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terça-feira, 11 de dezembro de 2018


Edição 215 – Novembro 2018
Editorial
Alessandra do Brumado: a gestão para ser esquecida!

O mandato da Presidente da Câmara Municipal termina agora em dezembro. Até que foi rápido!  Alessandra do Brumado (PPS) fecha sua gestão com “chave de ouro”. Só que não!
Fecha recebendo mais uma denúncia no Ministério Público. Agora a vereadora é acusada de improbidade administrativa, uso indevido dos carros da Câmara, além de assédio moral, perseguição, chantagem, coação e ameaças a servidores.
Alessandra do Brumado (PPS) ainda é acusada de destruir provas das ilegalidades que cometeu e deixou cometer.
Nesses dois anos, a perseguição não foi apenas contra servidores do Legislativo, vários deles, inclusive, velhos aliados, com quem comprou muita briga. Sabem aquela história do poder, de que a pessoa se revela quando o tem? Pois é, foi o que aconteceu. Com dificuldades de lidar com questionamentos da imprensa local, Alessandra do Brumado (PPS) se mostrou bastante antidemocrática: perseguiu também ao Jornal de fato e seu Editor. Por mais de uma vez processou o Jornal, com advogado pago com dinheiro público. Com outro jornal, seu antigo aliado, arrumou briga ao se recusar a pagar R$ 2.000,00 de trabalhos contratados, o que o povo chamaria de roubo mesmo.
Comprou brigas também com colegas vereadores (está sendo denunciada por um deles). Manobrou quando perdeu votação no Plenário, como acusou outra vereadora sua colega.
Sua gestão ainda sai marcada pelo mau uso do dinheiro público e por estabelecer mais privilégios para si e seus colegas: foi ela que inventou, para ela mesma e seus colegas, um aumento de salário, um terço a mais nos salário das férias em janeiro, uma merrecazinha de pouco mais de R$ 32 mil. Assim, em janeiro, com 33,33% de aumento, ou seja, quase R$ 2.500,00, os salários foram dos R$ 7.480,62 para R$ 9.974,16. Isso seria "1/3 (um terço) de férias", o que nunca antes na história de Brumadinho acontecera! Ela ainda aumentou também o tíquete alimentação, o seu mesmo e dos colegas, para R$ 735,00. 
Reinaldo Fernandes
Editor
Quando a população, os vereadores e os servidores da Câmara olharem para sua foto na galeria dos ex-presidentes da Casa, são dessas coisas que eles se lembrarão. É uma gestão para ser esquecida!    


Edição 215 – Novembro 2018
Alessandra do Brumado e Jéssica Maciel são denunciadas ao MP
A acusação é de improbidade administrativa, com uso indevido dos carros da Câmara, além de assédio moral, perseguição, chantagem, coação e ameaças a servidores; Alessandra do Brumado ainda é acusada de destruir provas das ilegalidades
 
foto: reinaldo fernandes
No último dia 8 de novembro, o MP – Ministério Público de Minas Gerais, mais precisamente a 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Brumadinho recebeu uma denúncia contra a presidente da Câmara Municipal de Brumadinho, Vereadora Alessandra do Brumado (PPS) e a Diretora Administrativa e Financeira da Câmara, Jéssica Maciel. A denúncia foi assinada pelo colega vereador, Flávio Miranda, o Flávio Flecha (PTC). Em meados de maio de 2017 o vereador Flávio já dissera no Plenário que teria recebido denúncia de uso indevido dos veículos. Porém nenhuma atitude foi tomada pela Presidente do Legislativo, Alessandra do Brumado ou pela Diretora Administrativa e Financeira, Jéssica Júnia Parreiras Maciel.  
As informações da denúncia foram veiculadas no whatsapp, em vídeo gravado na reunião do Plenário da Câmara na mesma data, quando o Procurador do Vereador Flávio, o advogado Cláudio Teixeira, usou a Tribuna para informar ao Legislativo sobre a denúncia.

Uso ilegal dos carros da Câmara, assédio moral, chantagens, ameaças, coação e constrangimentos a servidores são causas da denúncia

A denúncia contra Alessandra do Brumado (PPS) e Jéssica Maciel envolve uso ilegal dos carros da Câmara, assédio moral, coação ilegal e constrangimentos a servidores. Relatos feitos por três motoristas da Casa dão conta do uso ilegal dos carros. Os veículos deveriam ser usados para trabalho parlamentar. No entanto, segundo os motoristas, os carros estavam sendo usados para levar eleitores a outras cidades, como Belo Horizonte.  Entre esses eleitores estariam pessoas muito doentes, que deveriam ser transportadas por ambulância, acompanhadas de profissionais da Secretaria de Saúde e não por motoristas do Legislativo.
Trata-se de uma velha prática eleitoreira de vereadores de Brumadinho: comprar votos, cedendo carros públicos para levar pessoas para outras cidades. Como as pessoas, muitas vezes, estão doentes, ficam devendo favor ao vereador ou vereadora e acabam se vendo obrigados a votarem neles na eleição seguinte.   
Sendo obrigados a cumprir ordens, sob ameaças de Alessandra do Brumado (PPS) e Jéssica Maciel, os motoristas se submeteram às ilegalidades até que completassem seu período de estágio probatório. Agora, sem as ameaças de demissão por estarem ainda nos três primeiros anos de serviço público, decidiram denunciar o uso ilegal dos carros da Câmara, o assédio moral, a coação ilegal e os constrangimentos a que foram submetidos. Além disso, denunciam a perseguição política.
Os motoristas foram afastados de suas atividades na Câmara, para onde foram concursados, e “cedidos” ilegalmente à Prefeitura.     

Motoristas falam de assédio e das ameaças de Alessandra

Na denúncia, um dos motoristas, Antônio Marcos Rodrigues Chaves, relata que os assédios morais começaram quando estava em estagio probatório e começou a questionar as atitudes de vereadores usarem os carros para serviços fora do município, principalmente para levar eleitores para fazer exames em BH.
Em 28/5/2015 a vereadora Alessandra do Brumado me fez uma ameaça verbal que me deixou assustado”, relata o Sr. Antônio. Segundo o motorista, quando ele lhe entregou a documentação onde ele registrara em que lugar realmente estivera com o veículo da Câmara a pedido de seu gabinete (de Alessandra), ela recusou-se a assinar e fez a seguinte ameaça: “Sr. Antônio, não pode preencher a diária assim porque, pois, com certeza, meu gabinete está fazendo uso errado do carro. Quero falar para o senhor que, senão fizermos esse tipo de serviço, não justifica os carros com os motoristas na Câmara Municipal de Brumadinho. Os vereadores podem votar uma lei, extinguir o cargo e, como vocês estão no estágio probatório, perderão os seus empregos.”
Ainda segundo ele, no dia seguinte, sua chefia imediata teria lhe falado das reclamações de determinado gabinete de vereador ou vereadora e, a partir daí, ele se sentiu obrigado a “cumprir todas as ordens de serviço, mesmo que ilegais, por medo, porque ainda estava em estágio probatório”. 
O motorista relata ainda que desde 2015 a vereadora Alessandra do Brumado (PPS) lhe fazia ameaças verbais, sempre alegando que não haveria motivos para existir carro e seriam demitidos. Ameaçado, acuado, ele diz que se viu obrigado a cumprir ordens ilegais e a fazer várias viagens para Alessandra do Brumado, e que foram vários episódios.

Alessandra do Brumado (PPS) e Jéssica Maciel teriam feito chantagem e coação

Outro motorista, Paulo Sérgio Batista, relatou que havia chantagem, assédio moral, ameaças e perseguição por parte da Câmara. Segundo ele, se viu obrigado, por exemplo, a transportar paciente em tratamento oncológico no Hospital Luxemburgo – doente debilitado – sem ter o preparo necessário para lidar com esse tipo de paciente. Disse que se sentiu “chantageado e coagido”, que aquilo não parou, citando novos acontecimentos em maio 2017, mais ameaças, perseguição e assédio moral, agora da atual direção da Casa.
Ainda segundo Paulo Sérgio, ele foi surpreendido ao ser convidado para assumir o cargo de Chefe de Transporte no início da atual legislatura, quando Alessandra do Brumado (PPS) assumiu a Presidência. Por várias vezes, o motorista disse que ouviu ameaças de extinção dos cargos se os veículos não fossem usados para o transporte ilegal.

Alessandra do Brumado destrói provas das ilegalidades

Paulo Sérgio relata também que a vereadora Alessandra do Brumado destruiu provas das ilegalidades. Segundo ele, ao voltar de férias, foi informado de que o HD do computador do Setor de Transporte havia queimado. Então, ele solicitou reparo mas não obteve resposta. Depois, teria sido informado de que ele não mais lançaria dados de controle dos veículos nas planilhas, como uso de combustíveis, reparos etc. Segundo ele, lhe fora informado que tais lançamentos seriam feitos pela Diretora Administrativa e Financeira, Jéssica Maciel.
O motorista relata: “Em dezembro de 2017, a Presidente [Alessandra do Brumado – PPS] solicitou que eu destruísse a agenda porque ali havia muitas provas contra a Mesa [Diretora]. Como não fiz o que ela havia me solicitado, no momento me que eu não estava na sala do setor de transportes, ela pegou a agenda, destruiu as páginas que continham os agendamentos e, posteriormente, na sala da Presidência, devolveu-me a agenda apenas com as páginas em branco e outra agenda nova.”
Ainda segundo Batista, reunidos os motoristas da Casa no último dia 6 de novembro, um deles dissera que não participaria das denúncias. Teria dito que lhe fora garantido que "a Câmara precisa de apenas dois motoristas" e que, demitidos os outros, ficariam os dois mais antigos, e ele era um, que além disso, ainda tinha a proteção do vereador Xodó, de quem era eleitor. 
Batista contou que a pressão da Câmara foi tão grande que ele teria tido a necessidade de buscar ajuda médica para suportar a barra pesada.
Outro motorista, Marlon, descreve as mesmas irregularidades. Em clara perseguição da Vereadora Alessandra do Brumado (PPS), eles foram “cedidos” à Prefeitura, na Secretaria de Saúde. No entanto, de acordo com a denúncia feita ao MP, o único “documento” sobre a cessão é uma ata. Portanto, eles não estão, legalmente, cedidos. Mas continuam lá, sofrendo as consequências da perseguição da Presidente do Legislativo de Brumadinho.
Segundo Cláudio Teixeira, Procurador do Vereador Flávio Miranda, que acompanha o processo, além dos documentos lavrados de próprio punho, a denúncia foi acompanhada de uma série de documentos que comprovariam as acusações feitas.  
Segundo Miranda, diversos vereadores foram beneficiados pela conduta ilegal. “Os agentes condutores passaram e ainda passam por situações de assédio moral, coação ilegal e constrangimento, levados a efeito pela Presidente da Casa Legislativa e pela Diretora Administrativa e Financeira”, garante o colega vereador.


Edição 215 – Novembro 2018
Nenen da Asa decreta “Estado de Emergência” e dá férias para todos os servidores
Vereador Max Barrão questiona o destino do dinheiro público e acusa o prefeito de ser “mentiroso”

Os servidores públicos municipais estão de férias coletivas desde o dia 1º de dezembro. A decisão foi tomada pelo prefeito Nenen da ASA (PV), que fez publicar um Decreto de Emergência. No Decreto, o prefeito alega que a culpa é do governo de Minas, que está com repasses atrasados ao Município. O Prefeito esqueceu-se de dizer que seu partido apoiou o Golpe de Estado contra a Presidenta que obteve quase 55 milhões de votos nas urnas. Esqueceu também de dizer para a população que seu partido votou pelo congelamento de gastos, por 20 anos, com a Saúde e outros serviços municipais, e que o governo temer (PMDB) deve milhões e milhões a MG e a outros estados da Federação.

42ª maior arrecadação de MG

Brumadinho é uma cidade rica. Dentre os 853 municípios mineiros, apenas 41 deles são mais ricos do que Brumadinho. Enquanto Nenen da ASA (PV) reclama falta de dinheiro, o vereador Max Barrão (PP) grava vídeo e o espalha nas redes sociais, mostrando que a arrecadação do Município é maior do que R$ 13 milhões a cada mês, e questiona ao Prefeito sobre o destino desses milhões.  A média dos 9 últimos meses de arrecadação é de mais de R$ 13 milhões, informações repassadas pelo próprio Tribunal de Contas de Minas Gerais. Em novo vídeo, Barrão acusa ao prefeito de não sabe matemática e sugere a Nenen que peça ajuda ao Secretário de Fazenda. Barão ainda afirmou que acionaria a Justiça contra o Prefeito por tê-lo chamado de mentiroso. “Mentiroso é você, ou o Tribunal de Contas”, acusa Barrão.

Não é crise, não, é má gestão!”

Existe, sim, uma má gestão! Não é crise, não, é má gestão!”, acusa Max Barão ao Prefeito. E lhe lembra que, em 2017, os cargos comissionados do prefeito teriam consumidos mais de 6,275 milhões de reais do dinheiro público.   
Na campanha eleitoral de 2016, Nenen da ASA garantiu que não faltava dinheiro na Prefeitura de Brumadinho, dizendo que em sua gestão nunca tivera arrecadação maior do que 10 milhões mensais. Nenen disse, naquela oportunidade, que o problema era “falta é competência”, referindo-se à gestão de Antônio Brandão (PSDB). Vídeo com essa fala do atual prefeito circulou pela internet nos últimos dias, mostrando a importância das redes sociais na difusão de informações e de memória.
    

Sind-UTE diz que decreto é ilegal

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de MG, Sind-UTE, subsede Brumadinho garante que o Decreto Municipal nº 216/2018, que declarou “Estado de Emergência Financeira no Município de Brumadinho”, é ilegal. Segundo a Coordenadora da entidade, Lílian Paraguai, o Decreto não teria legalidade, uma vez que não foi devidamente reconhecido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais – ALMG, e conforme prevê a Lei Complementar 101/2000, em seu artigo 65.
A informação foi dada em reunião da entidade com alguns vereadores. Na reunião, o representante do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieese, Diego Severino Rossi de Oliveira, apresentou dados do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais – TCE-MG que indicam que o Município possuía, até 30 de setembro de 2018, um saldo de R$ 21.081.280,36 (vinte e um milhões, oitenta e um mil, duzentos e oitenta reais e trinta e seis centavos).


Edição 215 – Novembro 2018
Ex-governador poderá devolver mais de R$ 11,5 milhões aos cofres públicos; ação ajuda a entender porque o estado de MG não tem dinheiro para repassar aos municípios; 11.601 brumadinenses votaram em Aécio para Presidente em 2014; para governador de Minas, sempre foi o mais votado em Brumadinho

Aécio Neves (PSDB), o “Mineirinho” na lista de propinas da Odebrecht, enfrenta mais uma denúncia. Agora o MP quer que Aécio devolva R$ 11,5 milhões por gastos em aeronaves do Estado. Na ação, o MP pede o ressarcimento do valor e quer a indisponibilidade de bens do tucano. Aviões a jato, e até helicóptero, teriam sido usados nos passeios.

Ministério Público de Minas Gerais entrou na Justiça com ação civil pública em que acusa o ex-governador, hoje senador Aécio Neves (PSDB), de realizar 1.337 voos em aeronaves do Estado sem comprovação de interesse público no período em que foi governador.
Segundo a Promotoria, o prejuízo causado aos cofres públicos por Aécio foi de R$ 11.521.983,26 (onze milhões, quinhentos e vinte e um mil, novecentos e oitenta e três reais e vinte e seis centavos). Na ação, o MP pede o ressarcimento do valor e quer a indisponibilidade de bens do tucano.
Em despacho publicado na sexta-feira, a juíza Claudia Costa Cruz Teixeira Fontes, afirma que o pedido de indisponibilidade de bens será analisado “após manifestação do político e do Estado” na ação.
Eleito deputado federal nas eleições de outubro, Aécio foi governador de Minas Gerais por dois mandatos. De 2003 a 2006 e de 2007 a março de 2010. Nas duas vezes, foi o mais votado em Brumadinho. Em 2014, quando foi candidato a presidente contra Dilma Rousseff (PT), 11.601 brumadinenses votaram nele contra pouco mais de 8 mil na petista.  

Direto para o Rio de Janeiro e a cidade natal

A Promotoria contabilizou neste período voos particulares para cidades como Rio de Janeiro, onde o ex-governador mantinha apartamento, e Cláudio, cidade do centro-oeste de Minas onde a família do tucano possui fazenda, com aeroporto feito com dinheiro do Estado.
Segundo o MP foram 138 voos para o Rio e 116 para Cláudio. “Grande parte desses deslocamentos aéreos foram realizados para transporte de passageiros não identificados no momento dos voos.” Quando o MP conseguiu localizar passageiros que acompanharam o político do PSDB, entre eles estavam Luciano Hulk (Rede Globo) e da dupla Sandy e Junior, além de Ciro Gomes (PDT), do ministro do Supremo, Gilmar Mendes - acusado de ser um dos protetores de Aécio no STF -; o corrupto da CBF, Ricardo Teixeira; Henrique Meireles (“Chama o Meireles!”) e José Serra (PSDB).

Decreto

Para justificar os voos, a assessoria do senador citou decreto assinado pelo próprio tucano, quando governador, em 19 de maio de 2005, que prevê “para o chefe Executivo estadual as mesmas normas previstas para o chefe do Executivo federal!”.
“O senador Aécio Neves considera incompreensível a relação de voos questionados pelo Ministério Público, que contém praticamente todos os voos realizados ao longo de oito anos”, diz a nota da assessoria. Já a população considera incompreensível como ele ainda não está preso, depois de ser acusado de envolvimento em tantas denúncias, inclusive me tráfico de drogas.

Estado de MG falido

As prefeituras continuam reclamando do governo de Minas por falta de repasses de dinheiro aos municípios. Notícias como essas, envolvendo o ex-governador do PSDB ajudam a explicar o caos de MG. Aécio Neves e Anastasia (PSDB) sempre trataram o dinheiro do Estado como se fosse dinheiro particular. Entre as inúmeras denúncias de roubos envolvendo Aécio Neves (PSDB) estão os voos particulares, a lista de Furnas, o beneficiamento de empresas da família Neves e a construção superfaturada da Cidade Administrativa (Aécio é acusado de receber 10% de propina dos R$ 2 bilhões gastos na obra).    


Edição 215 – Novembro 2018
Bruno Diniz (PSDB), ex-membro da Secretaria de Saúde de Brumadinho, é rechaçado em Contagem
Ex-secretário de Saúde de Sarzedo e Contagem, Diniz acusava o PT de corrupto, dizia que era preciso “destruir” o partido de Lula e agora foi demitido sob acusação de roubo de medicamentos e superfaturamento 


O leitor deve se lembrar de Bruno Diniz (PSDB). Ele foi Coordenador na Secretaria de Saúde de Brumadinho. Educado, bonitão, galanteador, fez fama entre muitas moças da cidade. Em 2012, esteve ao lado da campanha de Brandão (PSDB). Sem espaço que lhe interessava na Secretaria de Saúde de Brumadinho, ocupada por outro do PSDB, Zé Paulo, Bruno Diniz foi ser Secretário de Saúde em Sarzedo, com Marcelo Pinheiro. Fim da gestão em Sarzedo, Bruno pulou para Contagem, onde se tornou Secretário de Saúde no governo de outro do PSDB, Alex Freitas.
Bruno Diniz ficou 16 meses no cargo: foi demitido em maio deste ano.

Rechaçado pela Câmara

No último 21 de novembro, Bruno Diniz (PSDB) levou “um fora” da Câmara Municipal de Contagem. Diniz foi indicado para receber o título de Cidadão Honorário da cidade pelo vereador Caxicó (PPS). No entanto, os vereadores rejeitaram o pedido feito no Projeto de Decreto Legislativo, que precisava de 2 terços dos votos para ser aprovado.

Motivos da reprovação seria roubo de medicamentos e superfaturamento

Segundo o jornal Diário de Contagem, nenhum vereador quis comentar porque Bruno Diniz (PSDB) foi rechaçado. No entanto, o jornal apurou que “fontes que preferem não ser identificadas” afirma que Bruno Diniz e o ex-superintendente Vital Wagner “foram responsáveis por desvio de medicamentos” tarja-preta e “superfaturamento de suprimentos”.  
Ao demitir Bruno Diniz (PSDB), o prefeito Alex Freitas não explicara os reais motivos. No facebook, Diniz (PSDB) agradeceu ao prefeito e o “apoio e incentivo para trabalhar com seriedade em prol dos mais beneficiados”.

Corruptos

Bruno Diniz (PSDB) foi militante ativo nas redes sociais pelo Golpe de Estado dado na Presidenta Dilma Rousseff (PT). Em uma de suas postagens, Bruno Diniz (PSDB) dizia que era preciso “destruir o PT”. O ex-Secretário de Saúde acusava o PT de ser um partido corrupto. Meses depois foi demitido sob acusação de corrupção, mais precisamente superfaturamento de suprimentos e roubo de medicamentos dos pobres. Já em São Paulo, o governador Alckmim (também do PSDB) foi acusado de roubar a merenda das crianças de escolas públicas. Na campanha eleitoral, Alckmim amargou um quarto lugar, com menos de 5% dos votos.     


Edição 215 – Novembro 2018
Opinião
Venceu a insensatez
Arthur Chioro*

Uma tragédia para a vida e a saúde de 30 milhões de brasileiros.
Um caos para a organização do SUS, que depende da atenção básica para coordenar o acesso às redes regionais e garantir a universalidade e a integralidade da saúde.
Colapso no sistema de saúde nas 2.885 prefeituras que participam do programa e contam com médicos cubanos, em particular em 1.575 municípios, a maioria com menos de 20 mil habitantes, distribuídos em todas as regiões do país e que dependem exclusivamente dos médicos do Programa Mais Médicos (PMM).
Um vexame internacional que abala a relação do país com a Organização Pan-Americana de Saúde (OMS) e que desencadeará um cenário de desconfiança generalizada nas relações com outros países, parceiros do Brasil em inúmeros projetos na área da saúde.
Sem mais de 8.500 equipes de Saúde da Família completas com médicos cubanos, voltaremos ao dramático quadro vigente até 2013. Antes do Mais Médicos, brasileiros que viviam em áreas de alta vulnerabilidade não tinham acesso às ações de promoção, prevenção, diagnóstico e tratamento. Estavam à própria sorte ou eram obrigados a procurar PS ou hospitais para cuidados básicos.
A atenção básica é capaz de resolver mais de 80% dos motivos que levam alguém a procurar serviços de saúde. Tudo isso será perdido e quem pagará a conta serão os que mais precisam do SUS, graças ao total despreparo do presidente eleito, incapaz de medir suas palavras.
Aos que festejam o rompimento da parceria do Ministério da Saúde com a OPAS e Cuba, certamente por nunca terem tido problemas para conseguir uma consulta médica em suas vidas, é preciso relembrar que as UBS onde estão lotados os médicos cubanos estão localizadas na floresta amazônica, nas aldeias indígenas, no semiárido nordestino, nos municípios do G-100, quilombolas e povos ribeirinhos, no Vale do Ribeira, Vale do Jequitinhonha e na periferia dos grandes municípios brasileiros.
Lugares onde os médicos brasileiros não querem ir. Os argumentos utilizados são falácias corporativas. A maioria dos médicos brasileiros não querem e não sabem fazer atenção básica. Foram formados apenas para serem especialistas, num modelo elitista, restritivo e sem compromisso social. Não tem nenhuma preocupação com os 30 milhões de brasileiros que ficarão sem nenhum atendimento médico.
Fingem querer uma carreira de Estado, mas sabemos todos que não largarão seus consultórios particulares para se embrenharem Brasil afora. Nem o presidente eleito alocará mais recursos para isso, como deixou claro essa semana. Aliás, o orçamento aprovado para 2019, graças a EC-95 (teto dos gastos), será quase 2 bilhões menor do que o de 2108, incapaz até de recompor a inflação e manter o que hoje já precariamente funciona.
Acompanhei a chegada dos médicos cubanos como Ministro da Saúde. Todos tinham mais de 10 anos de formados. Todos tinham residência em medicina geral e comunitária, mais de 50% uma segunda especialização e 40% tinham pelo menos mestrado. Além disso, os dois mil primeiros que vieram ao Brasil já tinham participado de pelo menos uma missão no exterior.
Bolsonaro, ao lançar desconfiança pública sobre a capacidade e veracidade da formação médica dos cubanos e impor mudanças na forma de contratação e funcionamento do PMM de forma unilateral, autoritária e inconsequente, desrespeitando os canais de negociações estabelecidos e a soberania do país parceiro, implodiu o PMM e junto com ele o SUS e a esperança de milhões de brasileiros.
As ações do PMM voltadas à abertura de novas escolas médicas só garantirão número de médicos brasileiros formados em quantidade suficiente a partir de 2026 para suprir nossas necessidades. Portanto, é inconsequente a postura do presidente eleito que culminou nessa decisão do governo cubano sem sequer se preocupar com um plano alternativo.
Mais inconsequente e risível ainda é a proposta do quase-indicado para o comando do Ministério da Saúde (quase, já que os problemas enfrentados como ex-gestor municipal de saúde em Campo Grande parece que não permitirão que seja alçado ao cargo), que liderou incansavelmente os ataques ao PMM no Congresso Nacional nos últimos anos. Agora, sugere o serviço médico militar obrigatório para os recém-formados. Será interessante assistir aos médicos que lideraram a oposição ao PMM verem seus filhos trabalharem por 3 anos em favelas, aldeias indígenas, e quilombolas... Talvez mudem para Miami ou peçam aos colegas cubanos que voltem com urgência...
Portanto, o que têm a comemorar os opositores do PMM? Bolsonaro e seus apoiadores serão responsabilizados pelo aumento da mortalidade infantil, materna, por hipertensão, diabetes, doenças respiratórias e outros problemas sensíveis à atenção básica que serão profundamente afetados com o fim do PMM.
É um crime contra quem mais precisa de saúde. É uma lástima terminar assim um programa reconhecido e elogiado internacionalmente e que, como tem sido demonstrado por inúmeros estudos, pesquisas e teses, teve um impacto excepcional sobre a saúde do povo brasileiro.
Venceu a insensatez. Perde o Brasil. Só me resta pedir aos médicos e ao povo cubano desculpas e agradecê-los por tudo que fizeram por nossa gente.

* Arthur Chioro é médico, professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp e ex-ministro da Saúde


Edição 215 – Novembro 2018
Quer saber como "fulano" mente e manipula pra enganar você sobre o Mais Médicos?
Por Thiago Silva, médico recifense

1- Salário dos Médicos

A- Cuba faz cooperação com 66 países em todo o Globo, inclusive europeus. Sabe como isso começou? Com a brigada Henry Reeve criada em 2005 como forma de ajuda humanitária pra atender as vítimas do Furacão Katrina nos EUA. Fidel chamou centenas de médicos e pediu que se organizasse a brigada.EUA negaram a ajuda. A brigada permaneceu mobilizada pois em pouco tempo haveria a crise em Angola e terremoto no Paquistão. Na maioria dos países que faz parceria, Cuba envia médicos e medicamentos DE GRAÇA, sem cobrar dos países. Isso aconteceu em Angola, no Nepal, Haiti, Congo, e tantos outros países pobres do Mundo. Quem arcava com os custos? O próprio governo cubano.

B - E como o governo Cubano fazia, já que é vítima de um Bloqueio Econômico há décadas, uma ilha pequena do Caribe que não consegue nem produzir a própria energia, pelas características de seu território?
Alguns países começaram a oferecer trocas pela Força de Médicos. A Venezuela ofereceu petróleo. Alguns países europeus começaram a pagar mesmo diretamente pro governo Cubano. E essa parceria virou uma fonte de renda pra Ilha, com impacto em suas contas públicas, dado o volume de médicos atuando no mundo todo.

C- E como funciona o pagamento? 
Cuba abre edital via uma empresa Estatal para contratar os médicos. Eles podem se oferecer Ou não. As condições salariais e os países são conhecidos PREVIAMENTE por todos ANTES de assinarem contrato. Contrato. Conhecem? Pois é. Quem é responsável pelo salário dos Cubanos é.... a Estatal com a qual eles assinaram contrato! Simples! Ela é responsável por lesão corporal, por invalidez, por seguro, por assistência a família em caso de morte, etc. Cubanos morreram aqui. Sabe o que fez o governo brasileiro?
Nada. Pois é. Quem cuida das famílias e repassa dinheiro para famílias é a estatal. 
Além disso, a "diferença salarial" não vai pra financiar outra coisa que não a Saúde e Educação de todo povo cubano. Detalhe, eles tem isso DE QUALIDADE e de GRAÇA pra todos lá viu?
Ou seja
O "salário" dos médicos fora de Cuba (quando estão em países que pagam, que não são a maioria) sustenta os direitos sociais de todos os moradores da ilha. É uma fonte de renda pro povo. Impacta o PIB. Como vender nióbio a preço de banana pra canadense, saca?

Sabe quantos médicos Cubanos saíram do programa revoltados com o que é feito com o salário?
Um total de... 1! Isso mesmo. Uma cubana que foi comprada e sustentada pela AMB numa época pra criar uma campanha vergonhosa contra o Mais Médicos.
Houve algumas deserções, como sempre há, já que tem médicos cubanos que acham que vão enriquecer de medicina nos EUA. Claro que tem. Em todo canto do mundo tem gente que não de importa em pensar no próprio umbigo. Mas foram uma minoria irrisória.

2- Revalidação de diplomas

Essa é uma piada. Cuba manda médicos pra 66 países, sabe o único que teve gente cobrando isso? Pois é, o Brasil. Ainda tem o disparate de dizer que eles não dão médicos, quando tem norte-americano pegando lancha e indo pra Cuba se tratar. Mesmo assim, por conta dessa pressão, os Cubanos foram avaliados quando chegaram aqui, com a aprovação da lei. Avaliados pela fluência no Português e questões de Medicina. Foram avaliados por Professores e Preceptores de medicina brasileiros, a maioria de Universidades Federais. É claro que teve gente reprovada. É claro que vieram no meio dos 14 mil médicos ruins, medianos, bons e excelentes. Mas você acha que entre 14 mil brasileiros viriam apenas médicos bons? Anham. Sou Chefe de um pronto socorro do SUS onde só tem brasileiro, e vejo isso todo dia...

3- Impacto.

700 municípios brasileiros não tinham uma ALMA DE LENÇOL BRANCO nem pra confundir com Médicos. Os números do Mais Médicos são ACACHAPANTES. 63 milhões de pessoas cobertas. 4 mil municípios 
Hoje em mais de 1500 municípios só tem Cubano.

Lembram disso aqui? (foto com dedos falsos e digitais impressas com tinta de carimbo nas luvas) Pois é. O escândalo das digitais de ponto, em que médicos falsificavam a entrada nos serviços de Saúde. Muitos pequenos municípios no interior vão voltar a depender deste tipo de colega, infelizmente. Parabéns aos envolvidos.

Nota da redação:
Os médicos cubanos em números
Em 5 anos de trabalho, cerca de 20.000 (vinte mil) médicos cubanos atenderam mais de 113.000.000 (cento e treze milhões) de pacientes em mais de 3600 (três mil e seiscentos) municípios. Cubanos constituíram 80% de todos os médicos participantes do programa Mais Médicos, criado no Governo de Dilma Rousseff (PT). Mais de 700 municípios tiveram um médico pela primeira vez na história. Distritos indígenas, regiões amazônicas, sertão nordestino e favelas eram as principais áreas de atuação. Aqui na região atuavam em Rio Manso, Mário Campos, Igarapé.
Em BH eles estavam em bairros como Vale do Jatobá, Cabana Pai Tomás, Tirol e Mantiqueira, todos de periferias. 


Edição 215 – Novembro 2018
Curtíssimas
Freud explica
Ao ser despedido do cargo de Secretário Municipal de Saúde de Contagem, por acusação de desvio de medicamentos e superfaturamento na compra de suprimentos, Bruno Diniz (PSDB), ex-Secretaria de Saúde de Brumadinho, escreveu no facebook: "A ele [prefeito Alex, PSDB), meu agradecimento pessoal, pela confiança, apoio e incentivo para trabalhar com seriedade em prol dos mais beneficiados."
"Em prol dos mais beneficiados", escreveu Diniz. Acusado de roubo, só mesmo Freud para explicar porque Bruno Diniz (PSDB) usou a palavra “beneficiados” e não a palavra "necessitados".


Edição 215 – Novembro 2018
DIVERSÃO & ARTE: Crítica Musical – Escuta Musical
Lorde - The Louvre
Por Larissa Fernandes*

Tudo está sempre mudando, sempre. Mas a impressão que a gente tem é de que, hoje, as coisas estão mudando cada vez mais rápido, embora a gente não consiga dizer exatamente quais coisas estão mudando, como elas estão mudando, se é bom ou ruim que elas estejam mudando... É difícil visualizar qualquer coisa estando no centro do furacão, mas os acadêmicos continuam tentando, sem descanso, por seus meios, e os artistas, por outros. O fato é que tudo parece muito… rápido.
Sem dúvidas, quem mais sente na pele essa velocidade são as pessoas jovens. Mesmo que elas não tenham consciência dessa velocidade, se beneficiam ou padecem dela, de alguma maneira. Nesse sentido, um ponto da cultura que sempre merecerá atenção, ainda mais hoje, é a relação das pessoas e dos jovens com a arte, a produção cultural e a apreciação estética. Alguns pensadores e críticos culturais têm discorrido sobre como a nossa relação com as mídias audiovisuais está intensificada e acelerada com a presença das redes sociais e de outras características do nosso tempo, e muitos artistas também estão produzindo sobre isso, de maneira que a arte fica quase obrigada a falar sobre si mesma e a metalinguagem é inevitável. Além da rapidez com a qual a informação é compartilhada, e do grande fluxo de estímulos estéticos, fica destacada uma questão de performance: é como se, em seus seguidores do Instagram, todo mundo tivesse sua própria plateia. É como se todo mundo fosse um artista pop.
Lorde é uma artista pop que escalou nessa velocidade maluca e provavelmente sente na pele tudo que tá rolando: aos 17 anos, já tinha um grammy. Apressada. Desde seu álbum de estreia Pure Heroine, sucessor de um EP que foi incorporado na versão deluxe do disco, dá pra suspeitar que ela seria considerada a voz de uma geração, como acabou sendo chamada pelo jornal espanhol El País. No hit Royals, canção vencedora do grammy, já estão postas questões sobre música, performance e sobre ser jovem no meio disso tudo: “Mas toda música fala sobre dentes de ouro, vodka, drogas no banheiro/ (…) E nunca seremos da realeza, não corre no nosso sangue/ Esse tipo de amor não é pra gente”. O título da faixa White Teeth Teens parece uma boa descrição do que é encontrado quando a gente abre o Instagram.
Em Melodrama, seu segundo disco, mais maduro e complexo, fica ainda mais claro o caráter metalinguístico de seu trabalho, e ainda mais evidente uma arte que fala sobre si mesma: o próprio “melodrama” é um gênero dramático, uma maneira de se ver o mundo e contar histórias; a capa do disco é o que parece ser uma bela pintura a óleo, com luz e sombra bem marcadas, representando a artista, taciturna, em uma cama, o que parece ser um momento íntimo, solitário, privado. Merece atenção especial a quarta faixa do álbum, The Louvre (sim, o maior museu de arte do mundo).
A própria Lorde depôs sobre a faixa, no Podcast Exclusivo Spinoff, dizendo: "Eu queria reproduzir a sensação da “grande idiotice ensolarada” (“big sun-soaked dumbness”) que é se apaixonar. É tipo como se toda a sua cabeça fosse como cola, é incrível. É como usar drogas. É tipo 'eu só quero estar com você o tempo todo, eu só quero ouvir você falar e ver seu rosto fazer todas essas coisas estúpidas que faz quando você fala. É tipo uma grande alegria idiota e intensa - e eu sinto que a instrumentação daquela música ajudou a transmitir isso."
Dessa maneira The Louvre parece ingênua, não parece consciente dessa pressa das coisas, que nos invade hoje, e nem da constante transmissão de uma performance. Não parece refletir sobre sua própria afirmação de que deveria estar exposta no maior museu de arte do mundo. Porém, conscientemente ou não, mesmo falando de assuntos típicos da música pop como paixões e relacionamentos, The Louvre tem camadas, e fala de algo maior.
A chave para experienciar The Louvre em seu máximo são os versos “broadcast the boom boom boom/ and make 'em all dance to it.” Transmita, faça uma live, um streaming, publique, dissemine o boom boom boom, e faça com que todos dançam ao som dele. O boom boom boom poderia ser o próprio coração de Lorde, seu próprio batimento cardíaco, como o instrumental sugere. Lorde derrama seu coração na música e molda-o em algo dançante. É uma canção pop: fala para um “lover”, fala de boom boom booms, mas, musicalmente, não é tão festiva quanto a terceira faixa, Homemade Dynamite: em The Louvre, o final, melancólico, tendência que aparece desde Pure Heroine, é quase triste, como se anunciasse uma perda. A perda sucede a intensidade e a pressa. Com a pressa, a gente se agita, e depois padece, porque explodiu com toda a energia que tinha. Provavelmente não é à toa que Homemade Dynamite precede The Louvre.
A primeira vez que ouvi o Melodrama, foi de uma vez, com pressa, com o desespero de quem era uma fã de Pure Heroine, com praticamente a mesma idade de Lorde, e esperava, já fazia tempo, um novo trabalho. Não decepcionou: como antes, eu a entendia e ela me entendia. Hoje, ainda nos entendemos, mas a cada vez que a ouço, a cada intervalo de uma experiência estética quase sempre rápida e intensa - seu ritmo pop não permitiria algo muito diferente -, sua música parece ter mais camadas.
                O Melodrama é música pop, mas, nem por isso, tem poucas camadas. De fato, soa como a voz de uma geração. Uma verdadeira obra de arte, que poderia estar exposta no Louvre! Mas, ironicamente, assim como é irônico que Royals tenha ganhado um grammy e se tornado parte da “realeza” musical ao reclamar de não fazer parte dela, Melodrama é uma obra de arte não porque clama ser, em sua capa e título: é uma obra de arte porque articula camadas, sentimentos e sensações com grande competência. Porém, pertence ao nosso tempo porque tem pressa, se agita e depois padece; pertence ao nosso tempo, porque clama, sem vergonha, sem privacidade, ser uma verdadeira obra de arte, em sua capa e título.

*Larissa Fernandes é graduanda de Jornalismo da UFMG, artista e @esmagadinha no twitter, instagram, facebook e youtube


Edição 215 – Novembro 2018
OPINIÃO:
Música: mude sua vida para melhor!

Wilas Fernandes*

Pequenino, via e ouvia  meu irmão mais velho, Neri Sanfoneiro, “rasgar” sua sanfona (nome popular do famoso acordeon ou acordeão) e já começava ali minha formação e parte importante de minha influência musical. Mais à frente o irmão do meio me ensinaria as primeiras tríades e tétrades no violão, instrumento que, doravante, se tornaria minha paixão, apesar de não me tornar um exímio executor. Minha mãe e a mais velha, Vera, duas vozes mezzo – soprano encantadoras, afinadas, entravam, vez outra vez uma, com o toque feminino que eu adorava curtir para enriquecer-me depois. Valter (o da Mustafá) me fazia parar pelos falsetes e suavidade nas cordas. As duas mais novas não me recordo mas, fatalmente cantavam bem também. Afinadas e sem cacofonia, eu posso garantir. Papai, JOSE JOAQUIM FERNANDES, arranhava sua “cabecinha de égua”. Não que sua cabeça fosse de égua - apelido dado  ao instrumento de fole e teclas conhecido como Oito baixos, também um tipo de sanfona. “Manjava” um pouco de violão também. Da família de seis irmãos, pai e mãe recebi de tudo um pouco em harmonia, melodia, ritmo e compasso. Mas... espera aí. Eu falei seis. Falta um. Reinaldo... desafinava até nas palmas... mas tinha que ter um diferente. Sim, diferente. Lia muito. Ia ter tempo para tocar ou cantar? Foi assim que se completou o que chamamos de composição: uma boa música tem de ter uma  boa historia (ou estória), poesia ou letra, como queiram. Salvou os demais neste quesito como fez Fernando Brant com o Clube da Esquina.
Esse prólogo é pra te fazer entender o processo que um indivíduo pode sofrer no inicio de sua vida que irá colaborar para uma ruim, boa ou ótima formação. Neste caso, musical. Entretanto, esse SOFRER pra mim, foi bom. Mas poderia ter sido um desastre se não aprendesse a liquidificar, apurar e absorver o que me tornasse melhor. É o que sugiro.
Quando ouvimos uma voz suave, sem agressões auditivas, sem sub tonação ou super tonação, sem atrasos ou falhas lembramos  Kell Smith, Fernanda Takai, Maria Rita, Nana Caymmi,  Maria Gadú, Gil, Zeca Baleiro, Lenine, Djavan, etc. Do contrário tudo se torna apelativo demais como na maioria das rádios FM. Temos mais pedras que feijão. O que atrapalha a composição, quase sempre, é a letra. Mas há barulho demais em muitas delas. Destacam o homem/mulher sem o mínimo de valores e também baladas e bebedeira. O caminho deve ser sempre apurar pra curtirmos e vivermos atitudes positivas.
Quando ouço Chico Buarque, aprendo a escrever e a falar melhor. Associa-me à inteligência, ao combate à desigualdade social, à poesia, a bons livros. As posições e vida social dos cantores/compositores são espelho pra seus fãs. De qual livro ou poesia você se lembra ouvindo Eduardo Costa?(cri,cri,cri...) E carros com som alto? Já ouviu um Djavan num desses? É disso que estou falando.
Se não teve ajuda na família, teve dos vizinhos ou amigos e colegas. Tem que batear e ficar com o melhor.
Os lugares que frequenta tem que ter músicas que te transmitam alegria, positivismo e boa aura. Não brigas, traição e choro.
Devemos, sim, ouvir todos os estilos, ritmos e tendências. Até para melhorarmos nosso senso crítico. Mas com o devido cuidado para não sermos engolidos por tanta difusão ruim que tem por aí. Dependendo do lugar que for, não leve sua (seu) filha (o) ou... se arrependa depois. Criança forma seu perfil musical com muita sensibilidade. Cuidado com o que coloca para elas ouvirem. Elas certamente serão o que ouvem e veem.
Trago comigo ótimas lembranças musicais ouvindo e tocando musicas da MPB. Mas esse tipo de música ficou marcado como música de qualidade, quando, na verdade, significa musica popular brasileira. E a popular, com o nível geral cultural que a maioria tem, envolve as mais tocadas. Essas são mpb, porém, nem sempre de qualidade.
Fica assim, então, minhas sugestões: músicas que te façam rir de verdade, que te ensinem, que te apaixone pelo amor verdadeiro, que te coloque na viagem pela sua poesia, que balance seu corpo sem ser vulgar, que te solte e, principalmente, que mude sua vida para melhor como fez comigo. Eduardo Costa? Ele, NÃO!

*Wilas Fernandes é artista


Edição 215 – Novembro 2018
Só Rindo
Meritocracia
O presidente da empresa chama um de seus funcionários e diz:
- Bem, rapaz, você entrou aqui na empresa como office-boy, e dois meses depois já era chefe de seção. Seu brilhante desempenho o levou a ser promovido a subgerente, e, em seguida, a gerente de departamento. Hoje, apenas um ano e meio depois de sua chegada na empresa, você já se tornou um de nossos diretores. O mais respeitado deles. E para demonstrar que me preocupo com o bem-estar de meus funcionários, eu lhe pergunto: está motivado por trabalhar conosco, e satisfeito com todas essas promoções?
- Sim, papai.

O governo bolsonaro sem o Minstério do Meio Ambiente
Um rapaz franzino se candidata ao emprego de lenhador.
- Sinto muito - diz o chefe dos lenhadores, olhando o homem de cima a baixo. - Você é pequeno demais.
- Por favor, peço apenas uma chance para mostrar o que sei fazer - diz o rapaz. - O senhor não vai se arrepender.
- Tudo bem - concorda o chefe. - Está vendo aquele carvalho enorme ali? Quero ver você derrubá-lo.
Meia hora depois, o imenso carvalho está no chão, deixando o chefe abismado.
- Onde aprendeu a cortar árvore assim? - pergunta ele.
 Na Floresta de Saara.
- Você quer dizer o Deserto de Saara?
- Ah, claro! Se é assim que o chamam agora...

Palavra mágica
A mulher dá uma laranja ao menino. A mãe, ao ver que o filho aceita a laranja e se mantém calado, pergunta:
- O que é que se diz?
O menino se aproxima da mulher, estende o braço e diz:
- Descasca!


Edição 215 – Novembro 2018
Social
Luzia

Quem nos deixou foi a doce Luzia, esposa do Bá, mãe de Renatinho, Cris e Luciana. Faleceu no último dia 14 de novembro e deixou muitas saudades. Prova disso foram seu velório e enterro, que contaram com presença de centenas de pessoas.


“Zé da Usina” completa 57 anos de muito futebol


José de Brito, o Zé da Usina, completou 57 aninhos de vida no último dia 17 de novembro. Foi abraçado pelos companheiros de pelada, todos admirados. Além da disposição e do preparo físico, Zé – que joga pelada todo sábado, depois de meio século de futebol – ainda é ótimo goleiro. Nesse 17/11, houve momento em que venceu 7 partidas direto, sem levar nenhum gol sequer, todas de 3 a 0: seu time fez 21 gols enquanto ele levou 0.
Vida longa ao nosso goleiro! Que ele continue jogando... pelo menos até os 80!