milhões à rede Globo de
Televisão para fazer propaganda em horário nobre do Fantástico, o que também
foi questionado pelo Ministério Público Federal, que pediu explicações.
Enquanto diz que não tinha dinheiro para os moradores das famílias
assassinadas, o aglomerado de mineradoras gastava fortuna na rede dos
Marinhos.
Prisão
A Polícia Civil
indiciou e pediu a prisão preventiva, no último dia 23/2, de sete pessoas pelo
rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana, na Região
Central de Minas Gerais. Entre elas está Ricardo Vescovi, presidente licenciado
da empresa que pertence à Vale e à australiana BHP Billiton.
O rompimento
ocorreu em 5 de novembro do ano passado, causando uma enxurrada de lama que
destruiu o município de Bento Rodrigues, além de poluir o Rio Doce até a foz,
no Espírito Santo. O inquérito, que apurou as 19 mortes causadas pelo
rompimento da barragem, possui 13 volumes, 2.432 páginas e cerca de 100
depoimentos.
Os indiciamentos
são pelos crimes de homicídio qualificado pelo dolo eventual (quando não há
intenção, mas se assume o risco), inundação com dolo eventual e poluição de
água potável. Além do presidente, foram indiciados Kléber Terra, diretor-geral
de operações; Germano Lopes, gerente-geral de projetos; Wagner Alves, gerente
de operações; Wanderson Silvério, coordenador técnico de planejamento e
monitoramento; e
Daviely
Rodrigues, gerente.
Crimes
Em entrevista
coletiva, o delegado Rodrigo Bustamante, responsável pela investigação, disse
que todos foram indiciados por homicídio qualificado pelo dolo eventual, quando
não há intenção, mas se assume o risco. A pena pode variar de 12 a 30 anos para
cada uma das 19 mortes.
Todos também
podem responder pelo crime de inundação com dolo eventual e de poluição de
águas potáveis. No primeiro, a pena varia de 3 a 6 anos de prisão mais multa.
No segundo, de 2 a 5 anos de prisão.
Para o delegado,
todos os indiciados se omitiram após o rompimento da barragem, além de terem
assumido o risco de causar um possível acidente.
Bustamante disse
ainda que o crime ambiental e as validades das licenças da Samarco serão
analisadas em um segundo inquérito.
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