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terça-feira, 17 de novembro de 2015


Edição 179 – Outubro 2015
Opinião
O golpe não é contra Dilma. Não é contra Lula. Não é contra o PT.
Marcelo Zero

O golpe é contra os 54,3 milhões de votos que elegeram a presidenta em eleições livres e limpas. O mandato presidencial a eles pertence. Caso a agressão à soberania popular promovida pelo golpe se concretize, eles é que serão cassados.
O golpe é contra os 42 milhões de brasileiros que ascenderam à classe média, nos últimos 13 anos. É contra os 22 milhões de cidadãos que deixaram a pobreza extrema para trás. É contra as políticas sociais que praticamente eliminaram a miséria no Brasil. Miséria histórica, atávica, contra a qual os representantes do golpismo pouco ou nada fizeram, quando governavam.
O golpe é contra um processo de desenvolvimento que conseguiu tirar o Brasil do Mapa da Fome. Fome secular, vergonhosa, que os golpistas nunca conseguiram saciar. O golpe é para colocar o Brasil no Mapa da Vergonha. 
O golpe é contra a igualdade e pela desigualdade. Os que apostam no golpe também apostam na desigualdade como elemento essencial para o suposto bom funcionamento da economia e da sociedade. Eles apostam na meritocracia dos privilégios.
O golpe é contra a valorização do salário mínimo, que aumentou 76,5%, nos últimos 11 anos. O golpe é pelos salários baixos para os trabalhadores, pois, para os golpistas, salários reduzidos são essenciais para o combate à inflação e a competitividade da economia.
O golpe é contra a geração de 21 milhões de empregos formais, ocorrida nos últimos 12 anos. Quem aposta no golpe aposta num nível de desemprego mais alto, para reduzir os custos do trabalho. Aposta também na redução dos direitos trabalhistas, na terceirização e na volta da precarização do mercado de trabalho.
O golpe é contra a Petrobras e pela Petrobax. O golpe é contra a política de conteúdo nacional, que reergueu nossa indústria naval e reestruturou a cadeia econômica do petróleo. O golpe é contra a nossa maior empresa e tudo o que ela simboliza. O golpe é pela privatização e pela desnacionalização.
O golpe é contra os programas que abriram as portas das universidades brasileiras para pobres e afrodescendentes. O golpe é contra o ENEM e pelo vestibular. O golpe é pela manutenção da educação de qualidade como apanágio para poucos. O golpe é pela privatização do conhecimento. O golpe é contra as novas oportunidades e pelos antigos privilégios.
O golpe é contra o SUS e o Mais Médicos, programa que leva assistência básica à saúde a mais de 60 milhões de brasileiros que antes estavam desassistidos. O golpe é contra a saúde pública e pela mercantilização da medicina. O golpe é contra médicos cubanos e pacientes brasileiros. O golpe é pela doença que rende lucros. O golpe é uma patologia.
O golpe é contra a política externa ativa e altiva. O golpe é contra a soberania e por uma nova dependência. O golpe é contra o Mercosul e a integração regional. O golpe é para desintegrar a projeção dos interesses brasileiros. O golpe é para nos alinhar aos interesses das potências tradicionais. O golpe é contra o grande protagonismo que o país assumiu recentemente. O golpe é para nos apequenar.
O golpe é contra uma presidente honesta e pelos corruptos. O golpe é contra o governo que mais combate a corrupção. Que multiplicou as operações da Polícia Federal de 7 por ano para quase 300 por ano. Que fortaleceu e deu autonomia real a todas as instituições de controle. Que engavetou o engavetador–geral. O golpe é contra as apurações e pela impunidade. O golpe é contra a transparência e a verdade. O golpe é um engodo ético e moral. O golpe é cínico e hipócrita. O golpe é uma grande mentira.
O golpe é contra o futuro e pela restauração do passado. A única proposta do golpe é o golpe.
O golpe é contra a esperança e pelo ódio, para o ódio. O golpe é intolerante. O golpe é mesquinho.
O golpe é contra a grande nação e pela republiqueta de bananas.
O golpe é contra a democracia. Contra o Brasil.
O golpe é, sobretudo, contra você.

Marcelo Zero é sociólogo e especialista em relações internacionais - Texto publicado pelo site Brasil 247, em 24/10/2015

Desafios da Sociedade Civil em Brumadinho

A sociedade civil compreende as diferentes organizações (como as ONGs), movimentos e instituições componentes da esfera pública que não pertencem ao Estado. Rubens César Fernandes usa o trocadilho “público porém privado, privado porém público” para definir  sociedade civil, pois para ele se assemelha ao Estado  por ter objetivos públicos, mas se diferencia dele por ser de iniciativa não governamental (privada). O mercado teria interesses privados e seria de iniciativa privada.
Causas sociais, ambientais, culturais, políticas e econômicas levaram a uma efervescência da sociedade civil nas últimas décadas. No âmbito sócio-político, encontram-se causas ligadas ao crescente descrédito da população, em vários países do mundo, quanto às instituições políticas tradicionais, como os partidos políticos, os governos e as empresas.
Esse descrédito é acompanhado de um crescente interesse da população por novas formas de participação política como os movimentos sociais e as organizações não governamentais. Na esfera econômica, percebe-se uma expansão da sociedade civil mais significativa, como aconteceu nos EUA e no Leste Europeu, em momentos de crise orçamentária do Estado e das políticas de garantia de direitos sociais oferecidas à população.
Sem dúvida, no caso brasileiro principalmente, a crise do Estado na oferta e garantia de direitos é uma dos principais fatores impulsionadores da expansão das organizações da sociedade civil. Porém, outro fator decisivo foi a presença por décadas de um regime ditatorial, o que acabou por levar diferentes indivíduos e grupos sociais comprometidos com os direitos civis e a liberdade política a se engajarem em organizações da sociedade civil.
No Brasil, podemos encontrar organizações da sociedade civil que se destacam por prestar bons serviços para determinados grupos sociais que enfrentam obstáculos para acessar educação de qualidade, serviços de saúde adequados, moradia digna, etc., bem como organizações engajadas e combativas na luta pelos direitos civis, sociais e políticos. Exemplos disso são os movimentos feminista, negro, indígena e dos gays, lésbicas, bissexuais e transexuais (FGTS).
É preciso desmistificar o universo das organizações da sociedade civil. Existem organizações sérias, combativas e efetivas na luta pela ampliação dos direitos sociais e pela correta e adequada prestação de serviços sociais, como também existem várias organizações assistencialistas, pouco transparentes, com modelos autoritários de gestão e deslocadas das efetivas necessidades da comunidade ou população que buscam atender.
Infelizmente, quando se analisa a trajetória das organizações da sociedade civil na nossa querida Brumadinho, percebe-se que poucas são as iniciativas efetivamente independentes, críticas e aguerridas na luta pelos direitos sociais e ambientais em nosso município. Existem muitas organizações que prestam bons serviços para a comunidade, mas o fazem à custa de muita proximidade e relações muito amenas, para não dizer passivas, em relação à prefeitura e a grandes empresas que financiam projetos sociais e ambientais em Brumadinho. Para avançar para uma sociedade civil forte, capaz, inovadora e combativa, é preciso que mais voluntários participem das ações que visam o bem público em nossa cidade, bem como se preparem não apenas para serem parceiros e amigos da prefeitura e das grandes empresas, mas também críticos independentes e ferozes quando as organizações do Estado e do mercado desenvolverem ações que trazem mais impactos positivos para o âmbito privado e desdobramentos negativos para a dimensão pública, como infelizmente é a marca da história de nosso município.


Armindo dos Santos de Sousa Teodósio (Téo), Professor do Programa de Pós-Graduação em Administração da PUC Minas

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