Busque em todo o blog do Jornal de fato

ENTRE EM CONTATO CONOSCO: defatojornal@gmail.com / 99209-9899
ACOMPANHE-NOS NO facebook.com/jornaldefato

segunda-feira, 23 de setembro de 2019


Edição 222 – Agosto 2019
Vereadores depõem na Delegacia de Polícia 
foto: bombeiros - divulgação
Os veículos da Câmara Municipal, que deveriam ser usados apenas para o trabalho parlamentar são usados para politicagem e compra de votos com bens públicos. A prática, antiga em Brumadinho, acaba de render um inquérito policial. O caso foi parar na Delegacia de Polícia Civil. Desde o início do mês de agosto, as intimações para ir à Delegacia de Polícia depor não param de chegar à Câmara Municipal. Hideraldo Santana (PSC) é o único vereador que não foi chamado a depor. Outro inquérito investiga a “rachadinha” do vereador Flávio Flecha (PSC): mais um e ele já pode pedir música no Fantástico.

Edição 222 – Agosto 2019
Mineração mata mais um: agora foi a vez da Mineral do Brasil
 “O motor dele tá ruim, até nas reduzidas aqui ele num segura, Rodrigo. Tá muito ruim, esse caminhão tá muito vacaiado! Ah, não! Eu vou ficar sem trabalhar mas vou entregar esse caminhão, num dá pra trabalhar do jeito que ele está aqui, não! Esse caminhão tá muito judiado. Esse trem acaba matando a gente, ainda! Caminhão tem que ter freio! Tendo freio dá pra trabalhar, entendeu? Mas, agora, se não tem nem isso fica difícil, né?”
O áudio foi gravado pelo jovem, enviados ao dono do caminhão, minutos antes de ser assassinado. Minutos depois, Bruno Henrique estava debaixo do caminhão, quando lhe era roubada sua vida, de apenas 24 anos.

Edição 222 – Agosto 2019
Editorial
Quem topa buscar saídas para nossa economia?

Pouca gente ficou sabendo, a imprensa não repercutiu. Mas é preciso dizê-lo: a mineração assassinou mais uma vida em Brumadinho. Não importa Mariana! Não importa as quase 300 vidas ceifadas pela VALE! Não importa nada! O capitalismo tem pressa, quer lucros cada vez maiores e, para as empresas, grandes como a VALE, ou menores como a Mineral do Brasil, não importa a vida, importa o dinheiro. Estão pouco se lixando para a segurança dos trabalhadores! Quando matam, colocam a culpa em um terceiro. É compreensível, esse é o papel delas, se instituíram como empresas para lucrarem a qualquer custo, mesmo à custa do sofrimento de pais, mães, filhos, amigos. Mesmo cometendo assassinatos: o capitalismo não tem coração, tem uma calculadora. Mas... e o nosso papel? 
Vamos continuar dependendo economicamente da mineração? Vamos receber suas migalhas, como a VALE sempre nos deu, e vamos dar em troca 300 vidas? Vamos deixar destruírem nosso município, acabando com nossas águas e deixando nossa população morrendo de sede? Vamos deixar que matem nossos rios, o Ribeirão e o Paraopeba? Elas vão ficar com o lucro exorbitante e nós com a poeira, as doenças, a sujeira – em todos os sentidos – a chantagem, e os cadáveres para enterrar pedaços?
Reinaldo Fernandes
Editor
É hora de pensar outra saída, outra (s) matriz (es) econômica (s) para o Município. Chega de mineração predatória! Chega de ficar apenas olhando as mineradoras nos matando, esperando que o minério acabe. Chega também do discurso fácil dos velhos políticos de Brumadinho: “O minério não dá duas safras, blá, blá, blá!” É preciso agir. É preciso que nos organizemos, discutamos e busquemos saídas. Quem topa?      

Edição 222 – Agosto 2019
Mineração mata mais um
Insegurança total, brincadeira de péssimo gosto com a vida dos trabalhadores: veículo não tinha freio; motorista de 24 anos trabalhava para uma empresa terceirizada da mineradora Mineral do Brasil; Bruno Henrique sentia que podia morrer

Mais um assassinato foi cometido por uma mineração em Brumadinho. Desta vez, a Mineral do Brasil. Um jovem motorista de 24 anos foi assassinado na manhã do dia 6 de agosto, vítima da irresponsabilidade da mineradora Mineral do Brasil. A Mineral do Brasil permitiu que um caminhão, sem nenhuma condição de segurança foi dirigido por um jovem de 24 anos. O capotamento do caminhão que ele dirigia, trabalhando para a Mineral do Brasil, ceifou sua vida no seu auge, na melhor idade, em plena juventude. O crime aconteceu enquanto o trabalhador transportava uma carga de minério. E, o pior: o jovem sentia que podia morrer.
Bruno Henrique do Amaral Silva dirigia o veículo que ficou com as rodas para cima depois de descer desgovernado uma ribanceira. Ele trabalhava em uma transportadora que presta serviços para a mineradora Mineral do Brasil. O jovem trabalhava na mina há apenas 30 dias.

Bruno gravou áudio em que sentia que poderia morrer

No dia 26 de agosto, a reportagem do de fato teve acesso a áudios gravados por Bruno meia hora antes dele morrer. Nos áudios, ele reclamava do caminhão e demonstrava medo de morrer. Momentos antes de morrer, o jovem trabalhador gravou áudios para “Rodrigo”, suposto proprietário do caminhão, em que ele dizia: 

“Eu vou descer devagarzinho aqui, num vô nem correr nesse caminhão, não! Esse trem vai acabar fudeno eu!”

No áudio seguinte, Bruno reclama que o caminhão está muito “avacalhado”, não tem freio e demonstra seu medo de morrer:

“O motor dele tá ruim, até nas reduzidas aqui ele num segura, Rodrigo. Tá muito ruim, esse caminhão tá muito vacaiado! Ah, não! Eu vou ficar sem trabalhar mas vou entregar esse caminhão, num dá pra trabalhar do jeito que ele está aqui, não! Esse caminhão tá muito judiado. Esse trem acaba matando a gente, ainda! Caminhão tem que ter freio! Tendo freio dá pra trabalhar, entendeu? Mas, agora, se não tem nem isso fica difícil, né?”

No terceiro áudio gravado para “Rodrigo”, o motorista explica que teve que fazer uma manobra porque o caminhão não quis parar:

“{ininteligível} agora tive que entrar pro lado de BH, pro lado do radar, uai! Que... que o caminhão perdeu o freio, uai... perdeu, não, não quis parar. Como é que entra ali? Tinha carro vindo... vai pro lado de lá!” [Nota da redação: mantivemos os textos da forma que foram produzidos]

Minutos depois, Bruno Henrique estava debaixo do caminhão, quando lhe era roubada sua vida de apenas 24 anos.

Mineradora Mineral do Brasil acha que não tem culpa nenhuma no assassinato

No momento do acidente, o ajudante Kelvin Pereira da Silva, de 22 anos, também estava no caminhão. O homem teve um corte no supercílio e foi levado para uma unidade de saúde.
De acordo com a família da vítima, Bruno Henrique sofreu uma lesão no abdômen e teve hemorragia interna. O rapaz foi levado de helicóptero para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, mas não resistiu aos ferimentos.
O trabalhador foi enterrado em Mário Campos, onde a família vive.
A Mineral do Brasil não quis comentar o caso. Segundo a mineradora, a responsabilidade sobre os funcionários era da empresa prestadora de serviços, Jomar, segundo informações do portal R7.  

Edição 222 – Agosto 2019
Titãs em Brumadinho

O Inhotim recebeu, na tarde do dia 25 de agosto, grande show da banda Titãs. Pagando apenas meia entrada para assistir à apresentação, os brumadinenses não perderam tempo e foram em peso ao parque. Por toda parte era possível ver alguém de Brumadinho curtindo rock do Titãs. 
Com 34 anos de carreira e um “repertório de qualidade inesgotável”, como apontam os críticos, os Titãs fizeram um show intimista em formato acústico, em comemoração aos mais de 20 anos do clássico Titãs Acústico MTV. Lançado em 1997, o projeto foi um fenômeno que vendeu mais de 2 milhões de cópias e ganhou discos de ouro, platina e diamante.
Em Inhotim, Titãs - Trio Acústico trouxe Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto, munidos de violões, piano, guitarra acústica e contrabaixo. No palco, montado ao Aldo da obra Magic Square, recriaram canções do Acústico MTV, acrescentando outras pérolas do repertório, como “Epitáfio”, “Isso”, “Enquanto Houver Sol”, “Porque Eu Sei Que é Amor” e “Toda Cor”. O espetáculo, dirigido por Otávio Juliano, contou, em algumas canções, com as participações especiais de Mário Fabre e Beto Lee, dois jovens integrantes da banda.

De pé

Como era previsível, os velhos Titãs não resistiram a ficarem sentados o tempo todo. Acústico à parte, houve aquele momento em que convidaram o público a ficar de pé e a dançar, claro. O palco foi divido, ora com um Titã, ora outro. E sempre contando as histórias da criação das canções. No hora de Cabeça Dinossauro, não houve quem não desse boas risadas. Formada com três versos que se repetem [Cabeça dinossauro, Pança de mamute/Espírito de porco], e com apenas eles, melhor do que a música e letra é sua história, de autoria de nada menos do que três autores, criada numa manhã de ressaca pós um show nos cafundós do Juda.  

Edição 222 – Agosto 2019
Da política para a polícia
Doze dos 13 vereadores estão respondendo a Inquérito Policial; Polícia civil investiga uso ilegal dos veículos da Câmara Municipal

Os veículos da Câmara Municipal deveriam ser usados apenas para o trabalho parlamentar. É o determina a legislação, incluída a Constituição Brasileira, no seu capítulo 37. No entanto, não é isso que acontece. Historicamente, a maioria dos vereadores – quase todos, na verdade – utilizam os veículos ilegalmente. E ainda defendem a prática ilegal como necessária “para ajudar a população”. O que fazem, a bem da verdade, é politicagem e compra de votos com bens públicos. Agora, o caso foi parar na Delegacia de Polícia Civil.
Desde o início do mês de agosto, conforme uma fonte da Câmara Municipal, as intimações para ir à Delegacia de Polícia depor não param de chegar à Câmara Municipal.

Farra ampla

Hideraldo Santana (PSC) é o único vereador que não foi chamado a depor. No entanto, ainda pode responder a processo por outro crime, o de prevaricação.
O termo prevaricação vem do latim "praevaricare" e significa faltar com os deveres do cargo. Segundo o art. 319 do CP (Código Penal brasileiro), incorre nesse crime quem “Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.” Nesse caso, o “interesse pessoal” de Hideraldo seria o de não se indispor com os colegas. Para denunciar um colega vereador são necessárias coragem e conduta bastante correta.
É difícil para um vereador denunciar os colegas porque eles podem persegui-lo em seguida, como aconteceu com Flávio Flecha (PTC), agora acusado de praticar o crime de “rachadinha”. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o ex-vereador Reinaldo Fernandes (PT). Depois de se indispor com os vereadores que tinham trocado o horário da reunião do Plenário para impedir a participação popular, o vereador sofreu um processo de cassação de seu mandato, em 2015. No entanto, o processo foi arquivado porque não tinha sentido: tratou-se de uma tentativa de eliminar uma voz discordante do meio dos vereadores.       

Edição 222 – Agosto 2019
Sete meses dos assassinatos da VALE
Celebração no Trevo / Monumento lembrou os 8 meses dos
assassinatos cometidos pela VALE
(foto: reinaldo fernandes / jornal de fato)
No dia 25 de agosto, domingo, população de Brumadinho lembrou os sete meses dos assassinatos cometidos pela mineradora VALE. O ATO TEVE INÍCIO NO Santuário Nossa Senhora do rosário (Centro de Líderes), onde aconteceu uma missa. Em seguida, uma caminhada levou os presentes até o Trevo / Monumento, onde os fiéis se juntaram a outras pessoas, especialmente familiares de pessoas ainda não encontradas. Desta vez, o cortejo foi abrilhantado pela Banda São Sebastião.
No Trevo / Monumento, o ato seguiu ritual parecido com os atos dos meses anteriores: foi cantada a música “Brumas de Brumadinho”, de autoria do Bispo Auxiliar Dom Vicente, aconteceu a leitura de todos os nomes das pessoas assassinadas e dos 22 ainda não encontrados; o minuto de silêncio; balões brancos foram elevados aos céus pelos familiares; fala de autoridades religiosas; agradecimentos (Deputado Estadual André Quintão, Presidente da CPI de Brumadinho na ALMG; à banda São Sebastião; ao Joceli Andrioli, da Coordenação Nacional do MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens -; ao cantor Rafael, que, mais uma vez, emocionou a todos com sua bela música). Houve também homenagem a Dom Vicente e a lideranças das famílias, como Josiane Melo, a Jôsi; Andreza e Jojô, que ainda tem familiar desaparecido. Durante as palmas em homenagens aos assassinados, a Polícia Militar disparou as sirenes das viaturas, fazendo coro. 
População tem consciência de que se tratou de crime, e não tragédia(foto: reinaldo fernandes / jornal de fato) 
“O dinheiro não está acima da vida, nós não nos esqueceremos”

A vereadora de Mário Campos e mãe de um jovem filho assassinado conduziu o ato e não poupou críticas à VALE. “A VALE sabia, teve a intenção de matar, sim”, denunciou. “Cada pessoa representa um cifrão, dinheiro para a VALE. Estamos aqui para dizer para o mundo inteiro que nunca esqueceremos o que aconteceu. O dinheiro não está acima da vida, nós não nos esqueceremos, não nos calaremos, nos queremos justiça, não queremos que este crime fique impune e para que o que aconteceu conosco não aconteça a mais ninguém”, disse Andreza.
Segundo a vereadora, “a VALE esconde a realidade, faz um treinamento mentiroso”. E lembrou que “As mães da praça de maio”, da Argentina, também choraram com as mães de Brumadinho.
Andreza pediu aos presentes que não abandonem as famílias, e pediu que no próximo mês, cada pessoa que estava ali levasse “mais um”. 
“Não aceitamos outro resultado, queremos todos os 22 encontrados. Queremos um memorial lá [referindo-se à mina de Córrego do Feijão] para que possamos levar nossas flores, lembrar os crimes que marcaram a vida das cidades para sempre”, ainda disse ela.

Associação dos Familiares das Vítimas dos Crimes de Brumadinho
Durante o ato foram apresentados ao público os membros
da diretoria da AVABRUM - Associação dos Familiares
das Vítimas dos Crimes de Brumadinho
(foto: reinaldo fernandes / jornal de fato)
Durante o ato, foi comunicado aos presentes a criação da AVABRUM - Associação dos Familiares das Vítimas dos Crimes de Brumadinho. Todos os presentes foram convidados a se filiarem à entidade que cobrará 10 reais por me de cada filiado, a fim de custear as atividades da Associação, entre elas o ato mensal. A diretoria da AVABRUM foi apresentada ao público, tendo à frente de sua Diretoria Josiane Melo, que teve uma irmã grávida assassinada pela VALE.  
O ato terminou com o pedido de Andreza: “No próximo dia 25, nos encontramos aqui novamente.”

Faixa

“Eu acho um abuso colocar uma faixa neste local. Uma vergonha, uma falta de respeito de quem a colocou. Deveriam respeitar o local onde há mães chorando por seu filhos.” A opinião é de Malvina Nunes, moradora de Tejuco, que perdeu um filho assassinado pela VALE. A faixa é de uma propaganda comercial de uma empresa de revenda de automóveis de Betim, e foi colocada bem no Monumento.
No dia 4 de setembro a faixa foi retirada.


Edição 222 – Agosto 2019
A Arte Abraça Brumadinho e o maestro João Carlos Martins
Concerto da Gratidão reuniu artistas de Minas e de Brumadinho em evento emocionante do projeto A Arte Abraça Brumadinho, da FDC
O Maestro João Carlos, que encantou a todos com sua
história e simpatia

(foto: reinaldo fernandes / jornal de fato)
Belíssimo! Assim se poderia chamar o Concerto da Gratidão que aconteceu no último dia 31 de agosto. O Concerto da Gratidão, promoção da Fundação Dom Cabral (Belo Horizonte), reuniu o famoso Maestro João Carlos Martins, a Banda Sinfônica do Corpo de Bombeiros Militar de MG, a Orquestra Jovem Gerais, o ator mirim Davi Campolongo e o cantor e compositor brumadinense Sanráh.
O Concerto se insere no projeto A Arte Abraça Brumadinho, da Fundação Dom Cabral e levou centenas de pessoas ao Estacionamento Público de Brumadinho.
O objetivo do evento é celebrar a solidariedade das muitas pessoas que se dedicaram à cidade atingida pelo rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão. A tragédia contabilizava, até o dia 31, 272 mortos, 21 ainda desaparecidos. Além de agradecer aos que trabalharam pelas vítimas da tragédia, o evento também deve homenagear o Corpo de Bombeiros, que está comemorando 108 anos.

Sanráh e grandes artistas nacionais
Enquanto o show acontece, os vagões da VALE
carregam os produtos de nosso minério

Enquanto o show não começava, o telão mostrava vários vídeos, entre eles um com a gravação da música ‘Esperança e o Amor’. A canção é do artista valadarense Marcos Aranha do Brasil, em homenagem às vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho (MG). Marcos Aranha é cantor, compositor, produtor e instrumentista.
A música foi gravada por um grupo de artistas da MPB como a fantástica Zizi Possi, Leila Pinheiro, Flávio Venturini, Zélia Duncan, Marcus Viana e resultou no clipe  ‘A Arte Abraça Brumadinho’, que fala da capacidade das pessoas superarem tragédias por meio do amor e da arte. A gravação contou ainda com a participação dos artistas Sanráh Ângelo, Paula Santoro, Sérgio Pererê, Orquestra Maré do Amanhã e crianças da cidade de Brumadinho, do Projeto Batucabrum.
A composição é fruto da amizade de Marcos Aranha com o também cantor e compositor Sanráh Ângelo, parceiro na autoria da canção.
Mais tarde, Sanráh, acompanhado da Orquestra Jovem, tocou e cantou a linda música, emocionando os presentes.
O vídeo foi seguido da declamação de um poema por, nada mais, nada menos, Letícia Sabatella, atriz que nunca foge à luta do povo brasileiro.

Ator e pianista Davi Campolongo

Anunciado pela apresentadora do evento, a repórter Luciana Mucci, a primeira apresentação musical foi do ator e pianista Davi Campolongo. Simpaticíssimo, o garoto encantou com seu talento. Davi Campolongo pouco sabia de piano quando foi selecionado para viver o maestro e pianista João Carlos Martins no longa João, o maestro. Na época, o menino acabara de completar 10 anos e já havia feito algumas aulas de piano popular quando foi escolhido entre 50 atores mirins para viver o personagem nos minutos iniciais do filme. Decidiu então aprender a tocar de verdade. E surpreendeu todo mundo, da equipe do filme ao próprio maestro, que acabou por supervisionar a educação musical do garoto: indicou uma professora, incentivou e levou Davi para o palco.
Juntos, o maestro à frente da Bachianas Filarmônica SESI São Paulo e Davi ao piano, eles já tocaram no Theatro Municipal de São Paulo. Davi foi o solista do Concerto nº 27, de Wolfgang Amadeus Mozart, e tocou peças de Johann Sebastian Bach. Também fez participações especiais em concertos do Martins na sala São Paulo e no Teatro Villa Lobos. E ganhou do maestro elogios preciosos: “Ele vai ser o substituto de Nelson Freire, do Arthur Moreira Lima e de mim mesmo. Pode escrever.”
No palco de Brumadinho, Davi executou “Impromptus Op. 90 Nº 2”, de Franz Shubert. 

Banda Sinfônica do Corpo de Bombeiros Militar de MG e Orquestra Jovem
 
A Banda Sinfônica do Corpo de Bombeiros Militar de MG foi regida pelos regentes Tem. Samuel Rogério Alves Antunes e Tem. Marcos Eustáquio da Silva. De início, a maravilhosa “Heal the Word”, de Michael Jackson, seguida de “Baião Barroco” (Juarez Moreira), Suíte Mineira, dentre outras, com um pout-purri de “Bem te vi”, “Clube da Esquina nº 2”, “Maria, Maria”; para fechar, sob a regência de João Carlos Martins com “He Stats and Stripes Forever”.
A Orquestra Jovem foi fundada em 1997 com o objetivo de trabalhar com jovens em vulnerabilidade social. No evento, foi regida pelo maestro Renato Pedroso, começou com The Avengers, seguida da belíssima “Bolero de Ravel”, para emendar com “Suíte de Minas”, num pout-porri com Pátria Minas, Calix Bento, Desenredo e, claro, Oh, Minas Gerais.  A última foi com Sanráh. Antes, outra música, Ave Maria, com Davi Campolongo.

Maestro João Carlos Martins: talento e superação
Maestro João Carlos
(foto: fernando mucci)
O evento terminou com a apresentação solo do maestro João Carlos Martins. Em seus 77 anos, João Carlos Martins foi submetido a 23 cirurgias. Desde os 8 anos, conviveu com doenças e incidentes graves: tumor no pescoço, distonia, acidente, LERtumor na mão esquerda, lesão no cérebro. Passou por 24 cirurgias. João Carlos Martins largou o piano em 2002, por problemas de saúde. Em 2004, começou a estudar regência e, em 2006, criou sua orquestra. Pelo seu exemplo de superação e a competência musical, tornou-se conhecido no mundo inteiro.
Foi esse artista, tocando com apenas 2 dedos polegares que tocou a “Ária na 4ª corda”, de Bach, junto com a Orquestra Jovem. Fez depois “Cine Paradiso”, tributo a Ennio Morricone e terminou regendo a Orquestra Jovem em “Jesus, alegria dos homens” (Bach). Ao final, bastante emocionado, pediu para que fossem colocados três suportes em sua mão e executou o Hino Nacional Brasileiro e terminou regendo as palmas do encantado público.

Homenagens com flores

Todos os artistas e os homenageados receberam flores entregues pelas mãos das crianças do Projeto Batucabrum em agradecimento à participação no Concerto da Gratidão.

Depoimentos

O Concerto da Gratidão foi marcado, também, por depoimento de sobrevivente dos crimes da VALE, membros do Corpo de Bombeiros, parentes de vítimas e de Dom Vicente, bispo-auxiliar morando em Brumadinho desde o fatídico dia 25 de janeiro.
Josiana, que ainda tem parente desaparecido, dividiu o vídeo com Josiane Melo, a Jôsi, que falou do crime e o bombeiro Cel. Passos.
Outro vídeo mostrava sobrevivente Thalita e seu salvador, um subtenente dos Bombeiros.
O poeta e artista plástico Sebastião, o que estava na camionete e escapou milagrosamente lembrou que o minério era um "Ouro negro que sai manchado de vermelho". Dividiu o vídeo com o bombeiro Ten. Rocha.
Ainda houve depoimentos do Cel. Robespierre e Dom Vicente. Dom Vicente, que recentemente esteve na Argentina com As Mães da Praça de Maio lembrou que há 42 anos aquelas senhoras procuram o corpo de seus filhos assassinados pela Ditadura Militar argentina. E questionou: “Por que tem que haver crimes?”. O religioso lembrou a morte dos 272, a morte do Rio Paraopeba e falou da cruz que o Papa Francisco enviou para os brumadinenses.
Já o Cel. Robespierre, do Corpo de Bombeiros, terminou o Concerto da Gratidão da melhor maneira que ele poderia terminar: com uma promessa, um compromisso com os familiares que ainda hoje sofre mais dos que todos os outros, os que ainda não puderam se despedir de seus entes queridos. O Cel. Robespierre garantiu aos brumadinenses: "Vamos atrás dos 21 e vamos encontrá-los".

Edição 222 – Agosto 2019
Só Rindo

Tempos de bolsonaro
Meu patrão falou que vou trabalhar 18 horas seguidas no Natal e no Ano Novo.
Mas o que que é isso? ESCRAVIDÃO?
Não! Liberdade Econômica! 

Na Biblioteca
Um homem entra na biblioteca e pergunta à bibliotecária:
- Pode ajudar-me a encontrar um livro?
- Diga-me o titulo do livro, por favor.
- Homens: o sexo forte!
- A ficção cientifica é no piso de baixo!

Conversinha
O que um botijão falou para o outro, em cima do caminhão?
Vamos vazar!

Tirada
O que uma nuvem falou para a outra?
Nuvem que não tem!

Rolou uma química!
O que o carbono disse quando foi preso?
Eu tenho direito a quatro ligações!

O preço do parto
Às vésperas do nascimento do primeiro filho, o marido tenta negociar com o médico os honorários do parto.
___ São cinco mil reais!, sentencia o médico.
___ Cinco mil? Você está maluco?
 ___ São quinhentos para o anestesista, quinhentos para a enfermeira e quatro mil para a AMB.
___ Quatro mil para a Associação Médica Brasileira?
___ Não! Quatro mil Ao Meu Bolso!

Enganando as pessoas
Depois de voltar de uma pelada, Manuel conversa com os amigos da padaria:
___ Ora pois, o jogo foi bem catimbado! Quando fui cobrar o pênalti o goleiro me provocou dizendo: “Chuta do lado direito que eu pego, chuta o lado esquerdo que eu pego, chuta no meio que eu pego!”
___ E então, o que você fez?, perguntou um dos amigos.
___ Ah, eu enganei ele... chutei para fora! 

Homem invisível
Aí, na quarta feira de cinzas os amigos comentaram que não o viram no carnaval. A explicação veio na ponta da língua:
___ É que me fantasiei de homem invisível.

Edição 222 – Agosto 2019
Opinião
Brumadinho: uma cidade graciosa

Izadora Maria Jardim Miranda*

Você é de Brumadinho? Como é viver lá? É o que sempre me perguntam quando digo de onde venho. Depois da enorme tragédia deixada pelo minério de ferro no rompimento da barragem da Vale a reação das pessoas é quase sempre de pena, tristeza e até estranhamento, mas o que eu sempre digo é que a minha cidade é muito mais do que uma notícia ruim.
Brumadinho apesar de ser uma cidade pequena é cheia de pessoas e lugares maravilhosos que guardam grandes histórias. Logo na entrada, temos a visão de uma sequência de imagens das belezas da cidade cravadas em pedaços de madeira.
Caminhando mais um pouco, temos a famosa ponte do Rio Paraopeba que é um dos símbolos mais marcantes da cidade. Se antes esse rio corria de forma tranquila, hoje isso não acontece mais. Onde podíamos encontrar pessoas andando tranquilamente e até mesmo pescadores em momento de lazer, agora temos um rio morto, que corre lentamente carregando toda a tristeza trazida pela lama. Nas grades que protegem a ponte estão amarradas fitas para homenagear as vítimas da tragédia. É impossível passar por ali e não se sentir emocionado!
Não podemos esquecer-nos do coração de Brumadinho: a igreja matriz, com sua beleza exuberante, suas enormes escadarias e o portão velho que já precisa de uma nova pintura. Lá é o lugar onde as pessoas se unem em oração pela cidade e por todas as vítimas dessa tragédia, uma demonstração de fé e religiosidade do nosso povo.
Alem de todas essas belezas, existem outros pontos turísticos em Brumadinho: natureza exuberante, o Inhotim, igrejas históricas, restaurantes, serras e acima de tudo um povo acolhedor. A cidade já não é tão alegre como antes, e em cada esquina ou rosto podemos perceber um pouco da tristeza deixada pela lama, mas, percebemos também que a esperança é capaz de superar a tristeza e, nós moradores de Brumadinho formamos uma grande família.

*Izadora Maria Jardim Miranda é aluna do 8º ano 6 da Escola Municipal Padre Machado

Edição 222 – Agosto 2019
Opinião
Amazônia agonizando 
Augusto Lima da Silveira e Rodrigo Berté* 

Amazônia agonizando e cadê a grande mídia? Uma sucessão de incêndios em florestas e reservas por todo o estado de Rondônia tem causado mortes, perdas e mudanças na rotina da população. Com queimadas se estendendo por vários dias, a fumaça mergulhou até a capital, Porto Velho, em uma nuvem interminável, enquanto um rastro de cinzas e animais mortos é deixado pelo fogo que continua a se alastrar e a gestão do estado permanece inerte.
Em momento algum este artigo quer achar culpados, mas chamar a atenção para um importante debate: qual o Brasil que queremos para a atual e a futura geração? Será que a ganância de alguns que querem lucrar a qualquer custo, desmatando e promovendo queimadas para ampliar suas áreas para o agronegócio, pode ser maior do que a necessidade de respirar um bom ar, ter uma boa água para beber e consumir alimentos saudáveis? São perguntas que não podem nos calar.
Sabemos que a inércia no processo de gestão nos estados da federação ainda é alarmante. Muitos cargos políticos em comissão, sem a avaliação do critério técnico para a escolha, o que dificulta os processos de gestão. É lamentável que não tenhamos um bom plano de contingência para períodos de seca em determinadas regiões onde as queimadas são ocasionadas por incêndio criminoso com objetivo de abrir lavouras para pastagem e cultivo posterior de soja.   
Lamenta-se que o Estado brasileiro esteja na inércia, e não deixemos nos olvidar se este cenário ainda continuará nos próximos anos. Deveria haver uma ação cooperada entre os estados e a União no combate a essa grave crise ambiental, deixando de lado as siglas partidárias e os interesses para caminharmos em direção a uma solução. É disso que queremos falar. O Brasil que queremos deverá cuidar do meio ambiente, proibir o uso dos recursos naturais que estão se escasseando, combater a fome e a miséria, promover a educação de qualidade (das séries iniciais até o ensino superior), incluir debates na educação sobre sustentabilidade e finitude de recursos naturais, além de ensinar a prática de uma boa gestão, que busca a cooperação local, regional e internacional. 
O que temos que fazer agora? Travar uma batalha de combate ao desperdício, resolver os problemas gerados pelas queimadas e melhorar o diálogo entre as pessoas e o meio ambiente, ou seja, promover uma ruptura e instaurar uma ética multidimensional.

*Augusto Lima da Silveira é Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Saneamento Ambiental na modalidade EAD do Centro Universitário Internacional Uninter
Rodrigo Berté  é Diretor da Escola Superior de Saúde, Biociências, Meio Ambiente e Humanidades do Centro Universitário Internacional Uninter. É pós-doutor em Educação e Ciências Ambientais.

Dados sobre a Amazônia
Em 1 ano, uma área do tamanho de 500 mil campos de futebol foi destruída na Amazônia -- isso é quase meio BILHÃO de árvores dizimadas para sempre!

Capangas entram em áreas protegidas e terras indígenas matando quem tentar defender a floresta.  Existem até histórias de aviões despejando gasolina para começar incêndios gigantes. E as ações do presidente bolsonaro podem ser a sentença de morte da Amazônia. 

A floresta está longe da realidade da maioria, e por isso bolsonaro acha que ninguém se importa.

Defensores da Amazônia no Congresso querem ampliar as proteções da floresta e grupos indígenas estão pedindo ajuda internacional para aumentar a pressão e defender seu lar.

bolsonaro elogiou destruidores de florestas, bloqueou recursos de programas de conservação e ameaçou expulsar comunidades indígenas inteiras de suas terras.
A Amazônia respira e retém quantidades enormes de CO2 -- e, sem isso, não há a menor chance de derrotar a crise climática. A Amazônia é, também, responsável pelas chuvas em outros estados brasileiros: os chamados “rios voadores” promovem chuvas nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil, onde se localiza Brumadinho.


Edição 222 – Agosto 2019
Polícia investiga Flávio Flecha (PTC), suspeito de 'rachadinha'
Flávio Miranda Carvalho, o Flávio Flecha (PTC) é suspeito de exigir parte dos salários de seus servidores para mantê-los no cargo. Ele nega as acusações.
bolsonaro e Flávio Miranda: corrupção de quem
foi eleito dizendo que ia combatê-la
A Polícia Civil investiga um dos vereadores de Brumadinho, suspeito de praticar “rachadinha”, em que o parlamentar fica com parte do salário dos servidores de seu gabinete.
Um inquérito foi aberto para apurar a denúncia contra Flávio Miranda Carvalho, o Flávio Flecha (PTC). De acordo com a Polícia, as investigações apontam que o vereador exigia dinheiro de seus funcionários para mantê-los no cargo.
A polícia chegou a pedir a prisão do vereador. Mas a requisição segue sob análise do Ministério Público de Minas Gerais.
Em nota, o vereador Flávio Miranda Carvalho disse que “está muito surpreso com a notícia desta suposta denúncia”. Ele não quis se pronunciar sobre o assunto.

Cassação

No dia 1º de agosto, o vereador Cláudio Duarte (PSL), suspeito de embolsar R$ 1 milhão no esquema conhecido como "rachadinha", se tornou o primeiro a ter o mandato cassado na história de BH. Cláudio Duarte ficou preso por 10 dias, em abril, na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. Atualmente, ele está sendo monitorado por uma tornozeleira eletrônica.
A Polícia Civil indiciou o vereador e mais sete assessores por peculato, obstrução de justiça e organização criminosa.
O MP também investiga o vereador Flávio dos Santos (Podemos) por prática de “rachadinha”. Neste ano, ele já tinha sido alvo de um pedido de cassação do mandato.
A ação foi proposta após vazamento de áudios em que supostamente ele pede a realização de uma “vaquinha” para pagar acordo com o Ministério Público de Minas Gerais.
Outro Flávio investigado pelo crime da “rachadinha” é o Flávio Bolsonaro, filho do Presidente, apoiado por Flávio Flecha de Brumadinho.

Edição 222 – Agosto 2019
Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS realiza palestra de Educação Financeira

A Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS realizou, no dia 5 de agosto, palestra de Educação Financeira para os brumadinenses. A palestra aconteceu no Câmara Municipal e contou com a participação de pouco mais de duas dezenas de pessoas. A palestra foi ministrada por Ewerton Veloso, expert sobre o tema, Mestre em Administração e coautor do livro ‘Educando Seu Bolso’. Ewerton já tinha ministrado outra palestra sobre o assunto em Casa Branca. Os presentes gostaram muito.
“Achei a palestra superinteressante, já que com o dinheiro do pagamento emergencial da Vale a população está usufruindo dele de forma indevida, ou seja, sem ter a menor noção”, disse Clara Stelly Silveira Alves, 17 anos, aluna da E. E. Paulina Aluotto Ferreira. 
“A palestra serviu para ajudar não só a nós que estávamos presentes no dia, mas também com ela repassarmos para as pessoas que conhecemos. Eu sempre tive um pouco de noção sobre o assunto, mas não com tanta informação como agora”, completou Clara Stelly. Segundo a estudante, a palestra “foi de extrema importância” na sua vida. “Assim posso compartilhar e usar as dicas que o Everton nos deu”, concluiu.
Já na opinião da professora Maria Celeste de Miranda, a palestra “muito interessante pois o Everton nos contou sua própria história de superação. Aprendi muito e já estou fazendo pelo segundo mês consecutivo as anotações sobre as despesas e receitas da minha casa”.
A ideia de discutir Educação Financeira surgiu depois de que foi anunciado o pagamento emergencial para as famílias brumadinenses. “Quando falamos da ideia do curso numa reunião no bairro José de Sales Barbosa [Residencial Bela Vista], as pessoas acharam muito interessante, o que nos animou mais ainda”, diz Reinaldo Fernandes, membro da Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS.
Dando continuidade à discussão, a Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS, pretende, agora, distribuir uma cartilha para a população com informações relevantes sobre o tema, o que deve acontecer ainda em setembro.   

Edição 222 – Agosto 2019
 “moro e Dallagnol são bandidos”, afirma Lula

O ex-presidente Lula afirmou, em mais uma entrevista concedida da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, que vai provar que o Ministro da Justiça, sérgio moro, e o chefe da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, são bandidos.
Na entrevista, concedida ao jornalista Bob Fernandes, exibida no canal dele no Youtube e na TVE Bahia, disse ainda que só quer sair da prisão com "100% de inocência."
Ele respondeu não saber quanto tempo ainda vai permanecer em Curitiba mas que não vai pedir progressão de regime. "É daqui de dentro que eu quero provar que eles são bandidos e eu não. É isso que eu quero provar."
Esta foi a primeira vez que o ex-presidente falou após a decisão da juíza federal Carolina Lebbos, responsável pela execução de sua pena, que autorizou a transferência dele para São Paulo. No mesmo dia, o STF derrubou a decisão.
"Significou (a decisão) a necessidade de se livrar do Lula antes que ele possa sair daqui. Não conheço a juíza. Ela foi irresponsável. Espero que a sociedade esteja vendo. Não quero ser tratado melhor do que ninguém."

"Eu quero sair daqui com 100% de inocência.”

O ex-presidente comentou que estava na prisão porque queria. Segundo ele, teve muita oportunidade de sair do Brasil para não ser preso. "Eu quero sair daqui com 100% de inocência. Estou aqui porque eu quero. Eu poderia ter saído do Brasil. Tive muita oportunidade. Não quis sair porque o jeito de eu ajudar a colocar bandido na cadeia é ficar aqui.". 
Durante a entrevista, ele comentou o caso mais recente da Vaza Jato, publicado pelo BuzzFedd News em parceria com o The Intercept Brasil, em que aponta que Moro instruiu, ainda quando juiz federal, os procuradores da Lava Jato a não recolherem os celulares de Eduardo Cunha na véspera da prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados.Visivelmente irritado, neste ponto, o ex-presidente, batendo na mesa, destacou que a Polícia Federal foi na casa dos netos dele para apreender um tablet.
"Ficaram um ano com ele (o tablet) aqui preso. E não tiveram coragem de pegar o telefone de Eduardo Cunha porque o Moro falou: 'não, não pega o telefone'. O que é que tinha no telefone do Eduardo Cunha que o Moro não queria que ninguém soubesse? Por que eles não aceitaram uma delação do Eduardo Cunha?", questionou.

Estados Unidos por trás do Golpe de 2016

O petista falou da influência dos EUA no Brasil. Para ele, a Lava Jato é orquestrada pelo governo norte-americano. "Hoje, eu tenho clareza, Bob, que tudo que está acontecendo aqui no Brasil da Lava Jato tem o dedo dos americanos. O departamento de justiça americano manda mais no Moro do que a mulher dele."
Posteriormente, afirmou que a Lava Jato foi construída para entregar o petróleo brasileiro, as refinarias e as distribuidoras. Sobre Deltan, o presidente afirmou que o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) deveria ter pedido a exoneração dele.
"O Dallagnol não deveria nem existir porque ele não tem formação para isso. Ele não tem tamanho para fazer o que está fazendo. É por isso que ele fez tanta molecagem e tanta bandidagem", atacou.

bolsonaro

Lula classificou o presidente jair bolsonaro (PSL) como um monstro e aproveitou para fustigar a Globo ao afirmar que a emissora não teve coragem de lançar o apresentador Luciano Huck à presidência da República. "O Bolsonaro foi um monstro que surgiu, e não era isso que a Globo esperava, certamente. A Globo esperava alguém do time deles. Como não tiveram coragem de lançar o Luciano Huck."
Ele criticou a postura da empresa no caso dos vazamentos de mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil, que expôs a atuação de moro e Deltan. "Até agora, pasme, hoje é dia 14 [14/8], a Globo não teve a pachorra de publicar as coisas do Intercept. É como se não existisse. Foram capazes de inventar um hacker em Araraquara. Prenderam um hacker para dar vazão às mentiras do moro e não têm coragem de prender o Queiroz", disse.
O ex-presidente se referiu a Bolsonaro como um chefe de torcida organizada que fala para fanáticos. "O bolsonaro está governando e falando para sua torcida organizada. Para agradar os seus fanáticos, aqueles que não estão preocupados com o Brasil."
Ele criticou a forma como o presidente tratou a derrota nas prévias do presidente da Argentina Mauricio Macri. "Ele teve a insensatez de falar de um parceiro estratégico e ofender o povo argentino."
O petista destacou que, ao sair da prisão, além de casar porque está apaixonado, vai para a rua levantar a autoestima do povo brasileiro. "Se eles têm medo de mim, arrumem outro jeito de me calar. Um homem de 74 anos, que já fez o que já fiz, não vai se calar. Eu quero a minha inocência", disse. 

Edição 222 – Agosto 2019
Juristas estrangeiros se dizem chocados e defendem libertação de Lula
Manifesto em defesa do petista inclui professora citada por Deltan como referência em estudo contra corrupção

"Entre os signatários está Susan Rose-Ackerman, professora de jurisprudência da Universidade de Yale, nos EUA. Ela é considerada uma das maiores especialistas do mundo em combate à corrupção.
O procurador Deltan Dallagnol já recomendou entrevistas dela, apresentando a professora em redes sociais como “maior especialista mundial em corrupção e seu controle”. 
O marido dela, Bruce Ackerman, também assina o documento. Ele foi professor do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, em Yale. Os dois são amigos há 30 anos."

Veja abaixo o artigo na íntegra e todos os signatários

Lula não foi julgado, foi vítima de uma perseguição política

Nós, advogados, juristas, ex-ministros da Justiça e ex-membros de Cortes Superiores de Justiça de vários países, queremos chamar à reflexão os juízes do Supremo Tribunal Federal e, mais amplamente, a opinião pública do Brasil para os graves vícios dos processos movidos contra Lula.
As recentes revelações do jornalista Glenn Greenwald e da equipe do site de notícias The Intercept, em parceria com os jornais Folha de São Paulo e El País, a revista Veja e outros veículos, estarreceram todos os profissionais do Direito. Ficamos chocados ao ver como as regras fundamentais do devido processo legal brasileiro foram violadas sem qualquer pudor. Num país onde a Justiça é a mesma para todos, um juiz não pode ser simultaneamente juiz e parte num processo.
Sérgio Moro não só conduziu o processo de forma parcial, como comandou a acusação desde o início. Manipulou os mecanismos da delação premiada, orientou o trabalho do Ministério Público, exigiu a substituição de uma procuradora com a qual não estava satisfeito e dirigiu a estratégia de comunicação da acusação.
Além disso, colocou sob escuta telefônica os advogados de Lula e decidiu não cumprir a decisão de um desembargador que ordenou a liberação de Lula, violando assim a lei de forma grosseira.
Hoje, está claro que Lula não teve direito a um julgamento imparcial. Ressalte-se que, segundo o próprio Sérgio Moro, ele foi condenado por "fatos indeterminados". Um empresário cujo depoimento deu origem a uma das condenações do ex-presidente chegou a admitir que foi forçado a construir uma narrativa que incriminasse Lula, sob pressão dos procuradores. Na verdade, Lula não foi julgado, foi e está sendo vítima de uma perseguição política.
Por causa dessas práticas ilegais e imorais, a Justiça brasileira vive atualmente uma grave crise de credibilidade dentro da comunidade jurídica internacional.
É indispensável que os juízes do Supremo Tribunal Federal exerçam na plenitude as suas funções e sejam os garantidores do respeito à Constituição. Ao mesmo tempo, esperamos que as autoridades brasileiras tomem todas as providências necessárias para identificar os responsáveis por estes gravíssimos desvios de procedimento.
A luta contra a corrupção é hoje um assunto essencial para todos os cidadãos do mundo, assim como a defesa da democracia. No entanto, no caso de Lula, não só a Justiça foi instrumentalizada para fins políticos como o Estado de Direito foi claramente desrespeitado, a fim de eliminar o ex-presidente da disputa política.
Não há Estado de Direito sem respeito ao devido processo legal. E não há respeito ao devido processo legal quando um juiz não é imparcial, mas atua como chefe da acusação. Para que o Judiciário brasileiro restaure sua credibilidade, o Supremo Tribunal Federal tem o dever de libertar Lula e anular essas condenações.

Lista de Signatários
Bruce Ackerman, professor Sterling de direito e ciência política, Universidade Yale
John Ackerman, professor de direito e ciência política, Universidade Nacional Autônoma do México
Susan Rose-Ackerman, professora emérita Henry R. Luce de jurisprudência, Escola de direito da Universidade Yale
Alfredo Beltrán, ex-presidente da Corte Constitucional da Colômbia
William Bourdon, advogado inscrito na ordem de Paris
Pablo Cáceres, ex-presidente da Suprema Corte de Justiça da Colômbia
Alberto Costa, Advogado, ex-ministro da Justiça de Portugal
Herta Daubler-Gmelin, advogada, ex-ministra da Justiça da Alemanha
Luigi Ferrajoli, professor emérito de direito, Universidade Roma Três
Baltasar Garzón, advogado inscrito na ordem de Madri
António Marinho e Pinto, advogado, antigo bastonário (presidente) da ordem dos advogados portugueses
Christophe Marchand, advogado inscrito na ordem de Bruxelas
Jean-Pierre Mignard, advogado inscrito na ordem de Paris
Eduardo Montealegre, ex-presidente da Corte Constitucional da Colômbia
Philippe Texier, ex-juiz, Conselheiro honorário da Corte de Cassassão da França, ex-presidente do Conselho econômico e social das Nações Unidas 
Diego Valadés, ex-juiz da Corte Suprema de Justiça do México, ex-procurador-geral da República
Gustavo Zafra, ex-juiz ad hoc da Corte Interamericana de Direitos Humanos

Edição 222 – Agosto 2019
Curtas
Carta ao presidente
Carta aberta ao Presidente da República, assinada por dezenas de organizações, manifesta profunda indignação com a falaciosa e gravíssima declaração proferida pelo chefe do Executivo Federal em que ele insinua, sem quaisquer provas, que organizações não governamentais poderiam ser responsáveis pelas queimadas em curso na Amazônia como forma de denunciar o governo em âmbito internacional.  Áudios vazados mostraram que 70 fazendeiros combinavam como fazer as queimadas criminosas.
Projeto Palco Brumadinho apresenta Thibana, André Luis e Negro por Negro
O primeiro dia de apresentações do Projeto Palco Brumadinho, que acontece em Inhotim, aconteceu em 10 de agosto. Subiram ao palco o cantor Thibana, o instrumentista André Luis e o Grupo Afro de canto e dança Negro por Negro.
O Palco Brumadinho contará com mais cinco dias de apresentações, um por mês, até janeiro de 2020. A proposta é reunir cantores, compositores e grupos tradicionais da cidade em shows realizados em áreas icônicas do Instituto: a centenária árvore Tamboril, o Magic Square de Hélio Oiticica e o Centro de Educação e Cultura Burle Marx. O próximo evento acontece no dia 19 de setembro.

Edição 222 – Agosto 2019
A estrutura pertencente à Emicon está abandonada há mais de dez anos e, sem laudos atuais, não é possível garantir que ela é segura

Quatro famílias residentes na comunidade do Quéias, em Brumadinho foram retiradas de suas casas nos últimos dias. Uma das famílias recusou-se a sair. São nove residências na área rural atingida em caso de rompimento da barragem, mas moradores de quatro delas só as visitam esporadicamente. 
Cerca de 20 pessoas que ali viviam corriam risco de serem soterradas por rejeitos em caso de rompimento da barragem B1-A da Emicon. A estrutura está abandonada há mais de dez anos e, sem laudos atuais, órgãos responsáveis não podem garantir sua estabilidade. 
A determinação que garantiu a retirada das pessoas que vivem na zona rural próxima à estrutura foi publicada por Rodrigo Heleno Chaves, magistrado à frente da Vara Criminal de Brumadinho, no dia 12 de agosto, mas foi anulada por um desembargador do Tribunal de Justiça de MG, segundo informou ao Jornal de fato o Chefe da Defesa Civil de Brumadinho, Lucas Lara. No entanto, segundo Lara, o MP recorreu da decisão e, no dia 23 de agosto, o Tribunal refez a decisão, valendo o que tinha sido decidido em Brumadinho, ou seja, a desocupação da área.
Em sua decisão, o Juiz de Brumadinho definiu que as empresa responsável pela barragem precisa apontar qual a atual situação da barragem e apresentar planos de segurança para o empreendimento. 
A barragem de rejeitos de minério foi construída à jusante, um método considerado mais seguro que o da barragem do Córrego do Feijão, da Vale, que assassinou quase 300 pessoas em 25 de janeiro. 

Situação 

Se a barragem B1-A entrar em colapso, o mar de rejeitos poderá interditar a rodovia Fernão Dias e prejudicar consideravelmente o abastecimento de água na região metropolitana de Belo Horizonte. Em caso de rompimento, a lama pode atingir a represa da COPASA (Sistema Rio Manso), responsável por fornecer água para um terço da população da capital mineira. 

Edição 222 – Agosto 2019
Projeto cria Dia Estadual da Visibilidade Lésbica
Proposta prevê o dia 29 de agosto para marcar o dia e defende “o direito de existir”

A deputada Beatriz Cerqueira apresentou o Projeto de Lei 1061/2019 que cria o Dia Estadual da Visibilidade Lésbica para ser comemorado anualmente em Minas Gerais, no dia 29 de agosto.
A proposição contrapõe o histórico apagamento sofrido por mulheres lésbicas, perpetuado pelo machismo e patriarcado estrutural presente na cultura e na institucionalidade do Brasil.
A deputada ressalta que as mulheres lésbicas são alvo da violência simbólica, verbal, psicológica, física e econômica em diferentes espaços: na família, na rua, nas escolas, nos hospitais e no trabalho.  “Essa opressão imposta pela sociedade patriarcal causa muito sofrimento, podendo gerar a negação da própria afetividade, o afastamento de familiares, a evasão escolar, a construção de uma vida dupla e, em alguns casos, o suicídio,” destaca.
Na avaliação da deputada Beatriz Cerqueira, o apagamento lésbico é resultado e fonte geradora da lesbofobia que leva a diferentes formas de violência.
Dados oficiais confirmam essa realidade: O assassinato de mulheres lésbicas cresceu 237% no Brasil, entre 2014 e 2017, segundo o Dossiê Lesbocídio de 2017.

A Arte Abraça Brumadinho
Galeria de fotos - reinaldo fernandes / Jornal de fato



Balões lembram os assassinados pela VALE