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segunda-feira, 5 de junho de 2017

Edição 197 – Abril 2017
Material escolar é entregue com muito atraso
Capa de cadernos patrocina a manutenção do machismo

A promessa de campanha era entregar o material escolar “na primeira semana de aula”. A promessa foi feita acompanhada da crítica de que o governo anterior demorava demais para fazer a entrega do material escolar. Mas a promessa, mais uma vez, ficou só na promessa mesmo.
Apenas no dia 30 de março, 9 (nove) semanas depois do início das aulas, a equipe da Secretaria de Educação iniciou a entrega dos materiais escolares na Rede de Ensino do município. Como informou a própria Secretaria de Educação, comandada pela irmã do prefeito (outra promessa de campanha descumprida), “os primeiros beneficiados foram os alunos do 6° e 7° ano da Escola Municipal Lidimanha Augusta Maia”. A Secretária de Educação, Sônia Barcelos, percorreu cada uma das turmas, ressaltando que todos os esforços foram voltados para que a entrega fosse feita o mais rápido possível.

Política atrasada em todos os sentidos

Segundo o jornalista Paulo Proença, da Rádio Inconfidência FM, “o nosso maior problema é o machismo”.  O machista acha que há coisas só de mulheres e coisas só de homem. Assim, azul é cor de homem; rosa é de mulher; cuidar da educação dos filhos é de homem; sair para trabalhar fora é de mulher; e assim por diante. O machista não percebe que essas separações são criações culturais, quase sempre patrocinadas pelo próprio homem machista. O machismo mata mulheres todos os dias no Brasil. A cada 20 minutos, uma mulher é agredida por um machista, aqui em Brumadinho e no País. 
A Secretaria de Educação, que deveria patrocinar a luta contra o machismo, faz o contrário: patrocina o machismo. Foi o que fez na distribuição do material escolar. Segundo a aluna P. L. S. F., do 7° ano, a Secretaria de Educação diferenciou “os cadernos de homem e de mulher”. A Secretaria de Educação, talvez por desconhecimento do mal que o machismo faz, perdeu a oportunidade de ensinar aos alunos da Rede Municipal que homens e mulheres são iguais, conforme prevê a Constituição Brasileira.
Mais lamentável é saber que a Secretaria é comandada por uma mulher. E que a maioria das pessoas que “mandam” na Secretaria é mulher. Brumadinho seria uma cidade “melhor para todos” se a Secretaria de Educação colaborasse na luta da sociedade contra o machismo, que mata milhares de mulheres todos os dias. 

Propaganda do prefeito

Já a aluna S. S. Z., também do 7° ano, declarou para a prefeitura que recebeu “o material do Prefeito Nenen e gostei muito”, e acrescentou: “Agradeço ao Prefeito...”. A informação foi publicada no site da Prefeitura (DOM de nº 880, 30/3). Aqui também a Secretaria perde a oportunidade de ensinar à garotada um pouco de cidadania. É claro que o dinheiro do material escolar não é do Prefeito e sim dos próprios alunos, já que eles e suas famílias são os pagadores de impostos que abastecem os cofres municipais. A tarefa acaba ficando para as professoras que precisam ensinar essas coisas para os alunos, sob pena de criar mais pessoas que ficam devendo favores a um administrador que só cumpriu sua obrigação.

Ilegalidade


A fala da aluna S. S. Z. constitui-se, ainda , em ilegalidade. O art. 39 da C. F. garante ao prefeito o direito de informar suas ações. Mas proíbe o prefeito de gastar dinheiro público fazendo propaganda de si próprio. Foi o que aconteceu na matéria publicada no DOM. É óbvio que a aluna, apenas uma adolescente, não sabe dessa ilegalidade. Mas a Secretaria de Educação tem a obrigação de saber. Se infringe a Lei, corre e o risco de ser denunciada e pagar na Justiça pela ilegalidade.    

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