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terça-feira, 11 de maio de 2021

 NENEN DA ASA (PV) INVADE ASCAVAP

A verdadeira cruzada que o prefeito Nenen da ASA (PV) trava contra os catadores de material reciclável de Brumadinho (ASCAVAP) merecia ser registrada em filme. Seria um drama. De um lado, está o prefeito, com suas Secretarias Municipais de Obras e de Meio Ambiente, com uma série de atitudes de ataques aos pobres catadores. Do outro lado, os catadores, pessoas pobres, lutando para sobreviver, para poder se alimentar e alimentar seus filhos. Uma luta desigual, em que o prefeito Nenen da ASA (PV) acha que tudo pode, sem o mínimo de respeito por trabalhadores tão importantes para Brumadinho: são eles que, com seu trabalho duro, mal pago, ajudam o Município a ter um Aterro Controlado por mais tempo.

O desrespeito chega ao cúmulo de invadir o terreno onde a ASVACAP tem seu galpão, transitando caminhões de terra, depositando terra, no dia 7 de maio. Sem dar nenhuma satisfação aos catadores, tratando-os como se fossem lixo. A ASCAVAP ocupa legalmente o terreno, que é da Prefeitura, tem esse direito garantido em documento pelo menos até 2027.

O prefeito não respeita nem ao menos o período da pandemia (66 mortos), tempos tão difíceis, em que os catadores são obrigados a sair de casa, trabalhar, ter contato com material que não sabem se está ou não contaminado. Mesmo em plena pandemia, o governo de Nenen da ASA (ironicamente, do PV) continua atacando ferozmente os catadores.    


 

Pressão para faturar com o material reciclável

Os constantes ataques ao catadores pode parecer simples maldade do governo Nenen da ASA (PV). Mas isso pode ser apenas uma “cortina de fumaça”. O que pode estar por trás de tudo isso – e há indícios para que se pense assim – é a tentativa de “botar as mãos” na coleta seletiva de Brumadinho. A empresa privada Quantum, contratada por vários milhões e atual responsável pela limpeza da cidade, pode estar se preparando para pegar o lixo reciclável.

As informações que chegam até o jornal de fato é que a empresa teria em seu quadro societário (seus donos) um  Secretário Municipal. Esse secretário teria interesse em faturar com o material reciclável da coleta seletiva. Daí, a pressão sobre os catadores, que estariam “no caminho” do secretário. 



quinta-feira, 6 de maio de 2021

 Edição 241 – Abril 2021

Acordo VALE: Brumadinho receberá R$ 1,5 bilhão


O Anexo 1, no ponto 1.4 do Acordo firmado entre a mineradora VALE, o Governo de MG e Instituições de Justiça – sem ouvir ao atingidos – prevê R$ 1.500.000.000,00 (um bilhão e quinhentos milhões de reais) para serem usados em Brumadinho em obras e serviços. Essa quantia equivale a arrecadação de Brumadinho por 8 anos seguidos.  Além desse bilhão e meio, o item 1.3, para o qual estão reservados  R$ 2.500.000.000,00 (dois bilhões e meio de reais) ainda permite ao Município apresentar projetos e ser contemplado. Ainda há mais R$ 3.000.000.000,00 (três bilhões de reais) para os quais os atingidos podem apresentar projetos, individualmente ou coletivamente, com a ajuda da AEDAS. Outros R$ 4,4 bilhões são para o Auxílio Emergencial, que não será mais para todos dos atingidos. Leia matéria na pag. X e veja como você pode participar das discussões sobre essa dinheirama.    

Edição 241 – Abril 2021

“Campanha Contra a Fome e Contra o Frio”


Quase 53 milhões de pessoas, vive em situação de pobreza ou extrema pobreza no Brasil. Quase 117 milhões de brasileiros não se alimentam como deveriam, com qualidade e em quantidade suficiente. Entidades do Brasil inteiro entraram numa campanha contra a fome. O PT de Brumadinho está desenvolvendo uma campanha para arrecadar alimentos e agasalhos. Em matéria na pag. X você pode ver os locais de arrecadação para dar sua contribuição.      

 





Edição 241 – Abril 2021

O Rodoanel de Zema: nenhum benefício para Brumadinho!

Zema ressuscita a ideia da criação de um rodoanel, com dinheiro da morte de 273 pessoas em Brumadinho, obra que vai beneficiar apenas os grandes empresários, especialmente a VALE  e outras mineradoras. O Rodominério secará mananciais de água, passará por cima de UPAs, escolas, lagoas, milhares e milhares de moradores, quilombos. Violentará cachoeiras, Mata Atlântica, cerrado com campos rupestres, cavernas, áreas de proteção ambiental, patrimônio histórico, cultural e arqueológico, como sítios arqueológicos, cavernas com pinturas rupestres, cemitérios, entre outros. Sacrificará milhares de famílias que vivem da agricultura familiar. Comunidades quilombolas também serão afetadas. Terá pedágio de R$ 35,00. Terá acessos só de oito em oito quilômetros. Nenhum desses acessos permitirá a entrada ou a saída de Brumadinho. E ainda destruirá o Parque do Rola Moça.

 

Edição 241 – Abril 2021

Editorial

Há muitos bilhões em jogo! Você sabia disso?

São, no mínimo, 1 bilhão e meio de reais para Brumadinho! Você sabe o que significa isso?  Significa 8 anos de arrecadação municipal. Da 42ª cidade mais rica de MG. Mas não é só isso: Brumadinho ainda pode disputar, junto com outros municípios da Bacia do Paraopeba, projetos para os quais há mais  R$ 2,5 bilhões. E tem mais:  R$ 3.000.000.000,00 (três bilhões de reais) para os quais os atingidos podem apresentar projetos para o Município. Somou os bilhões aí?

São recursos que virão do Acordão assinado pela VALE, governo Zema e instituições de justiça... sem participação dos atingidos.

Com tanto dinheiro que pode vir para Brumadinho, você, caro leitor, vai ficar aí parado? Você sabe quem vai botar a mão nessa grana alta? Você sabe quais foram os projetos apresentados pela Prefeitura? Você sabe quem vai fazer as obras e quem vai pagar por elas? Você sabe por que tem gente de olho nessa grana? Você sabia que tem gente que nunca na história desse município se preocupou com o povo e que agora, diante de tanta grana, está “superpreocupado” com o povo, criando entidades, associações para tentar botar a mão nessa grana e, quem sabe, se tornar um milionário? Sabe que são essas pessoas?

Você sabia que você, cara leitora, pode apresentar um projeto para Brumadinho? Que há 3 bilhões de reais para isso?

Reinaldo Fernandes
Editor
Esse dinheiro está sujo da morte de 273 pessoas, e molhado pelas lágrimas de centenas de famílias. Você sabia que, agora, até os deputados estaduais, capitaneados pelo Presidente da Assembleia Legislativa, com uma conversa fiada de patrocinar pesquisa de vacina da UFMG, estão de olho neste dinheiro?

Você leu a Matriz de Danos produzida pela AEDAS e atingidos?

Você leu o Acordão?

Se você não tem resposta para a maioria dessas perguntas, está precisando saber das coisas. Ainda dá tempo! É dinheiro nosso, do nosso município, precisa ser bem gasto, não pode nem ser mal gasto e nem ser roubado.

Você vai se interessar? Ou vai perder o trem da história?

 

Edição 241 – Abril 2021

Entenda por que bolsonaro é chamado de “Genocida”

A imprensa já divulgou largamente que o presidente bolsonaro é chamado pelo adjetivo de “genocida”. Depois que ele reclamou disso numa entrevista, foi mais chamado ainda. O presidente já foi, inclusive, denunciado no Tribunal Penal Internacional de Haia como um genocida que está colocando em risco a população mundial com sua política de não combater a COVID-19  e incentivar aglomeração, o não-uso de máscara, uso de hidroxicloroquina e ivermectina e trabalhando contra a vacinação.

Entenda porque bolsonaro está sendo chamado de genocida.

A expressão genocídio apareceu em 1944, na obra do advogado polonês Lemkin durante a 2ª Guerra Mundial. Adquiriu significado independente em 1948, quando a Assembleia Geral da ONU adotou a Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio. Na convenção citada acima, o genocídio é tratado como um delito contra o Direito Internacional, contrário ao espírito e fim das Nações Unidas e dos povos ditos civilizados.

Segundo o dicionário Aurélio, genocídio é um “crime contra a humanidade, que consiste em, com o intuito de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, cometer contra ele qualquer dos atos seguintes: causar-lhes grave lesão à integridade física ou mental; submeter o grupo a condições de vida capazes de destruir fisicamente, no todo ou em parte; adotar medidas que visem  a evitar nascimentos no seio do grupo e realizar a transferência forçada de crianças dum grupo para o outro”.

Em outros termos, podemos entender que se trata de provocar o extermínio, a morte ou a perseguição, ou a própria violação da integridade física ou mental de um determinado grupo de pessoas, em razão de sua raça, cor da pele, orientação sexual, etnia ou outras circunstancias que fazem com que determinado grupo seja perseguido por um país, governantes ou cidadãos.

No Brasil, a Lei 2.889/56, art. 1º, define como genocídio: a) “matar membros do grupo”, b) “causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo”, c) “submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial”, d) “adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo”, e)  efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.

As penas variam: alínea “a”, acima transcrita, terá uma pena de 12 a 30 anos de reclusão;  alínea “b”, a pena pode variar de 2 a 8 anos; “c”: de 10 a 15 anos. Nos casos das alíneas “d” e “e”, a pena prevista é de 3 a 10 anos e 1 a 3 anos, respectivamente.

Além disso, o genocídio é considerado crime hediondo, ou seja, punido com maior reprovabilidade, não sendo permitido anistia, graça, indulto ou fiança.

Cumpre mencionar, ainda, que tanto a incitação quanto a associação ao genocídio também são crimes específicos inseridos na lei. Na referida associação, mais de 3 (três) pessoas se associam para praticar as condutas descritas no artigo 1º acima mencionado, o qual prevê as condutas caracterizadoras de genocídio.

De resto, se o crime for cometido por funcionário público, governante (no caso, o presidente bolsonaro) ou via imprensa a pena será aumentada em 1/3. Tal aumento é ocasionado pela potencialidade que estas modalidades podem gerar, tendo em vista o meio (imprensa) e posição de poder e representatividade destes agentes.

Os crimes de genocídio do presidente bolsonaro

Como se observa acima, bolsonaro cometeu crimes por uma série de razões:

1- Causar-lhes (a grupos nacionais) grave lesão à integridade física ou mental: bolsonaro negou a pandemia o tempo todo, chamando-lhe “gripezinha”, “mimimi” etc. Muita gente acreditou, não se cuidou e foi infectada, sofrendo grave lesão à integridade física ou mental;

2-  Submeter o grupo a condições de vida capazes de destruir fisicamente, no todo ou em parte: bolsonaro negou a pandemia o tempo todo, chamando-lhe “gripezinha”, “mimimi” etc. Muita gente acreditou, não se cuidou e foi infectada, sofrendo grave lesão à integridade física, inclusive a lesão final, haja vista milhares e milhares de mortes;   

3- “Matar membros do grupo”: bolsonaro negou a pandemia o tempo todo, deixou de mandar oxigênio par Manaus, mesmo sendo avisado com antecedência que o oxigênio ia acabar e pessoas iam morrer, como aconteceu; deixou de repassar dinheiro aos estados para custear leitos de UTI para a COVID-19; e, o pior, bolsonaro rejeitou, ainda em 14 de agosto/20, uma proposta da farmacêutica Pfizer que previa 70 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 até junho deste ano, das quais 3 milhões estavam previstas até fevereiro. Tudo isso causou a morte de milhares e milhares de brasileiros.

4- “Submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial”:  bolsonaro negou a pandemia o tempo todo, chamando-lhe “gripezinha”, “mimimi” etc. Muita gente acreditou, não se cuidou e foi infectada, às vezes saiu do hospital e ficou com sequelas (“destruição parcial”) ou morreu(destruição física total).

Fica provado, conforme as leis, que as atitudes do presidente bolsonaro caracterizam práticas de genocídio, por isso precisa ser afastado da presidência, julgado, condenado e colocado na prisão.

Em Manaus (AM), pessoas infectadas morreram
por falta de oxigênio. Corpos ficara acumulados
nos corredores dos hospitais. Segundo o prefeito
da cidade, Arthur Virgílio Neto (PSDB), o
número de pessoas que morreram sem conseguir
 internação para tratar a doença cresceu 36,5%
em apenas um dia. Bolsonaro foi avisado da falta de
oxigênio mas não enviou, o que ajudou a
caracterizá-lo como “genocida”








 





Edição 241 – Abril 2021

“Campanha Contra a Fome e Contra o Frio”

 

A população brasileira já passou por muitos momentos de fome. Em 1993, fundada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, nasceu a Ação da Cidadania, formando uma imensa rede de mobilização de alcance nacional para ajudar 32 milhões de brasileiros que, segundo dados do Ipea, estavam abaixo da linha da pobreza. Seu principal eixo de atuação foi uma extensa rede de mobilização formada por comitês locais da sociedade civil organizada, em sua maioria compostos por lideranças comunitárias, mas com participação de todos os setores sociais.

Já em 2003, um ano depois da posse do Presidente Lula, a ONU – Organização das Nações Unidas – tirou o Brasil do Mapa da Fome. As políticas de distribuição de renda do governo Lula tinha conseguido levar “pelo menos 3 refeições por dia” aos pratos de todos os brasileiros.

Agora, segundo dados da entidade “A Ponte Social”, “um quarto da população brasileira, 52,7 milhões de pessoas, vive em situação de pobreza ou extrema pobreza.” Já a Pesquisa realizada pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) mostra que mais da metade da população, quase 116,8 milhões de brasileiros, não se alimentam como deveriam, com qualidade e em quantidade suficiente. A situação piorou muito desde o Governo Temer (MDB), e foi agravada agora no governo bolsonaro.

PT Solidário – Brumadinho

Entidades do Brasil inteiro entraram numa campanha contra a fome. Faz parte desse esforço de combate à fome o Partido dos Trabalhadores – PT – que tem incentivado os Diretórios Municipais a desenvolverem campanhas de arrecadação e distribuição.

O PT de Brumadinho está desenvolvendo uma campanha para arrecadar alimentos e agasalhos. “A fome tem pressa, ela não espera. A hora é de ser solidários, de dividir com quem precisa”, diz Reinaldo Fernandes, Presidente do PT de Brumadinho. “Estamos convidando pessoas e entidades para engrossarem essa causa tão importante. Num momento de pandemia matando milhares e milhares de pessoas, dezenas em Brumadinho, desemprego só aumentando, a gente tem que descruzar o braço e ajudar”, completa o petista.

No quadro ao lado você pode ver os locais de arrecadação para dar sua contribuição.      

Edição 241 – Abril 2021

Programas e Projetos presentes no acordo feito pela Vale: Entenda como acontece no município de Brumadinho

 


No dia 04 de fevereiro de 2021 foi assinado um acordo entre o governo do Estado de Minas Gerais, a mineradora Vale e Instituições de Justiça, no valor de R$ 37,68 bilhões, voltado à reparação integral dos danos coletivos já reconhecidos no processo judicial que busca reparar os danos causados pelo rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho.

Não houve a participação das pessoas atingidas nem de suas Assessorias Técnicas Independentes durante a fase de negociação. Mas as ATIs e as comunidades seguem organizadas, levantando danos e medidas emergenciais para contribuir no processo de reparação.

A execução do acordo prevê a implementação de 4 programas: o Programa de Reparação Socioeconômica ( Anexo I), o Programa de Reparação Socioambiental (Anexo II), Programa de Mobilidade (Anexo III) e Programa de Fortalecimento do Serviço Público (Anexo IV ).

Conquista da luta e mobilização das pessoas atingidas

Os anexos que possuem participação ou consulta da população são, de alguma forma, conquista da luta e mobilização das pessoas atingidas pelo direito à participação, na qual a atuação das Comissões de Atingidas(os) da Bacia do Paraopeba são de extrema importância. Em dezembro de 2020, elas protagonizaram a elaboração de um Manifesto popular das cinco regiões da Bacia do Paraopeba, reivindicando e denunciando a falta de participação nas definições do acordo.

Nele, os atingidos e atingidas relatam preocupação com os rumos do processo, fazem um histórico dos danos decorrentes do crime da Vale e pontuam a constante violação de direitos fundamentais, como o da participação informada. “O rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão causou, causa e poderá causar, por tempo ainda não mensurado, graves danos a milhares de pessoas atingidas - como por exemplo problemas de saúde, perda de vidas humanas, postos de trabalho, acesso à renda, alimentação e água, causados exclusivamente pela Vale S.A”, diz trecho do texto.

O Programa de Reparação Socioeconômica, comumente chamado de Anexo I no texto do acordo, é composto por um Programa e 3 Projetos, cada um deles possui objetivos diferenciados. São eles:

(Anexo 1.1) - Projetos de Demandas das Comunidades Atingidas;

(Anexo 1.2) - Programa de Transferência de Renda à população atingida;

(Anexo 1.3) - Projetos para Bacia do Paraopeba  

(Anexo 1.4) - Projetos para Brumadinho.

 


Objetivo dos Projetos

 

O objetivo dos Projetos é fortalecer as políticas públicas e serviços públicos que  promovam o processo de reparação dos danos socioeconômicos difusos e coletivos decorrentes do rompimento.

Os Anexos 1.3 e 1.4 constam majoritariamente obrigações de fazer da Vale. Isso significa que a Vale não pode repassar recursos financeiros diretamente aos municípios, mas deverá executar os projetos selecionados diretamente ou através de empresas terceirizadas em seu nome. Nesses dois anexos, o acordo estabelece que as comunidades atingidas podem participar na elaboração e apresentação de projetos.

No momento, a participação por meio da assessoria técnica na região 01 (Brumadinho), tem como foco a construção e a elaboração coletiva de projetos. Para isso, em 2 de março, quase um mês depois que o acordo foi fechado e tivemos acesso ao documento textual, a Aedas começou uma rodada de GAA chamada de 3.2. Neles, as comunidades participantes tinham como objetivo formular junto à assessoria, um Plano de Ação de Medidas Emergenciais.

A partir do dia 30 de março, a Aedas organizou outra rodada de reuniões, os Grupos de Atingidos e Atingidas (GAAs), onde foram dialogados os pontos do Anexo 1.2 - o Programa de Transferência de Renda.

Já no dia 13 de abril, começaram as Rodas de Diálogo, outro espaço participativo, no qual foi dado ênfase aos itens 1.3 - Projetos para Bacia do Paraopeba e 1.4 -  Projetos para Brumadinho, do Anexo I do acordo, já que o prazo para realização dos Projetos de anexo 1.2, 1.3 e 1.4  (90 dias após fechamento do acordo) é mais curto do que o Anexo 1.1 - Projetos de Demandas das Comunidades Atingidas, em que o acordo estabelece 120 dias para apresentar a abertura do processo de submissão de projetos.

Rodas de Diálogos e Conselhos Comunitários

Nessas Rodas de Diálogos específicas para pensar os projetos do acordo, foram levantadas quais medidas emergenciais seriam priorizadas dentro da Matriz de Medidas Reparatórias Emergenciais, documento fruto de meses de trabalho entre assessoria e comunidades atingidas que contém medidas que precisam ser solucionadas com urgência dentro dos municípios.

O passo seguinte foi a composição de Conselhos Comunitários, que seriam os pontos focais de diálogo entre comunidades e assessoria técnica na elaboração de propostas dos projetos. É papel desses conselheiros(as) comunitários contribuir com os repasses para as demais pessoas das comunidades de referência, além de contribuir no detalhamento dos campos do formulário, trazendo informações pertinentes das comunidades para as propostas. Para ter acesso ao formulário de projetos e explicações de como preencher, acesse o site e o Canal do Youtube da Aedas.

Mas como esses projetos se darão na prática? Entenda o papel de cada agente dentro do processo

Vale S.A.: Para estes anexos (1.3 e 1.4), está previsto no acordo que a obrigação da Vale é majoritariamente de fazer e de pagar. Isto é, enquanto compromissária do acordo, a empresa poluidora não tem poder de escolha e julgamento sobre os projetos apresentados. A obrigação de fazer refere-se ao detalhamento dos projetos, bem como sua execução. Já a obrigação de pagar, refere-se ao depósito dos recursos destinados à execução dos projetos destes anexos.

Compromitentes: Os compromitentes são Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Estadual (MPMG), Defensoria Pública do Estado de MG (DPE) e Governo do Estado. Eles têm o papel de receber os projetos, analisar sua viabilidade técnica e financeira, fazer a consulta de priorização junto aos/às atingidos/as e analisar o detalhamento realizado pela Vale, aprovando-o ou não para a execução, fase em que competirá aos compromitentes a fiscalização, apoiados pela Auditoria, que está garantida no acordo.

Pessoas Atingidas: As pessoas atingidas poderão apresentar projetos, além de indicar prioridades das propostas através de uma consulta pública. As comunidades contarão com o apoio das Assessorias Técnicas Independentes. As pessoas atingidas também atuarão no monitoramento e acompanhamento dos projetos na fase de execução.

Assessoria Técnica Independente (Aedas): A Aedas auxilia os atingidos e as atingidas prestando informações quanto ao conteúdo do Acordo e, sobretudo, acerca do procedimento a ser adotado para que participem nas etapas de apresentação e priorização de projetos. A Aedas também auxiliará para que os atingidos e atingidas utilizem os espaços de comunicação e instrumentos que já possuem para facilitar a elaboração de propostas, como as reuniões ordinárias das Comissões de Atingidos/as, as Rodas de Diálogo, Registros Familiares e a Matriz de Medidas Reparatórias Emergenciais, que já apresenta as demandas mais importantes, listadas pelas pessoas atingidas e que, em sua maioria, estão relacionadas ao fortalecimento de políticas públicas.

Cronograma de elaboração dos projetos

Veja o que já foi realizado e fique atenta (o) às atividades que ainda irão acontecer. A data de submissão dos projetos (para os anexos 1.3 e 1.4) é 5 de maio, mas você ainda pode participar da 2ª rodada de Rodas de Diálogos e detalhamento dos projetos junto com sua comunidade. Procure um(a) mobilizador (a) da Aedas!

13 a 17/04/2021: Primeira rodada de Rodas de Diálogos da Aedas para debater os projetos e escolher os conselheiros comunitários;

19/04: Reunião geral das/os Conselheiras/os e Aedas

20/04 - Oficina aberta sobre elaboração dos projetos (Link da live no Youtube da Aedas)

20/04 e 22/04/2021: Reuniões por Zonas entre Conselheiras/os e Aedas para detalhamento dos Projetos;

28/04 a 30/04/21: Segunda rodada de Rodas De Diálogos

02/05 a 05/05: Submissão dos projetos;

Canal do Youtube da Aedas: https://www.youtube.com/channel/UCbcQE54_TfZupyRH_dFqAog

Site:

https://www.aedasmg.org/paraopeba

Por AEDAS


Edição 241 – Abril 2021

Prefeito de Brumadinho esconde informações sobre os projetos

Até o dia 5 de maio, a Prefeitura de Brumadinho deveria apresentar os projetos do Município. Os atingidos organizados pela assessoria técnica AEDAS cobraram por várias vezes que a Prefeitura informasse quais os projetos iria ou teria apresentado. No entanto, a Prefeitura recusou-se a informar o que foi feito e se foi feito. Numa reunião do dia 28 de abril, o vereador Guilherme Morais (PV) disse que o Prefeito teria pedido aos secretários para elaborar os projetos. Mas não se sabe se a informação é verdadeira. O vereador não informou quais seriam os projetos.

 

Edição 241 – Abril 2021

Opinião

“Eu tenho duas graduações, sou digital “influencer” e tenho mais de 50 mil pessoas na minha rede social”

Você sabe com quem está falando?”

Mariléia Campos


A obra “carnavais, malandros e heróis” - do antropólogo social Roberto DaMatta -  mostra como,  no  Brasil,  é rotineiro indivíduos  invocarem a posição social na tentativa de neutralizar uma interpelação ou questionamento. Sãos os muros da ética e moralidade sendo derrubados pelo exibicionismo dos indigestos diplomas. 

A pandemia, tragédia de proporções inimagináveis para os dias atuais, trouxe inúmeros prejuízos para a saúde de todos, tanto física como psicológica e até econômica. Para além do já dito, principalmente e inclusive no Brasil, a presença do vírus também exacerbou e escancarou todas as facetas de privilégios, destacando-se, no momento, a falta de critério e de transparência por parte dos responsáveis pelo programa de vacinação ofertado à população. Aos sobreviventes, quase sempre, ainda resta a necessidade de lutar para vencer as inúmeras sequelas do rastro implacável do vírus que, embora invisível, faz questão de deixar claro que a vida poderá ser mais breve do que imaginávamos; definitivamente, um sopro. Para os que tiveram o privilégio de não terem sido contaminados, o iminente medo e a imprevisibilidade do amanhã se tornaram inevitáveis e amedrontadores.

Embora aqui no Brasil esteja enfrentando várias ações ofensivas, a ciência não deixou por menos, andou a galope na busca de vacinas e medicamentos contra o novo coronavírus. O que anteriormente era terreno fértil para uma farta colheita nesse âmbito, agora recebe todo tipo de material tóxico produzido pela política nefasta e negacionista do atual mandatário e sua trupe.

Entretanto, uma sociedade que se encontra acometida pela pior das doenças contemporâneas - a substituição da ideia de coletividade e de solidariedade pelo individualismo -, jamais será socorrida pela ciência com alguma vacina que imunize esse contagioso mal; a erva daninha é furiosa e se alastra como peste.    

No século XXI, o capitalismo trouxe uma das principais ferramentas para obter ganhos financeiros - a internet.  Nesse sentido, as redes sociais, nos últimos tempos, deixaram de ser somente uma alternativa de comunicação e de um despretensioso entretenimento, muito pelo contrário, ganharam um papel determinantemente capaz de proporcionar rendimentos. Como resultado, surgiram os empreendedores virtuais que, ensandecidos pelo retorno de suas moedas - nem sempre aquela que tradicionalmente conhecemos - e na satisfação de suas demandas narcisistas, sequer conseguem perceber a gravidade e toxicidade de determinados conteúdos e/ou posturas nas redes.

Todo esse empreendedorismo contemporâneo, apesar de conter um irretocável disfarce de liberdade e independência, nada mais é que uma velha estratégia de controle dos indivíduos - aquela que sempre esteve empenhada em surrupiar a existência humana. Ele, o capitalismo, nunca esteve disposto a ceder seu lugar imperioso de opressor em detrimento do oprimido, por isso, sempre lançará novas arapucas com um verniz capaz de enganar até os seus progenitores, que dirá aquela parcela de desavisados que povoa o Planeta.

Dias atrás, uma influenciadora digital de Belo Horizonte - MG que acumula 14,4 milhões de seguidores não sabia que andar com a placa de sua Ferrari vermelha com seu nome estampado poderia configurar uma infração penal, conforme art. 311, do Código Penal Brasileiro. Isso só confirma como um indivíduo tosco e aparício é capaz de enriquecer à custa de um povo sofrido que sequer tem acesso a uma educação que  possibilite caminhos menos tortuosos.  

Parece que estamos vivendo o pior momento da história, este que jamais poderíamos definir como “medieval”, já que nesse período brotaram grandes personagens que atravessam séculos sendo lidos e relidos por sociedades interessadas no que há de mais transgressor e crítico - não que hoje não nasçam grandes filósofos, teólogos, matemáticos e cientistas. Contudo, nos últimos anos, voltamos a discutir vários assuntos que já pareciam superados. Não estamos estagnados, estamos declinando em discursos terraplanistas - estamos retrocedendo - e, de alguma forma, só não estamos sujeitos às penas de suplício do passado porque a tão desejada e suada Constituição Brasileira ainda tenta resistir às investidas dessa gente truculenta. O assassinato da socióloga Marielle Franco pelas milícias brasileiras, por exemplo, é a prova viva das fogueiras do século XXI.

A “idade das trevas” acontece aqui - e agora. A imbecilidade coletiva, a necessidade de aprovação, o desinteresse pelo conhecimento, a fuga da realidade e os conteúdos simplórios e viciantes - onde poucos leem, alguns escrevem, mas inúmeros compartilham -, nos é ofertado, todos os dias, de forma abundante e quase irrecusável. Ora comprovem, às eleições de 2016 e 2018, respectivamente nos EUA e no Brasil; as duas eleições, na verdade, tiveram uma única vencedora - as enodoadas Fake News.         

Em um pequeno tratado antes de nos deixar, a escritora Fernanda Young nos presenteou escrevendo sobre o império da cafonice que nos domina, da deselegância pública e do mau gosto existencial - uma verdadeira cartilha de cabeceira para os mais atentos.

Charge por Gabriel
No texto, ela fala da cafonice dos fura-filas, dos que querem ser autoridade para dar carteiradas, dos que querem vencer para verem os outros perderem, dos que bajulam os poderosos e debocham dos necessitados, entre muitas outras assertivas sobre essas baranguices que fedem à naftalina colonial e que fogem completamente ao conceito já ultrapassado sobre como nos vestimos.  Não é sobre o que vestimos para cobrir a censurada nudez, é o que nos veste interiormente, é sobre o que reveste nossas almas, aquelas que renegam os photoshops e que não nos permite camuflar a realidade fática das coisas. Que a autora nos perdoe pelo atrevimento, mas poderíamos acrescentar ao rol das cafonices outros elementos que se adequam perfeitamente ao texto: não se trata de ter mais de 50 mil seguidores, é sobre o que ofertamos para esses seguidores. Não é sobre o que temos, é sobre o que fazemos com o que temos. É sobre nossa contribuição para uma sociedade mais digna - sem ostentação, com empatia e responsabilidade social.

“Se você não está pagando pelo produto, então você é o produto” - Tristan Harris - ex-designer do Google.

Edição 241 – Abril 2021

Opinião

Há um Lula no fim do túnel...

Wladimir Moreira Santos*

Ninguém imaginou que Bolsonaro seria tão estúpido, violento e corrupto. E que sua necropolítica e de seus antiministros de Estado seriam tão eficazes em promover tanta destruição. Eles se superam. Apesar do histórico político e pessoal de todos que estão no poder ser deplorável, cheguei a acreditar que teriam alguma compostura ao ocuparem os cargos maiores da nação. Mas não, me parece que, ao subir ao poder, toda a lama, podridão, corrupção e falta de zelo e de qualquer responsabilidade são potencializados; é o que os fatos e os crimes cotidianos que eles cometem demonstram.

O que é aquele Ricardo Salles? Não consigo sequer conversar com quem ainda os defende. Ao menos, descobrimos que 30% da população brasileira é fascista (com força) e com este segmento não há diálogo possível. Precisamos aglutinar esforços com os outros 30% que votaram no inominável e se arrependeram. Que caia a ficha desses 30% arrependidos e que eles votem no Lula em 2022. Nossa última esperança. Só assim, teremos de volta o presente e o futuro de milhares de brasileiros. O que está em jogo é sério demais da conta, a ficha precisa cair.

A demora em derrubar o perverso da presidência demonstra bem o que é a sociedade brasileira e a mentalidade tacanha, obscena e medíocre daqueles que de fato mandam no Congresso e no País e que, agora, pois a vida de todos está em jogo, se arrependeram de terem colocado um miliciano e um perverso no poder. Uma tragédia e uma devastação sem fim. A mesma elite que prendeu Lula, o tornou livre e elegível novamente por que tem a vida e os negócios ameaçados.  E, claro, conhecem bem o Lula, sabem da sua grandeza e do quão ele é aberto ao diálogo. Torçamos para que em prol de barrar a quebra geral da nação (se é que isso ainda é possível), o inominável caia logo. E que seja julgado e acabe atrás das grades por todos os crimes que cometeu. Ele e seu bando de antiministros.

Em meio a tanta destruição, isolados, com um antipresidente que potencializou dolosamente a contaminação da população brasileira pelo coronavírus, mergulhados numa realidade difícil de suportar, resta-nos alguma esperança. E que venha o Lula com sua capacidade de pensar (com lucidez) as principais questões nacionais, de compor alianças e colocar o país novamente nos trilhos do desenvolvimento, desta vez, espero, sustentável, verde! Que venha o Lula com sua alegria, seu afeto e seu amor pelo povo brasileiro.

Wladimir Moreira Santos é escritor e pequeno agricultor. Atualmente reside em Casa Branca, Brumadinho (MG).

Edição 241 – Abril 2021

Deu na Imprensa:

OAB conclui que Bolsonaro fundou República da Morte durante pandemia

A comissão foi presidida pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto

Comissão criada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para avaliar as ações do governo federal à frente da pandemia de covid concluiu que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crimes de responsabilidade e contra a humanidade ao fundar uma 'República da Morte' no País. Segundo o colegiado, Bolsonaro agiu deliberadamente contra medidas de proteção ao coronavírus e se omitiu em diversas situações que poderiam reduzir o número de óbitos causados pela doença.

A comissão foi presidida pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto e contou com a participação dos juristas Miguel Reale Jr., Carlos Roberto Siqueira Castro, Cléa Carpi, Nabor Bulhões, Antonio Carlos de Almeida Castro, Geraldo Prado, Marta Saad, José Carlos Porciúncula e Alexandre Freire. O relatório de 24 páginas é dividido em análises sobre possíveis sanções a Bolsonaro no plano nacional (processo de impeachment e denúncias criminais) e internacional (denúncia ao Tribunal Penal Internacional).

"A questão que se põe no presente momento é a seguinte: pode-se provar com segurança, e de acordo com as leis da natureza, que centenas de milhares de vidas teriam sido salvas, caso o presidente e outras autoridades tivessem cumprido com o seu dever constitucional de zelar pela saúde pública? A resposta é um retumbante sim", apontou o relatório dos juristas.

O colegiado relembra três ocasiões em que omissões e ações do governo pesaram no combate à pandemia: a falta de interesse de Bolsonaro em negociar vacinas com a Pfizer no ano passado, as ações do presidente ao desautorizar o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello a comprar doses da Coronavac com o Instituto Butantan e a resistência do governo federal em adotar medidas sanitárias que ajudariam a minimizar a transmissão do vírus, como o distanciamento social e o uso de máscaras.

"Não há outra conclusão possível: houvesse o presidente cumprido com o seu dever constitucional de proteção da saúde pública, seguramente milhares de vidas teriam sido preservadas. Deve, por isso mesmo, responder por tais mortes, em omissão imprópria, a título de homicídio. Deve também, evidentemente, responder, em omissão imprópria, pela lesão corporal de um número ainda indeterminado de pessoas que não teriam sido atingidas caso medidas eficazes de combate à Covid-19 tivessem sido implementadas. Por óbvio, para fins de responsabilização criminal, esse número deve ser apurado", anotou o relatório.

 'República da Morte'

 No plano internacional, a comissão da OAB afirma há 'fundadas e sobradas razões' para Bolsonaro responder por crimes contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional. Os juristas afirmam que o presidente utilizou a pandemia 'deliberadamente como instrumento de ataque (arma biológica) e submissão de toda a população'.

"A partir da leitura do tipo penal em questão, indaga-se: acaso uma gestão governamental deliberadamente atentatória à saúde pública, que acaba por abandonar a população à própria sorte, submetendo-a a um superlativo grau de sofrimento, não poderia ser caracterizada como um autêntico crime contra a humanidade? Em outras palavras: fundar uma 'República da Morte' não configuraria tal crime? Parece-nos que sim", frisaram os juristas.

O relatório da comissão será levado para discussão no plenário do Conselho Federal da OAB, que reúne representantes das seccionais estaduais da entidade e o seu presidente, Felipe Santa Cruz. Com base no parecer, a Ordem poderá apresentar um pedido de impeachment contra Bolsonaro. Até o momento, a OAB não elaborou nenhum pedido de afastamento do presidente.

Matéria publicada pelo jornal Estado de São Paulo, em 14/4/21

Edição 241 – Abril 2021

O Rodoanel de Zema: nenhum benefício para Brumadinho!

 

Live sobre o Rodominério, com participação de 11 as 13
cidades que serão atingidas pela obra faraônica: de
cima para baixo, da esquerda para a direita: Frei
Gilvander, de BH; Adriana Souza, de Contagem;
Reinaldo Fernandes, de Brumadinho; Lúcia Regina,
de Neves; Marco Antônio, de Tejuco, Brumadinho e
Bruno, de Sarzedo. 
 

Vivemos um tempo perigoso. O capitalismo, máquina de moer vidas, está funcionando a todo vapor, triturando vidas de bilhões de pessoas e de outros seres vivos. Atualmente insiste em imperar uma mística antievangélica do descompromisso com os pobres e com a luta por justiça. Estamos em tempos de cristianismos light, de libertações que não vão muito além da autoestima. Enfim, tempos de autoajuda, de dar um jeitinho para ir empurrando a vida.

É nesse contexto que o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), ressuscita a ideia da criação de um rodoanel, com dinheiro da morte de 273 pessoas em Brumadinho. Zema quer usar o crime que matou pessoas, fauna, flora, o rio Paraopeba e violentou brutalmente milhares de pessoas e comunidades para construir infraestrutura que vai beneficiar apenas os grandes empresários. Enquanto isso, a sofrida população continuará   sofrendo nos ônibus lotados, sem conforto e lentos.

O rodominério

Em meio à mais letal pandemia dos últimos cem anos, Zema anunciou o Projeto de construir o 3º rodoanel em Belo Horizonte e Região Metropolitana (RMBH). Se for construído, o rodoanel será na prática rodominério para a VALE e outras mineradoras ampliarem a mineração na região e poderá estrangular nosso abastecimento público de água, pois passaremos da crise hídrica ao colapso e exaustão hídrica para 6 milhões de pessoas. O traçado, que pode ser visto no site da  Seinfra - MG  - Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais - mostra isso claramente: ao mesmo tempo que o rodoanel passa por cima de UPAs, escolas, lagoas, milhares e milhares de moradores, quilombos, patrimônio cultural e arqueológico, ele passa ao lado das minerações. Por essa razão, os movimentos sociais estão chamando a obra de rodominério.  

Para Brumadinho, não há entrada nem saída, só destruição

Para usar, pedágio de R$ 35,00  

A previsão é que o rodominério tenha 100,6 quilômetros, pista dupla, com quatro alças, começando em Sabará, passando por várias cidades, até Contagem, Betim, Ibirité, Brumadinho.  O governo de MG investirá 4,5 bilhões de reais, dinheiro oriundo da Vale, ignorando a dor e os direitos das comunidades atingidas na bacia do rio Paraopeba pelos crimes da mineradora a partir de Brumadinho.

Preveem-se cinco anos de obras para construí-lo mediante concessão para uma grande empresa, via Parceria Público-Privada (PPP) para construir, implantar, operar e manter durante décadas.

Serão desapropriados terrenos e imóveis em uma faixa de 170 a 400 metros de largura, mais ou menos, em uma extensão de mais de 100 quilômetros. Serão milhares de desapropriações. A primeira desapropriação será em 2023, ou seja, após as eleições de 2022.  Trata-se de projeto eleitoreiro.

Brumadinenses devem tomar cuidado com o “canto da sereia”, com a enganação e promessas que o Rodoanel faz

 

A chegada de um grande projeto é sempre envolvida por campanha publicitária espetacular que anuncia estar chegando à região uma alavanca de desenvolvimento social, geradora de milhares de empregos e que não irá causar grandes males à natureza e às pessoas. Chefes da política, da economia e até da religião são cooptados e muita gente seduzida. Assim, o povo acolhe esses grandes projetos como se fossem benfeitores que trarão emprego e melhorias sociais, mas, logo, descobre que se geram poucos empregos e, não raras vezes, em condições parecidas com a escravidão.

Para evitar adensamento populacional ao lado, o rodoanel terá acessos reduzidos, só de oito em oito quilômetros. Nenhum desses acessos permitirá a entrada ou a saída de Brumadinho. Ou seja, na prática, o rodominério será uma “muralha” com mais de 100 quilômetros de extensão que irá sitiar, confinar, ilhar ou separar centenas de bairros em 13 municípios da  região.

A empresa construtora poderá definir onde passar, o que afetar ou não, liberdade total para os interesses do grande capital. Está previsto “preço quilométrico de pedágio por câmeras: R$ 0,35/Km.” Ou seja, para percorrer os 100,6 quilômetros do rodoanel, um automóvel pagará R$35,21 de pedágio. Aumentará o trânsito e a emissão de CO2.

O rodominério quer destruir o Parque do Rola Moça

O projeto do Rodoanel ignora o caráter imprescindível do Parque Estadual Serra do Rola Moça (Casa Branca e região) para o estado, para os municípios e para a biodiversidade. Ignora e sacrifica mananciais que abastecem BH e RMBH. Sacrificará milhares de famílias que vivem da agricultura familiar. Violentará fauna, flora, nascentes, cachoeiras, Mata Atlântica, cerrado com campos rupestres, cavernas, áreas de proteção ambiental e agredirá patrimônio histórico, arqueológico e cultural, como sítios arqueológicos, cavernas com pinturas rupestres, cemitérios, entre outros. Comunidades quilombolas também serão afetadas. Assim, o projeto do Rodominério é obra faraônica, autoritária, eleitoreira, ecocida, hidrocida, cavalo de troia etc. Por isso, o projeto do rodominério exige rechaço implacável e não pode nem ser iniciado. 

O povo precisa é de transporte público de qualidade

O projeto do rodoanel ignora que todas as cidades da Região Metropolitana de BH já foram conectadas por ferrovias com linhas de trens de passageiros transportando o povo até a capital mineira. Muitos brumadinenses usaram esses trens e sentem saudades deles.

Para melhorar os problemas de mobilidade, o justo e necessário é resgatar as linhas de trens entre as 34 cidades da RMBH e restabelecer o transporte de passageiros via trens entre todas as cidades da  Grande BH, reconectando-as com a capital, ampliar o metrô para a RMBH e superar as injustiças reinantes no transporte público através de ônibus.

A reparação dos crimes da VALE precisa ser para fortalecer as condições de vida: fazer saneamento, produção de alimentos saudáveis de forma agroecológica e indenizar os/as atingidos/as de forma integral, com Auxílio Emergencial de 100% para todos. Descentralizar a megalópole é o caminho, o que exige preservar o meio ambiente.

Cidades organizam Comitês de Resistência

O Rodominério é tão prejudicial à população que várias cidades da Região Metropolitana estão se organizando para resistir a essa obra. Vários comitês já foram formados, como os de Betim e Contagem. Brumadinho está formando um Comitê Regional junto com Mário Campos, Sarzedo e Ibirité.

Até o dia 30 de abril, fechamento desta edição, o Comitê Regional já contava com 42 pessoas, metade de Brumadinho.

Quem quiser fazer parte pode contatar Reinaldo Fernandes pelo telefone 99209-9899.      

Reunião preparatória para  a Audiência Pública da
Comissão Externa da Câmara dos Deputados,
coordenada pelo Deputado Federal Rogério Correia (PT):
participação de representantes de Neves, BH, Ibirité
(Alenice Baeta), Betim e Contagem, dentre outras cidades. 
 
Por Brumadinho, participou Reinaldo Fernandes
e, na Audiência da Câmara Federal (no dia 15 de abril),
Reinaldo e Marco Antônio (Tejuco) 


Matéria a partir de texto de Frei Gilvander Moreira, da CPT – Comissão Pastoral da Terra -, entidade vinculada à Igreja Católica, à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB, dentre outras igrejas cristãs

 



   

Nota da redação:

Nos endereços abaixo você pode ter mais informações sobre o Rodominério.

1 - Rodoanel - Rodominério - e seus impactos ao Meio Ambiente na Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG.

https://www.youtube.com/watch?v=Cz1W9jVgozc

2 - Live – RODOANEL, RODOMINÉRIO! Escassez hídrica e os Impactos do Rodoanel em BH e RMBH.

https://www.youtube.com/watch?v=mtcVc8K1oKc

3 - LIVE 33 - IMPACTO DO RODOANEL EM BETIM E REGIÃO METROPOLITANA

https://www.youtube.com/watch?v=nowdR3RXuYQ

4- Fala de Marco Antônio (Brumadinho, Tejuco) na Audiência Pública da Câmara dos Deputados Federais

https://www.youtube.com/watch?v=EbsloKZYtRo

O que moradores de Casa Branca pensam sobre o Rodominério

Casa Branca e seu entorno correm sérios riscos de:

. ter os imóveis desvalorizados;

. não ter água para abastecimento;

. virar um grande canteiro de obras do Rodoanel;

. receber um grande número de pessoas querendo trabalhar na obras do Rodoanel, ambulantes e serviços de apoio às obras e aos trabalhadores;

. ter aumento da criminalidade, assaltos, roubos, violência;

. ter engarrafamento gigante e constante na única via de acesso;

. ter uma enorme redução na vazão das nascentes;

. perder o acesso aos riachos e cachoeiras, devido ao esgoto;

. e depois virar uma "cidade fantasma".

Não tem como ter rede de esgoto sem poluir o Ribeirão Casa Branca, inviabilizando banhos no Ribeirão e nas Cachoeiras da Jangada.

. Privatizar os Parques - Não

. Rodoanel Casa Branca/Ibirité - Não

. Esgoto nos riachos - Não

. Mineração secando e poluindo as águas - Não

. Crimes impunes - Não

Água é interesse e direito de TODOS e TODAS independente da ideologia, religião, cor da pele ou em quem votou ou deixou de votar.

Participe para impedirmos que Casa Branca se torne uma cidade fantasma.

Edição 241 – Abril 2021

Poucas & Boas

 “Sou capitão do Exército, minha especialidade é matar.”

bolsonaro

Essa obra faraônica, ecocida, hidrocida, eleitoreira, autoritária, devastadora socioambientalmente etc.

Frei Gilvander de Oliveira, referindo-se ao rodoanel que o governo Zema quer construir, passando por 13 cidades da Grande BH, inclusive Brumadinho

“O Rodoanel/RODOMINÉRIO de Belo Horizonte e Região Metropolitana será mais um crime socioambiental sobre nós.”

Marco Antônio, de Tejuco, na Audiência Pública da Comissão Externa da Câmara dos Deputados

Pode-se citar como exemplo o pagamento do Auxílio Financeiro Emergencial, ainda aguardado por milhares de pessoas que estão contempladas pelos critérios estabelecidos em Juízo, por causa da ineficiência ou insuficiência da Vale S.A nesse serviço. O mesmo ocorre com o programa de distribuição de água potável e in natura, no qual outras milhares de pessoas reclamam o não recebimento, o corte inesperado, a ausência completa de informações e justificativas ou o simples descaso da Vale S.A

Matriz de Danos da AEDAS, referindo-se aos constantes ataques feitos pela VALE aos direitos dos atingidos por seus crimes

Edição 241 – Abril 2021

Rejeição a bolsonaro cresce e chega a 59%, mostra pesquisa 

PoderData 

Segundo a Pesquisa da Exame, bolsonaro chegou a ter 52% em abril e XP/Ipespe mostra que, de outubro de 2020 até março de 2021, a avaliação negativa já tinha saltado  de 31% para os 48%

Pesquisa PoderData, realizada entre 12 e 14/4, indica que a desaprovação ao governo federal bateu novo recorde, chegou a 59% e segue em trajetória de alta.

Já a Exame mostra que o presidente teve nova piora em seus níveis de aprovação junto ao eleitorado no final de abril, quando 52% dos brasileiros entrevistados avaliaram a gestão como ruim ou péssima .

Por outro lado, apenas 23% o eleitorado considera a atual administração como ótima ou boa.

De acordo com Maurício Moura, fundador do IDEIA, a avaliação ruim do presidente é consequência de três fatores. O primeiro é a sensação de que o ritmo de vacinação ainda não decolou. Em segundo, a gente teve semanas com recordes em relação ao número de mortos em decorrência da covid-19, e isso atrapalha a avaliação presidencial. Por último, a população não percebeu até agora um efeito positivo da nova rodada do auxílio emergencial.

Pesquisa da XP/Ipespe

A rodada de abril da pesquisa XP/Ipespe mostra continuidade na trajetória de alta da rejeição ao governo de jair bolsonaro. Nesse início de abril eram 48% os que consideram o governo ruim ou péssimo, três pontos percentuais a mais que o levantamento anterior.

Desde outubro, quando o movimento de alta se iniciou, a avaliação negativa saltou de 31% para os 48% em meados de abril. Nesse período, os que consideram o governo ótimo ou bom despencaram de 39% para 27%.

A diferença de 20.3 pontos percentuais entre os que têm avaliação negativa e os que têm avaliação positiva é a maior desde maio do ano passado.

A avaliação que os brasileiros fazem da atuação de bolsonaro para enfrentar o coronavírus continua altamente negativa. São 58% os que a consideram ruim ou péssima.

Outros indicadores mostram que nunca esteve tão grande o medo que os entrevistados dizem ter sobre a pandemia. São 55% os que dizem estar com muito medo da doença, contra 49% no último levantamento.

Eleições 2022

Metade dos entrevistados não acha que Bolsonaro deve ser reeleito nas eleições presidenciais de 2022. Em março, o nível de reprovação era menor, 48%. Só 39% acreditaram que jair bolsonaro deve ser reeleito no ano que vem.

Segundo a Exame, se a eleição fosse hoje, Lula estaria na frente com 33% dos votos. Logo atrás, apareceria Bolsonaro, com 32% e Ciro Gomes, com 9%.

A pesquisa da Exame evidencia uma vantagem numérica do ex-presidente Lula no primeiro turno.

Edição 241 – Abril 2021

É preciso manter atividades físicas durante a pandemia

Cinco dicas para manter a motivação e praticar exercícios físicos em casa durante o isolamento social: Especialista destaca que manter treinos variados, fazer exercícios pela manhã e comemorar pequenas vitórias ajudam a manter uma rotina saudável e estimulante  

As novas medidas restritivas contra a Covid-19 em diversos estados, com o intuito de intensificar o isolamento social, evitam que as pessoas saiam de casa, e as rotinas de trabalho, lazer e prática de atividades físicas são afetadas. Por isso, mais do que nunca, é um momento crucial para preocupar-se com a própria saúde física e mental, colocando em prática o autocuidado.

Fazer exercícios físicos regularmente é um hábito saudável que pode trazer benefícios por toda a vida. Em momentos desafiadores como esse, é importante manter o ritmo de treinamento durante o período em casa. “Ganhar condicionamento demora, mas perdê-lo é muito mais rápido. Ao parar de se exercitar, é preciso muito mais esforço para voltar à forma”, explica Emeka Okorocha, especialista na questão. “Além disso, cultivar hábitos saudáveis é uma das formas de melhorar o sistema imunológico”, completa.

Para ajudar a tornar a prática de exercícios uma rotina durante esse período, Okorocha listou cinco estratégias que podem ser adotadas quando há pouca motivação para treinar.

1. Encontre uma nova playlist ou músicas que o façam sentir-se animado: não subestime o poder da música. A música é um intensificador de humor incrível e também pode pressioná-lo mais enquanto você está se exercitando. “Músicas animadas e de ritmo rápido e canções com letras inspiradoras podem realmente ajudar a motivá-lo e colocá-lo com disposição para fazer exercícios. Atualizar sua lista de reprodução com frequência e adicionar novas músicas também pode motivá-lo para o treino”, destaca.

2. Mantenha seus treinos variados e empolgantes: é realmente fácil entrar na rotina de repetir o mesmo treino indefinidamente, mas isso pode se tornar extremamente tedioso. Para superar a monotonia, experimente mudar seu regime de exercícios para incluir treinos diferentes, o que não apenas eliminará o tédio, mas manterá seu corpo adivinhando e acelerando os resultados.

3. Não pense demais, faça os exercícios no início do dia e da semana, antes que sua mente possa persuadi-lo: um treino curto, como uma corrida ou uma sessão de Treino Intervalado de Alta Intensidade de 15 minutos, pode ser uma das melhores maneiras de começar o dia. O Treino Intervalado de Alta Intensidade – HIIT, no inglês - ou treino cardio é um tipo de treino usado para condicionamento físico onde o praticante faz exercícios intercalados de alta intensidade e baixa intensidade. O HIIT não só aumenta a produtividade e libera endorfinas, como também pode impulsionar o metabolismo para o dia seguinte. “Praticar exercícios pela manhã também ajuda a eliminar desculpas; simplesmente levantar e fazer tudo antes de ter tempo de se convencer do contrário é uma ótima maneira de ajustar a forma ao seu dia, não importa o quão ocupado você esteja”, aconselha Okorocha.

4. Monitore seu condicionamento físico e deixe que suas pequenas vitórias o motivem: definir metas realistas e recompensar a si mesmo por suas pequenas vitórias pode motivá-lo a continuar. “Não há mal nenhum em definir uma grande meta, mas divida-a em metas menores para que você possa comemorar suas conquistas e progresso com frequência”, destaca. Por 3exemplo, comece caminhando / correndo por 10 minutos, aumente para 15, 30, 40 minutos, e assim por diante.

5. Compita com um amigo ou pessoas em sua casa para adicionar um elemento para motivá-lo: um aspecto subestimado de malhar é ter companhia ao fazê-lo. Pedir a um amigo para me acompanhar em um treino (virtualmente, é claro) pode ser o impulso que preciso. Os amigos não só podem motivá-lo a trabalhar melhor, com mais empenho e inteligência, mas também podem forçá-lo a entrar na rotina. Os amigos também podem trazer novas ideias, tornar os exercícios mais divertidos e motivá-lo a continuar o bom trabalho. No entanto, se você não tem um (a) amigo (a) disposto (a) a isso, lembre-se: é sua vida, é sua saúde, sua felicidade, não espere pelos outros.

Edição 241 – Abril 2021

Só Rindo

EU LEVO OU DEIXO?

Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação.

Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:

__ Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndido da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da  tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo  denomina nada.

__ E o ladrão, confuso, diz:

__ Doutor, eu levo ou deixo os patos?

Mineirin

O ônibus que seguia em direção ao Rio de Janeiro, para numa cidade do interior de Minas.

O capiau sobe com três leitõezinhos no colo.

Ao perceber a cena, um carioca (como de costume), quis logo tirar um sarro com a cara do mineirinho.

___  E aí mineiro, levando os porquinhos para passear?

___  É sô, os bichins nunca viram o mar, ué!...

___  Estes bichinhos tem nome?

___  Tem, sô! Este aqui chama, “Suatia”. O daquele é, “Suavó”...

Puto da vida, o carioca interrompe o mineiro:

___  Deixa que eu advinho o nome deste último. É “Suamãe”?

___  Não, sô, esse é “Seupai”. “Suamãe”, eu comi ônti.

Nunca subestime uma mulher

Ocorreu um acidente de trânsito, com dois carros batendo de frente, um guiado por um homem e o outro por uma mulher. Ficaram completamente destruídos, mas, surpreendentemente, os motoristas nada sofreram. Saíram completamente ilesos.

O homem, pronto para agredi-la verbalmente. Mas a mulher rapidamente diz:

___ Interessante, você um homem e eu uma mulher, com os carros totalmente destruídos, mas estamos sem nenhum arranhão. Isto deve ser um sinal de Deus. Nós realmente precisávamos nos encontrar.  Estava em nossos destinos nos conhecermos e ficarmos vivendo em paz, como
grandes amigos, até o fim de nossos dias.

___  Concordo ! disse o homem.

___  Isto com certeza é um sinal de Deus. E olhe outro milagre: meu carro está completamente destruído, mas esta garrafa de vinho não se quebrou. Está claro que o destino quer que a bebamos para celebrar a nossa vida, que foi salva milagrosamente neste acidente. Vamos celebrar!

Então a mulher passa a garrafa para o homem. Ele concorda sem titubear e vira o gargalo na boca até beber a metade da garrafa. Entrega a garrafa pela metade para a mulher. Ela pega a rolha e recoloca no gargalo, imediatamente, sem beber nenhum gole.

Sem entender nada, o homem pergunta:

___  Não vai beber a sua metade para comemorar ?

A mulher responde:

___  Agora não. Vou esperar a polícia chegar primeiro...

Edição 241 – Abril 2021

Nomeações da Prefeitura

 



























Edição 241 – Abril 2021

Cenas da cidade

Assim que o jornal de fato começou a circular a edição que denunciava as obras suspeitas da Praça da Rodoviária (ver ed. 240, março/2021) a Prefeitura começou a refazer a pintura nos bancos. No entanto, as perguntas permanecem: 1) Por que a pintura nos bancos durou apenas dois meses? 2) E a cobertura que não foi feita? Quanto isso custou aos cofres públicos? Quem ficou com esse dinheiro? 3) E a passagem de pedestres, por que não foi feita? Quanto ela custou? Quem ficou com esse dinheiro? 4) Por que não foram colocados rufos em todo o teto? Quanto isso custou aos cofres públicos? Quem ficou com esse dinheiro? 5) E a falta de acabamento no teto?  6) E a pia do banheiro que não foi colocada lá? Quanto isso custou aos cofres públicos? Quem ficou com esse dinheiro?  7) E a fonte seca?



 



Edição 241 – Abril 2021

GEMA, 40 anos!

de fato entrevista Antônio Xavier, principal e mais antigo integrante

O Grupo Teatral GEMA completa 40 anos de atividades neste ano. Nascido no “Colégio” (Escola Estadual Paulina Aluotto Ferreira), sua existência mostra que o que de melhor fica da vida estudantil nunca são aqueles infinitos “conhecimentos” de matemática, português, geografia etc, transmitidos de cima para baixo, mas o que tem significado na vida da garotada. Um de seus membros, principal e mais antigo integrante, é Antônio da Silva Xavier, o Toninho do GEMA, 57 anos, casado com Viviana Cristina Silva Xavier e pai de Sofia Maria Xavier. Ator participante de dezenas de comerciais de rádio, revista e TV, foi com ele que conversamos sobre sua carreira e os 40 anos do GEMA. Acompanhe:  

 

As inúmeras faces do ator

de fato:  São 40 anos de teatro. Qual a avaliação você faz desses 40 anos?

Toninho: É um aprendizado porque estamos sempre adquirindo experiências. Fazendo cursos na área ou nas apresentações e performances (que sempre nos ensinam também).

 de fato: Você sempre fez muitos comerciais para TV, revistas, rádios. Qual deles ou quais deles de que você mas gostou de fazer e por quê?

Toninho: A Campanha da tuberculose, que tem como data de 24 de março. Sempre volta à mídia.

 de fato: Um comercial de TV tem aproximadamente 30 segundos. As pessoas podem pensar que a produção de um comercial de 30 segundos é coisa simples, rápida. Fale-nos sobre isso.

Toninho: Realmente, uma gravação envolve vários setores. Agência, diretor de marketing, modelos,  locação de equipamentos, alimentação.  A publicidade é fascinante! Um vt de 15 segundos, 30 segundos leva um dia, dois dias de gravações...  

de fato: Sobre o GEMA: Como o grupo foi criado? Vocês apresentaram muitas peças? Qual delas foi mais importante para você? Como está o grupo hoje?

Toninho: O Grupo foi criado em 16 de junho de 1981, na época em que éramos alunos na Escola Estadual Paulina Aluotto Ferreira, chamado Grêmio Estudantil Machado de Assis. Nesses 40 anos apresentamos muitas peças. A peça que o público sempre lembra é “Hoje a Banda Não Sai” mas a Via Sacra apresentada por ocasião da Semana Santa é uma referência para todo o grupo.

O GEMA, aos vinte anos de
idade, em 2001

Hoje, estamos nos reorganizando. Muitos integrantes saem por fatores diversos mas tem novos valores que chegam com todo entusiasmo para seguir a história. Julgo estarmos cumprindo este papel de manter viva, acesa a chama de tantas figuras, pessoas que nos deram esta proposta de conhecimentos à nobre forma de expressão. A cada ano, de janeiro a janeiro, estamos nós, perseverantes de uma forma ou de outra, mantendo este legado de educar, conscientizar, divertir, emocionar. Já que sistematizar é viver um conjunto de experiências e tirar as devidas aprendizagens dela.    

Vamos seguido a rota às portas que vão se abrindo “Ao abrir e fechar de cortinas”.

de fato: Quais são seus ator e atriz preferidos? Por quê?

Toninho: A preferência por atores e atrizes é uma questão delicada mas tenho o ator mineiro Carlos Nunes como referência pela disciplina de palco e profissionalismo. Já atriz, Marieta Severo.  

Com o grande ator Rogério Cardoso,
o “Rolando Lero” da Escolinha do
Professor Raimundo

de fato
: Como você avalia o atual momento do Brasil e a questão da Cultura?

Toninho: O momento cultural do Brasil atualmente e de anos anteriores é sempre de esperança em dias melhores. De reconhecimento de uma classe que necessita de apoio pois é um combustível para o crescimento de uma nação, de um povo.  

de fato: Você recomendaria aos leitores do jornal de fato que fizessem teatro? Por quê?  

Toninho: O Teatro é uma forma direta de comunicação, envolvendo obra, personagens e plateia. Um aprendizado para as duas partes em sua amplitude didática. O faz valer o enriquecimento crítico.


Edição 241 – Abril 2021

Em único mês, Brumadinho tem metade das mortes equivalente a um ano de COVID-19

 


Há, protocolados na Câmara Federal, mais de 100 pedidos de impeachment de bolsonaro. O presidente já foi denunciado no Tribunal Penal Internacional de Haia, nos Países Baixos, como um genocida que está colocando em risco a população mundial com sua política de não combater a COVID-19  e incentivar aglomeração, o não-uso de máscara, uso de hidroxicloroquina e ivermectina e trabalhando contra a vacinação.

O governador Zema, na mesma linha de bolsonaro, chegou ao cúmulo de dizer que “o vírus precisa viajar”.

Em Brumadinho, a política do prefeito Nenen da ASA (PV) não difere muito dos outros. Os sucessivos decretos parecem só encenação. A Prefeitura decreta mas não fiscaliza nada. E permite atividades que de essenciais não têm nada.

Por outro lado, a população não colabora. A população segue influenciada pelo presidente, pelos negacionistas que não acreditam na capacidade de matar do vírus, influenciada também por religiosos que acreditam que Deus vai nos salvar mesmo que a gente se aglomere e não tome nenhum cuidado. A ainda demonstra incapacidade de pensar e se proteger.

A conclusão é óbvia: ou cada um se cuida, ou vamos morrer, um a um.

Brumadinho tem 20 mortes em um mês, metade dos casos equivalentes a um ano de pandemia

Em Brumadinho, o número de mortes cresce assustadoramente. Só no mês de abril, foram 20 mortes! Isso equivale quase a metade de todas as mortes ocorridas no Município em mais de um ano de pandemia!  Até do dia 30 de março eram 44 mortes. Enquanto isso, são centenas e centenas de casos confirmados que podem chegar à morte. E mais centenas de casos em investigação todos os dias.

Edição 241 – Abril 2021

O que pode e o que não pode na pandemia agora

Orientações da médica Ligia Bahia, doutora em saúde pública e professora da UFRJ, em entrevista ao TUTAMÉIA TV:

PRESERVAR O ISOLAMENTO SOCIAL É FUNDAMENTAL

  1. NÃO PODE abrir as atividades
  2. NÃO ESTÁ NA HORA da volta às aulas. Voltar às aulas presenciais vai fazer explodir os casos de Covid, e não temos infraestrutura para suportar uma explosão de casos
  3. TEM QUE USAR MÁSCARA e tem que lavar a mão o tempo todo. Usar o álcool gel sempre
  4. EVITAR transporte lotado
  5. NÃO ANDAR DE UBER. Você pode transmitir para o motorista, que transmitirá para os próximos passageiros
  6. NÃO IR PARA A RUA e ficar parado dentro de lugares fechados durante horas. Não ficar em locais fechados. A transmissão em locais fechados é muito maior do que em locais abertos
  7. NÃO VÁ AO SHOPPING
  8. Se tiver que fazer compras, faça de forma muito rápida. Não fique escolhendo
  9. NÃO ABUSAR dos pedidos de entrega em casa. Estamos expondo os entregadores o tempo todo. Sim, é um problema, porque se essas pessoas não trabalham não conseguem ter renda
  10. Se tiver que cortar o cabelo, tente fazê-lo num local aberto. NÃO CORTAR CABELO COM AGLOMERAÇÃO. Se puder, deixe o cabelo ficar branco; se puder, pinte em casa
  11. NÃO PODE ir à praia
  12. NÃO PODE BEBER CERVEJA NO BAR, mesmo que o local seja aberto. Não pode, porque beber cerveja e aglomeração é a mesma coisa. É impossível que a gente beba sem cuspir, sem falar alto
  13. CONTINUAR PAGANDO as pessoas que nos prestam serviços e que devem continuar em casa. Para mantê-las em casa, devemos manter os pagamentos regulares. Especialmente se essas pessoas tiverem algum tipo de comorbidade e forem idosas. Os porteiros, por exemplo, aqui no Rio de Janeiro estão trabalhando na pandemia o tempo todo. As pessoas podiam muito bem fazer o favor de abrir a portaria
  14. A GENTE PODE começar a ver parentes muito queridos. Isso se a gente tiver quarentenado e se as outras pessoas tiverem quarentenadas. E a gente tiver certeza de que as pessoas estão há 14 dias bem de saúde e sem sair de casa. Pode, mas é preciso também manter a distância, ficar com máscara. Ficar um pouco perto, mas não muito perto. Não pode ficar muito perto
  15. NÃO PODE fazer reunião
  16. NÃO PODE fazer festa de aniversário
  17. PODE VER A MÃE MUITO IDOSA, porque a gente já está há muito tempo assim. Precisa usar essas estratégias de bolha social, mas muito, muito, muito meticulosas
  18. PODE FAZER CAMINHADAS AO AR LIVRE. Mas não em locais de aglomeração. Caminhadas ao ar livre em locais que sejam ermos, que não tenham gente. É bom fazer. Não é bom a gente ficar em casa o tempo todo, porque neurotiza.

GalEria