Edição 222 – Agosto 2019
Vereadores depõem na Delegacia de Polícia
foto: bombeiros - divulgação |
Edição 222 – Agosto 2019
Mineração mata mais um: agora foi a vez da Mineral do Brasil
“O
motor dele tá ruim, até nas reduzidas aqui ele num segura, Rodrigo. Tá muito
ruim, esse caminhão tá muito vacaiado! Ah, não! Eu vou ficar sem trabalhar mas
vou entregar esse caminhão, num dá pra trabalhar do jeito que ele está aqui,
não! Esse caminhão tá muito judiado. Esse trem acaba matando a gente, ainda!
Caminhão tem que ter freio! Tendo freio dá pra trabalhar, entendeu? Mas, agora,
se não tem nem isso fica difícil, né?”
O
áudio foi gravado pelo jovem, enviados ao dono do caminhão, minutos antes de
ser assassinado. Minutos depois, Bruno Henrique estava debaixo do caminhão,
quando lhe era roubada sua vida, de apenas 24 anos.
Edição 222 – Agosto 2019
Editorial
Quem topa buscar saídas para nossa economia?
Pouca gente
ficou sabendo, a imprensa não repercutiu. Mas é preciso dizê-lo: a mineração
assassinou mais uma vida em Brumadinho. Não importa Mariana! Não importa as
quase 300 vidas ceifadas pela VALE! Não importa nada! O capitalismo tem pressa,
quer lucros cada vez maiores e, para as empresas, grandes como a VALE, ou
menores como a Mineral do Brasil, não importa a vida, importa o dinheiro. Estão
pouco se lixando para a segurança dos trabalhadores! Quando matam, colocam a
culpa em um terceiro. É compreensível, esse é o papel delas, se instituíram
como empresas para lucrarem a qualquer custo, mesmo à custa do sofrimento de
pais, mães, filhos, amigos. Mesmo cometendo assassinatos: o capitalismo não tem
coração, tem uma calculadora. Mas... e o nosso papel?
Vamos continuar
dependendo economicamente da mineração? Vamos receber suas migalhas, como a
VALE sempre nos deu, e vamos dar em troca 300 vidas? Vamos deixar destruírem
nosso município, acabando com nossas águas e deixando nossa população morrendo
de sede? Vamos deixar que matem nossos rios, o Ribeirão e o Paraopeba? Elas vão
ficar com o lucro exorbitante e nós com a poeira, as doenças, a sujeira – em
todos os sentidos – a chantagem, e os cadáveres para enterrar pedaços?
Reinaldo Fernandes
Editor
|
Edição 222 – Agosto 2019
Mineração mata mais um
Insegurança total, brincadeira de péssimo gosto com
a vida dos trabalhadores: veículo não tinha freio; motorista de
24 anos trabalhava para uma empresa terceirizada da mineradora Mineral do
Brasil; Bruno Henrique sentia que podia morrer
Mais
um assassinato foi cometido por uma mineração em Brumadinho. Desta vez, a
Mineral do Brasil. Um jovem motorista de 24 anos foi
assassinado na manhã do dia 6 de agosto, vítima da irresponsabilidade da
mineradora Mineral do Brasil. A Mineral do Brasil permitiu que um caminhão, sem
nenhuma condição de segurança foi dirigido por um jovem de 24 anos. O
capotamento do caminhão que ele dirigia, trabalhando para a Mineral do Brasil,
ceifou sua vida no seu auge, na melhor idade, em plena juventude. O crime
aconteceu enquanto o trabalhador transportava uma carga de minério. E, o pior:
o jovem sentia que podia morrer.
Bruno Henrique do Amaral Silva dirigia o
veículo que ficou com as rodas para cima depois de descer desgovernado uma
ribanceira. Ele trabalhava em uma transportadora que presta serviços para a
mineradora Mineral do Brasil. O jovem trabalhava na mina há apenas 30 dias.
Bruno
gravou áudio em que sentia que poderia morrer
No dia 26 de agosto, a reportagem do de
fato teve acesso a áudios gravados por Bruno meia hora antes dele morrer. Nos
áudios, ele reclamava do caminhão e demonstrava medo de morrer. Momentos antes
de morrer, o jovem trabalhador gravou áudios para “Rodrigo”, suposto
proprietário do caminhão, em que ele dizia:
“Eu vou descer devagarzinho aqui, num vô
nem correr nesse caminhão, não! Esse trem vai acabar fudeno eu!”
No áudio seguinte, Bruno reclama que o
caminhão está muito “avacalhado”, não tem freio e demonstra seu medo de morrer:
“O motor dele tá ruim, até nas reduzidas
aqui ele num segura, Rodrigo. Tá muito ruim, esse caminhão tá muito vacaiado!
Ah, não! Eu vou ficar sem trabalhar mas vou entregar esse caminhão, num dá pra
trabalhar do jeito que ele está aqui, não! Esse caminhão tá muito judiado. Esse
trem acaba matando a gente, ainda! Caminhão tem que ter freio! Tendo freio dá
pra trabalhar, entendeu? Mas, agora, se não tem nem isso fica difícil, né?”
No terceiro áudio gravado para “Rodrigo”, o
motorista explica que teve que fazer uma manobra porque o caminhão não quis
parar:
“{ininteligível} agora tive que entrar pro
lado de BH, pro lado do radar, uai! Que... que o caminhão perdeu o freio,
uai... perdeu, não, não quis parar. Como é que entra ali? Tinha carro vindo...
vai pro lado de lá!” [Nota da redação: mantivemos os textos da forma que foram
produzidos]
Minutos depois, Bruno Henrique estava
debaixo do caminhão, quando lhe era roubada sua vida de apenas 24 anos.
Mineradora Mineral do Brasil acha que não
tem culpa nenhuma no assassinato
No momento do acidente, o ajudante Kelvin
Pereira da Silva, de 22 anos, também estava no caminhão. O homem teve um corte
no supercílio e foi levado para uma unidade de saúde.
De acordo com a família da vítima, Bruno
Henrique sofreu uma lesão no abdômen e teve hemorragia interna. O rapaz foi
levado de helicóptero para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, mas não
resistiu aos ferimentos.
O trabalhador foi enterrado em Mário
Campos, onde a família vive.
A Mineral do Brasil não quis comentar o
caso. Segundo a mineradora, a responsabilidade sobre os funcionários era da
empresa prestadora de serviços, Jomar, segundo informações do portal R7.
Edição 222 – Agosto 2019
Titãs em Brumadinho
O Inhotim
recebeu, na tarde do dia 25 de agosto, grande show da banda Titãs. Pagando
apenas meia entrada para assistir à apresentação, os brumadinenses não perderam
tempo e foram em peso ao parque. Por toda parte era possível ver alguém de
Brumadinho curtindo rock do Titãs.
Com 34 anos de
carreira e um “repertório de qualidade inesgotável”, como apontam os críticos,
os Titãs fizeram um show intimista em formato acústico, em comemoração aos mais
de 20 anos do clássico Titãs Acústico MTV. Lançado em 1997, o projeto foi um
fenômeno que vendeu mais de 2 milhões de cópias e ganhou discos de ouro,
platina e diamante.
Em Inhotim,
Titãs - Trio Acústico trouxe Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto, munidos
de violões, piano, guitarra acústica e contrabaixo. No palco, montado ao Aldo
da obra Magic Square, recriaram
canções do Acústico MTV, acrescentando outras pérolas do repertório, como
“Epitáfio”, “Isso”, “Enquanto Houver Sol”, “Porque Eu Sei Que é Amor” e “Toda
Cor”. O espetáculo, dirigido por Otávio Juliano, contou, em algumas canções,
com as participações especiais de Mário Fabre e Beto Lee, dois jovens
integrantes da banda.
De pé
Como era
previsível, os velhos Titãs não resistiram a ficarem sentados o tempo todo.
Acústico à parte, houve aquele momento em que convidaram o público a ficar de
pé e a dançar, claro. O palco foi divido, ora com um Titã, ora outro. E sempre
contando as histórias da criação das canções. No hora de Cabeça Dinossauro, não
houve quem não desse boas risadas. Formada com três versos que se repetem [Cabeça
dinossauro, Pança de mamute/Espírito de porco], e com apenas eles, melhor do
que a música e letra é sua história, de autoria de nada menos do que três
autores, criada numa manhã de ressaca pós um show nos cafundós do Juda.
Edição 222 – Agosto 2019
Da política para a polícia
Doze dos 13
vereadores estão respondendo a Inquérito Policial; Polícia civil investiga uso
ilegal dos veículos da Câmara Municipal
Os veículos da
Câmara Municipal deveriam ser usados apenas para o trabalho parlamentar. É o
determina a legislação, incluída a Constituição Brasileira, no seu capítulo 37.
No entanto, não é isso que acontece. Historicamente, a maioria dos vereadores –
quase todos, na verdade – utilizam os veículos ilegalmente. E ainda defendem a
prática ilegal como necessária “para ajudar a população”. O que fazem, a bem da
verdade, é politicagem e compra de votos com bens públicos. Agora, o caso foi
parar na Delegacia de Polícia Civil.
Desde o início
do mês de agosto, conforme uma fonte da Câmara Municipal, as intimações para ir
à Delegacia de Polícia depor não param de chegar à Câmara Municipal.
Farra ampla
Hideraldo
Santana (PSC) é o único vereador que não foi chamado a depor. No entanto, ainda
pode responder a processo por outro crime, o de prevaricação.
O termo prevaricação vem
do latim "praevaricare" e significa faltar com os deveres do cargo.
Segundo o art. 319 do CP (Código Penal brasileiro), incorre nesse crime quem
“Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo
contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal.” Nesse caso, o “interesse pessoal” de Hideraldo seria o de não se
indispor com os colegas. Para denunciar um colega vereador são necessárias
coragem e conduta bastante correta.
É difícil para um vereador
denunciar os colegas porque eles podem persegui-lo em seguida, como aconteceu
com Flávio Flecha (PTC), agora acusado de praticar o crime de “rachadinha”. Foi
o que aconteceu, por exemplo, com o ex-vereador Reinaldo Fernandes (PT). Depois
de se indispor com os vereadores que tinham trocado o horário da reunião do
Plenário para impedir a participação popular, o vereador sofreu um processo de
cassação de seu mandato, em 2015. No entanto, o processo foi arquivado porque
não tinha sentido: tratou-se de uma tentativa de eliminar uma voz discordante
do meio dos vereadores.
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Sete meses dos assassinatos da VALE
Celebração no Trevo / Monumento lembrou os 8 meses dos assassinatos cometidos pela VALE (foto: reinaldo fernandes / jornal de fato) |
No Trevo /
Monumento, o ato seguiu ritual parecido com os atos dos meses anteriores: foi
cantada a música “Brumas de Brumadinho”, de autoria do Bispo Auxiliar Dom
Vicente, aconteceu a leitura de todos os nomes das pessoas assassinadas e dos
22 ainda não encontrados; o minuto de silêncio; balões brancos foram elevados
aos céus pelos familiares; fala de autoridades religiosas; agradecimentos
(Deputado Estadual André Quintão, Presidente da CPI de Brumadinho na ALMG; à
banda São Sebastião; ao Joceli Andrioli, da Coordenação Nacional do MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens
-; ao cantor Rafael, que, mais uma vez, emocionou a todos com sua bela música).
Houve também homenagem a Dom Vicente e a lideranças das famílias, como Josiane
Melo, a Jôsi; Andreza e Jojô, que ainda tem familiar desaparecido. Durante as
palmas em homenagens aos assassinados, a Polícia Militar disparou as sirenes
das viaturas, fazendo coro.
População tem consciência de que se tratou de crime, e não tragédia(foto: reinaldo fernandes / jornal de fato) |
A vereadora de
Mário Campos e mãe de um jovem filho assassinado conduziu o ato e não poupou
críticas à VALE. “A VALE sabia, teve a intenção de matar, sim”, denunciou.
“Cada pessoa representa um cifrão, dinheiro para a VALE. Estamos aqui para
dizer para o mundo inteiro que nunca esqueceremos o que aconteceu. O dinheiro
não está acima da vida, nós não nos esqueceremos, não nos calaremos, nos
queremos justiça, não queremos que este crime fique impune e para que o que
aconteceu conosco não aconteça a mais ninguém”, disse Andreza.
Segundo a
vereadora, “a VALE esconde a realidade, faz um treinamento mentiroso”. E
lembrou que “As mães da praça de maio”, da Argentina, também choraram com as
mães de Brumadinho.
Andreza pediu
aos presentes que não abandonem as famílias, e pediu que no próximo mês, cada
pessoa que estava ali levasse “mais um”.
“Não aceitamos
outro resultado, queremos todos os 22 encontrados. Queremos um memorial lá
[referindo-se à mina de Córrego do Feijão] para que possamos levar nossas
flores, lembrar os crimes que marcaram a vida das cidades para sempre”, ainda
disse ela.
Associação dos
Familiares das Vítimas dos Crimes de Brumadinho
Durante o ato foram apresentados ao público os membros da diretoria da AVABRUM - Associação dos Familiares das Vítimas dos Crimes de Brumadinho(foto: reinaldo fernandes / jornal de fato) |
O ato terminou
com o pedido de Andreza: “No próximo dia 25, nos encontramos aqui novamente.”
Faixa
“Eu acho um
abuso colocar uma faixa neste local. Uma vergonha, uma falta de respeito de
quem a colocou. Deveriam respeitar o local onde há mães chorando por seu
filhos.” A opinião é de Malvina Nunes, moradora de Tejuco, que perdeu um filho
assassinado pela VALE. A faixa é de uma propaganda comercial de uma empresa de
revenda de automóveis de Betim, e foi colocada bem no Monumento.
No dia 4 de setembro a faixa foi retirada.
Edição 222 – Agosto 2019
A Arte Abraça Brumadinho e o maestro João Carlos Martins
Concerto da Gratidão reuniu
artistas de Minas e de Brumadinho em evento emocionante do projeto A Arte
Abraça Brumadinho, da FDC
O Maestro João Carlos, que encantou a todos com sua história e simpatia (foto: reinaldo fernandes / jornal de fato) |
O Concerto se
insere no projeto A Arte Abraça Brumadinho, da Fundação Dom Cabral e levou
centenas de pessoas ao Estacionamento Público de Brumadinho.
O objetivo do evento é celebrar a solidariedade das muitas pessoas que
se dedicaram à cidade atingida pelo rompimento da barragem da Mina do Córrego
do Feijão. A tragédia contabilizava, até o dia 31, 272 mortos, 21 ainda
desaparecidos. Além de agradecer aos que trabalharam pelas vítimas da tragédia,
o evento também deve homenagear o Corpo de Bombeiros, que está comemorando 108
anos.
Sanráh e grandes
artistas nacionais
Enquanto o show
não começava, o telão mostrava vários vídeos, entre eles um com a gravação da
música ‘Esperança
e o Amor’. A canção é do artista valadarense Marcos Aranha do Brasil, em
homenagem às vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho (MG). Marcos
Aranha é cantor, compositor, produtor e instrumentista.
A música foi gravada por um grupo de
artistas da MPB como a fantástica Zizi Possi, Leila Pinheiro, Flávio Venturini,
Zélia Duncan, Marcus Viana e resultou no clipe ‘A Arte Abraça
Brumadinho’, que fala da capacidade das pessoas superarem tragédias por meio do
amor e da arte. A gravação contou ainda com a participação dos artistas Sanráh
Ângelo, Paula Santoro, Sérgio Pererê, Orquestra Maré do Amanhã e crianças da
cidade de Brumadinho, do Projeto Batucabrum.
A composição é fruto da amizade de Marcos
Aranha com o também cantor e compositor Sanráh Ângelo, parceiro na autoria da
canção.
Mais tarde, Sanráh,
acompanhado da Orquestra Jovem, tocou e cantou a linda música, emocionando os
presentes.
O vídeo foi
seguido da declamação de um poema por, nada mais, nada menos, Letícia Sabatella,
atriz que nunca foge à luta do povo brasileiro.
Ator e pianista
Davi Campolongo
Anunciado pela apresentadora do evento, a
repórter Luciana Mucci, a primeira apresentação musical foi
do ator e pianista Davi Campolongo. Simpaticíssimo, o garoto encantou com seu
talento. Davi Campolongo pouco sabia de piano quando foi selecionado para viver
o maestro e pianista João Carlos Martins no longa João, o maestro. Na época, o
menino acabara de completar 10 anos e já havia feito algumas aulas de piano
popular quando foi escolhido entre 50 atores mirins para viver o personagem nos
minutos iniciais do filme. Decidiu então aprender a tocar de verdade. E
surpreendeu todo mundo, da equipe do filme ao próprio maestro, que acabou por
supervisionar a educação musical do garoto: indicou uma professora, incentivou
e levou Davi para o palco.
Juntos, o
maestro à frente da Bachianas Filarmônica SESI São Paulo e Davi ao piano, eles
já tocaram no Theatro Municipal de São Paulo. Davi foi o solista do Concerto nº
27, de Wolfgang Amadeus Mozart, e tocou peças de Johann Sebastian Bach. Também
fez participações especiais em concertos do Martins na sala São Paulo e no
Teatro Villa Lobos. E ganhou do maestro elogios preciosos: “Ele vai ser o
substituto de Nelson Freire, do Arthur Moreira Lima e de mim mesmo. Pode
escrever.”
No palco de
Brumadinho, Davi executou “Impromptus Op. 90 Nº 2”, de Franz Shubert.
Banda Sinfônica
do Corpo de Bombeiros Militar de MG e Orquestra Jovem
A Banda
Sinfônica do Corpo de Bombeiros Militar de MG foi regida pelos regentes Tem.
Samuel Rogério Alves Antunes e Tem. Marcos Eustáquio da Silva. De início, a
maravilhosa “Heal the Word”, de Michael Jackson, seguida de “Baião Barroco”
(Juarez Moreira), Suíte Mineira, dentre outras, com um pout-purri de “Bem te
vi”, “Clube da Esquina nº 2”, “Maria, Maria”; para fechar, sob a regência de
João Carlos Martins com “He Stats and Stripes Forever”.
A Orquestra
Jovem foi fundada em 1997 com o objetivo de trabalhar com jovens em
vulnerabilidade social. No evento, foi regida pelo maestro Renato Pedroso,
começou com The Avengers, seguida da belíssima “Bolero de Ravel”, para emendar
com “Suíte de Minas”, num pout-porri com Pátria Minas, Calix Bento, Desenredo
e, claro, Oh, Minas Gerais. A última foi
com Sanráh. Antes, outra música, Ave Maria, com Davi Campolongo.
Maestro João Carlos Martins: talento e
superação
Maestro João Carlos (foto: fernando mucci) |
Foi esse
artista, tocando com apenas 2 dedos polegares que tocou a “Ária na 4ª corda”,
de Bach, junto com a Orquestra Jovem. Fez depois “Cine Paradiso”, tributo a
Ennio Morricone e terminou regendo a Orquestra Jovem em “Jesus, alegria dos
homens” (Bach). Ao final, bastante emocionado, pediu para que fossem colocados
três suportes em sua mão e executou o Hino Nacional Brasileiro e terminou
regendo as palmas do encantado público.
Homenagens com
flores
Todos os
artistas e os homenageados receberam flores entregues pelas mãos das crianças
do Projeto Batucabrum em agradecimento à participação no Concerto da Gratidão.
Depoimentos
O Concerto da
Gratidão foi marcado, também, por depoimento de sobrevivente dos crimes da
VALE, membros do Corpo de Bombeiros, parentes de vítimas e de Dom Vicente,
bispo-auxiliar morando em Brumadinho desde o fatídico dia 25 de janeiro.
Josiana, que
ainda tem parente desaparecido, dividiu o vídeo com Josiane Melo, a Jôsi, que
falou do crime e o bombeiro Cel. Passos.
Outro vídeo mostrava
sobrevivente Thalita e seu salvador, um subtenente dos Bombeiros.
O poeta e
artista plástico Sebastião, o que estava na camionete e escapou milagrosamente
lembrou que o minério era um "Ouro negro que sai manchado de
vermelho". Dividiu o vídeo com o bombeiro Ten. Rocha.
Ainda houve
depoimentos do Cel. Robespierre e Dom Vicente. Dom Vicente, que recentemente
esteve na Argentina com As Mães da Praça de Maio lembrou que há 42 anos aquelas
senhoras procuram o corpo de seus filhos assassinados pela Ditadura Militar
argentina. E questionou: “Por que tem que haver crimes?”. O religioso lembrou a
morte dos 272, a morte do Rio Paraopeba e falou da cruz que o Papa Francisco
enviou para os brumadinenses.
Já o Cel.
Robespierre, do Corpo de Bombeiros, terminou o Concerto da Gratidão da melhor
maneira que ele poderia terminar: com uma promessa, um compromisso com os
familiares que ainda hoje sofre mais dos que todos os outros, os que ainda não
puderam se despedir de seus entes queridos. O Cel. Robespierre garantiu aos
brumadinenses: "Vamos atrás dos 21 e vamos encontrá-los".
Edição 222 – Agosto 2019
Só Rindo
Tempos de bolsonaro
Meu
patrão falou que vou trabalhar 18 horas seguidas no Natal e no Ano Novo.
Mas o que
que é isso? ESCRAVIDÃO?
Não! Liberdade
Econômica!
Na Biblioteca
Um
homem entra na biblioteca e pergunta à bibliotecária:
-
Pode ajudar-me a encontrar um livro?
-
Diga-me o titulo do livro, por favor.
-
Homens: o sexo forte!
- A ficção cientifica é no piso de baixo!
Conversinha
O que um botijão
falou para o outro, em cima do caminhão?
Vamos vazar!
Tirada
O que uma nuvem
falou para a outra?
Nuvem que não tem!
Rolou uma química!
O que o carbono
disse quando foi preso?
Eu tenho direito a quatro ligações!
O preço do parto
Às
vésperas do nascimento do primeiro filho, o marido tenta negociar com o médico
os honorários do parto.
___ São
cinco mil reais!, sentencia o médico.
___ Cinco
mil? Você está maluco?
___ São quinhentos para o anestesista,
quinhentos para a enfermeira e quatro mil para a AMB.
___
Quatro mil para a Associação Médica Brasileira?
___ Não!
Quatro mil Ao Meu Bolso!
Enganando as pessoas
Depois de
voltar de uma pelada, Manuel conversa com os amigos da padaria:
___ Ora
pois, o jogo foi bem catimbado! Quando fui cobrar o pênalti o goleiro me
provocou dizendo: “Chuta do lado direito que eu pego, chuta o lado esquerdo que
eu pego, chuta no meio que eu pego!”
___ E
então, o que você fez?, perguntou um dos amigos.
___ Ah,
eu enganei ele... chutei para fora!
Homem invisível
Aí, na
quarta feira de cinzas os amigos comentaram que não o viram no carnaval. A
explicação veio na ponta da língua:
___ É que
me fantasiei de homem invisível.
Edição 222 – Agosto 2019
Opinião
Brumadinho:
uma cidade graciosa
Izadora Maria
Jardim Miranda*
Você é de
Brumadinho? Como é viver lá? É o que sempre me perguntam quando digo de onde
venho. Depois da enorme tragédia deixada pelo minério de ferro no rompimento da
barragem da Vale a reação das pessoas é quase sempre de pena, tristeza e até
estranhamento, mas o que eu sempre digo é que a minha cidade é muito mais do
que uma notícia ruim.
Brumadinho apesar
de ser uma cidade pequena é cheia de pessoas e lugares maravilhosos que guardam
grandes histórias. Logo na entrada, temos a visão de uma sequência de imagens
das belezas da cidade cravadas em pedaços de madeira.
Caminhando mais
um pouco, temos a famosa ponte do Rio Paraopeba que é um dos símbolos mais
marcantes da cidade. Se antes esse rio corria de forma tranquila, hoje isso não
acontece mais. Onde podíamos encontrar pessoas andando tranquilamente e até
mesmo pescadores em momento de lazer, agora temos um rio morto, que corre
lentamente carregando toda a tristeza trazida pela lama. Nas grades que
protegem a ponte estão amarradas fitas para homenagear as vítimas da tragédia.
É impossível passar por ali e não se sentir emocionado!
Não podemos
esquecer-nos do coração de Brumadinho: a igreja matriz, com sua beleza
exuberante, suas enormes escadarias e o portão velho que já precisa de uma nova
pintura. Lá é o lugar onde as pessoas se unem em oração pela cidade e por todas
as vítimas dessa tragédia, uma demonstração de fé e religiosidade do nosso
povo.
Alem de todas
essas belezas, existem outros pontos turísticos em Brumadinho: natureza
exuberante, o Inhotim, igrejas históricas, restaurantes, serras e acima de tudo
um povo acolhedor. A cidade já não é tão alegre como antes, e em cada esquina
ou rosto podemos perceber um pouco da tristeza deixada pela lama, mas,
percebemos também que a esperança é capaz de superar a tristeza e, nós
moradores de Brumadinho formamos uma grande família.
*Izadora Maria
Jardim Miranda é aluna do 8º ano 6 da Escola Municipal Padre Machado
Edição 222 – Agosto 2019
Opinião
Amazônia
agonizando
Augusto Lima da Silveira e Rodrigo Berté*
Amazônia agonizando e cadê a grande mídia? Uma sucessão de incêndios em
florestas e reservas por todo o estado de Rondônia tem causado mortes, perdas e
mudanças na rotina da população. Com queimadas se estendendo por vários dias, a
fumaça mergulhou até a capital, Porto Velho, em uma nuvem interminável,
enquanto um rastro de cinzas e animais mortos é deixado pelo fogo que continua
a se alastrar e a gestão do estado permanece inerte.
Em momento algum este artigo quer achar culpados, mas chamar a atenção
para um importante debate: qual o Brasil que queremos para a atual e a futura
geração? Será que a ganância de alguns que querem lucrar a qualquer custo,
desmatando e promovendo queimadas para ampliar suas áreas para o agronegócio,
pode ser maior do que a necessidade de respirar um bom ar, ter uma boa água
para beber e consumir alimentos saudáveis? São perguntas que não podem nos
calar.
Sabemos que a inércia no processo de gestão nos estados da federação
ainda é alarmante. Muitos cargos políticos em comissão, sem a avaliação do
critério técnico para a escolha, o que dificulta os processos de gestão. É
lamentável que não tenhamos um bom plano de contingência para períodos de seca
em determinadas regiões onde as queimadas são ocasionadas por incêndio
criminoso com objetivo de abrir lavouras para pastagem e cultivo posterior de
soja.
Lamenta-se que o Estado brasileiro esteja na inércia, e não deixemos nos
olvidar se este cenário ainda continuará nos próximos anos. Deveria haver uma
ação cooperada entre os estados e a União no combate a essa grave crise
ambiental, deixando de lado as siglas partidárias e os interesses para caminharmos
em direção a uma solução. É disso que queremos falar. O Brasil que queremos
deverá cuidar do meio ambiente, proibir o uso dos recursos naturais que estão
se escasseando, combater a fome e a miséria, promover a educação de qualidade
(das séries iniciais até o ensino superior), incluir debates na educação sobre
sustentabilidade e finitude de recursos naturais, além de ensinar a prática de
uma boa gestão, que busca a cooperação local, regional e internacional.
O que temos que fazer agora? Travar uma batalha de combate ao
desperdício, resolver os problemas gerados pelas queimadas e melhorar o diálogo
entre as pessoas e o meio ambiente, ou seja, promover uma ruptura e instaurar
uma ética multidimensional.
*Augusto Lima da Silveira é Coordenador do Curso Superior de
Tecnologia em Saneamento Ambiental na modalidade EAD do Centro Universitário
Internacional Uninter
Rodrigo Berté é Diretor da Escola Superior de Saúde,
Biociências, Meio Ambiente e Humanidades do Centro Universitário Internacional
Uninter. É pós-doutor em Educação e Ciências Ambientais.
Dados
sobre a Amazônia
Em 1 ano, uma área do tamanho de 500 mil campos de
futebol foi destruída na Amazônia -- isso é quase meio BILHÃO de árvores dizimadas para sempre!
Capangas
entram em áreas protegidas e terras indígenas matando quem tentar defender a
floresta. Existem até
histórias de aviões despejando gasolina para começar incêndios gigantes. E as
ações do presidente bolsonaro podem ser a sentença de morte da Amazônia.
A floresta está longe da realidade da maioria, e por isso bolsonaro acha que ninguém se importa.
Defensores da Amazônia no Congresso querem ampliar as proteções da floresta e grupos indígenas estão pedindo ajuda internacional para aumentar a pressão e defender seu lar.
bolsonaro elogiou destruidores de florestas, bloqueou recursos de programas de conservação e ameaçou expulsar comunidades indígenas inteiras de suas terras.
A Amazônia respira e retém quantidades enormes de CO2 -- e,
sem isso, não há a menor chance de derrotar a crise climática. A Amazônia é,
também, responsável pelas chuvas em outros estados brasileiros: os chamados
“rios voadores” promovem chuvas nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste do
Brasil, onde se localiza Brumadinho.
Edição 222 – Agosto 2019
Polícia
investiga Flávio Flecha (PTC), suspeito de 'rachadinha'
Flávio Miranda Carvalho, o Flávio Flecha (PTC) é
suspeito de exigir parte dos salários de seus servidores para mantê-los no
cargo. Ele nega as acusações.
bolsonaro e Flávio Miranda: corrupção de quem foi eleito dizendo que ia combatê-la |
Um inquérito foi aberto para apurar a
denúncia contra Flávio Miranda Carvalho, o Flávio Flecha
(PTC).
De acordo com a Polícia, as investigações apontam que o vereador exigia
dinheiro de seus funcionários para mantê-los no cargo.
A polícia chegou a pedir a prisão do
vereador. Mas a requisição segue sob análise do Ministério Público de Minas
Gerais.
Em nota, o vereador Flávio Miranda Carvalho
disse que “está muito surpreso com a notícia desta suposta denúncia”. Ele não quis
se pronunciar sobre o assunto.
Cassação
No dia 1º de agosto, o vereador Cláudio Duarte (PSL), suspeito
de embolsar R$ 1 milhão no esquema conhecido como "rachadinha", se
tornou o primeiro a ter o mandato cassado na história de BH. Cláudio Duarte
ficou preso por 10 dias, em abril, na Penitenciária Nelson Hungria, em
Contagem. Atualmente, ele está sendo monitorado por uma tornozeleira
eletrônica.
A Polícia Civil indiciou o vereador e mais
sete assessores por peculato, obstrução de justiça e organização criminosa.
O MP também investiga o vereador Flávio dos Santos (Podemos) por
prática de “rachadinha”. Neste ano, ele já tinha sido alvo de um pedido de
cassação do mandato.
A ação foi proposta após vazamento de
áudios em que supostamente ele pede a realização de uma “vaquinha” para pagar
acordo com o Ministério Público de Minas Gerais.
Outro Flávio investigado pelo crime da
“rachadinha” é o Flávio Bolsonaro, filho do Presidente, apoiado por Flávio
Flecha de Brumadinho.
Edição 222 – Agosto 2019
Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS realiza palestra
de Educação Financeira
A Articulação
SOMOS TODOS ATINGIDOS realizou, no dia 5 de agosto, palestra de Educação
Financeira para os brumadinenses. A palestra aconteceu no Câmara Municipal e
contou com a participação de pouco mais de duas dezenas de pessoas. A palestra
foi ministrada por Ewerton Veloso, expert
sobre o tema, Mestre em Administração e coautor do livro ‘Educando Seu Bolso’. Ewerton
já tinha ministrado outra palestra sobre o assunto em Casa Branca. Os presentes
gostaram muito.
“Achei a
palestra superinteressante, já que com o dinheiro do pagamento emergencial da
Vale a população está usufruindo dele de forma indevida, ou seja, sem ter a
menor noção”, disse Clara Stelly Silveira Alves, 17 anos, aluna da E. E.
Paulina Aluotto Ferreira.
“A palestra
serviu para ajudar não só a nós que estávamos presentes no dia, mas também com
ela repassarmos para as pessoas que conhecemos. Eu sempre tive um pouco de
noção sobre o assunto, mas não com tanta informação como agora”, completou
Clara Stelly. Segundo a estudante, a palestra “foi de extrema importância” na
sua vida. “Assim posso compartilhar e usar as dicas que o Everton nos deu”,
concluiu.
Já na opinião da
professora Maria Celeste de Miranda, a palestra “muito interessante pois o
Everton nos contou sua própria história de superação. Aprendi muito e já estou
fazendo pelo segundo mês consecutivo as anotações sobre as despesas e receitas
da minha casa”.
A ideia de discutir
Educação Financeira surgiu depois de que foi anunciado o pagamento emergencial para
as famílias brumadinenses. “Quando falamos da ideia do curso numa reunião no
bairro José de Sales Barbosa [Residencial Bela Vista], as pessoas acharam muito
interessante, o que nos animou mais ainda”, diz Reinaldo Fernandes, membro da
Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS.
Dando
continuidade à discussão, a Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS, pretende, agora,
distribuir uma cartilha para a população com informações relevantes sobre o
tema, o que deve acontecer ainda em setembro.
Edição 222 – Agosto 2019
“moro e Dallagnol são bandidos”, afirma Lula
O ex-presidente
Lula afirmou, em mais uma entrevista concedida da carceragem da Polícia
Federal, em Curitiba, que vai provar que o Ministro da Justiça, sérgio moro, e
o chefe da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, são
bandidos.
Na entrevista,
concedida ao jornalista Bob Fernandes, exibida no canal dele no Youtube e
na TVE Bahia, disse ainda que só quer sair da prisão com "100% de inocência."
Ele respondeu
não saber quanto tempo ainda vai permanecer em Curitiba mas que não vai pedir
progressão de regime. "É daqui de dentro que eu quero provar que eles são
bandidos e eu não. É isso que eu quero provar."
Esta foi a
primeira vez que o ex-presidente falou após a decisão da juíza federal Carolina
Lebbos, responsável pela execução de sua pena, que autorizou a transferência
dele para São Paulo. No mesmo dia, o STF derrubou a decisão.
"Significou
(a decisão) a necessidade de se livrar do Lula antes que ele possa sair daqui.
Não conheço a juíza. Ela foi irresponsável. Espero que a sociedade esteja
vendo. Não quero ser tratado melhor do que ninguém."
"Eu quero
sair daqui com 100% de inocência.”
O ex-presidente
comentou que estava na prisão porque queria. Segundo ele, teve muita
oportunidade de sair do Brasil para não ser preso. "Eu quero sair daqui
com 100% de inocência. Estou aqui porque eu quero. Eu poderia ter saído do
Brasil. Tive muita oportunidade. Não quis sair porque o jeito de eu ajudar a
colocar bandido na cadeia é ficar aqui.".
Durante a
entrevista, ele comentou o caso mais recente da Vaza Jato, publicado pelo
BuzzFedd News em parceria com o The Intercept Brasil, em que aponta que Moro
instruiu, ainda quando juiz federal, os procuradores da Lava Jato a não
recolherem os celulares de Eduardo Cunha na véspera da prisão do ex-presidente
da Câmara dos Deputados.Visivelmente irritado, neste ponto, o ex-presidente,
batendo na mesa, destacou que a Polícia Federal foi na casa dos netos dele para
apreender um tablet.
"Ficaram um
ano com ele (o tablet) aqui preso. E não tiveram coragem de pegar o telefone de
Eduardo Cunha porque o Moro falou: 'não, não pega o telefone'. O que é que
tinha no telefone do Eduardo Cunha que o Moro não queria que ninguém soubesse?
Por que eles não aceitaram uma delação do Eduardo Cunha?", questionou.
Estados Unidos
por trás do Golpe de 2016
O petista falou
da influência dos EUA no Brasil. Para ele, a Lava Jato é orquestrada pelo
governo norte-americano. "Hoje, eu tenho clareza, Bob, que tudo que
está acontecendo aqui no Brasil da Lava Jato tem o dedo dos americanos. O
departamento de justiça americano manda mais no Moro do que a mulher
dele."
Posteriormente,
afirmou que a Lava Jato foi construída para entregar o petróleo brasileiro, as
refinarias e as distribuidoras. Sobre Deltan, o presidente afirmou que o CNMP
(Conselho Nacional do Ministério Público) deveria ter pedido a exoneração dele.
"O
Dallagnol não deveria nem existir porque ele não tem formação para isso. Ele
não tem tamanho para fazer o que está fazendo. É por isso que ele fez tanta
molecagem e tanta bandidagem", atacou.
bolsonaro
Lula classificou
o presidente jair bolsonaro (PSL) como um monstro e aproveitou para fustigar a
Globo ao afirmar que a emissora não teve coragem de lançar o apresentador
Luciano Huck à presidência da República. "O Bolsonaro foi um monstro que
surgiu, e não era isso que a Globo esperava, certamente. A Globo esperava
alguém do time deles. Como não tiveram coragem de lançar o Luciano Huck."
Ele criticou a
postura da empresa no caso dos vazamentos de mensagens obtidas pelo site The
Intercept Brasil, que expôs a atuação de moro e Deltan. "Até agora, pasme,
hoje é dia 14 [14/8], a Globo não teve a pachorra de publicar as coisas do
Intercept. É como se não existisse. Foram capazes de inventar um hacker em
Araraquara. Prenderam um hacker para dar vazão às mentiras do moro e não têm
coragem de prender o Queiroz", disse.
O ex-presidente
se referiu a Bolsonaro como um chefe de torcida organizada que fala para
fanáticos. "O bolsonaro está governando e falando para sua torcida
organizada. Para agradar os seus fanáticos, aqueles que não estão preocupados
com o Brasil."
Ele criticou a
forma como o presidente tratou a derrota nas prévias do presidente da Argentina
Mauricio Macri. "Ele teve a insensatez de falar de um parceiro estratégico
e ofender o povo argentino."
O petista
destacou que, ao sair da prisão, além de casar porque está apaixonado, vai para
a rua levantar a autoestima do povo brasileiro. "Se eles têm medo de mim,
arrumem outro jeito de me calar. Um homem de 74 anos, que já fez o que já fiz,
não vai se calar. Eu quero a minha inocência", disse.
Edição 222 – Agosto 2019
Juristas estrangeiros se dizem chocados e
defendem libertação de Lula
Manifesto
em defesa do petista inclui professora citada por Deltan como referência em
estudo contra corrupção
"Entre os signatários está Susan Rose-Ackerman, professora de
jurisprudência da Universidade de Yale, nos EUA. Ela é considerada uma das
maiores especialistas do mundo em combate à corrupção.
O procurador Deltan Dallagnol já recomendou entrevistas dela,
apresentando a professora em redes sociais como “maior especialista mundial em
corrupção e seu controle”.
O marido dela, Bruce Ackerman, também assina o documento. Ele foi
professor do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, em Yale. Os dois são amigos
há 30 anos."
Veja abaixo o artigo na íntegra e todos os signatários
Lula não foi julgado, foi vítima de uma
perseguição política
Nós, advogados, juristas, ex-ministros da Justiça e ex-membros de Cortes
Superiores de Justiça de vários países, queremos chamar à reflexão os juízes do
Supremo Tribunal Federal e, mais amplamente, a opinião pública do Brasil para
os graves vícios dos processos movidos contra Lula.
As recentes revelações do jornalista Glenn Greenwald e da equipe do site
de notícias The Intercept, em parceria com os jornais Folha de São Paulo e El
País, a revista Veja e outros veículos, estarreceram todos os profissionais do
Direito. Ficamos chocados ao ver como as regras fundamentais do devido processo
legal brasileiro foram violadas sem qualquer pudor. Num país onde a Justiça é a
mesma para todos, um juiz não pode ser simultaneamente juiz e parte num
processo.
Sérgio Moro não só conduziu o processo de forma parcial, como comandou a
acusação desde o início. Manipulou os mecanismos da delação premiada, orientou
o trabalho do Ministério Público, exigiu a substituição de uma procuradora com
a qual não estava satisfeito e dirigiu a estratégia de comunicação da acusação.
Além disso, colocou sob escuta telefônica os advogados de Lula e decidiu
não cumprir a decisão de um desembargador que ordenou a liberação de Lula,
violando assim a lei de forma grosseira.
Hoje, está claro que Lula não teve direito a um julgamento imparcial.
Ressalte-se que, segundo o próprio Sérgio Moro, ele foi condenado por
"fatos indeterminados". Um empresário cujo depoimento deu origem a
uma das condenações do ex-presidente chegou a admitir que foi forçado a
construir uma narrativa que incriminasse Lula, sob pressão dos procuradores. Na
verdade, Lula não foi julgado, foi e está sendo vítima de uma perseguição
política.
Por causa dessas práticas ilegais e imorais, a Justiça brasileira vive
atualmente uma grave crise de credibilidade dentro da comunidade jurídica
internacional.
É indispensável que os juízes do Supremo Tribunal Federal exerçam na
plenitude as suas funções e sejam os garantidores do respeito à Constituição.
Ao mesmo tempo, esperamos que as autoridades brasileiras tomem todas as
providências necessárias para identificar os responsáveis por estes gravíssimos
desvios de procedimento.
A luta contra a corrupção é hoje um assunto essencial para todos os
cidadãos do mundo, assim como a defesa da democracia. No entanto, no caso de
Lula, não só a Justiça foi instrumentalizada para fins políticos como o Estado
de Direito foi claramente desrespeitado, a fim de eliminar o ex-presidente da
disputa política.
Não há Estado de Direito sem respeito ao devido processo legal. E não há
respeito ao devido processo legal quando um juiz não é imparcial, mas atua como
chefe da acusação. Para que o Judiciário brasileiro restaure sua credibilidade,
o Supremo Tribunal Federal tem o dever de libertar Lula e anular essas
condenações.
Lista de Signatários
Bruce Ackerman, professor Sterling de direito e ciência política,
Universidade Yale
John Ackerman, professor de direito e ciência política, Universidade
Nacional Autônoma do México
Susan Rose-Ackerman, professora emérita Henry R. Luce de jurisprudência,
Escola de direito da Universidade Yale
Alfredo Beltrán, ex-presidente da Corte Constitucional da Colômbia
William Bourdon, advogado inscrito na ordem de Paris
Pablo Cáceres, ex-presidente da Suprema Corte de Justiça da Colômbia
Alberto Costa, Advogado, ex-ministro da Justiça de Portugal
Herta Daubler-Gmelin, advogada, ex-ministra da Justiça da Alemanha
Luigi Ferrajoli, professor emérito de direito, Universidade Roma
Três
Baltasar Garzón, advogado inscrito na ordem de Madri
António Marinho e Pinto, advogado, antigo bastonário (presidente) da
ordem dos advogados portugueses
Christophe Marchand, advogado inscrito na ordem de Bruxelas
Jean-Pierre Mignard, advogado inscrito na ordem de Paris
Eduardo Montealegre, ex-presidente da Corte Constitucional da Colômbia
Philippe Texier, ex-juiz, Conselheiro honorário da Corte de Cassassão da
França, ex-presidente do Conselho econômico e social das Nações Unidas
Diego Valadés, ex-juiz da Corte Suprema de Justiça do México, ex-procurador-geral
da República
Gustavo Zafra, ex-juiz ad hoc da Corte Interamericana de Direitos
Humanos
Edição 222 – Agosto 2019
Curtas
Carta
ao presidente
Carta aberta ao Presidente da República, assinada por dezenas
de organizações, manifesta profunda indignação com a falaciosa e
gravíssima declaração proferida pelo chefe do Executivo Federal em que ele insinua,
sem quaisquer provas, que organizações não governamentais poderiam ser
responsáveis pelas queimadas em curso na Amazônia como forma de denunciar o
governo em âmbito internacional. Áudios vazados mostraram que 70
fazendeiros combinavam como fazer as queimadas criminosas.
Projeto
Palco Brumadinho apresenta Thibana, André Luis e Negro por Negro
O primeiro dia de apresentações do Projeto Palco
Brumadinho, que acontece em Inhotim, aconteceu em 10 de agosto. Subiram ao
palco o cantor Thibana, o instrumentista André Luis e o Grupo Afro de canto
e dança Negro por Negro.
O Palco Brumadinho contará com mais cinco dias de
apresentações, um por mês, até janeiro de 2020. A proposta é reunir cantores,
compositores e grupos tradicionais da cidade em shows realizados em áreas
icônicas do Instituto: a centenária árvore Tamboril, o Magic Square de Hélio
Oiticica e o Centro de Educação e Cultura Burle Marx. O próximo evento acontece
no dia 19 de setembro.
Edição 222 – Agosto 2019
A estrutura pertencente à
Emicon está abandonada há mais de dez anos e, sem laudos atuais, não é possível
garantir que ela é segura
Quatro famílias residentes
na comunidade do Quéias, em Brumadinho
foram retiradas de suas casas nos últimos dias. Uma das famílias recusou-se a
sair. São nove residências na área rural atingida em caso de rompimento da
barragem, mas moradores de
quatro delas só as visitam esporadicamente.
Cerca de 20 pessoas que ali viviam corriam risco
de serem soterradas por rejeitos em caso de rompimento da barragem B1-A da
Emicon. A estrutura
está abandonada há mais de dez anos e, sem laudos atuais, órgãos responsáveis
não podem garantir sua estabilidade.
A determinação que garantiu a retirada das
pessoas que vivem na zona rural próxima à estrutura foi publicada por Rodrigo
Heleno Chaves, magistrado à frente da Vara Criminal de Brumadinho,
no dia 12 de agosto, mas foi anulada por um desembargador do Tribunal de
Justiça de MG, segundo informou ao Jornal de fato o Chefe da Defesa Civil de
Brumadinho, Lucas Lara. No entanto, segundo Lara, o MP recorreu
da decisão e, no dia 23 de agosto, o Tribunal refez a decisão, valendo o que
tinha sido decidido em Brumadinho, ou seja, a desocupação da área.
Em sua decisão, o Juiz de Brumadinho
definiu que as empresa responsável pela barragem precisa apontar qual a atual
situação da barragem e apresentar planos de segurança para o
empreendimento.
A barragem de rejeitos de minério foi
construída à jusante, um método considerado mais seguro que o da barragem do
Córrego do Feijão, da Vale, que assassinou quase 300 pessoas em 25 de
janeiro.
Situação
Se a barragem B1-A entrar em colapso, o mar
de rejeitos poderá interditar a rodovia Fernão Dias e prejudicar
consideravelmente o abastecimento de água na região metropolitana
de Belo Horizonte. Em caso de rompimento, a lama pode atingir a represa da
COPASA (Sistema Rio Manso), responsável por fornecer água para um terço da
população da capital mineira.
Edição 222 – Agosto 2019
Projeto
cria Dia Estadual da Visibilidade Lésbica
Proposta
prevê o dia 29 de agosto para marcar o dia e defende “o direito de existir”
A
deputada Beatriz Cerqueira apresentou o Projeto de Lei 1061/2019 que cria o Dia
Estadual da Visibilidade Lésbica para ser comemorado anualmente em Minas
Gerais, no dia 29 de agosto.
A
proposição contrapõe o histórico apagamento sofrido por mulheres lésbicas,
perpetuado pelo machismo e patriarcado estrutural presente na cultura e na
institucionalidade do Brasil.
A
deputada ressalta que as mulheres lésbicas são alvo da violência simbólica,
verbal, psicológica, física e econômica em diferentes espaços: na família, na
rua, nas escolas, nos hospitais e no trabalho. “Essa opressão imposta
pela sociedade patriarcal causa muito sofrimento, podendo gerar a negação da
própria afetividade, o afastamento de familiares, a evasão escolar, a
construção de uma vida dupla e, em alguns casos, o suicídio,” destaca.
Na
avaliação da deputada Beatriz Cerqueira, o apagamento lésbico é resultado e
fonte geradora da lesbofobia que leva a diferentes formas de violência.
Dados
oficiais confirmam essa realidade: O assassinato de mulheres lésbicas cresceu
237% no Brasil, entre 2014 e 2017, segundo o Dossiê Lesbocídio de 2017.
A Arte Abraça Brumadinho
Galeria de fotos - reinaldo fernandes / Jornal de fato
A Arte Abraça Brumadinho
Galeria de fotos - reinaldo fernandes / Jornal de fato
Balões lembram os assassinados pela VALE
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