Edição 225 – Novembro 2019
Editorial
Esse
tal de MAB...
Não
sei se vocês perceberam mas as eleições já começaram em Brumadinho. E qual
seria a bandeira para atrair os votos da população? Resposta: o Pagamento
Emergencial da VALE. Primeiro, porque está fácil bater na VALE e todos estão
criticando: até mesmo aqueles que não a fiscalizaram e contribuíram para que
ela matasse quase 300 pessoas ou aqueles que a tinham quase como uma deusa aqui
em Brumadinho. Segundo porque o Emergencial é desejado por todos, pelos pobres,
pelos ricos, pela classe média do Município, pelos miseráveis e pelos
milionários desta cidade de orçamento de 380 milhões para 2020.
Qual a
consequência entre eleições 2020 e Emergencial? Resposta: agora, todo mundo
quer ser pai do Emergencial. Começou pelo prefeito: ele, que não tinha
participado sequer como ouvinte das Audiências na Justiça, de nenhuma delas,
inclusive a que instituiu o Emergencial, agora quer fazer parecer que essa é
uma vitória dele. No entanto, ele não consegue esconder o caráter eleitoreiro:
em vídeo circulado no whatsapp, o prefeito disse claramente para os de fora
transferirem seus títulos de eleitores para cá para receberem o auxílio; depois
defendeu o Emergencial apenas para os brumadinenses, como se todos os outros
atingidos ao longo do Paraopeba não fossem atingidos, como os agricultores, os
Sem Terra e os indígenas, com suas crianças e idosos.
Mas não é só o
prefeito que quer ser pai do Emergencial. Outros vários atores entram na
disputa. E ao entrarem na disputa, atacam os outros. E um dos mais atacados é o
MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens. Um misto de ciúme pelo trabalho
que o MAB desenvolve com a população, especialmente junto aos mais pobres; um
quê de xenofobia (medo dos que são de fora do Município) e, quiçá, um pouco de
inveja: com 30 anos de experiência de luta com atingidos por barragens, o MAB
consegue mobilizar a população de forma muito mais eficiente do que alguns
movimentos ou lideranças (ou que se acham lideranças) de Brumadinho. Muitos não
conseguem ser "protagonistas" da luta contra a VALE, mas reclamam dia
e noite da atuação do MAB, numa verdadeira cruzada fascista, bem ao gosto do
que anda acontecendo Brasil afora.
Mas... por que
esse tal de MAB incomoda tanto? Creio que no fundo, todos sabem. Vários grupos
surgiram logo no início dos assassinatos cometidos pela VALE, como a
Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS (surgida a partir da articulação da Frente
Brasil Popular de Brumadinho com diversas entidades como Sind-Ute, Sind-Saúde,
MAM, PT, Assentamento Pastorinhas, Arquidiocese de Belo Horizonte e MST), o Eu
Luto - Brumadinho Vive, e o Amigos de Brumadinho. No entanto, quem tinha
experiência na luta dos atingidos? Resposta: o MAB. Quando o MAB chegou em
Brumadinho, mais precisamente em Córrego do Feijão? Resposta: às duas horas da
tarde do dia 25 de janeiro, hora e meia depois do rompimento criminoso da
barragem da VALE. Onde estavam muitos que agora querem ser "pai" do
Emergencial? Uns, em Salvador - BA. Outros, não sei! Mas o MAB estava aqui!
Estava, desde as primeiras horas, oferecendo apoio aos atingidos.
Reinaldo Fernandes
Editor
|
O Pagamento
Emergencial não tem pai! Ou tem muitos. Mas, se tivesse um "pai", seu
nome seria MAB! Quem tinha acesso ao MP, desde Mariana? Resposta: o MAB. Quem
esteve presente em TODAS as Audiências na 6ª Vara? O MAB. Quem esteve à frente
de todas as assembleias com a população, na Câmara e na Quadra de Esportes,
explicando sobre o Emergencial? Resposta: a Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS,
formada, dentre outras entidades, pelo MAB. Alguém se lembra, só para registro,
da presença do Sr. Prefeito em alguma celebração do dia 25 de cada mês, junto às
famílias que perderam suas joias? O MAB esteve em TODAS! E até recebeu
homenagem das famílias!
Então, queridos conterrâneos, que tal deixar de
lado a vaidade, o ciúme, o ódio, e parar de atacar o MAB? Quem sabe o espírito
do Natal não nos ajude a fazer isso: tirar o ódio do coração? Se fôssemos um
pouco mais amorosos, estaríamos agradecendo ao MAB por todo trabalho
desenvolvido aqui no Município. E estaríamos, sabiamente, nos unindo a eles
para lutar contra nosso verdadeiro inimigo, inimigo de todos nós, a mineradora
assassina VALE.
Edição 225 – Novembro 2019
VALE
dirá, até o dia 15 de janeiro, se aceita Pagamento Emergencial de 100% para
todos os atingidos
Depois da manifestação do dia
13 de dezembro, no dia 18, a COMISSÃO DOS ATINGIDOS participou de uma reunião
com representação da VALE para discutir a Pauta de Reivindicações dos
Atingidos. Segundo comunicado da Comissão, “após grande manifestação ocorrida
no dia 02/12/2019, a COMISSÃO DOS ATINGIDOS conseguiu uma reunião com o MP em
BH para entrega da nossa Pauta de reivindicações à Vale”, sendo que a empresa
ficou “de dar uma resposta até o dia 19/12/2019”.
Essa reunião do dia 18 foi
mediada pela prefeitura e contou com atingidos, representantes da COMISSÃO DOS
ATINGIDOS, representação da Vale e o Prefeito Municipal. Na reunião “foram
ouvidos os pedidos de reparação a todo município e o pagamento do Auxílio
Emergencial integral, até que a cidade se recupere (em partes) do tamanho abalo
sofrido”, diz a nota da COMISSÃO DOS ATINGIDOS.
A respeito do pedido de
Pagamento Emergencial de 100% para todos os atingidos, ficou combinado que a
Vale dará uma resposta até 15/01/2020.
Edição 225 – Novembro 2019
Opinião
Expectativa
x realidade: há 22 anos surgia uma (falsa) aposta numa empresa mais ética
Por Fernando Bretas, em resposta à matéria
"Privatização e atuação mais agressiva" publicada pelo jornal Brasil
de Fato, na edição de 1 a 7 de novembro de 2019
No governo de Fernando Henrique Cardoso
aconteceu a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, em 1997. Neste ano o
governo anunciava a venda da CVRD, promovendo o discurso da eficiência e da
transparência. Já as instituições que defendiam a Vale estatal afirmavam a sua
posição estratégica como empresa pública mais ética, ou pelo menos mais atenta
às questões sociais e vinculada a um projeto de Brasil potência. Infelizmente
ambas visões não encontram respaldo na realidade.
A Vale é produto de uma visão fascista,
consequência de um projeto de nação encaminhado pela ditadura Varguista de 37.
Nesse contexto nasce o município de Brumadinho, MG, criado em 1938, em plena
vigência do Estado Novo. As tomadas de
decisão durante sua criação não levou em consideração nenhum princípio histórico
ou afinidade cultural para definir os limites do município. O principal
critério para a definição dos limites do município foi a posição geográfica das
enormes jazidas de minério já mapeadas pela Itabira Steel Mining -
empreendimento do bilionário Farquat, desapropriado pelo então Estado
brasileiro. O DNA da exploração minerária no Brasil é truculento, violento e
autoritário.
A matéria Privatização e atuação mais agressiva, publicada pelo jornal Brasil
de Fato, na edição de 1 a 7 de novembro de 2019, dá a entender que isso se deu
pela ganância privatista após a privatização da Vale. Entretanto os fatos
desmentem essa versão. O massacre de Eldorado de Carajás, no Pará, foi induzido
e incentivado pela então Companhia Vale do Rio Doce, que pagou gratificação
extra a cada soldado e oficial que participou da operação desastrada. Esta
operação foi executada em abril de 2006, mais de um ano antes do processo de
privatização ser feito e em pleno exercício da democracia plena da liberdade de
imprensa. Até hoje, nenhum executor do massacre cumpriu pena e muito menos os
seus mandantes. A Vale compra sentenças, facilita ações armadas e controla
territórios através de organização de milícias privadas coordenadas por
militares da ativa e inativos das Polícias Militares e do Exército Brasileiro,
numa relação perigosa, promíscua e absolutamente obscura. Lugares como o Pará
no presente e Minas Gerais no início do século passado, são lugares de riquezas
fáceis, formadas na base da truculência e brutalidade, sempre em prejuízo das
populações autóctones e em privilégio dos aproveitadores de sempre.
Na reportagem principal, a matéria defende
a possibilidade de fazer uma indústria da mineração sob controle popular. Isso
é de uma falta completa de conexão com a realidade. Não existe esta
possibilidade e os fatos sob os quais estamos sofrendo todas essas violações de
direitos comprovam o que eu estou dizendo.
O processo capitalista de acumulação,
exclusão, superexploração do trabalho e a mais valia apropriada pelo capital,
que leva trabalhadores e as comunidades à miséria, não deixa de acontecer pelo
simples fato de haver controle social. Até porque o controle social pressupõe
alternância de poder e quem manda hoje pode obedecer amanhã. O que poderia
garantir a exploração menos predatória seria a fiscalização sob controle
popular e uma legislação exclusiva, reprimindo fortemente a depredação
ambiental e aplicação imediata e automática das penas.
Isso, infelizmente, sabemos que não
acontece. Não acontece nos governos conservadores como vemos através do
comportamento servil do governo Zema em relação ao dinheiro e poder da Vale. E
constatamos recentemente com muito pesar, que não acontece nos governos
progressistas (que seriam a esperança de termos algum controle social sobre os
mecanismos de liberação de licenças para exploração mineral). Vimos como se deu
o compadrio de personalidades importantes dos partidos de esquerda, inclusive
de lideranças do governo Pimentel, com as empresas minerárias e suas
representações institucionais para flexibilizar os controles e instaurar a
autofiscalização das barragens de rejeitos. Tudo com o objetivo de não
atrapalhar a ganância e, em troca, poder financiar seus projetos de poder.
Resumindo: não há a possibilidade de
existir exploração minerária eticamente aceitável pois a atividade econômica é
antiética por si só. Na medida em que ela destrói o meio ambiente, contamina
solo, água e ar, piora a qualidade de vida das comunidades e destrói suas
culturas e tradições. O conflito é inevitável e destruidor justo para aqueles
que o discurso da exploração minerária pretende proteger. A exploração
minerária se destaca como uma atividade colonialista e predatória que elimina a
vida, não só pelas questões sociais que ela abrange, mas também por causa do
conhecimento científico acumulado. Não há a possibilidade de convivência de
exploração de minério e conservação das nascentes e da qualidade da água numa
mesma região.
Finalmente está se aproximando o dia em que
teremos que fazer uma escolha definitiva: ou bem deixamos de explorar nossas
montanhas e restauramos nossa capacidade de vida e biodiversidade cuidando da
nossa água, ou assumimos nossa condição de colônia e transformamos nosso
território num deserto cheio de buracos e comunidades desesperadas pela fome e
pela sede.
Fernando
Bretas, 59, é Administrador de empresas, historiador, ambientalista e morador
de Casa Branca
Edição 225 – Novembro 2019
Grande manifestação histórica para Brumadinho obriga VALE a sentar
para negociar
Além do Pagamento Emergencial,
várias reivindicações entraram na pauta de reivindicações
Entrada e saída para BH e para a Mina Feijão foram fechadas por mais de 6 horas (foto: reinaldo fernandes / Jornal de fato) |
O Auxílio Emergencial pago pela mineradora VALE continuará
no próximo ano, até o mês de outubro, ou seja, por mais 10 meses. No entanto, a
VALE, que assassinou 300 pessoas, um rio inteiro além de milhares de vidas, quer
dificultar o acesso: nem todos receberão da forma que é hoje. Pelo acordo
aceito pela mineradora, apenas moradores da chamada “zona quente” continuarão
recebendo 100% (cem por cento) do valor atual. Os demais, quer a VALE, só
receberão metade.
(foto: reinaldo fernandes / Jornal de fato) |
O Auxílio
Emergencial foi discutido em três reuniões nos meses de novembro e dezembro. Na
Audiência realizada 21/11, na 6ª Vara da Fazenda Pública, em BH, foi discutida
a prorrogação do Pagamento Emergencial aos brumadinenses e demais atingidos
pelos crimes da VALE. Ficou decidido pelo juiz que o Pagamento Emergencial
continuaria. Mas o Juiz não decidiu sobre os critérios: a) quem continuaria
recebendo; b) quantos reais mensais cada um receberia; e c) por quanto tempo. A
decisão foi adiada para a reunião seguinte.
A empresa
assassina apresentou proposta de pagar por apenas mais 6 (seis) meses, com
novos critérios. Mas não disse quais seriam esses critérios. Já o MP e
Defensorias solicitaram pagamento por 8 (oito) meses para pessoas cuja renda
mensal não ultrapassasse R$ 2.234,00 (dois mil, duzentos e trinta e quatro
reais). A VALE ficou de dar resposta no dia 28 de novembro, data da reunião seguinte
na Justiça.
Audiência do dia
28 de novembro
A Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS, após refletir
sobre a proposta de Auxílio Emergencial, concluiu que a VALE, e mesmo as
Instituições de Justiça (Ministério Público Estadual e Federal, e Defensorias
Públicas Estadual e da União) apostavam na divisão da população ao trabalharem
um acordo em que uns eram considerados menos atingidos do que outros. Então, a
Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS preparou um documento que foi entregue às
Instituições de Justiça exigindo que o Emergencial fosse o mesmo para todos, de
100%. E que não durasse apenas 8 meses, mas até “que todos os danos sejam reparados integralmente”. “Não há, no nosso
entender, nenhuma razão para que se mude a compreensão antes estabelecida de
quem são os atingidos. A Sociedade Civil, que são os atingidos pelo
crime-tragédia da mineradora VALE, entende que qualquer outra decisão sobre o
Auxílio Emergencial divide a população, a enfraquece em sua luta contra os
desmandos da Mineradora e trata essa mesma população, equivocadamente, como se
uns fossem muitos mais atingidos do que outros”, dizia, ainda o documento da SOMOS TODOS ATINGIDOS. Veja abaixo o documento na
íntegra.
A Audiência
deste dia 28 deixou transparecer para os atingidos que tudo já estava combinado
antes, sem que eles fossem ouvidos, como pedia o documento da Articulação
SOMOS TODOS ATINGIDOS. Ao final da reunião, ficou decidido que o Emergencial se
manteria nos mesmos moldes anteriores apenas para algumas localidades da
chamada “zona quente”, ou seja, Córrego do Feijão, Pires, Parque da Cachoeira e
Cantagalo. Essas continuariam recebendo 100% (cem por cento) do valor atual. Os
demais, quer a VALE, só receberiam metade. O Auxílio continuaria sendo pago
apenas por mais dez meses.
Centenas de populares participaram da manifestação contra a VALE (foto: reinaldo fernandes / Jornal de fato) |
População
se revolta, faz manifestação e obriga VALE a negociar
A população ficou
revoltada com a decisão da Audiência do dia 28 de novembro. Nos dias 28 e 30, a
comunidade de Tejuco se reuniu para discutir o assunto. Tejuco convive com três mineradoras em sua
porta, sendo a comunidade que mais sofreu as consequências dos crimes da VALE.
Mesmo assim, foi deixado de fora da chamada “zona quente”. A comunidade decidiu
ir à luta, não apenas para que ela fosse incluída mas que todos fossem. Após as
duas reuniões, a comunidade marcou uma manifestação para o dia 2 de janeiro, às
5 da manhã.
Reunião
organizativa
No dia primeiro
de dezembro, um domingo à tarde, lideranças de Tejuco como Maria Ângela,
Josiele e Thaianne (essas duas da Associação de Moradores) se reuniram com
outro grupo de pessoas para organizar a manifestação. Entre os outros estavam
Beatriz de Melo, Mateus Parreiras, Lilian Jacqueline, Simone Batista, Sônia Santos,
João Santos e membros da Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS, como Reinaldo
Fernandes e a turma do MAB (Miqueias, Jeferson Macena e Eloá).
Foi organizada
uma pauta de reivindicações (ver Box ao lado) contemplando desde a continuidade
da busca dos não-encontrados, passando pelo pedido de Justiça, com punição dos
assassinos até o pedido de Emergencial de 100% para todos.
Grande
manifestação
Enquanto parte da população fechava o trânsito no Marco da cidade, moradores de Casa Branca se manifestaram na mina da Jangada (foto: whstsapp) |
No dia 2 de
dezembro aconteceu a grande manifestação, histórica em Brumadinho. Eram 5 horas
e quinze minutos da manhã quando a população chegou no trevo da cidade e fechou
as vias em dois sentidos: Brumadinho / Belo Horizonte e sede de Brumadinho /
Tejuco – Alberto Flores, mina da VALE e toda região que é ligada por aquela
via.
Inicialmente com
três viaturas da PM, de Brumadinho, logo em seguida chegaram mais umas sete
viaturas da Polícia Militar. Assim que
chegou o caminhão de som, do Sind-UTE/CUT, a população foi avisada que não
passava ninguém, exceto veículos da Saúde. O microfone foi aberto para fala dos
manifestantes e foi comunicado que a manifestação continuaria e só terminaria
quando algum representante da Prefeitura, das Instituições de Justiça e da VALE
aparecessem para receber a pauta de reivindicações.
Por volta das 7
horas, segundo informaram algumas lideranças, a PM começou fazer as ameaças
junto aos líderes dos manifestantes e já queria instituir o esquema de liberar
o trânsito de tempos em tempos, o que não foi aceito.
O trânsito só foi
liberado por volta das 11 horas e trinta minutos. Isso aconteceu depois que,
por telefone, houve uma conversa com o MP, a marcação de uma reunião entre
VALE, instituições de Justiça e uma comissão de atingidos.
Reunião em Belo Horizonte
Apesar do acordado no dia 2 de dezembro, durante a
manifestação, uma reunião com a VALE e Justiça aqui em Brumadinho, a empresa
disse às vésperas que não se reunia aqui e apenas em Belo Horizonte. Aqui se
ensaiava uma manifestação na porta do Fórum e a empresa parece ter ficado com
medo disso.
Ao final da reunião em Belo Horizonte, que aconteceu no
dia 4, a Comissão de Atingidos soltou a seguinte nota:
“Como
desdobramento da nossa luta de segunda feira, conseguimos uma reunião com a VALE
e com MP. Não foi como esperávamos de ser em Brumadinho, junto do povo, sentindo
a realidade concreta.
Por
outro lado, vemos com uma vitória podermos ter este canal diálogo e negociação
com a população de Brumadinho.
Nesta
tarde conseguimos que os representantes da Vale levasse para dentro da empresa
a revisão do Auxílio Emergencial para que todos de Brumadinho receba a
integralidade do recurso.
Na
nossa pauta está a situação das famílias de Ponte de Almorreimas. Os
representantes também levaram para os superiores para que abra um canal de
diálogo entre COPASA, VALE e Moradores para o processo de reparação coletiva!
ATENÇÃO
No
dia 13/12 a comissão irá reunir novamente com a Vale para ter as respostas dos
encaminhamentos desta reunião de hoje. Será em Brumadinho.
Deixamos
claro que o povo de Brumadinho acordou! Vemos que ainda temos que avançar no
processo de luta.
Queremos
que todos tenham acesso a Ata da reunião, como forma de transparência de nossa
reivindicações e encaminhamentos.”
Nova manifestação no dia 13 de dezembro
No dia 13 de dezembro foi realizada nova manifestação. Desta vez, as
lideranças decidiram por não fechar as vias, uma vez que ficara acertada um
tipo de trégua com a VALE e as Instituições de Justiça até o dia 13, data em
que a mineradora daria retorno das reivindicações. A decisão foi tomada em
reunião preparatória acontecida no dia 9 de dezembro, em Tejuco, com presença
de 15 líderes.
A partir das 7 da manhã, manifestantes se reuniram na entrada da cidade
onde se manifestaram por Justiça, pelos agricultores, e pelos outros pontos de
reivindicações. Em seguida marcharam rumo à Câmara de Vereadores, num ato muito
bonito. Na Câmara, os deputados federais e estaduais entregariam os relatórios
das CPI’s, federal e estadual. Entre os deputados presentes estavam os
estaduais André Quintão e Beatriz Cerqueira e o federal Rogério Correia, todos
do PT. André Quintão e Rogério Correia
foram relatores, respectivamente, das CPI’s estadual e federal.
Vaias para o prefeito e fake news
Ao chegar à Câmara, o prefeito Nenen da ASA (PV) foi recebido com vaias
por parcela dos manifestantes. Em resposta, logo depois o prefeito reproduziu
(ou produziu) uma fake news que circulou no whatsapp. A fake news foi postada
no grupo "Marinhos e Região". Nenen da ASA (PV), Cid Barcelos (PSDB)
e Décio Júnior (assessor de Comunicação da Prefeitura), dentre outros, fazem
parte do grupo. Na fake news aparece o número do telefone (ou um dos números)
do prefeito Nenen da Asa (PV).
Na fake news
postada pelo prefeito – ou por quem usa seu número – (acontece com Carlos
Bolsonaro, que usa a conta do pai jair), o PT estaria convocando a
manifestação. Assim, o prefeito parecia querer atribuir as vaias aos petistas.
Na Câmara, a bem da verdade, estavam presentes apenas duas pessoas filiadas ao
PT, ambas atingidas pelos crimes da VALE. As vaias forma puxadas por pessoas
sem filiação partidária.
VALE
não atende às reivindicações
Só no final do
dia o MP avisou à Comissão de Atingidos sobre a resposta da mineradora. Dizia a
mensagem de e-mail da VALE, enviada a André Sperling, Coordenador da Força
Tarefa das Instituições de Justiça: “Analisadas as proposições, a Vale entende ser necessário esclarecer que,
o acordo firmado no dia 28.11.19, com os representantes do Estado de Minas Gerais,
Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Defensoria Pública do Estado de
Minas Gerais, Ministério Público Federal e Defensoria Pública da União, foi
fruto de extensa negociação e reflexão de todos os envolvidos. Na ocasião,
todas as partes concordaram com a necessária adequação dos critérios para o
pagamento emergencial para 8 meses após o fim do prazo estabelecido na Ata de
Audiência realizada no dia 20.02.19.”
Foi o preâmbulo para dizer “não” às reivindicações.
Impactados
são apenas as pessoas de Córrego do Feijão
A VALE entende
que os “impactados” são apenas os moradores de Córrego do Feijão. Em sua
resposta ela diz: “A Vale vem procurando outros imóveis em condições adequadas
para a instalação de um escritório de atendimento à comunidade do Córrego do
Feijão. A Companhia busca selecionar um local que forneça as condições
necessárias para garantir a segurança e pleno atendimento dos impactados, que
são a sua prioridade.”
Não ao Tejuco
A VALE disse não
também a comunidade de Tejuco. Apesar se ser uma comunidade altamente
impactada, que sofre até hoje com sujeira, excesso de caminhões o dia todo e em
todos os dias, mortes de membros Ca comunidade, a VALE não a reconhece como
tal. Diz a empresa:
“Quanto à comunidade de Tejuco, o levantamento realizado pela Vale
revela que, na menor distância possível, a comunidade se localiza a 1.650
metros da área impactada, motivo pelo qual não se verifica, naquela localidade,
impactos físicos ou econômicos na mesma proporção que as comunidades referidas
no item “a” do acordo [Feijão, Cantagalo, Pires, Alberto Flores e Parque da
Cachoeira] celebrado em 28.11.19, a justificar a manutenção do pagamento
emergencial no montante inicialmente fixado. Ademais, os transtornos
inicialmente verificados no Tejuco em razão da necessária passagem de veículos
pela região para a realização de obras emergenciais já se encerraram.”
VALE diz “Não” ao conjunto das reivindicações
Abaixo, as
reivindicações e as respostas da mineradora:
PAUTA DE
REIVINDICAÇÕES:
• Doações em
Contas Bancária da Prefeitura da época do rompimento da Barragem.
RESPONDIDO
INFORMALMENTE: estariam sobre o controle com MP (Ministério Público) e o
dinheiro (que ninguém sabe quanto é) não estaria sendo gasto.
• Psicólogos e
Psiquiatras nas Comunidades.
MANDOU COBRAR DA
PREFEITURA, alegando que já tem um acordo para ela pagar os profissionais.
• Auxilio
emergencial de 100% para toda população de Brumadinho;
• Assessoria
Técnica nas Comunidades;
• Que a pauta dos
agricultores seja atendida;
• Indenização
justa para os moradores da Ponte dos Almorreimas e contrapartidas para a
comunidade
RESPONDEU “NÃO”
para os 4 itens.
• Justiça pelos
crimes da mineração cometidos pela Vale, punição para os responsáveis;
• Continuidade
das buscas até que seja encontrado o último corpo;
• Representação
das comunidades atingidas em espaço de debate e negociação junto às
instituições de Justiça e Vale.
SEM RESPOSTA DO
MP
• Transparência
da Prefeitura com todo dinheiro investido em Brumadinho, sejam repasses da
Vale, Governo Estadual e Federal.
SEM RESPOSTA DA
PREFEITURA
• Sentar com as
empresas que fazem extração de minério dentro do Tejuco para melhorias na
comunidade.
SEM RESPOSTA
Oratório de Natal reuniu Marcus Viana, Sagrado Coração da
Terra e outros artistas em show emocionante
(foto: reinaldo fernandes / Jornal de fato)
|
O show levou
centenas de pessoas ao Estacionamento Público de Brumadinho. O show celebrava o
Natal, com três estórias que representam os presentes que os Reis mãos levaram
ao Menino Jesus – ouro, incenso e mirra, respectivamente, o dom, a pureza e o
amargo desta vida (“que se transforma em perfume quando tratamos suas
sementes”).
No seu estilo rock in roll psicodélico, Marcus Viana e o Sagrado Coração
da Terra, acompanhados de seus convidados, trouxeram músicas como “Tocata”,
Pátria Minas, Pegadas do Mestre, Agnus Dei, Iluminar, Hino A Gaya, dentre
outros. Um dos pontos altos do show foi a participação de Mariana Nascimento. Ela cantou “A Paz é a Luz do Amor”, acompanhada do
Coral Sal da Terra, formado por crianças brancas de 10 anos de idade.
Mensagem argentina para Brumadinho
Durante o evento
foi apresentado ao público uma mensagem vindo da Argentina. Além de contar um
pouco sobre a Ditadura Argentina que matou milhares de pessoas, entre eles,
centenas de jovens, uma mensagem de esperança foi enviada por Norita, 89 anos. Nora Cortinãs foi fundadora e
líder das Mães da Praça de Maio, movimento que reúne mães argentinas que
tiveram seus filhos assassinados pela Ditadura Militar da Argentina, na década
de 1980, inclusive seu filho. Carlos
Gustavo Cortiñas, desaparecido em 1977, aos 24 anos, foi levado por militares
argentinos, que o teriam torturado e matado.
Aplaudido de pé
O cantor Sérgio Pererê, foi aplaudido de pé pelo público (foto: reinaldo fernandes / Jornal de fato) |
O show terminou, antes da apresentação do Batucabrum, com duas músicas
brilhantemente interpretadas por Sérgio Pererê. Com o Coral Sal da Terra,
Pererê cantou “Coração Civil”, de Milton Nascimento e Fernando Brant. Foi
aplaudido de pelos brumadinenses. Se, no vídeo de Nora Cortinãs, o show lembrava a Ditadura Militar da
Argentina que, assim como a Ditadura Militar no Brasil, torturou e assassinou
centenas de pessoas, em “Coração Civil”, em tempos de bolsonaro e fascismo,
Pererê cantou: “Quero nossa cidade
sempre ensolarada... Sem polícia, nem a milícia”.
Ao cantar “Amor de Índio” (Ronaldo Bastos e Beto Guedes), Pererê
incendiou a plateia: “Tudo que move é sagrado e remove
as montanhas com todo o cuidado, meu amor...”
Edição 225 – Novembro 2019
Nenen
da ASA (PV) é denunciado por suposto crime eleitoral
Em vídeo que
circulou no whatsapp no mês de setembro, ao lado dos vereadores Barrão (PP) e
Alessandra do Brumado (PPS), o prefeito Nenen da ASA (PV) conclama pessoas que
não são de Brumadinho a transferirem seu título eleitoral para cá. Falando
sobre o Pagamento Emergencial pago pela mineradora VALE, Nenen da ASA (PV)
disse que "tudo o que a gente puder tomar da VALE nós vamos tomar".
Disse que a ideia é "tomar tudo da VALE".
O prefeito diz
aos presentes na reunião que não adianta as declarações, como as do SUS,
"disso e daquilo" para comprovar o direito ao recebimento. "Eu
gostaria que quem não tem título eleitoral em Brumadinho e tem interesse em
receber mais uma parcela [prorrogação do pagamento] se a gente conseguir que vai lá e regularize.
Que a gente não quer só quem tinha título antes do dia 25 [de janeiro de 2019].
Agora é vida nova", falou o prefeito, vendendo a ilusão de que os que não
moravam aqui até a data dos crimes poderiam receber o Pagamento Emergencial da
VALE.
Em seu
discurso, o prefeito tenta, também, em verdadeiro ato de fake news, passar aos
presentes a ideia de que ele está trabalhando para que o Pagamento Emergencial
ser prorrogado, o que era mentira na época em que o vídeo foi gravado. Apenas
agora, depois que a VALE não concordou com o pagamento integral para todo
brumadinense, a Prefeitura apareceu na 6ª Vara da Fazenda Pública. Até então, a
Prefeitura sequer sentava-se à mesa de negociações, nem mesmo como ouvinte. O prefeito não
demonstrava nenhum interesse em participar das negociações que aconteciam
mensalmente na Justiça em favor dos atingidos.
Crime eleitoral
de compra de votos
A atitude do
prefeito Nenen da ASA (PV) foi entendida por muita gente como crime eleitoral
de compra de votos. Quando aconteceu a reunião, não havia nada tratado na
Justiça sobre a prorrogação do pagamento emergencial. Mesmo agora, doismeses
depois da reunião em que o Prefeito fez as promessas, não há nenhuma discussão
sobre critérios de comprovação de quem tem direito ao benefício. Os critérios
continuam os mesmos. Quem seguiu o chamado do prefeito e tranferiu título
eleitoral, ficou a ver navios, sem o Pagamento Emergencial. Por outro lado, o
prefeito passou a defender o pagamento emergencial de 100% apenas para moradores de Brumadinho, talvez
para forçar as pessoas a transferirem seu título eleitoral, na ilusão de que,
assim, recebam o auxílio da mineradora.
Por causa dessa atitude, segundo apurou a
reportagem do Jornal de fato, Nenen da ASA (PV) foi denunciado no
MPE - Ministério Público Eleitoral. O entendimento do denunciante foi o de que
Nenen da Asa (PV) cometeu crime ao fazer as promessas e tentar convencer as
pessoas a transferirem seus títulos eleitorais para Brumadinho. O autor da denúncia ao MPE pediu para não ser
identificado, com medo de ser perseguido pelo prefeito, considerado, por
muitos, como membro de família violenta.
Edição 225 – Novembro 2019
CPI de
Brumadinho na Câmara: VALE sabia que dezenas de pessoas poderiam morrer, pensou
apenas no lucro e não fez nada para evitar
A Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) na Câmara dos Deputados, que investigou a tragédia em Brumadinho, entregou
à Câmara de Brumadinho seu Relatório Final elaborado pelo deputado Rogério
Correia - PT-MG (389 votos em Brumadinho na última eleição). O parecer foi aprovado
por unanimidade.
O Relator propôs no Parecer o
indiciamento das empresas VALE, TÜV SÜD e de mais 22 pessoas. O relatório tem
mais 600 páginas e foi entregue à CPI no dia 25 de outubro, dia em que a
tragédia completou nove meses.
A reunião do colegiado em Brasília foi
acompanhada por parentes de vítimas da tragédia de Brumadinho. Eles trouxeram
cartazes e colocaram, nas mesas dos parlamentares, fotos das vítimas do
rompimento da barragem.
"O que a gente espera é que,
daqui pra frente, a Justiça faça a parte dela, porque no caso de Mariana até
hoje ninguém foi punido. E nós esperamos que em Brumadinho não se repita isso.
Nós colocamos provas concretas, que demonstram cabalmente que pessoas, além das
empresas, sabiam que isto iria acontecer", declarou o relator Rogério
Correia.
O presidente da comissão, Julio
Delgado - PSB-MG - (418 votos em Brumadinho na última eleição) disse que a CPI
reuniu provas concretas de que as empresas assumiram o risco de a barragem se
romper a qualquer momento. "Dessa vez o Ministério Público, a polícia têm
em suas mãos um documento muito robusto, para que essas pessoas possam pagar
criminalmente pelo que fizeram", completou Delgado.
"Durante a investigação dos
fatos, surgiram indícios de que a VALE e a TÜV SÜD teriam se unido para
dificultar a atuação dos órgãos de fiscalização e controle na medida em que
apresentaram documentos que atestaram falsamente a estabilidade da barragem
B1", afirmou Rogério Correia no Relatório.
Para Rogério Correia, houve
"omissão dolosa" por parte dos profissionais que deveriam
"evitar a perda de vidas e os danos ao meio ambiente".
Brumadinho,
28 de novembro de 2019
Aos Órgãos de Justiça
(Ministérios Públicos e Defensorias)
A/c: Coordenador da
Força Tarefa – Promotor André Sperling
A
sociedade civil da bacia do Rio Paraopeba, aqui representada pela Articulação
SOMOS TODOS ATINGIDOS, reivindica aos Órgãos de Justiça:
1-
JUSTIÇA PARA OS ATINGIDOS: as CPI’s da ALMG e da Câmara Federal, assim como os
inquéritos da Policia Civil de MG e da Polícia Federal provaram a culpa de
dirigentes da Mineradora e profissionais diretamente responsáveis pelo
rompimento da Barragem B1. E TODOS os responsáveis pelo crime-tragédia precisam
pagar pelo crime: são quase 300 mortos, um rio e milhares de vidas. Nesse sentido,
reivindicamos que os Órgãos de Justiça tomem essa questão como prioritária a
fim de evitarmos nova Brumadinho e nova Mariana.
2-
BUSCA PELOS NÃO-ENCONTRADOS – Quatorze famílias ainda não puderam enterrar seus
mortos. Que as buscas continuem até que
seja encontrado o último corpo.
3-
REPRESENTATIVIDADE DA SOCIEDADE CIVIL – Embora os órgãos de Justiça venham
tentando representar a sociedade civil junto à 6ª Vara da Fazenda Pública de
Belo Horizonte e outros espaços, a população não tem canal de participação, e
não tem sido ouvida em suas demandas e necessidades. Por isso, a sociedade
civil reivindica que, além das Defensorias e Ministérios Públicos, a força
Tarefa possa ter, também, representantes da população em sua composição, a fim
de que essa população tenha voz e vez diante do crime cometido contra ela. Até
hoje, passados 10 meses do crime, isso não aconteceu: a população está a
reboque de decisões tomadas sem que ela se pronuncie.
A
sociedade civil da bacia do Rio Paraopeba reivindica, ainda, que, para esta
Audiência na 6ª Vara da Fazenda Pública de Belo Horizonte, sejam apresentadas
para o Juízo suas outras reivindicações, quais sejam:
4-
AUXÍLIO EMERGENCIAL: manutenção do Auxílio Emergencial nos moldes em que ele
foi instituído, para TODOS os atingidos. Não há, no nosso entender, nenhuma
razão para que se mude a compreensão antes estabelecida de quem são os
atingidos. A Sociedade Civil, que são os atingidos pelo crime-tragédia da
mineradora Vale, entende que qualquer outra decisão sobre o Auxílio Emergencial
divide a população, a enfraquece em sua luta contra os desmandos da Mineradora
e trata essa mesma população, equivocadamente, como se uns fossem muitos mais
atingidos do que outros. Ora, TODOS estão sofrendo as consequências do crime- tragédia;
enquanto não se resolver todas as questões relativas ao crime, enquanto a
Assessoria Técnica não estiver no território atuando, não faz sentido mudar os
critérios anteriormente estabelecidos sobre o Emergencial. Reduzir o
Emergencial à questão financeira, à renda das pessoas e não a todas as
consequências do crime é reduzir as consequências do crime a essa questão
meramente monetária. Todos sabemos que os danos, incalculáveis, não são
meramente financeiros.
Se
se pode parar o Auxílio Emergencial para todos, que sejam paralisadas, também,
todas as operações de extração de minério da empresa, até que todos os danos
sejam reparados integralmente.
5-
ASSESSORIA TÉCNICA: que a Assessoria Técnica seja aprovada nos termos do Plano
de Trabalho apresentado e aprovado pelos Órgãos de Justiça. Só o trabalho da
Assessoria Técnica poderá apurar de forma mais aprofundada os danos causados
pelo crime-tragédia e buscar sua reparação correta;
6-
AGRICULTORES – Agricultores de toda a
bacia sofrem com o crime-tragédia e suas reivindicações têm sido colocadas em
segundo plano. Que os Órgãos de Justiça priorizem as demandas dos agricultores,
conforme documento já entregue anteriormente.
Por
fim, vale ressaltar que as casas legislativas, tanto de Minas Gerais quanto do
Congresso Nacional ainda discutem projetos de leis de proteção aos atingidos
por barragens, o que aponta para os Órgãos de Justiça a necessidade de tratar
de nossas reivindicações de forma cuidadosa, com a cautela que o momento exige.
Que haja, verdadeiramente, Justiça!
Articulação
SOMOS TODOS ATINGIDOS e suas entidades:
FBP - Frente Brasil
Popular - de Brumadinho
Sind-UTE – Sindicato
dos Trabalhadores em Educação – de Brumadinho;
Sind-Saúde –
Sindicato dos Trabalhadores em Saúde - de Brumadinho
MAB – Movimento dos
Atingidos por Barragens
Assentamento
Pastorinhas
MAM – Movimento pela
Soberania Popular na Mineração
MST – Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra
PT- Partido dos
Trabalhadores de Brumadinho
Documento preparado para
ser entregue às Instituições de Justiça, Prefeitura de Brumadinho e VALE
Atingidos e Atingidas de Brumadinho
Somos todos atingidos
A cidade de
Brumadinho desde o crime socioambiental da Vale, quando ceifou 272 vidas de
trabalhadores, não voltou a sua rotina. Sabemos que o lucro para a Vale é mais
importante do que vidas, rios, meio ambiente. Nossa cidade está abalada
emocionalmente. Jovens, idosos, crianças, toda a população está sofrendo o
impacto desse crime.
Por isso os
atingidos e atingidas estão mobilizados para requerer de forma integral que
seus direitos sejam reparados. Abaixo nossa pauta de reivindicações:
Exigimos justiça
pelos crimes da mineração cometidos pela Vale, pelas vítimas assassinadas. Que
não parem as buscas e que todos os responsáveis sejam punidos;
Auxilio
emergencial de 100% para toda população de Brumadinho sem distinção de
localidade e principalmente sem data de término ou até reparação total do
Município;
Assessoria Técnica
nas Comunidades;
Psicólogos e
Psiquiatras nas Comunidades;
Transparência da
Prefeitura com todo dinheiro investido em Brumadinho. Sejam repasse da Vale,
Governo Estadual e Federal;
Prestação de
contas sobre o dinheiro das doações em Contas Bancária da Prefeitura da época
do rompimento da Barragem;
Representação das
comunidades atingidas em espaço de debate e negociação junto as instituições de
Justiça e Vale;
Queremos sentar
com as empresas que fazem extração de minério dentro do Tejuco para melhorias
na comunidade;
Que a pauta dos
agricultores seja atendida;
Indenização justa
para os moradores da Ponte dos Almorreimas e contrapartidas para a comunidade.
Atingidos e
Atingidas de Brumadinho
Somos todos
atingidos
O Lucro não vale a vida…
Edição 225 – Novembro 2019
Mais manifestações
contra a VALE
A
mineradora VALE vem sofrendo uma série de manifestações desde o mês de
novembro. No dia 19 de novembro, às vésperas de uma Audiência na 6ª Vara da
Fazenda Pública, que discutira o Pagamento Emergencial, a linha do trem da VALE
foi trancada por atingidos pelo crime em Brumadinho.
O bloqueio,
feito por cerca de 200 atingidos e atingidas pelo rompimento da barragem de
Córrego do Feijão, aconteceu no município de Mário Campos, na Reta do Jacaré,
próximo à draga.
As comunidades
exigiam a continuidade do auxílio emergencial aos atingidos; contratação
imediata das assessorias técnicas; a continuidade das buscas das vítimas;
reunião com a diretoria da VALE; e que a diretoria da empresa participasse das
audiências sobre o Auxílio Emergencial e a contratação das assessorias
técnicas.
Assembleia
À tarde foi
realizada uma Assembleia com atingidos e atingidas da região para definir os
rumos da ocupação e debater o direito à continuidade do Auxílio Emergencial e
contratação das Assessorias Técnicas.
Após 10 horas
de bloqueio, atingidos e atingidas foram recebidos pela VALE, que se
comprometeu a responder demandas das comunidades.
Na negociação,
a VALE garantiu a participação de um representante com poder de decisão para a
audiência judicial no dia 21, que seria realizada em Belo Horizonte no Tribunal
de Justiça de Minas Gerais.
Foi definida
uma reunião entre a mineradora e os atingidos dos rios Doce e Paraopeba, no dia
28. "Ficamos mais de 10 horas em resistência aqui, embaixo de chuva, e
saímos com conquistas. Vamos seguir mobilizados e lutar até garantir todos os
nossos direitos", disse a atingida Regiane Soares Rosa, do MAB - Movimento
dos Atingidos por Barragens.
Manifestação na
porta do Aurora
Outra
manifestação aconteceu na porta do Clube Aurora, onde funciona PA - Ponto de
Atendimento - da Vale, no Bairro Aurora. Essa manifestação, ocorrida no dia 12
de novembro, de manhã, foi especialmente por causa de questões de saúde. Após
matar centenas de pessoas, abalar toda a população ao longo do Paraopeba, a
empresa ainda se recusa a receber documentos psicológicos (relatórios, laudos)
que apontam os abalos psicológicos sofridos pela população específica após o
rompimento da barragem de rejeitos da mineradora no dia 25/01/2019 e o seu
desastre subsequente, ainda em curso.
No dia anterior
à manifestação, denuncia foi apresentada ao CRP - Conselho Regional de
Psicologia - de Minas Gerais.
Resultados
Após a
manifestação, VALE voltou atrás, deixou de desqualificar os profissionais e
voltou a aceitar os documentos psicológicos.
No fechamento desta edição, mais uma manifestação
estava sendo programada para o dia 20 de dezembro: moradores de Ponte de
Almorreimas prometiam bloquear “três pontos da cidade a partir das 5h da
manhã.”
Edição 225 – Novembro 2019
Nenen da ASA (PV) é acusado de falsificar
documentos e desviar dinheiro público
Irmãos de
Nenen e o irmão de um cunhado deles também foram denunciados pelo Ministério
Público Federal
O Prefeito Nenen da ASA (PV) foi denunciado
mais uma vez na Justiça. Agora a denúncia foi feita pelo Ministério Público
Federal - MPF. O MPF acusa Nenen da ASA
(PV) de falsificar documentos e aplicação indevida de verbas públicas. A Justiça
aceitou a denúncia e Nenen terá que responder a mais um processo. Os irmãos de
Nenen da ASA (PV), Emilson Custódio Melo Barcelos e Alcimar Barcelos, o Cid; e o irmão de um cunhado de Nenen da
ASA (PV), Antônio Carlos Maciel, também foram denunciados. Atualmente, Cid
Barcelos é Secretário de Obras e Serviços Públicos do município, cargo que
assumiu depois da prisão de Daniel Hilário,
agora, Secretário de Meio Ambiente de Brumadinho.
Na época, foi preso também, e ficou no presídio por 70 dias, o irmão agora
denunciado pelo MPF, Emilson
Barcelos.
A decisão de aceitar a denúncia contra
Nenen da ASA (PV) foi assinada pela juíza federal substituta da 11ª Vara
Criminal da Seção Judiciária de Minas Gerais, Gabriela de Alvarenga Silva
Lipienski, no dia 4 de setembro.
O documento afirma que o MPF deseja
responsabilizar criminalmente os quatro homens - Nenen da ASA, Emilson Barcelos,
Cid Barcelos e Antônio Carlos Maciel - por prática de produção e uso de
documentos falsos, particulares e públicos, e de aplicação indevida de verbas
públicas em licitações de contratação de serviços de engenharia durante o
primeiro mandato de Nenen da ASA (PV), entre 2009 e 2012. Na época, Cid também
era Secretário de Obras do município.
Construtora da família de Nenen da ASA (PV)
“venceu” a licitação
De acordo com as investigações, há suspeita
de que a Construtora Império, pertencente a Emilson Custódio Melo Barcelos, que
teve um “afastamento fictício” da empresa, participou e “venceu” duas
licitações em que estavam envolvidos recursos federais. Antônio Carlos Maciel,
irmão do marido de Sônia Barcelos (atual Secretária de Educação, assim como o
foi na gestão anterior de Nenen da ASA (PV), aparecia como sócio-administrador
da empresa.
Ainda segundo a denúncia do MPF, a
Construtora Império Ltda, atualmente Construtora Israel Eireli, teria sido
beneficiada na construção de uma escola na cidade. Durante o mandato de
2009/2012 de Nenen da ASA (PV), o capital social da empresa passou de cerca de
R$ 1,2 milhão para mais de R$ 4,2 milhões.
A decisão estabelece o valor mínimo de R$
202 mil “para reparação dos danos causados pelas condutas criminosas”. A partir
da decisão, Nenen da ASA, Emilson Barcelos, Cid Barcelos e Antônio Carlos
Maciel tinham um prazo de 10 dias para apresentarem a defesa.
Segundo o site G1, que noticiou a denúncia,
a defesa dos denunciados não foi localizada, nem a administração da construtora
para falar sobre as acusações.
Outro lado
Em nota, a Prefeitura de Brumadinho
informou que "as obras foram devidamente licitadas e executadas por uma
construtora que participou de licitação pública” que “venceu as outras participantes
por ter apresentado menor preço." A Prefeitura acrescentou que
o Tribunal de Contas do
Estado e os vereadores aprovaram suas contas. É bom lembrar que os
vereadores de Brumadinho nunca rejeitaram conta alguma de prefeito algum, mesmo
quando o Tribunal de Contas recomendava a rejeição.
A nova denúncia complica ainda mais a vida
política de Nenen da ASA (PV), que já está inelegível para 2020 por causa de
outro processo em que já foi condenado em segunda instância. Segundo a Lei da
Ficha Limpa, que é condenado em segunda instância não pode disputar eleições, o
que é o caso de Nenen da Asa (PV).
Edição 225 – Novembro 2019
Desde os crimes em Brumadinho, mais de 20
barragens estão em estado de alerta em Minas
A Defesa Civil de Minas Gerais reconhece:
23 barragens no estado estão em estado de alerta em Minas Gerais. Quatro delas
estão em risco iminente de rompimento. A advertência, por sinal, já havia sido
feita no relatório da CPI de Brumadinho da Câmara Federal, divulgado no fim do
mês passado pelo deputado Rogério Correia (PT-MG), seu autor. O documento, de
mais de 2 mil páginas, cita as barragens ameaçadas entre as páginas 490 e 494.
“Já há estudos e alertas suficientes que
demonstram a insegurança que vive a população mineira em relação às barragens”,
diz Rogério Correia. “É preciso que a recomendação que fizemos no relatório, de
indiciamento e punição para os executivos responsáveis da Vale e demais
empresas, seja seguida.”
Os registros de riscos das barragens
começaram depois da tragédia de Brumadinho. No dia 25 de janeiro, a
estrutura da Vale, localizada em Córrego do Feijão, se rompeu, deixando 272
assassinados.
De acordo com a legislação, as mineradoras
fazem a própria declaração de estabilidade e
acionam as autoridades em caso de alterações nas barragens. Com o rompimento em
Brumadinho, o parâmetro de medição da segurança passou a seguir normas
internacionais, que são mais rígidas.
VALE é líder isolada da desgraceira
A barragem Casa da Pedra em Congonhas: ameaça de matar quase 5 mil pessoas em poucos segundos |
A Vale é a mineradora que possui o maior
número de estruturas em estado de alerta, 19. Treze estão em nível 1, que não
requer a retirada de moradores das áreas de risco e nem o toque de sirenes. Ele
significa estado de prontidão, indicando situação adversa na estrutura e
controlável pela empresa.
Outras duas barragens da Vale, a Grupo e a
Forquilha II, ambas do Complexo Fábrica, estão em nível 2. Nesta situação,
sirenes são acionadas e planos de evacuação são colocados em prática. Em
fevereiro deste ano, 125 pessoas, moradoras de
Ouro Preto e Nova Lima, chegaram a ser retiradas de suas casas.
A mesma situação foi enfrentada por cerca de 200 moradores de Itaitaiuçu,
na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Também em fevereiro, a barragem de
rejeitos da ArcelorMittal, em Itatiaiuçu, na Região Central de Minas Gerais,
entrou no nível 2. Ninguém voltou para casa ainda.
Em nota, a mineradora informou que "a
barragem está desativada desde 2012 e sua estrutura será reforçada para
posterior descomissionamento. Atualmente, a totalidade do rejeito gerado pela
mina é disposto pela técnica de empilhamento a seco".
Congonhas
A barragem de Brumadinho, que estourou no dia 25 de janeiro,
armazenava 12 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos. Ou seja,
comparando as duas, caso a barragem de Congonhas rompesse, a tragédia seria
ainda maior. Com 54 mil habitantes, a lama tóxica cobriria o Bairro
Residencial, localizado a 200 metros da barragem e outras vizinhanças. Mais de
cinco mil pessoas moram no nível abaixo da barragem da mineradora CSN,
classificada como de alto risco. Caso a CSN e as autoridades continuem
negligenciando essa situação, podemos ter um dos maiores assassinatos em massa
previamente anunciado.
Edição 225 – Novembro 2019
Wilas Fernandes no Palco Brumadinho
Encerrando
a última apresentação dessa primeira 1ª edição, o “PALCO BRUMADINHO”, projeto
do INHOTIM recebe o músico e intérprete WILLAS FERNANDES, no dia 11 de janeiro.
O show levará ao público canções de sucessos reconhecidos nacional e
internacionalmente. O cantor terá contigo a brilhante participação do violonista
de 7 cordas “TÁ FERNANDES” na execução de AS ROSAS NÃO FALAM, do mestre CARTOLA e conta ainda com mais
cinco instrumentistas compondo sua banda.
O evento
inicia-se às 14:30, tendo mais duas atrações anteriores: GRUPO DUOS (Paulo
Victor e David Mendonça) com músicos convidados e MAURY Jr. E WILKER TH com
banda.
Interessados
em assistir o evento pagam meia entrada se estiverem inscritos no “NOSSO INHOTIM”
ou entrada livre se relacionados na lista de convidados indicados pelas
atrações do dia, tendo ingressar no Museu até as 14 horas.
Vá e
prestigie nossos artistas.
Edição 225 – Novembro 2019
Curtíssimas
Coca cola – Foi só decepção a vinda do caminhão da Coca Cola em Brumadinho. Anunciado pelo Prefeito Nenen da ASA (PV) como grande feito, deixou crianças chorando e decepcionadas. As crianças e suas famílias esperavam Recber algum presentinho, alguma “pchulinha” de refrigerante. O que receberam? Nada! Houve muita revolta, e a população se sentiu enganada pelo prefeito e pela empresa de refrigerantes.
GALERIA
Manifestações contra a VALE
Coca cola – Foi só decepção a vinda do caminhão da Coca Cola em Brumadinho. Anunciado pelo Prefeito Nenen da ASA (PV) como grande feito, deixou crianças chorando e decepcionadas. As crianças e suas famílias esperavam Recber algum presentinho, alguma “pchulinha” de refrigerante. O que receberam? Nada! Houve muita revolta, e a população se sentiu enganada pelo prefeito e pela empresa de refrigerantes.
Manifestações contra a VALE
(foto: reinaldo fernandes / Jornal de fato) |
(foto: reinaldo fernandes / Jornal de fato) |
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(foto: reinaldo fernandes / Jornal de fato) |
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Parabéns pela lucidez e visão crítica pertinente ao momento atual, imparcialidade e transparência.
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