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sábado, 30 de janeiro de 2021

 Edição 238 – Janeiro 2021

Editorial

Prisão imediata para os assassinos

 

No dia 25 de janeiro lembramos mais um ano, o segundo, dos crimes da VALE em Brumadinho.

Antes de mais nada, nossa solidariedade aos familiares das vítimas da VALE. Não podemos sentir, mas podemos imaginar o tamanho da dor. Que, a cada dia que passe, essa dor possa diminuir, diminuir, diminuir, de tal forma que um dia ela possa cessar. E que no seu lugar, fique a saudade, a alegria dos momentos bons, a luz deixada por cada pessoa assassinada pela mineração.

Em meio à dor, os atingidos – todos nós – lutam por seus direitos. Direito à reparação integral. É claro que todas as reivindicações são justas, desde o Auxílio Emergencial às indenizações individuais. No entanto, diante de tanta dor, de tantas mortes, parece-nos que um direito deve ter mais atenção do que todos os outros: o direito à não-repetição dos crimes.

Aconteceu em Nova Lima. Aconteceu em Mariana. Aconteceu em Brumadinho. É preciso barrar os crimes da mineração! A vida vale mais do que o lucro!

Para barrar os crimes da mineração, é preciso punir os culpados. Se os diretores, engenheiros, a turma do centro de poder da VALE, os da Tüv Süd não forem julgados e condenados, o que vai acontecer? Eles vão continuar matando! Porque é isso que a impunidade faz: permite ao criminoso que repita o crime!

Passaram-se dois anos de dor e, até hoje, ninguém foi preso. Como assim? A “Justiça” no Brasil vai continuar nesta lerdeza proposital? A “Justiça” vai continuar punindo apenas os pobres e pretos? Nossas excelências vão continuar nesta morosidade, enquanto gastam seus altos salários e vivem na mais alta mordomia?  

Reinaldo Fernandes
Editor
Sim, somos todos atingidos. Atingidos no mais profundo de nossos corações. E nossos corações não podem só clamar por dinheiro! É preciso clamar por Justiça! Defender  veementemente a condenação dos assassinos é o mínimo que devemos fazer. Colocados na cadeia, especialmente os mais altos diretores da VALE, e ficando lá por vários anos, talvez seus dirigentes parem de colocar o lucro acima da vida.

Se não defendermos veementemente cadeia para os assassinos de 272 pessoas (sem falar em tudo que eles mataram), talvez nós também sejamos cúmplices. Talvez estejamos apenas comprando bens materiais com um dinheiro sujo de sangue. Sangue de nossos irmãos!      
   

 

 

Edição patrocinada por edital da RENSER



Edição 238 – Janeiro 2021

Atos de memória e luta marcam os dois anos do crime da VALE em Brumadinho

Atingidos organizados no MAB fazem atos simbólicos nas cidades da bacia do Paraopeba; Acordo bilionário entre Estado e Vale não fecha; PEAB é sancionada por Zema, mas com vetos

 

foto: Nívea Magno / Mídia Ninja 

Impossibilitados de organizarem grandes manifestações, em respeito às medidas de distanciamento social para evitar a disseminação do coronavírus, os atingidos pelo rompimento da barragem B1 do complexo Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho organizaram atos simbólicos nos municípios afetados com as consequências do crime da VALE na bacia do rio Paraopeba, no dia 25 de janeiro.

Dentro da jornada de lutas “Dois anos do crime da VALE em Brumadinho: Justiça só com luta e organização”, os atingidos organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) convidaram toda a sociedade para voltar os olhos para a bacia do rio Paraopeba. Região onde a impunidade da mineradora VALE permanece. A mineradora é responsável pela morte de 272 trabalhadores e trabalhadoras, contaminação da água do rio, morte de peixes, interrupção da cadeia produtiva de alimentos da agricultura familiar e dos modos de vida de centenas de ribeirinhos.

Manifestações em Brumadinho, Betim, Juatuba e São Joaquim de Bicas

As atividades simbólicas aconteceram em Brumadinho, nas margens do rio Paraopeba, onde onze rosas foram jogadas no manancial, simbolizando as onze joias ainda não encontradas. Os atingidos seguiram para o letreiro da cidade, que fica na entrada de Brumadinho, e é o local onde as famílias das vítimas se reúnem desde o dia do rompimento, há dois anos.

Em Betim, São Joaquim de Bicas e Juatuba, as rodovias foram trancadas pelos atingidos com faixas denunciando o descontentamento com a falta de participação no acordo judicial tratado a portas fechadas entre governo de Minas Gerais e a Vale. Por volta do meio dia, horário do rompimento da barragem, foi realizado um ato na balsa que liga o município a São Joaquim de Bicas e uma faixa foi estendida no rio Paraopeba.

“O MAB permanece em constante denúncia sobre a impunidade da Vale nos dois crimes que a mineradora cometeu, na bacia do rio Doce e na bacia do rio Paraopeba. A luta organizada dos atingidos não pode parar, por isso o MAB está junto aos atingidos para cobrar punição a VALE e a reparação integral dos danos”, afirma Miqueias Ribeiro, da coordenação do MAB.

Ainda como parte da Jornada de Lutas, o MAB realizou no dia 22 de janeiro uma coletiva internacional de imprensa quando o Movimento reafirma denúncia de acordo injusto entre VALE e Governo de MG sobre Brumadinho. Estiveram presentes 33 organizações, entre veículos de mídia e entidades parceiras de 16 países.

 

foto: comunicação mab

Ato das Mulheres Atingidas

 

No dia 23 de janeiro, o MAB realizou o Ato das Mulheres Atingidas pelo crime da VALE na bacia do Paraopeba, evento virtual transmitido pelas redes sociais do movimento. O ato político-cultural foi marcado pela participação de mulheres artistas que enviaram vídeos com apresentações de músicas com letras retratando a vida e a luta das mulheres

 

Acordo

 

Em meio as celebrações do dia 25 de janeiro, desde 2020 o Governo de Minas Gerais vem tentando fechar o acordo bilionário com a mineradora VALE advindos dos danos causados pelo rompimento da barragem. No último dia 21 de janeiro, aconteceu mais uma audiência com a participação da Defensoria Pública, o Ministério Público do estado e o Ministério Público Federal. Os atingidos permanecem sem o direito a participação e as negociações na confidencialidade. 

No mesmo dia, antes da audiência, o MAB foi surpreendido com a notícia de que os processos ligados ao acordo foram redistribuídos da 1ª para a 2ª instância, o que foi caracterizado pelo MAB como “golpe aos atingidos”, já que o juiz que acompanhou todas as rodadas de negociação até então deixou de ser o responsável pela homologação, por enquanto.

Na audiência, Estado e Vale não conseguiram chegar em um entendimento sobre os valores do acordo. O Governo de MG acusa a mineradora de rebaixar os valores. Nova audiência entre o governo estadual, a VALE e instituições de justiça deve ocorrer no início de fevereiro.

Segundo o integrante da coordenação do MAB, Joceli Andrioli, “muita coisa está em jogo neste acordo e nas movimentações escusas da VALE, incluindo a perda do direito às Assessorias Técnicas, que realizam o levantamento dos dados nas regiões afetadas, e a perícia independente da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Além disso, há grande preocupação com o fim do pagamento do Auxílio Financeiro, pago desde o crime, pois sem ele muitas famílias não terão nenhuma renda, já que o rio Paraopeba, fonte de sustento para as comunidades, segue totalmente poluído com os rejeitos do rompimento”, alerta Joceli. 

 

PEAB é aprovada, mas Zema veta direitos

 

Política Estadual dos Atingidos por Barragens (PEAB) foi aprovada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em dezembro do ano passado, e sancionada pelo governador de Minas Gerais Romeu Zema (NOVO) no dia 16 de janeiro. Zema vetou três importantes trechos do projeto de lei.

Com estes vetos, mantém-se a lógica perversa de que o reconhecimento dos atingidos continua a critério da empresa e muitos atingidos continuarão com reparações muito lentas ou sem reparações.

Os vetos feitos pelo governador do estado voltam para a ALMG, que em votação ainda podem ser derrubados. O Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB - afirma que a PEAB é um passo importante para a garantia dos direitos humanos da população atingida em Minas Gerais, e que os atingidos seguem em luta para que o texto do Projeto de Lei seja integralmente aprovado.

foto: comunicação mab


Por Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB

 

Edição 238 – Janeiro 2021

Aedas sistematizou 219 medidas emergenciais sugeridas pelos atingidos

 

foto: reinaldo fernandes / jornal de fato

As vozes das pessoas atingidas não foram ouvidas durante as negociações do acordo entre a VALE e o Governo de Minas Gerais. No entanto, há uma série de danos, de variadas ordens, vivenciados pela população nos territórios que sofreram e sofrem com as consequências do rompimento da barragem da VALE em Brumadinho.

Dois anos depois do desastre, os efeitos da lama seguem penalizando moradores da Bacia do Paraopeba. Esses problemas foram ouvidos ativamente pela Aedas - Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social -, em uma série de espaços participativos, promovidos entre os meses de julho e outubro de 2020. Aedas é a Assessoria Técnica Independente (ATI) que atua nas regiões 1 (Brumadinho) e 2 (Betim, Igarapé, Juatuba, Mário Campos e São Joaquim de Bicas) da Bacia. Todas as informações estão reunidas no documento “Matriz de Medidas Reparatórias Emergenciais”, que foi entregue às Instituições de Justiça em 7 de janeiro.

“A matriz mostra a necessidade que medidas sejam cumpridas, seja por parte da empresa poluidora, em uma série de espaços participativos, promovidos entre os meses de julho e outubro de 2020, por parte das Instituições de Justiça, ou por parte dos Governos, para que haja condições mínimas para que as pessoas possam continuar participando da reivindicação pela reparação integral do território”, explica Lucas Vieira, coordenador territorial da Aedas.

Mesmo no período da pandemia, quando não é permitido às assessorias realizarem trabalho presencial, mais de 10 mil pessoas estiveram em espaços participativos realizados em ambientes virtuais, dialogando e relatando suas demandas urgentes para a Aedas.

 


Medidas urgentes

 “Essas medidas urgentes precisam ser implementadas de forma integrada e complementar nos municípios, bairros e comunidades atingidas. Essas medidas foram construídas pelas próprias pessoas atingidas. A Aedas, no seu papel de ATI, trabalhou em cima de todas essas propostas sugeridas pelos atingidos, construindo uma explicação técnica e jurídica para que esse documento possa ser usado no processo de reparação”, contextualiza Juliana Funari, coordenadora da equipe técnica da Aedas.

A sistematização dos danos e das medidas que são urgentes para mitigá-los e repará-los está disponível para acesso público no site da Aedas. O trabalho foi dividido em duas matrizes, uma de cada região. Cada um dos documentos contém mais de 300 páginas que apresentam o que foi relatado nos Registros Familiares, nos 640 Grupos de Atingidos e Atingidas (GAAs) e nas 170 Rodas de Diálogo (RDs). Nas duas regiões, foram listadas 219 medidas consideradas urgentes.

“Nós da Aedas partimos do entendimento que são as pessoas atingidas quem melhor sabem sobre quais danos foram causados e também a melhor forma que a reparação desses danos deve acontecer. Só quem vive diariamente em contato com a poeira, insegurança, falta de informações e privação de direitos é quem deve tomar as decisões sobre as medidas de reparação”, conta Marjorie Cavalli, da equipe de Diretrizes da Reparação Integral da Aedas.

Nessas reuniões, a população colocou quais danos não podem esperar o processo judicial para serem reparados, ou seja, devem ser resolvidos o quanto antes, com urgência, para evitar que danos já causados se tornem ainda mais sérios ou mesmo irreparáveis.

Acesse: https://www.aedasmg.org

Colaborou AEDAS.

 

Confira alguns exemplos de medidas emergenciais reparatórias:

Água

- Acesso à informação sobre a qualidade da água pelo receio de contaminação

- Construção e ampliação do saneamento básico

Infraestrutura

- Pavimentação asfáltica na interligação das comunidades

Produção

- Assistência técnica às famílias ribeirinhas produtoras de alimentos

- Investimento e estímulo à produção e oferta de serviços locais com melhoria da infraestrutura rural

 

Dois anos dos crimes da mineradora VALE

Edição 238 – Janeiro 2021

Dor e indignação dois anos depois

As 11 joias ainda não-encontradas
foto: reinaldo fernandes / jornal de fato

Um número grandes de eventos lembrou os dois anos dos crimes da mineradora VALE em Brumadinho, ocorridos em 25 de janeiro de 2019.  

"Dói demais o jeito que vocês foram embora". Esse dizer emblemático, utilizado pelas famílias de vítimas da tragédia em Brumadinho, subiu aos céus em 272 balões brancos por volta das 12h.

Outros 732 balões pretos, que representam a quantidade de dias dos crimes da Vale, também foram ao ar com fumaças coloridas. Familiares, parentes e amigos das "joias" se emocionaram com a data marcante no letreiro da cidade.

 

O clima foi de tristeza, saudade e revolta. Uma inovação desta vez foi a "chamada" com os nomes de diretores e funcionários da VALE e Tüv Sud que respondem pelo processo criminal. A cada nome, os presentes gritavam "assassino(a)". Ao fim, muitos ecoaram "Vale assassina".

Outra chamada emocionante foi a leitura dos 272 nomes das vítimas que morreram na tragédia.  A cada pessoa, o público lembrou da saudade: "ausente", diziam com os olhos cheios de lágrimas.

Às 12h28, momento do rompimento da barragem de rejeitos de minérios, os músicos do Corpo de Bombeiros marcaram presença e fizeram o "toque do silêncio". Logo depois, os familiares aplaudiram por um minuto em homenagem às "joias"

 Bombeiros e carreata

foto: reinaldo fernandes / jornal de fato

foto: reinaldo fernandes / jornal de fato

 

Às 12h28, momento do rompimento da barragem de rejeitos de minérios, os músicos do Corpo de Bombeiros e fizeram o "o toque do silêncio". Logo depois, os familiares aplaudiram por um minuto em homenagem às joias. 


Logo após a homenagem, familiares e os outros que acompanhavam as atividades fizeram a "Carreata por Justiça", que partiu do letreiro da cidade. A carreata, com um carro de som à frente, passou por várias ruas da área central, parando em frente ao Fórum de Justiça. Ali, o ato foi de clamor às autoridades pela celeridade do processo de julgamento dos culpados. Dois anos depois dos crimes, ninguém foi julgado, nem mesmo em primeira instância.

Vários atos, homenagens e celebrações


Durante todo o dia foram programadas uma série de atos, homenagens e celebrações religiosas para lembrar os dois anos da grande catástrofe socioambiental e humanitária.

As fachadas de algumas lojas comerciais e casas espelhavam o sentimento de luto coletivo, com a exposição de panos pretos em memória a todos aqueles que morreram em decorrência do crime e também em respeito ao luto de familiares, amigos e sobreviventes.

Em vários pontos, como na ponte sobre o Rio Paraopeba e na Praça da Bandeira, corações e fitas com nomes das “joias” ficaram expostos.

Na noite anterior, 24, parentes das vítimas e atingidos partiram em carreata até o Cemitério Parque das Rosas, em Brumadinho, local onde está sepultada a maioria dos mortos nos crimes.

Cruzes em Córrego do Barro lembram os 272
assassinados pela mineradora VALE
fotos: reinaldo fernandes / jornal de fato


Muita tristeza: “Vivo de muita dor, muita saudade”

 

Quem acompanhou as atividades que marcaram esses dois anos dos crimes da mineradora VALE viu muita tristeza nos olhos dos familiares.

A falta que Wálaci Junior Candido da Silva faz para a mãe, Julia Silva de Jesus, não tem tamanho. No ato que aconteceu no trevo da cidade, a dor virou choro e contou com o consolo de um bombeiro, sargento Allan Azevedo.

"Meu filho tinha acabado de completar 25 anos. Atualmente não faço nada, nem tenho forças. Vivo de muita dor, muita saudade, mas a gente aceita porque não tem outro jeito", desabafa Julia. Na página da Resistência Alvinegra, no face book (https://www.facebook.com/blocoalvinegro.org/photos/a.134787916917744/1214792442250614/), Wálaci, que era atleticano e bom de bola,  recebeu uma homenagem de um amigo de peladas, Reinaldo Fernandes, Editor deste Jornal de fato.

Manifestação em BH

Em Belo Horizonte, por volta das 10h, familiares das vítimas coordenados pelo MAB se reuniram em frente à do Tribunal de Justiça para cobrar maior rigor e rapidez no processo criminal.

Houve manifestação também na Praça da Liberdade.

No noite de domingo, as paredes do Edifício JK, no Centro do Belo Horizonte, foram tomadas por projeções em homenagem às vítimas do crime da VALE e alertas sobre a mineração que mata e assombra, no chamado Janeiro Marrom. Segundo Maria Teresa Corujo, ativista do coletivo, à semelhança de campanhas como Outubro Rosa e Novembro Azul, que hoje fazem parte do calendário anual de conscientização, o Janeiro Marrom tem como objetivo lembrar o crime da VALE em Brumadinho e alertar sobre o poder devastador das mineradoras sobre as comunidades, ecossistemas, fauna e flora. “O avanço da mineração sobre territórios inviabiliza outras formas de viver, viola direitos e faz uso das mais diversas estratégias para deixar refém a população”, diz Corujo.

As mensagens lembraram a população de Belo Horizonte sobre o que aconteceu em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019.

 

No centro de Brumadinho placa explica o 
que aconteceu
foto: reinaldo fernandes / jornal de fato

Colaborou o Coletivo Eu Luto – Brumadinho Vive

 

Edição 238 – Janeiro 2021

Hipocrisia



Administração Nenen da ASA (PV) também tem as mãos sujas do sangue de 272 pessoas

foto: reinaldo fernandes / jornal de fato

 

A prefeitura de Brumadinho espalhou outdoors pelo Município (não consigamos apurar quem é o dono da empresa de outdoor) lembrando as 272 vidas. Curiosamente, a Prefeitura não fala em “mortes”. E nem cita o nome da mineradora VALE, a assassina. Além de esconder o nome de quem praticou as mortes – mineradora VALE S. A. – e esconder o fato principal – “não foi acidente, foi crime”, como os familiares sabem perfeitamente, trata-se de pura hipocrisia.

As CPIs – Comissões Parlamentares de Inquérito – que investigaram os crimes da mineradora VALE deixaram passar à margem o Estado de Minas Gerais (que fez o licenciamento para a Vale) e a Prefeitura de Brumadinho, que deu o alvará de funcionamento e não fiscalizou.

A Lei Federal 12.608 é clara: é função do Município fiscalizar a mineração, informar sistematicamente à população sobre essa fiscalização  e fazer simulados de situações de emergência também regularmente. Nada disso foi feito pela Administração do Sr. Nenen da ASA (irônica, ou vergonhosamente, do PV).

A Prefeitura de Brumadinho não fiscalizou, não informou à população sobre as condições da Barragem B1 e não realizou “regularmente exercícios simulados”, conforme o art. 8º da Lei Federal 12.608, que institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) . Aliás, não fez e continua não fazendo nada disso.

Nenen da ASA (PV) descumpre Lei Federal

A administração de Nenen da ASA (PV) descumpriu a Lei Federal 12.608 em todos seus aspectos. Também não há nenhuma informação se foi feito o Plano de Contingência na extensão do mapa de inundação, nem o Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM), conforme Postaria 70.389/2017 do DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral. Também não foram realizadas audiências públicas sobre a situação das barragens de Brumadinho.

Ao contrário: no dia seguinte ao dia em que 272 vidas foram ceifadas pela criminosa VALE, a Coordenadora da Defesa Civil, Gislene Parreiras Zuza, fez um discurso veemente em defesa da VALE, “uma empresa muito responsável”, segundo a Coordenadora.      



 







Edição 238 – Janeiro 2021

Opinião

As urnas estavam sujas de lama

Mariléia Campos*


O resultado das últimas eleições confirmou, dentre outras aspirações, que a elite econômica não se faz de rogada  e tímida quando se trata de dominar o sistema político e caçoar do poder que emana do povo. Definitivamente, as eleições de 2020, no município de Brumadinho, foram  alimentadas pelos  jogos  mais secretos que o povo não  vê;  e se vê, ignora.        

Quem poderia imaginar que um município que até há pouco tempo se mantinha distante da peçonha midiática e que ainda preservava os  costumes e a linguagem  coloquial  semelhantes  às narrativas literárias  de Guimarães Rosa sairia do anonimato por dois  paradoxais acontecimentos:  abrigar  o maior museu a céu aberto do mundo e  ser palco do acidente de trabalho que mais mortos deixou na história do país? Este primeiro acontecimento, certamente, enche seus moradores de orgulho. Visto que, mesmo uma rápida  visita ao Museu do Inhotim, é capaz de deixar qualquer turista embebecido e profundamente revigorado diante de tamanha riqueza cultural e botânica. 

No entanto,  basta caminharmos poucos quilômetros para percebermos que,  para além do nicho cultural e ecológico do museu, o que resta é a mais avassaladora destruição e exploração dos recursos naturais em nome da ilusória e rapina economia da região. Até os menos espertos sabem que por trás dessa atividade econômica existe um mercado que, indiscutivelmente, constrói, reproduz e eterniza o enriquecimento de uma meia dúzia de privilegiados; tudo isso por meio de mentiras, fraudes e manipulação.

No dia 1/1/2021, data assegurada constitucionalmente desde 1988, aconteceu a cerimônia de posse dos eleitos no Executivo e Legislativo do município; um espetáculo democrático de máscaras e cartas marcadas. Meses atrás, um festival de slogans surrados e enganadores sustentaram campanhas que, boas ou ruins, inteligentes ou tolas, apelativas ou não,  já estavam programadas para obterem êxito. Um plano nefasto de interesses que escancarou os caminhos percorridos em direção à próspera arbitrariedade. Definitivamente, aquela foto infanda da posse nos revelou 43 motivos para  acreditarmos que aquilo não fora uma simples coincidência;  muito antes, tudo fora orquestrado nos mínimos detalhes.

Noutro giro, é muito comum que candidatos explorem campanhas que utilizem como atrativos suas valentes histórias de meninos interioranos: humildes, simples, honestos, religiosos, respeitadores, batalhadores e sérios que “venceram na vida” por intermédio de um descomunal esforço próprio e pelas bênçãos de um Deus meritocrático.  Essa narrativa sempre é contada a partir de uma vitória pessoal e nunca como resultado de lutas e conquistas coletivas; são os matutos neoliberais do desserviço que, de uma forma ou outra, procuram colonizar nosso imaginário com o objetivo de convencer-nos que esforços e boa vontade são suficientes para  determinarem nossas futuras moradas: nos palácios da fartura ou nas choupanas da miséria.  

A elite econômica - sempre contrária a um projeto democrático e considerada,  equivocadamente,  como o reino das “virtudes”, do  empreendedorismo e do  trabalho árduo -  escolhe a dedos os capachos do meio político. Este mercado, origem da desigualdade social, se apropria, geralmente, daqueles cúpidos que estão prontos para comercializar suas histórias encantadoras de superação e também dispostos a partilhar dos segredos mais perniciosos; é a chance dos meninos interioranos se aproximarem das “virtudes” do capital econômico sem  qualquer  compromisso ético,  moral, intelectual, social ou ambiental.   Afinal, para ingressar na política, o crivo é condescendente, basta fingirmos que somos quem não somos ou que faremos o que jamais vamos fazer.  

Não nos cabe esmiuçar mais sobre os mocinhos e bandidos que atuam para abater nosso meio ambiente e silenciar nosso povo em troca de vaidades e benesses pessoais. Mesmo porque, anteriormente ao sufrágio universal, que nunca é totalmente liberto quando se trata do pobre, e às campanhas, que quase sempre se utilizam desse mesmo pobre para derreter os corações mais duros, tem um robusto projeto educacional que objetiva neutralizar qualquer reflexão ou questionamento.  Nesse caso, trata-se de educar para a obediência, para manter-nos engessados nos grilhões do conservadorismo;  é educar sem  possibilitar uma desconstrução do que nos foi contado pelos donos  da história.

Este mercado cínico, praticamente invisível aos olhos da sociedade, se ampara nos “aviõezinhos” da política para também manipular, regrar e enfraquecer instituições que, em princípio, teriam a finalidade de proteger, barrar e fiscalizar as investidas que eventualmente tragam prejuízos para o meio ambiente e, consequentemente, para o planeta.

Charge por  Gabriel Nogueira, Técnico de design
gráfico e estudante de publicidade e propaganda

De sorte, todo esse aparato descrito, juntamente com uma mídia que só mostra o que lhe convém e os 12.683 padrinhos que abençoaram essa relação frutífera que durará, no mínimo, quatro longos anos, nos deixará uma herança socioambiental que, possivelmente,  envergonhará as futuras gerações.

Que a população do município esteja pronta para colher os frutos  dessa união, porém,  consciente  de que “na natureza não existem recompensas nem castigos, o que há são consequências”; como definiu, certeiramente,   o pensador e líder político Robert Green Ingersoll.

A Mineradora Vale não é responsável sozinha pela tragédia que tanto nos revolta e assola. No resultado sombrio das urnas, há cumplicidade e suporte para que outros crimes venham a acontecer. 

*Mariléia Campos é estudante de direito da PUC Minas



Edição 238 – Janeiro 2021

Opinião

De quem é a negligência

Fernanda Perdigão*



No mês que marca a necessidade da frase “Não esqueceremos Brumadinho”, não poderia deixar de rememorar o que causou o caos, o que causou o crime.

Negligência, a palavra e seu significado vem perdendo o sentido e caindo na normalidade de pronúncia e virando uma certa justificativa no caso de crimes industriais como ocorrido na Mina do Córrego do Feijão em Brumadinho.

O crime não iniciou em 25 de janeiro de 2019, ele existe desde o primeiro licenciamento ambiental emitido para a empresa mineradora, o colapso foi a marca mais alta do poder do capitalismo permitido pelo lema “Lucro acima de tudo e todos”, planilhas, e-mails, certificados, licenciamentos, contratos calculados visando a lucratividade, não a vida.

A cronologia do crime nas esferas de estado, sejam, o legislativo, o executivo ou  judiciário seguem a linha estatística, lógica, financeira do que chamamos “reparação integral dos danos”. Mas, neste termo de reparação integral, nestes dois anos pós crime não percebemos a análise do indivíduo, do ser humano, ao que não é mensurado, palpável, calculável ou negociável.

Para a lógica capitalista os números são mais vantajosos, pois distorce o real valor humano e transmuta em valor financeiro, linguagem mais facilmente entendida pela lógica dos homens de negócios.

Neste aspecto, os números não consideram que todo o território afetado pelos danos do rompimento criminoso tem seres humanos convivendo com violações de direitos, desde o direito básico à vida como água potável ao mais inatingível neste crime ciclópico, o direito ao futuro.

Futuro? Como pensar em futuro se mesmo antes de mensurar os danos causados ao meio ambiente e à vida destas comunidades, novos licenciamentos são cedidos a mesma empresa?

Comunidades sofrem os danos sem poder respirar a justiça. Licenciamentos de ampliação de cavas, reaproveitamento de pilhas de minério passam despercebidos nestas comunidades que se dedicam a recompor o que muitas vezes nem se recompõe. Os gestores públicos não se sensibilizam em informar à comunidade dos novos licenciamentos, mesmo porque estão visando o mensurável financeiro para seus cofres.

Não podemos deixar de rememorar as 272 vítimas assassinadas de imediato neste crime de responsabilidade da empresa VALE S.A. e de todos que, em reuniões sem a presença da sociedade civil, calcularam as licenças de operação da mina do Córrego do Feijão. Não podemos deixar de adicionar aos números de mortos as vítimas pós crime: infarto, falta de atendimento médico, suicídios decorrentes da falha dos poderes em levar para suas planilhas os danos humanos, sentimentos, emoções, dores devido as perdas não calculáveis.

Brumadinho, em seu âmbito do poder municipal, deveria criar uma defesa à vida dos seus moradores, não assinando novas licenças ou anuências para a mineração até que seu povo tivesse ao menos a garantia do direito à dignidade humana. Mas sabemos que na calculadora cientifica não existem botões sensíveis aos direitos humanos, apenas e tão somente os números transformados em cifras.

Alertamos que o distrito de Piedade do Paraopeba também está sofrendo com essa calculadora impiedosa da máquina de matar gente. A antiga Mina da Serrinha que a VALE comprou está com nova licença. A empresa Vallourec obteve novo licenciamento para ampliação da exploração, a Gerdau invade ainda mais a Serra da Moeda. Um distrito que já sofre com a falta de água agora se assusta com tais licenças sem o direito de consulta prévia, e convive hoje com o medo de novas operações sobre suas cabeças. De quem é a negligência!?

*Fernanda Perdigão -  Empreendedora Social, agricultora, humanista, defensora de direitos humanos, ativista contra a mineração.

nanapoliveira@gmail.com

Edição 238 – Janeiro 2021

Manifestação em Casa Branca

Manifestantes protestam contra mineração na Serra do Rola Moça

foto-montagem: reinaldo fernandes / jornal de fato

No domingo, dia 24/1, manifestantes do movimento Rola Moça Resiste realizaram mais um grande ato contra a instalação da mineradora MGB no Parque Estadual da Serra do Rola Moça.

A manifestação, que aconteceu de manhã, teve início na Praça São Sebastião, em Casa Branca. Dali, os manifestantes – moradores de Brumadinho, Belo Horizonte, Ibirité, Nova Lima, incluindo representantes de ONGs, de confederações sindicais e sindicatos, movimentos sociais diversos e ambientalistas – seguiram em carreata, bandeiras ativadas, até o local chamado de Mirante dos Veados, no Parque. Ali o microfone foi aberto pela coordenação do ato e várias pessoas se manifestaram, no que chamaram de parlatório.

 Prefeito defende a mineração e quer minerar no Parque

O dia 24 foi escolhido por lembrar os crimes da VALE, ocorrido há dois anos, e que matou 272 pessoas, quando do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão. Dessa vez, os manifestantes chamaram a atenção do judiciário, da imprensa, de gestores e autoridades públicas para o impacto que a instalação de uma mineradora no Parque do Rola Moça trará para o meio ambiente e para a qualidade de vida da população.

Para o dia 28/01, estava prevista a realização de uma audiência virtual no TJMG - Tribunal de Justiça de Minas Gerais sobre a instalação da MGB na Serra do Rola Moça. O projeto minerário, na zona de amortecimento do Parque, pretende construir uma estrada dentro da Unidade de Conservação impactando a área com supressão de mata atlântica, e gerando trânsito intenso de caminhões, o que causará poluição visual, sonora, e atmosférica.  A instalação é defendida pela administração de Nenen da ASA. Menos de três meses depois dos crimes da VALE em Brumadinho e da morte de 272 pessoas, Nenen da ASA (PV) entrou na Justiça para pedir a liberação da mineração da MGB no 3º maior parque urbano do Brasil.

O Parque Estadual da Serra do Rola Moça é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral criado por lei, e o Plano de Manejo bem como a lei do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) PROÍBEM qualquer tipo de atividade que faça o USO DIRETO de seus recursos naturais.

As Unidades de Conservação de Proteção Integral são criadas para manter um mínimo de equilíbrio dos ecossistemas, garantindo a proteção dos mananciais de água, fundamentais para suprir o abastecimento de água da população da RMBH – Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Rodoanel e Concessão de Parques

foto: reinaldo fernandes / jornal de fato

A manifestação quis, também, chamar a atenção das autoridades e da população para o edital que está sendo lançado pelo governo Zema (NOVO), para construção da Alça Sul do novo Rodoanel.

O projeto causará grande impacto ambiental na região do Rola Moça. Em 2012, quando começaram as discussões sobre o Rodoanel, foram apresentadas 3 opções de trajetos, um deles passando por Ibirité, Casa Branca, Piedade do Paraopeba até a 040. Na época o trajeto fora descartado, em função do alto custo sócio ambiental e também econômico. Acordou-se, então, a opção de outro trajeto passando em Betim e Ibirité, contornando ao norte o Parque do Rola Moça até atingir o anel na altura do bairro Olhos D'água. Para surpresa de todos, o traçado rejeitado em 2012, que já havia sido descartado, voltou a figurar no edital a ser lançado pelo governo.

O dinheiro para as obras do rodoanel está sendo negociado entre o Estado e a VALE, dentro dos 50 bilhões da multa ambiental pelo rompimento da barragem em Brumadinho - sem a imprescindível presença dos atingidos.

Os manifestantes entendem que esse acordo para que a Vale banque esse trecho do Rodoanel, tido como reparação pelo crime de Brumadinho, na verdade não é uma reparação, pois prejudica o acervo ambiental da região.

Privatização

O Parque Estadual do Rola Moça está entre os sete parques de Minas cujas unidades foram incluídas em um plano nacional de concessões à iniciativa privada, criado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Os ambientalistas questionam a privatização dos parques e a real capacidade das empresas em dar segurança e sustentação ambiental às Unidades de Conservação de Proteção Integral uma vez que o interesse maior da iniciativa privada é sempre o lucro.

 

Edição 238 – Janeiro 2021

Portal Diálogos – Participação, interação e cooperação social

Na semana que marca dois anos do crime da Vale, em Brumadinho, iniciativa é lançada para contribuir com informações sobre gastos e contribuir com atuação de organizações civis


Acaba de ser lançado na internet o site chamado Portal Diálogos. O evento aconteceu no último dia 30 de janeiro, com a participação de várias lideranças da sociedade civil de Brumadinho. O Portal Diálogos está sendo criado para divulgar informações relevantes sobre orçamento público e ações sociais nos municípios. A proposta é contribuir para que os cidadãos entendam e acompanhem os gastos das prefeituras, bem como a atuação das entidades da sociedade civil. Assim, podem cobrar ações das autoridades locais, empresas e organizações de maneira mais efetiva.

O lançamento em Brumadinho, inaugurando o Portal como projeto piloto, é mais uma resposta da sociedade civil à tragédia-crime de 25/1/2019. Três instituições respondem pelo projeto: Observatório Social de Brumadinho, Observatório Social de Belo Horizonte e Internet sem Fronteiras - Brasil. Essas organizações estão lutando há alguns anos para agregar pessoas em torno de iniciativas de desenvolvimento de cidadania na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Esse foi um desafio central que o Portal acolheu e por isso a escolha do município de Brumadinho para piloto. A tragédia-crime trouxe e ainda trará muitos impactos, de todas as ordens! Vivenciamos dor, revolta, demandas judiciais e chegada de elevados recursos financeiros para o setor público. Muitas sociedades, depois de acontecimentos traumáticos, construíram mudanças significativas em sua capacidade de agir com espírito coletivo. Assim, pensamos que este momento favorece que pensemos mais na responsabilidade de cada um de nós com a cidade e com o futuro.

Se a sociedade civil não se une para disputar as escolhas públicas com o setor privado e as autoridades públicas, certamente ela fica frágil e o resultado das escolhas sempre favorece os mais poderosos. Apenas uma sociedade forte consegue coesão social e capacidade para fazer com que o setor privado tenha responsabilidade social e que o setor público priorize, de fato, o bem comum.

Em Brumadinho, muitos estão tentando se unir em torno de projetos sociais. No caso do Portal, além dos integrantes das instituições responsáveis, cooperaram para o sucesso da iniciativa universidades (PUCMinas, UFMG, UEMG), especialistas (Mariza Suricato e Gisela Torquato) e inúmeras pessoas, voluntárias ou contratadas.

Portal trabalhará com dois eixos

De forma cooperativa, escolhemos dois eixos de ação para fomentar a cidadania: Orçamento e Sociedade Civil. No eixo orçamento, vamos disponibilizar cursos e vídeos rápidos sobre orçamento e políticas públicas, dados e análises das receitas e das despesas do poder público. Isso nos possibilitará entender, por exemplo, quanto a Vale está repassando de recursos ao município, como a economia local está reagindo e, também, em que o poder público está gastando os recursos.

O que diferencia o Portal Diálogos dos portais de governo é que buscamos linguagem e forma de análise de fácil acesso a todos cidadãos. Nosso desafio é que cada pessoa interessada possa criar significado próprio para conhecer os fatos e tirar a própria conclusão. Também, vamos cooperar para a maior efetividade dos conselhos de políticas públicas na deliberação e aprovação de prestações de contas.

No eixo sociedade civil, estamos possibilitando o mapeamento das organizações e movimentos sociais da cidade. A proposta é favorecer a formação de uma rede forte na sociedade civil que conheça as ações em curso no território e que cooperem entre si para que seus objetivos sejam atingidos. Esse mapeamento será central para a mobilização dos movimentos sociais do território na defesa de seus interesses. Assim, convidamos todas as organizações a acessarem o Portal e a preencherem o questionário disponibilizado na aba Território e Organizações da Sociedade Civil.

Acesse e conheça o Portal Diálogos: https://portaldialogos.org.br`

Por Leice Maria Garcia, Coordenadora-Executiva do Portal Diálogos

Edição 238 – Janeiro 2021



Sancionada lei de petista que garante acesso à vacina contra a COVID-19


O Estado deverá garantir a toda a população de Minas Gerais o acesso à vacinação contra a Covid-19. É o que estabelece a Lei 23.787, de 2021, publicada no Minas Gerais desta sexta-feira (8/1/21).

A proposta foi de autoria do deputado André Quintão (PT), e foi aprovada no dia 11/12 pelo Plenário.

A norma fixa que a vacinação será facultativa e gratuita. O Estado deverá garantir aos mineiros a vacina aprovada pela Anvisa.

 

 

Edição 238 – Janeiro 2021

Dica de Leitura

Lula e Dilma - 10 anos de governos  pós-neoliberais no Brasil, Org. Emir Sader

Como avaliar as enormes transformações pelas quais o Brasil passou ao longo da última década? O país foi palco de profundas mudanças desde que elegeu o Partido dos Trabalhadores. Compreender e refletir o seu legado tornou-se uma tarefa incontornável para pensar os rumos do País. 10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil, coletânea organizada pelo sociólogo Emir Sader, contribui para essa difícil empreitada, com reflexões de alguns dos mais destacados pensadores brasileiros, como Marilena Chauí, Marco Aurélio Garcia, Marcio Pochmann, Luiz Gonzaga Belluzzo, José Luis Fiori, Luis Pinguelli Rosa e Paulo Vannuchi.

Sebo Literatura & Arte, 97338-8203, R$15,00            

 

Edição 238 – Janeiro 2021

As áreas de cultivo no mundo e a falácia dos transgênicos

 

"Dos 193 países com população no meio rural, somente 29 adotam sementes transgênicas. Graças a manipulações midiáticas, foi criada a ideia de que agora, na agricultura, toda a produção é transgênica e, portanto, melhor. Porém, dos 1,5 bilhões de hectares cultivados no mundo, apenas 190 milhões utilizam sementes transgênicas, ou seja, apenas 13% da área total."

 

As sementes transgênicas, em especial de grãos, são aquelas sementes que sofreram mutações genéticas em laboratório, para se transformarem em plantas mais resistentes ao uso de determinados agrotóxicos. Assim, as pesquisas, a produção e a difusão dessas sementes modificadas são patrocinadas pelas grandes corporações mundiais que também produzem os agrotóxicos, como a Monsanto/Bayer, Basf, Syngenta, apenas para ficar entre as principais.

Aumento de agrotóxicos, cientistas comprados

A adoção de sementes transgênicas leva, necessariamente, ao aumento do uso de agrotóxicos e, com isso, a destruição da biodiversidade nas áreas, trazendo como consequência todo tipo de desiquilíbrio ambiental, desde a destruição da vida, a contaminação das águas, da atmosfera, até das chuvas (pelo agrotóxico secante que evapora e sobe às nuvens) e das mercadorias produzidas.

Além disso, o reconhecimento do direito à propriedade privada das empresas sobre essas sementes obriga o pagamento de royalties na hora da colheita em todo mundo, que variam de 2 a 8% do valor da produção.

Essas empresas ainda utilizam muitos recursos para viabilizar esse grande negócio. Está comprovado que compraram inclusive pareceres técnicos de “cientistas” que venderam seus artigos para justificar que as sementes transgênicas não traziam problemas. Mesma prática adotada no passado pelas fábricas de cigarro, que compravam pareceres de médicos para dizer que o tabaco não produzia câncer. E milhões de pessoas morreram com essa doença em seus pulmões provocados pelo tabagismo.

Promessas nunca foram cumpridas

Gastaram milhões de dólares em propaganda, na imprensa burguesa e em meios de comunicação de massa, afirmando que os transgênicos aumentariam a produtividade, a renda dos agricultores e eliminariam a fome. Nas últimas duas décadas, os transgênicos foram tomando conta da agricultura de grãos, mas nenhuma dessas promessas foi cumprida. Ao contrário, aumentaram os desiquilíbrios climáticos, o monocultivo eliminou a biodiversidade e a fome atinge um número ainda maior de pessoas. E também as pragas se mostraram cada vez mais resistentes e os agricultores precisam aplicar cada vez mais agrotóxicos. As empresas agradecem eufóricas.

Graças a essas manipulações midiáticas foi criado o senso comum de que agora, na agricultura, toda a produção é transgênica e, portanto, melhor; o progresso da tecnologia.

Agricultura familiar em Mário Campos
foto: reinaldo fernandes / jornal de fato

Link da matéria completa: https://www.thetricontinental.org/pt-pt/brasil/as-areas-de-cultivo-no-mundo-e-a-falacia-dos-transgenicos/

 

Por MST Nacional  

 

Edição 238 – Janeiro 2021

Opinião

A Pandemia e o desrespeito à vida: “O povo está sendo matado por falta de conhecimento”

Frei Gilvander Moreira *


Considero inegável que a espiral de violência e morte que avassala o povo brasileiro é causada pela superexploração do sistema capitalista, máquina cruel de moer vidas, que funciona dia e noite, sob direção da classe dominante que vive no luxo, mas com sangue nas mãos. O mito do progresso e do desenvolvimento econômico só para a classe dominante gerou a pandemia do novo coronavírus. A ideologia dominante, a crise dos partidos políticos e os falsos religiosos impuseram no Executivo Federal um desgoverno fascista que tem sede de sangue. Os fascistas continuam no poder pela conivência do STF e do Congresso Nacional acovardados que, diante de dezenas de crimes de responsabilidades cometidos por Jair Bolsonaro, seguem não apenas omissos, mas cúmplices da escalada de morte no nosso país. Cegado e anestesiado, até quando o povo aceitará morrer aos poucos sem se rebelar massivamente?

A pandemia do novo coronavírus no Brasil iniciou-se com uma onda que cresceu e continua crescendo muito rapidamente. É notório o cansaço do povo diante da pandemia. É certo que o povo anseia pelo fim da pandemia, mas foi chocante e estarrecedor ver as aglomerações suicidas e assassinas durante os festejos de natal e na virada de ano. Nessas aglomerações gritaram alto o egoísmo e a ignorância de muita gente. Desgovernado por fascistas, o Brasil marcha para se tornar uma ameaça sanitária mundial. Em 2021, daremos conta de enterrar nossos mortos por política de morte e pela irresponsabilidade dos cúmplices?

Cabe lembrar que, mesclado com o ódio de classe que a elite tem do povo pobre, “quando a ignorância impera, o amor se cala, se aniquila e os sonhos se desfazem, porque insuportável é a arrogância de quem só conhece suas verdades falsificadas”, alerta Helenice Augusta da Cunha.

Diante dos alertas repetidos à exaustão de que é preciso manter o distanciamento corporal e social, assistimos às aglomerações estarrecedoras promovidas por “celebridades” medíocres e ignorantes ou por pessoas em geral cansadas de quarentena, além de motivadas pelo próprio comportamento negacionista, genocida e debochado do presidente Bolsonaro em relação à gravidade da pandemia. Em tempos de pandemia, além de imoral, é atitude criminosa promover e/ou participar de aglomerações. Da mesma forma, é crime quando quem tem o dever de fiscalizar as aglomerações não fiscaliza.

No Código Penal e na CF, muitas ações que colocam em risco a vida de uma pessoa ou omissões são tipificadas como crime. O não cumprimento de decretos que obrigam o uso de máscaras em locais públicos, pode muito bem ensejar crime de homicídio, já que a transmissão do contágio pode levar à morte. Em vários países, quem é surpreendido pela polícia em aglomerações está sendo multado.

Propomos que estas pessoas – incluindo funcionários públicos que não fiscalizam - que não se sentem obrigadas a ajudar a não contaminar outrem sejam levadas a responderem na seara criminal. Enquanto durar a pandemia, o interesse da coletividade está acima dos pretensos direitos individuais de pessoas que não são apenas egoístas e irresponsáveis, mas agem de forma criminosa.

O profeta Oseias denuncia os líderes religiosos causadores da violência. Líderes que rejeitavam o verdadeiro conhecimento, se agarravam à ignorância, à hipocrisia e a posturas moralistas, como atualmente ocorre com muitas lideranças religiosas: “O meu povo está sendo matado por falta de conhecimento” (Os 4,6). O vírus mata, mas a ignorância mata mais. A ignorância gera o caos, a sabedoria não. Os fascistas no poder matariam menos se não encontrassem no meio do povo pequenos fascistas ignorantes, egoístas, estúpidos, irresponsáveis e, em última instância, criminosos também.

*Gilvander Moreira é frei e padre da Ordem dos Carmelitas; doutor em Educação; licenciado e bacharel em Filosofia; bacharel em Teologia; mestre em Exegese Bíblica; agente da CPT, assessor do CEBI e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” e de Teologia bíblica.

 

Edição 238 – Janeiro 2021

Só Rindo

Paletó novo

Em um comício daquela pequena cidade, dizia o prefeito:

___ Queridos cidadãos e cidadãs, durante todo o meu mandato, coloquei a minha honestidade acima de qualquer interesse político. Eu sou honesto, minha família é honesta, a gente não deve nada a ninguém, a gente cumpre os nossos deveres...Vocês podem ter certeza de que neste bolso – e batia no bolso do paletó com uma das mãos – nunca entrou dinheiro do povo.

No meio do povo, um eleitor grita bem alto:

___ Paletó novo, hein, doutor!  

 

Morte de bebum

Três bêbados, Zé, Mané e Wilson, bebem literalmente até cair. Quando dois deles acordam, descobrem que o terceiro morreu durante a noite.

Depois, no funeral eles olham para o amigo no caixão.

___ Puxa... o Zé tá com uma aparência tão boa..., diz um deles.

___ Claro! Diz o outro. O que você queria? Faz dois dias que ele não bebe...

 

De madrugada

A mulher fala pro marido às cinco da matina, quando ele chega fedendo a ´[álcool:

___ Você pode me explicar por que você chega a esta hora meio bêbado?

O marido:

___ É que acabou a grana.

 

Iniciativa privada

Dois médicos da UNIMED conversando:

___ Temos que operar imediatamente o paciente do quarto 325.

___ O que ele tem?

___ Muita grana!

 

Aparelho Auditivo

O médico atende um paciente idoso e milionário que estava usando um aparelho de audição e pergunta:

___ E aí, seu Wilson, está gostando do aparelho?

___ É  muito bom! Respondeu o velhinho.

___ E a família, gostou? _ Pergunta o médico.

___ Não contei a ninguém ainda... mas já mudei meu testamento três vezes!

 

Edição 238 – Janeiro 2021


O que pode e o que não pode na pandemia agora

 

Orientações da médica Ligia Bahia, doutora em saúde pública e professora da UFRJ, em entrevista ao TUTAMÉIA TV:

 

  1. PRESERVAR O ISOLAMENTO SOCIAL É FUNDAMENTAL
  2. NÃO PODE abrir as atividades
  3. NÃO ESTÁ NA HORA da volta às aulas. Voltar às aulas presenciais vai fazer explodir os casos de Covid, e não temos infraestrutura para suportar uma explosão de casos
  4. TEM QUE USAR MÁSCARA e tem que lavar a mão o tempo todo. Usar o álcool gel sempre
  5. EVITAR transporte lotado
  6. NÃO ANDAR DE UBER. Você pode transmitir para o motorista, que transmitirá para os próximos passageiros
  7. NÃO IR PARA A RUA e ficar parado dentro de lugares fechados durante horas. Não ficar em locais fechados. A transmissão em locais fechados é muito maior do que em locais abertos
  8. NÃO VÁ AO SHOPPING
  9. Se tiver que fazer compras, faça de forma muito rápida. Não fique escolhendo
  10. NÃO ABUSAR dos pedidos de entrega em casa. Estamos expondo os entregadores o tempo todo. Sim, é um problema, porque se essas pessoas não trabalham não conseguem ter renda
  11. Se tiver que cortar o cabelo, tente fazê-lo num local aberto. NÃO CORTAR CABELO COM AGLOMERAÇÃO. Se puder, deixe o cabelo ficar branco; se puder, pinte em casa
  12. NÃO PODE ir à praia
  13. NÃO PODE BEBER CERVEJA NO BAR, mesmo que o local seja aberto. Não pode, porque beber cerveja e aglomeração é a mesma coisa. É impossível que a gente beba sem cuspir, sem falar alto
  14. CONTINUAR PAGANDO as pessoas que nos prestam serviços e que devem continuar em casa. Para mantê-las em casa, devemos manter os pagamentos regulares. Especialmente se essas pessoas tiverem algum tipo de comorbidade e forem idosas. Os porteiros, por exemplo, aqui no Rio de Janeiro estão trabalhando na pandemia o tempo todo. As pessoas podiam muito bem fazer o favor de abrir a portaria
  15. A GENTE PODE começar a ver parentes muito queridos. Isso se a gente tiver quarentenado e se as outras pessoas tiverem quarentenadas. E a gente tiver certeza de que as pessoas estão há 14 dias bem de saúde e sem sair de casa. Pode, mas é preciso também manter a distância, ficar com máscara. Ficar um pouco perto, mas não muito perto. Não pode ficar muito perto
  16. NÃO PODE fazer reunião
  17. NÃO PODE fazer festa de aniversário
  18. PODE VER A MÃE MUITO IDOSA, porque a gente já está há muito tempo assim. Precisa usar essas estratégias de bolha social, mas muito, muito, muito meticulosas
  19. PODE FAZER CAMINHADAS AO AR LIVRE. Mas não em locais de aglomeração. Caminhadas ao ar livre em locais que sejam ermos, que não tenham muita gente. É bom fazer. Não é bom a gente ficar em casa o tempo todo, porque neurotiza.

Edição 238 – Janeiro 2021


Atividade física é a melhor prescrição para amenizar sintomas de ansiedade e depressão


A pandemia causada pelo novo coronavírus tem afetado severamente a saúde mental dos brasileiros. O isolamento social aumentou de maneira alarmante os casos de ansiedade e depressão. Pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro apontou que as ocorrências de depressão quase dobraram e as de ansiedade e estresse tiveram um aumento de 80%; nesse contexto, as mais afetadas são as mulheres.

A instabilidade e a preocupação com todo o caos causado pela Covid-19 transformaram a vida de muitas pessoas no Brasil e no mundo. De fato, ter a rotina alterada abruptamente mexe com as emoções e gera muitas incertezas.

A pergunta a ser feita é: como lidar com essa nova realidade? Estudos ressaltam que a atividade física regular ajuda a reduzir esses sentimentos. Exercícios de respiração, Yoga e Pilates são uma excelente opção para amenizar a sensação de pânico, medo e preocupação. “A saúde e a qualidade de vida das pessoas podem ser preservadas e aprimoradas pela prática regular da atividade física. Inúmeras evidências científicas têm demonstrado uma forte associação entre estilo de vida ativo, melhor qualidade de vida e longevidade”, enfatiza Ge Gurak, educadora física e consultora fitness.

Prática de atividades físicas

Estudos neurocientíficos reforçam a importância da prática frequente de atividades. Manter o corpo ativo, atua diretamente sobre a neuroplasticidade cerebral promovendo mudanças dos mapas mentais (mindset), ou seja, o caminho de conexões que o cérebro costuma seguir diante de diferentes estímulos e situações. “Quando uma pessoa se sente ansiosa ou deprimida, tende a manter um padrão na interpretação de cada vivência ou relacionamento em que se envolve. Esse padrão gera comportamentos repetitivos e reativa sentimentos que acabam mantendo os sintomas depressivos e ansiosos”, alerta Deise Navarro, psicóloga e educadora física.

Para mudar este quadro, é fundamental unir tratamento médico, ajuda psicológica e exercícios físicos. Durante a prática esportiva, o corpo libera hormônios na corrente sanguínea como a endorfina (que tem ação analgésica natural e é capaz de aliviar a dor, controlar a ansiedade e diminuir o estresse), a serotonina (que regula o sono e as funções cognitivas) e dopamina (que aumenta a motivação, o prazer e melhora o humor), responsáveis por promover bem-estar.

Criar rotina de treino

Segundo a educadora física, o primeiro passo é criar uma rotina de treino, independentemente do local, se em estúdio, em casa ou na academia, e regularidade é a palavra de ordem. A próxima etapa é encontrar uma atividade para “chamar de sua”, aquela quem tem o seu perfil e proporciona prazer e relaxamento. Depois, é só seguir as dicas:

Estabeleça objetivos possíveis.

Não fique apenas focado na estética, foque na sua saúde e no bem-estar.

Tenha uma alimentação saudável para ter energia para se exercitar.

Faça exercícios que envolvam concentração e controle da respiração. Pilates, com a utilização de equipamentos, com acessórios ou no solo é uma ótima opção.

Durma bem e respeite o dia de descanso.

Escolha o melhor período do dia para se exercitar e marque na agenda o compromisso com a sua rotina de bem-estar e saúde.

Mudar um mau comportamento é sempre bom, mas não é poderoso o suficiente para provocar essa alteração de mindset, se não vier acompanhado de mudanças internas. Por isso, a importância da atividade física, a qual, somada ao tratamento psicológico, realizará a modificação de dentro para fora. Praticar exercícios é algo terapêutico e o principal benefício percebido é o fortalecimento da autoestima do praticante, que diz respeito não apenas a melhorias estéticas, mas também à maneira como o exercício físico faz com que as pessoas se sintam mais satisfeitas com si mesmas em todos os aspectos.

Melhorar a autoestima

“Costumo dizer que a atividade física fortalece “os músculos da nossa autoestima” e, embora a maioria das pessoas associe esse fenômeno aos aspectos estéticos, na verdade ele se dá especialmente pela sensação de superação que o praticante experimenta ainda que diante de obstáculos relativamente pequenos. Parece que, a cada obstáculo vencido, ainda que seja pequeno diante dos seus próprios olhos e do olhar dos demais, a pessoa começa a sentir o fortalecimento poderoso para vencer os sintomas depressivos ou ansiosos e uma mudança efetiva em seu mindset”, observa a psicóloga.

GalEria

Dois anos dos crimes da VALE em Brumadinho

2019-2021

foto: reinaldo fernandes / jornal de fato

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foto: arquivo jornal de fato

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