Edição 219 – Abril 2019
Reforma
da Previdência é maldade contra a população
O que está
colocado pelo governo bolsonaro (PSL) é a destruição da Previdência Social, por
um lado; e o aumento dos infinitos lucros dos banqueiros, do outro.
Bolsonaro quer
mudar a regras para que os atuais trabalhadores que já tinham aposentadoria
garantida aos 55 (mulheres) e 60 (homens), trabalhem até os 62 e 65 anos. As
mulheres serão as mais prejudicadas porque aumenta a idade e o tempo de
contribuição para elas mais do que para os homens. O BPC (Benefício de
Prestação Continuada), hoje no valor de 998 reais, cairá para apenas 400 reias
por mês. Os agricultores terão que contribuir com, pelo menos, 25 anos, e não
15, como é hoje.
Aos que são
jovens, esses terão que contribuir por 40 anos! Na prática, num país com 14.000.000
de desempregados, é o fim da aposentadoria, uma vez que há períodos em que o
cidadão não consegue emprego.
bolsonaro quer
acabar com a contribuição patronal de 22% e aumentar a do empregado de 11 para
22%: isso significa: a) diminuição drástica nos salários da população; b) que,
ao final dos 40 anos, a quantia descontada será pequena para o pagamento da
aposentadoria, diminuindo o salário pela metade. Ainda há a tal da “capitalização”:
ao invés de o governo cuidar do seu dinheiro, ele será “cuidado” por um banco
privado. Se o banco falir, depois de 40 anos de contribuição, aos quase ou mais
de 70 anos de idade, o trabalhador ficará sem aposentadoria, ainda que
miserável.
Atos marcam três meses dos assassinatos da VALE
Uniformes de trabalhadores assassinados pela VALE (foto: reinaldo fernandes / jornal de fato - brumadinho) |
O dia 25 de
abril entrou para a história de Brumadinho. Atos para lembrar os três meses de
assassinatos marcaram o dia. Audiência Pública da Comissão de Trabalho da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Ato religioso no Monumento, Audiência
Pública dos Ministérios Públicos e Defensoria; presença massiva de membros do
MST; e intervenção artística de cantores e cantoras fizeram parte das
atividades do dia.
Bolsonaro quer prejudicar 6.000
pobres de Brumadinho
O presidente
bolsonaro (PSL) recebeu votos de 12.215 pessoas de Brumadinho. Agora ele quer
“retribuir” tirando o Bolsa Família de 1600 famílias, em torno de 6000 pessoas,
a maioria delas que lhe deram o voto em outubro de 2018. É mais uma maldade de
bolsonaro contra a população de Brumadinho, tão sofrida nos últimos meses.
Essas famílias, atingidas pelos assassinatos da barragem da Vale, podem ficar
sem o auxílio do Governo para os próximos meses.
Edição
219 – Abril 2019
Editorial
Lutar
contra a Reforma da Previdência: a hora é agora!
Há coisas que não
podem ser deixadas para depois: a luta contra a Reforma da Previdência Social é
uma delas. É uma luta necessária e urgente. O que está colocado pelo governo
bolsonaro (PSL) é a destruição da Previdência Social, por um lado; e o aumento
dos infinitos lucros dos banqueiros, do outro.
Esta luta é a
favor de cada um de nós. Mas é, também, pelos idosos, pelos nossos filhos,
pelos nossos netos, pelas gerações que virão. Quem já está empregado, às portas
de se aposentar, será altamente prejudicado. No entanto, aos jovens e crianças
será impedida que a aposentadoria chegue no futuro: trabalharão, trabalharão,
contribuirão, contribuirão para, ao final, quando chegar a hora, não ter como
se aposentar, ou ter uma aposentadoria insignificante, incapaz de suprir as
necessidades mais básicas. É o que tem acontecido no Chile. Lá, a adoção do
modelo que bolsonaro quer implantar aqui levou os salários à metade, e a um
número cada vez mais alto de idosos se suicidando, dada a falta de dinheiro e a
depressão.
Bolsonaro quer
mudar a regras para que os atuais trabalhadores que já tinham aposentadoria
garantida aos 55 (mulheres) e 60 (homens), trabalhem até os 62 e 65 anos. Os
professores, que atualmente têm o direito de se aposentarem aos 50 e 55 anos
(com 25 e 30 de contribuição), terão que trabalhar mais 10 e 15 anos.
Bolsonaro, que
sempre desrespeitou as mulheres, quer prejudicá-las, especialmente. A proposta
desconhece que a mulheres trabalham muito mais – porque trabalham fora de casa
e em casa -, e aumenta a idade e o tempo de contribuição para elas mais do que
para os homens. Um exemplo: uma professora que, na data da aprovação da
proposta, estiver a 2 anos e 1 dia para se aposentar, terá que trabalhar mais
12 anos: ao invés de aposentar aos 50, se aposentará aos 62 anos!
Com as novas
regras, idosos e deficientes que recebem o BPC (Benefício de Prestação
Continuada), hoje no valor de 998 reais, passarão a receber apenas 400 reias
por mês. Isso significa aumentar, ainda mais, a miséria neste país de
miseráveis.
Outra categoria muito
prejudicada são os agricultores, que terão que contribuir com, pelo menos, 25
anos, e não 15, como é hoje.
Aos que são
jovens, esses terão que contribuir por 40 anos! Na prática, num país com 14.000.000
(quatorze milhões) de desempregados, é o fim da aposentadoria, uma vez que há
períodos em que o cidadão não consegue emprego. E o pior: bolsonaro quer acabar
com a contribuição patronal de 22% e aumentar a do empregado de 11 para 22%:
isso significa: a) diminuição drástica nos salários da população; b) que, ao
final dos 40 anos, a quantia descontada será pequena para o pagamento da
aposentadoria, diminuindo o salário pela metade. Some-se a isso o que estão
chamando de “capitalização”: ao invés de o governo cuidar do seu dinheiro, ele
será “cuidado” por um banco privado. Se o banco falir, você, caro leitor,
depois de 40 anos de contribuição, aos quase ou mais de 70 anos de idade,
ficará sem aposentadoria, ainda que miserável.
Acaba também a
aposentadoria por acidente de trabalho. O trabalhador que ficar incapacitado,
pelo trabalho, de continuar trabalhando, só receberá pelo tempo que contribuiu.
Assim, por exemplo, se uma pessoa começar a trabalhar aos 20 anos de idade e
ficar incapaz dois anos depois, só receberá por dois anos. Nesse exemplo,
quando tiver 24 anos, não terá mais, nem como trabalhar e nem receberá sua
aposentadoria, ficando entregue à sua própria sorte, a esmolas, se não tiver
ninguém para lhe sustentar.
Mas o pacote de
maldades de bolsonaro, não para aí: ele quer acabar com o pagamento de um
salário mínimo anual do PIS / PASEP. Hoje, se uma pessoa recebe até dois
salários mínimos por mês, tem direito a um salário de 998,00. Na proposta de
bolsonaro, só terá direto quem recebe 1 salário. Então, se um trabalhador
receber 999,00 (1 real a mais), ficará sem este salário uma vez por ano.
Reinaldo Fernandes
Editor
|
Agora, o governo
optou por chantagear a sociedade brasileira, dizendo que se a reforma não for
feita, o Brasil vai quebrar, que terá que cortar as verbas das universidades
etc etc, que a Previdência é deficitária. Tudo mentira, tudo fake news!
Especialistas estão cansados de provar que a Previdência é superavitária, sobra
dinheiro. O que acontece são os calotes dados pelas grandes empresas e que o
governo não cobra; e os desvios do dinheiro da Previdência para outros fins do
governo. Quanto ao Brasil quebrar, todo mundo sabe que estamos entre os 10
países (entre 203) mais ricos do mundo: o problema não é o dinheiro, é que o
governo faz com ele, como gastá-lo para pagar uma dívida pública já paga não se
sabe quantas vezes!
Razões não faltam
para que todo trabalhador brasileiro lute contra essa maldita Reforma da
Previdência. No momento, uma boa forma é pressionar os deputados federais para
não voarem conta ela. E participar das atividades chamadas pelos sindicatos e
centrais sindicais, como a GREVE GERAL do dia 14 de junho. ‘Bora lutar?
Edição
219 – Abril 2019
Bolsonaro obteve 12.215 votos em
Brumadinho mas agora quer prejudicar os mais pobres do município
Pagamento Emergencial da Vale pode deixar beneficiários
sem Bolsa Família
O presidente
bolsonaro (PSL) recebeu votos de 12.215 pessoas de Brumadinho. Agora ele quer
“retribuir” tirando o Bolsa Família de 1600 famílias, em torno de 6000 pessoas,
a maioria delas que lhe deram o voto em outubro de 2018. É mais uma maldade de
bolsonaro contra a população de Brumadinho, tão sofrida nos últimos meses.
Um ofício
enviado pelo Ministério da Cidadania para Brumadinho informa que famílias que
são beneficiárias do Programa Bolsa Família sobre a maldade do presidente em
que elas votaram. Essas famílias, atingidas pelos assassinatos da barragem da
Vale, podem ficar sem o auxílio do Governo para os próximos meses.
Segundo o
documento do governo bolsonaro, algumas famílias podem ter ultrapassado a renda
limite para o recebimento do programa, por conta do pagamento emergencial
temporário que está sendo pago pela Vale às suas vítimas.
As indenizações
pagas pela mineradora variam de R$249 a R$ 998. Pelos dados apresentados pela
prefeitura de Brumadinho, aproximadamente 1.600 famílias poderão perder o Bolsa
Família, caso o corte ocorra. Se acontecer, essas famílias, na prática, terão o
pagamento emergencial da VALE num valor menos do que todos os outros, já que
ficarão sem os valores do Bolsa Família.
O estabelecido,
de acordo com o Ministério da Cidadania, é que o Bolsa Família seja pago a
famílias com renda per capita mensal entre R$85 e R$ 170.
A VALE matou quase
300 pessoas. Vinte e nove (29) ainda não tinham seus corpos localizados até o
último dia 20 de maio.
Edição
219 – Abril 2019
Papa Francisco em Brumadinho
O Sumo Pontífice mandou um incentivo à Igreja para “agir contra
toda violência provocada pela mineração”
Fiéis acenderam velas diante de cada nome dos assassinados pela VALE (foto: reinaldo fernandes / jornal de fato - brumadinho) |
O Sumo Pontífice enviou um representante de
Roma para visitar Brumadinho. Anteriormente, no dia 3 de maio, o papa recebeu
um morador do Parque da Cachoeira em Roma, com quem conversou sobre nosso
Município.
Seu Dari Pereira, sobrevivente dos crimes
da VALE, que perdeu todos seus bens, entregou ao Papa fotos das quase 300
pessoas assassinadas, e o papa as abençoou. A ida de seu Dari parece ter
sensibilizado ainda mais Papa Francisco. Ele, que já tinha enviado mensagem de
solidariedade nos primeiros dias dos crimes, agora enviou um representante para
lhe dar as notícias diretamente. Seu Dari foi a Roma a convite do Vaticano para
representar o Brasil no evento “A indústria minerária para o bem comum”.
Dari encontrou-se com o Papa por intermédio
do Frei Rodrigo Pereira da Rede de Mineração e Grupo de Trabalho de Mineração
da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil). Em entrevista à Rádio
Vatican News, Frei Rodrigo destacou o trabalho do arcebispo Dom Walmor de
Oliveira (eleito recentemente para presidir a CNBB) e do bispo Dom Vicente de
Paula Ferreira no acompanhamento das questões de Brumadinho. Dom Vicente,
inclusive, mudou para Brumadinho. No dia 25 de abril, nos atos que lembraram os
três meses dos assassinatos, Dom Vicente fez um discurso contundente,
condenando a mineração e em apoio aos Trabalhadores Rurais Sem Terra que vieram
cobrar seus direitos da VALE.
Programação com
Monsenhor Bruno Marie-Duffé
A programação do representante do Papa,
Monsenhor Bruno Marie-Duffé, teve início na sexta feira, no evento “Mineração e
o cuidado com a Casa Comum”, no Museu de Ciências Naturais da PUC Minas.
Em Brumadinho, no dia 18, foi um dia
inteiro de atividades e celebração. A partir das 9 horas da manhã houve uma
celebração na igreja em Córrego do Feijão, com procissão até a lama, o que
repetiu em seguida, na comunidade de Parque da Cachoeira, a partir das 13
horas. Na sede de Brumadinho aconteceu uma “missa de solidariedade e esperança”
na Igreja Matriz, às 18 horas. “Incentivar a igreja a agir contra toda
violência provocada pela mineração” era o recado que o Papa enviou para
Brumadinho através de seu representante.
Placa de nomes e
velas
Fiéis acenderam velas diante de cada nome dos assassinados pela VALE (foto: reinaldo fernandes / jornal de fato - brumadinho) |
Parentes de pessoas assassinadas pela VALE
e outras que têm lutado para que os crimes não caiam no esquecimento prepararam
a escadaria da Igreja Matriz de São Sebastião com placas com os nomes de todos
que foram assassinados, e velas acesas. As velas foram acesas no começo da
cerimônia mas muitas se apagaram com o vento. Ao final da missa, todos foram
convidados a acenderem as velas que se apagaram, num momento muito emocionante
para os parentes e amigos das vítimas.
Durante a missa, abrilhantada pela Banda
São Sebastião, o Representante do Papa lembrou que “amar é lutar contra as
injustiças”. Já Padre Renê comunicou aos fiéis que o Santo Papa enviara uma
“cruz peitoral”, que ele usa, e visitará toda casa de vítima da VALE, como se o
fosse o próprio Papa Francisco a fazê-lo.
Edição
219 – Abril 2019
Dicas
Para Viver Mais e Melhor
Por Reinaldo Fernandes
Que as mães deem limite, liberdade e respeitem seus filhos
Para todas as mães, desejo que sejam ardentemente
amadas por seus filhos. Para que isso aconteça, desejo que deem muita liberdade
para seus filhos, que respeitem suas escolhas, que lhes incentivem em seus
projetos pessoais. Que se lembrem de que, embora gerada por elas; embora
cuidada, com infinito amor, por elas, a vida, que é curta e bela, é deles, dos
filhos. Só deles! Assim, as mães serão cada vez mais e verdadeiramente amadas
por eles!
Desejo, também – e aqui transcrevo uma mãe,
a psicanalista Inez Lemos – que “saibam educar bem os filhos e netos, pois
muita das perversidades, dos crimes e do fascismo praticado hoje, são efeitos
de uma função materna frágil. As mães tem muita dificuldade em dizer não aos
filhos, a permissividade está na moda. A criança precisa ser interditada,
limitada em suas pulsões descabidas. Um filho que não é inserido na lei desde
pequeno, pode se transformar em um perverso, um psicótico, psicopata.
Ninguém nasce violento, criminoso. Devemos
nos perguntar: como esses políticos corruptos, que gozam destruindo o país,
foram educados?
Importa saber barrar, colocar um ponto de
basta nos caprichos, nos mimos. Todo excesso é mortífero, patológico. Sem
limites estaremos colocando no mundo Bolsonaros, Aécios, Temer. Eles agem sem
culpa, sentem prazer em causar desgraças ao outro.
Portanto, um mundo melhor depende da forma
como as crianças estão sendo castradas simbolicamente, ou seja, inseridas nos
códigos civilizatórios: respeitar as diferenças, não se corromper, não sonegar,
não jogar lixo na rua, não valorizar o consumo vazio, incentivar a boa
leitura... é a ética nossa de cada dia que tem que ser rezada nos lares
brasileiros.”
Assim, teremos filhos e um País melhores. E
mães mais amadas, porque terão dado limites, respeito e terão sabido respeitar
– no melhor sentido da palavra – seus filhos.
É isso!
Edição
219 – Abril 2019
Assassinatos
da VALE
Várias localidades fazem Entrega
Coletiva para Pagamento Emergencial da VALE
Várias localidades fizeram, no último mês e
início de maio, a Entrega Coletiva para Pagamento Emergencial da VALE. A VALE,
conforme já informado pelo Jornal de fato em sua edição anterior, se viu
obrigada a aceitar a Entrega Coletiva de documentação para o pagamento
emergencial a cada brumadinense. Na
Entrega Coletiva, qualquer grupo de pessoas pode se organizar – por rua, por
localidade, por bairro, por bairros etc -, coletar a documentação, agendar no
0800 888 1182 e fazer a entrega de todos os envelopes, sem que cada pessoa
tenha que dirigir-se ao posto de recebimento.
O juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública, as
promotorias estadual e federal, assim como as Defensorias entenderam que era
necessário afastar a criminosa das vítimas. A prática da VALE é a de investir
na aproximação individual, comprar as pessoas e trabalhar contra a organização
popular, de quem a assassina tem medo. A Entrega Coletiva ajuda a inibir
falcatruas da VALE: a empresa tem agido como verdadeira organização criminosa
como no episódio do formulário, em que ela queria colocar um adendo em que as
pessoas abriam mão de indenizações futuras.
Diversas
localidades fizeram entrega coletiva
O pagamento emergencial tem agitado a vida
de muita gente. Em tempo de crise, desemprego alarmante e falta de dinheiro, o
pagamento emergencial tem significado um alívio para muitas famílias. Assim,
muita gente correu aos postos da empresa assassina para tentar receber o mais
rápido possível. No entanto, muita gente optou pelo caminho coletivo, mais
seguro para os atingidos. Foi o caso dos bairros Grajaú (e não “Grajaí”, como
diz a VALE, demonstrando total desconhecimento do território que ela explora),
Barroca, João Bosco e outros próximos. Sua entrega foi feita na segunda
quinzena de abril. Até o fechamento dessa edição, várias famílias já tinham
recebido o depósito em suas contas bancárias.
Já moradores dos bairros Lourdes, São Bento
e Silva Prado fizeram a entrega no dia 3 de maio. Já no dia 8, 4 dias úteis
depois, muitos moradores já tinham recebido os valores relativos a 5 meses.
Moradores
dos bairros José de Sales Barbosa (Residencial Bela Vista) e São Judas Tadeu
também fizeram a entrega, no dia 10 de maio. A Entrega Coletiva foi articulada
por uma Comissão formada por Eliandro Leal, Edson, dona Dirce e Ivanete,
diretora do Sind-Saúde e membro da Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS.
Outra comunidade que prepara a entrega
coletiva é a de Soares.
Na última audiência na Justiça, na 6ª Vara,
a VALE alegou dificuldades para fazer tantos pagamentos ao mesmo tempo e
conseguiu alargar o tempo para 30 dias úteis, ao invés de 20. A partir de
agora, poderá demorar um pouco mais de dias para o dinheiro cair na conta do
cidadão.
Edição
219 – Abril 2019
Poucas e Boas
“O que eles ‘erraram’ é que previram a
morte de 20 pessoas. E foram 300.”
Promotor André
Sperling, Promotor de Justiça responsável pela Força Tarefa que defende
a população de Brumadinho e atingidos pelos crimes da VALE
“Para que as demandas do povo sejam
atendidas, o povo precisa estar organizado, consciente dos seus direitos. O
caminho é esse, caminho coletivo. Os atingidos têm que ficar cientes que
existe, sim, um processo da VALE para buscar dividi-los, para transformar as
causas coletivas em meramente individuais. Esse caminho tomado pela VALE está
muito claro para nós num recente acordo que a mineradora firmou junto à
Defensoria Pública, no qual pretende pagar indenizações individuais pás as
pessoas. Esse acordo criou uma tabela de danos, que diz quanto vale cada coisa.
Se os atingidos aceitarem esse padrão de indenização, eles não terão direito
mais de discutir os valores que receberam individualmente.”
Do mesmo André
Sperling, Promotor de Justiça
“Não podemos conviver com o passado, temos
de estarmos olhando para o futuro.”
Governador Romeu
Zema, sobre as quase 300 pessoas assassinadas pela VALE em Brumadinho,
“Mais
uma “abominação da desolação”, como disse Jesus no Evangelho de Marcos,
referindo-se aos absurdos nascidos das ganâncias e descasos com o outro, com a
verdade e com o bem de todos: mais uma barragem rompida em Minas Gerais, agora
em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A Arquidiocese de Belo
Horizonte une-se a cada um dos atingidos, compartilhando suas dores. Nossas
comunidades de fé, especialmente às que servem ao Vale do Paraopeba, estejam
juntas, para levar amparo, ajuda, a todos que sofrem diante de tão lamentável
tragédia.”
Dom Walmor Oliveira de Azevedo,
presidente da CNBB, sobre os crimes cometidos pela VALE
“O
que foi legado ao homem para que prospere e tenha uma vida plena e a transmita
às futuras gerações, a ação irrefreavelmente gananciosa e criminosa das
mineradoras destrói em tão pouco tempo. Vemo-nos diante da débil regulação
deste setor pelo Legislativo, eivado de pessoas financiadas por essas empresas
e que são autorizadas pelo Executivo, imiscuído em múltiplos interesses nem
sempre republicanos e precariamente fiscalizadas pelos órgãos que existem para
isso. Soma-se a isso um Judiciário leniente, ensimesmado, caríssimo,
insensível, pretensioso e divorciado do povo brasileiro. Foi assim em Mariana,
pela Vale/Samarco, até hoje "na justiça"; é assim em Brumadinho, pela
Vale. Não podemos deixar que assim continue.”
Dom Joaquim Giovani Mol,
bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, sobre os crimes cometidos
pela VALE
“Não
houve um acidente nessas Minas Gerais. Houve um crime ambiental e um homicídio
coletivo.”
Do
mesmo Dom Joaquim Giovani Mol
"Essa reforma não combate
realmente privilégios. Pelo contrário, penaliza os mais necessitados
retirando-lhes direitos fundamentais a uma vida minimamente digna ao
mesmo tempo em que privilegia os afortunados, criando
favorecimentos como isenções fiscais e perdões de dívidas para instituições
financeiras, não tributando grandes fortunas, não criando penalidades
para devedores contumazes."
Dirce Namie Kosugi, especialista em Direito Previdenciário e Coordenadora do Movimento
Acorda Sociedade (MAS)
Edição
219 – Abril 2019
Curtíssimas
Marcelo Teixeira e as eleições
Quem anda sumidaço é o
ex-candidato a Prefeito pela REDE Sustentabilidade, Marcelo Teixeira. Ele já
não morava em Brumadinho havia dezenas de anos mas apareceu para ser candidato
a prefeito nas eleições de 2016. Passadas as eleições, o político nunca mais
foi visto em Brumadinho. Agora, nem mesmo passados 3 meses do assassinato de
300 pessoas pela VALE, Teixeira deu as caras.
Nota de repúdio da ANADEF
A Anadef, entidade que representa os Defensores Públicos Federais,
manifesta repúdio ao ato de censura realizado pelo presidente Jair Bolsonaro ao
exigir a retirada de uma campanha publicitária que celebra a diversidade (do
Banco do Brasil). Para a Associação, essa medida demonstra a extrema desconexão
e a falta de empatia do Governo Federal com as representações da enorme
pluralidade racial e sexual da população brasileira. Para a Anadef, o ato foi
profundamente lamentável e chama a atenção para a necessidade urgente de
discutirmos a intolerância que este governo promove. É inaceitável um
questionamento de identidade étnica, sexual, de gênero, religiosa ou de
qualquer natureza.
Governo Bolsonaro anuncia aumento na
conta de luz
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) anunciou que a bandeira
tarifária no mês de maio vai ser amarela, com custo de R$ 1,00 para cada 100
quilowatts-hora consumido. Desde dezembro do ano passado a bandeira tarifária
estava verde em todo país, ou seja, sem a cobrança extra. Bolsonaro consegue
ser pior do que temer para a população.
Edição
219 – Abril 2019
Para Zema, cobrar a VALE pelas
quase 300 mortes de Brumadinho é “conviver com o passado”
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (NOVO),
tentou pintar de rosa a magnitude do desastre provocado pelo rompimento da
barragem da mineradora Vale em Brumadinho. O GOVERNADNOR afirmou que a tragédia
é um episódio que deve servir para “agregar no futuro” e que “não se pode
conviver com o passado”.
Sobre cobrar e punir a Vale e os
responsáveis pelos assassinatos cometidos, Zema relativizou e foi apenas
protocolar no seu pronunciamento: “Se elas erraram…”. A essa altura do
campeonato, mais de 3 meses depois, com todas as provas contra a mineradora, o
governador ainda tem dúvida de que a Vale errou.
Até agora, o desastre ocorrido no dia 25 de
janeiro deixou um rastro de destruição e um saldo de quase 300 pessoas mortas,
com mais de três dezenas de corpos ainda não entregues à família para o
sepultamento. A declaração do governador aconteceu durante a abertura do
seminário sobre o futuro da mineração, realizado em Nova Lima (MG) no dia 17 de
abril.
Governo Bolsonaro
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo
Salles, que também participou do evento, reforçou o discurso do governador e
defendeu a mineração como propulsora da economia no estado e no país. Salles
afirmou que a atividade não pode ser “demonizada”. No entanto, foi a Vale que
demonizou a atividade, com seu descaso pela vida de moradores e funcionários,
pelo meio ambiente, somente pensando nos altos lucros.
Outro ministro presente, Bento Albuquerque
(Minas e Energia), seguiu na mesma linha, defendendo a importância do setor
para a economia.
“Apesar de estarmos acometidos por um
momento desfavorável, a atividade de extração do minério de ferro, em razão da
paralisação de parte considerável de suas operações, com grande impacto
econômico e social, devemos enfrentar esse cenário não apenas como um momento
de crise, mas como um momento para reflexões e oportunidades”, declarou.
A VALE é reincidente em desastres. A
Samarco – subsidiária da Vale, em sociedade com a BHP, a quem pertencia a
barragem de Fundão, em Mariana, cujo rompimento destruiu o distrito de Bento
Rodrigues, matou 19 pessoas na tragédia. Brumadinho foi o sexto município
de Minas Gerais atingido pelo rompimento de uma barragem com rejeitos de
mineração. Outros rompimentos aconteceram em Itabirito, Miraí, Muriaé,
Cataguazes, e Mariana.
Resultado da
privatização
Não se tem registros de tragédias, como a
de Brumadinho, no período em que a Vale era estatal. Ela foi privatizada em
1997 por 3,388 bilhões de reais, enquanto geólogos da Companhia de Pesquisas de
Reservas Minerais – CPRM (hoje Departamento Nacional de Pesquisas Minerais –
DNPM) a avaliavam em R$ 1,7 trilhão (cf.
Leo de Almeida Neves “Compromissos da Vale com o Brasil” –
20/04/2011).
Bombeiros resgatam mais um corpo no mar de
lama provocado pelo rompimento da barragem da Vale. Foto: Wilton Júnior –
Estadão
Edição
219 – Abril 2019
Curtas
Dom
Walmor Azevedo é eleito novo presidente da CNBB
A Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) elegeu como presidente da instituição
o arcebispo de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo. A escolha foi
anunciada no dia 06 de maio, durante a 57ª Assembleia Geral da CNBB, realizada
em Aparecida, interior de São Paulo.
Dom Walmor,
visto como “moderado politicamente aberto a debates” dentro da CNBB, exercerá a
função até 2022 e substitui o cardeal dom Sergio da Rocha, arcebispo de
Brasília.
Clima tenso
O escolhido para presidente, dom Walmor, reconheceu o clima tenso dentro da igreja. “Temos um longo caminho a percorrer de diálogos no interno da igreja e da igreja com os segmentos da sociedade”, disse ele prometendo uma gestão de “fidelidade aos valores do Evangelho”.
Dom Odilo Scherer, de SP, tido como representante da ala
conservadora da CNBB foi o adversário derrotado. Dom Walmor é tido como
moderado. A CNBB é contra, por exemplo, a Reforma da Previdência proposta pelo
presidente bolsonaro (PSL).
Edição
219 – Abril 2019
Gislene Parreiras Zuza é nomeada para a Secretaria
de Obras e pede índios no zoológico
Causou revolta nas redes sociais a notícia de que Gislene
Parreiras Zuza foi nomeada para Chefe de Transportes da Secretaria de Obras. Em
janeiro, quando ocupava o cargo de Coordenadora da Defesa Civil da Prefeitura
Municipal de Brumadinho, em meio a tantos assassinatos cometidos pela VALE, ela
defendeu a empresa assassina, dizendo que “a VALE é uma empresa responsável.
Muito responsável!” Depois disso, população ficou revoltada e fez uma petição
on line, que levou à sua demissão do cargo.
No entanto, parece que o Prefeito Nenen da
ASA (PV) apenas enganou a população, devolvendo à senhora Gislene outro cargo
de confiança em sua administração.
“Índios eles devem
ser mantidos como animais em zoológicos”
Sempre causando polêmica, Gislene Parreiras
Zuza agitou mais uma vez as redes sociais. Pelo facebook, em pleno Dia do
Índio, ela saiu com mais uma das suas: “... eles [índios] devem ser mantidos
como animais em zoológicos...”. Sua postagem associava os índios ao que ela
chamou de “fatia de mercado da esquerda”.
Depois da postagem, pelo Whatsapp, muitos
internautas pediam sua demissão mais uma vez.
Edição
219 – Abril 2019
Frente Brasil Popular do Médio Vale do Paraopeba
realiza encontro em Brumadinho
A FBP - Frente
Brasil Popular - do Médio Vale do Paraopeba realizou encontro em Brumadinho no
último dia 4 de maio. A FBP – Médio Paraopeba congrega os municípios vizinhos,
como Ibirité, Sarzedo, São Joaquim de Bicas, Mário Campos, Igarapé, Brumadinho,
dentre outros. Escolha de brumadinho se
deu pelo fato do Município estar em intensa luta depois dos crimes praticados
pela mineradora VALE.
O encontro
aconteceu no Assentamento Pastorinhas, próximo ao Tejuco e contou com mais de
quatro dezenas de militantes de diversas entidades populares. Mais da metade
dos participantes eram de Brumadinho. Entre as entidades presentes estavam o
CEDEFES – Centro de Documentação Eloy
Ferreira da Silva -, PT de Ibirité, PT de Sarzedo, Cáritas, e as entidades que
formam a Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS de Brumadinho (MAB, MAM, PT
de Brumadinho, Sind-UTE, Sind-Saúde, FRENTE BRASIL POPULAR de Brumadinho, do
Médio Vale do Paraopeba e de MG; MST, Conselho do Parque do Rola Moça).
Reforma da Previdência e privatizações
Entre os temas
discutidos estavam a Reforma da Previdência e as privatizações das empresas
brasileiras e de Minas Gerais. Não ficou de fora a discussão sobre a mineração
e a necessidade de um novo modelo que não coloque em risco a vida das pessoas.
No final do
encontro, os militantes discutiram sobre a necessidade de levar a discussão da
situação do Brasil para a população, em especial a questão da Reforma da
Previdência. Ficou decidido que, nas cidades onde a Frente Brasil Popular ainda
não estava organizada, que seria feito esforço no sentido de organizá-la. No
caso de Brumadinho, em que a Frente está organizada desde 2018, ficou decidido
que seria realizado em II Congresso do Povo de Brumadinho, no dia 9 de junho. A
discussão central seria a Reforma da Previdência.
A proposta do governo Bolsonaro, na
prática, acaba com as aposentadorias no Brasil. A Reforma prevê que as pessoas
terão que trabalhar por 40 anos, se aposentando a partir dos 65 anos, os
homens; e 62, as mulheres. O Benefício de Prestação Continuada, o BPC, será
reduzido de R$ 998,00 para apenas 400 reais. As mulheres serão as mais
prejudicadas. Uma professora, por exemplo, terá que trabalhar 12 (doze) anos
mais. Quem estiver a 2 anos e um dia para se aposentar, terá que trabalhar 5,
10 ou 12 anos a mais.
Já o patrão não mais terá que pagar 22% do
salário e a Previdência será custeada apenas pelo trabalhador, que poderá ter
seu salário reduzido em mais 11%.
Edição
219 – Abril 2019
Reforma da Previdência
Fim de abono na Nova
Reforma amplia desigualdade social
A proposta de Reforma da Previdência acaba com o pagamento de abono
salarial para milhões de trabalhadores brasileiros. O benefício, destinado a
quem recebe até dois salários mínimos por mês, garante o pagamento de R$ 998,
pago como uma espécie de 14º salário. A mudança proposta por Bolsonaro tira
esses 998,00 de milhões de brasileiros: só terá direito ao abono o trabalhador
que tiver renda mensal de um salário mínimo. A Nova Reforma prejudica, também
aqui, boa parte população brasileira, a mais pobre.
Edição
219 – Abril 2019
Frente Brasil Popular Brumadinho
realiza panfletagem sobre o desmonte da Previdência pretendido pelo governo
Bolsonaro
Militantes do MAM - Movimento pela Soberania Popular na Mineração - Pâmela e Sara, entregam panfletos à população e dialogam sobre a Reforma da Previdência |
A Frente Brasil
Popular – Brumadinho realizou na manhã do sábado, 11 de maio, um mutirão de
diálogo sobre os direitos ameaçados no projeto de reforma da Previdência do
governo federal.
Foi uma manhã
agitada na Praça da Bandeira, no Centro da cidade, com música, panfletagem,
conversas e informações sobre o desmonte da Previdência Social, planejado pelo
governo Bolsonaro (PSL). A calculadora do DIEESE estava presente e demonstrou a
idade que as pessoas aposentariam caso a reforma seja aprovada no Congresso
Nacional. Muitas pessoas desconheciam o que está em jogo e relataram que, até
então, estavam caindo nas armadilhas das propagandas mentirosas do
governo.
Esclarecendo
as verdades sobre o Reforma
Para Maria da
Conceição, moradora de Brumadinho, a atividade foi importante para esclarecer a
verdade sobre a Reforma da Previdência. “De tanto escutar na rádio e televisão
que essa reforma é boa, eu até comecei a torcer para ela ser aprovada e acabar
com essa discussão logo. Mas depois das informações que tive hoje, percebi que,
se ela for aprovada, eu não vou aposentar nunca! Isso é um absurdo, o governo
está olhando somente para os interesses dos bancos e das grandes empresas, nós,
trabalhadoras, vamos ser severamente prejudicadas! ”, alerta Conceição.
A atividade faz
parte da jornada de construção da Greve Geral contra a Reforma da Previdência dos
preparativos para luta no dia 15 de maio em defesa da educação! A Greve Geral
está marcada para o dia 14 de junho. Já no dia 9 de junho está marcado o
Congresso do Povo de Brumadinho.
Colaborou
Luiz Paulo Siqueira, do MAM – Movimento pela Soberania Popular na Mineração
Edição
219 – Abril 2019
Frente Brasil Popular Brumadinho
realiza Congresso do Povo em junho
A FBP - Frente Brasil Popular - de Brumadinho
promete realizar o Congresso do Povo de Brumadinho no início do próximo junho.
A discussão central do Congresso do Povo será a Reforma da Previdência Social. “O
Brasil está passando por um momento complicadíssimo para o povo. A Reforma da
Previdência proposta pelo governo de Bolsonaro é simplesmente absurda, em lugar
nenhum do mundo se pensou em algo tão perverso para o povo”, avalia Reinaldo
Fernandes, membro da FBP – Brumadinho”. Se o povo não reagir, pagará muito
caro! Nossos filhos nunca mais se aposentarão, é uma covardia do Bolsonaro”,
completa Fernandes.
A proposta do governo Bolsonaro, na
prática, acaba com as aposentadorias no Brasil. A Reforma prevê que as pessoas
terão que trabalhar por 40 anos, o que é quase impossível num país com 14 milhões
de desempregados. Quando se desemprega, leva-se muito tempo para voltar ao
mercado de trabalho. Além disso, aumentará a miséria: o Benefício de Prestação
Continuada, o BPC, será reduzido de R$ 998,00 para apenas 400 reais. As
mulheres serão as mais prejudicadas. Uma professora, por exemplo, terá que
trabalhar 12 (doze) anos mais. Quem estiver a 2 anos e um dia para se
aposentar, terá que trabalhar mais 5, 10 ou 12 anos.
Outro grande problema da proposta do
presidente é a tal da capitalização. O patrão não mais terá que pagar 22% do
salário do empregado e a Previdência será custeada apenas pelo trabalhador, que
poderá ter seu salário reduzido em mais 11%.
O Congresso do Povo de Brumadinho faz parte
do esforço da Frente Brasil Popular do Brasil e de Minas para alertar o povo
sobre a armadilha que está sendo preparada pelo Governo e a grande imprensa.
Não é verdade que a Reforma ataca os privilégios: os que ganham mais
continuarão ganhando mais, deputados, ministros da Justiça continuarão tendo
altos salários.
Chantagem do
governo
O governo tem chantageado a sociedade
alegando que cortes que está fazendo na educação e em outras áreas poderão ser
revistos caso a Reforma seja aprovada. No entanto, trata-se de um governo
ultraliberal, que quer desmontar o Estado brasileiro em favor do empresariado.
A Reforma da Previdência nada mais é do que uma “retribuição” aos banqueiros
que patrocinaram o Golpe contra a Presidente Dilma Rousseff (PT) e apoiaram
Bolsonaro (PSL) para a presidência. Se a Reforma passar, são os bancos que
“cuidarão” do dinheiro dos trabalhadores, e não mais o Governo.
Edição
219 – Abril 2019
Opinião
Às mães de Brumadinho
Inez Lemos
Por mais que tentemos, jamais iremos saber
dimensionar a dor das mães de Brumadinho que perderam seus filhos ou filhas,
soterrados na lama fétida de minério.
Lama de rejeitos, lama de ferro, lama que
sujou, lambuzou de dor e revolta a alma de cada família, cada mãe que chora o
filho perdido. Mães órfãs, mães avulsas, sem seus pares, mães de colos vazios,
mães de panelas vazias. Cadê o filho para jantar? Cadê o filho para dar o colo
quando doente?
A vida que devemos reverenciar é a que
brota de dentro, a que nos faz arrepiar, nos deixa sem chão de emoção, e isso é
coisa de mãe e filho, amor que rasga tudo e sangra de felicidade. Mas a vida
que rola nas entranhas das mães-carinho, mães-dedicação, não entra nas
planilhas das empresas. Lá os filhos são apenas um número, um peão, um
funcionário, um executivo. Lá, o outro de capacete é um reles objeto, um
fazedor de royalties, um carregador de pedras.
E agora José? A VALE da mais-valia, não
vale uma vida, e a vida das mães de alma de ferro não vale mais sem seus
filhos. Brumadinho estampa, em suas calçadas mínimas e sujas de pó de minério,
desrespeito, descaso e desfaçatez dos homens de negócio. Aqueles que, sem
escrúpulos, chegam, cavam e metem tratores, retroescavadeiras e arrancam a
riqueza que não é deles. O solo chora a extração suicida que em Brumadinho
gerou apenas uma cidade marrom, um corredor de carros sem praça, sem charme,
sem dinheiro e sem "dia das mães", pois mães não há mais. Apenas
mulheres chorando os pedaços dos filhos resgatados dos escombros de um crime
anunciado.
Homenagem? De quem? Da Vale? Ironia, a
única homenagem às mães de corações sequestrados veio dos bombeiros, dos homens
que honraram a condição humana, o lado belo da vida que ainda pulsa entre os
bons sentimentos.
Inez Lemos, psicanalista e consultora em
educação, autora do livro Pedagogia do consumo (Ed. Autêntica) é moradora de
Casa Branca e membro da Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS
Edição
219 – Abril 2019
Opinião
Mineradoras lesam a humanidade
Dom
Joaquim Giovani Mol
Riquezas das Minas Gerais, seus
minérios e tantas outras maravilhas, que tão generosamente nos foram dadas pelo
Criador, transformaram-se em sua perdição. Minas vê, gravíssima e rapidamente,
seus rios, lagos, afluentes, terras agricultáveis, comunidades e suas culturas
sendo dizimadas. São cometidos crimes contra a vida humana, contra o meio
ambiente e contra o direito de viver em comunidade e em família.
Na Encíclica Laudato si, o Papa
Francisco nos alerta para a necessidade da urgente compreensão de que o Planeta
agoniza e clama contra o mal que provocamos por causa do uso irresponsável e do
abuso dos bens que Deus nele colocou.
O que foi legado ao homem para que
prospere e tenha uma vida plena e a transmita às futuras gerações, a ação
irrefreavelmente gananciosa e criminosa das mineradoras destrói em tão pouco
tempo. Vemo-nos diante da débil regulação deste setor pelo Legislativo, eivado
de pessoas financiadas por essas empresas e que são autorizadas pelo Executivo,
imiscuído em múltiplos interesses nem sempre republicanos e precariamente
fiscalizadas pelos órgãos que existem para isso. Soma-se a isso um Judiciário
leniente, ensimesmado, caríssimo, insensível, pretensioso e divorciado do povo
brasileiro. Foi assim em Mariana, pela Vale/Samarco, até hoje "na
justiça"; é assim em Brumadinho, pela Vale. Não podemos deixar que assim
continue.
Não houve um acidente nessas Minas
Gerais. Houve um crime ambiental e um homicídio coletivo. Uma matança de
pessoas, animais e do meio ambiente. Quase mataram também a esperança, a fé, a
dignidade e o amor das pessoas que sobraram, agora terrível e
indescritivelmente sofridas, mas em processo curativo, em reconstrução,
soerguimento, revitalização e retomada de posse de sua brava dignidade. Como
não há uma empresa mineradora em abstrato, as pessoas que nela atuam e têm
responsabilidade sobre esta tragédia devem ser rigorosamente punidas, para que,
juntamente com a mineradora, não caiam em desgraça também os que exercem os
poderes acima citados e já tão pouco acreditados. Conscientemente, as
mineradoras optam, por serem mais baratos, por modelos de exploração de minério
de ferro e de outros metais mais danosos ao meio ambiente e à vida humana. O
lucro exorbitante, quase ilimitado, com pouco retorno à sociedade por meio do
poder público, é o único critério e preside, inconsequentemente, as decisões em
relação aos modelos de exploração dos recursos naturais.
Por causa dessa sede insaciável e
enlouquecida por riquezas cada vez maiores, “que a traça e a ferrugem destroem
e os ladrões roubam” (Mt 6,19), concentradas sempre mais nas mãos de
pouquíssimas pessoas, empresas mantêm trabalhadores na pobreza a vida inteira e
expostos à morte. A mineração em nosso País se tornou eticamente insustentável,
calamitosa e de altíssimo risco para a vida humana e toda a vida existente em
suas áreas de atuação.
A dimensão cruel e potência danosa
da reincidência desses crimes nos apontam que apenas o fato de não se tratarem
de um contexto de conflito armado é que os distingue de que sejam entendidos
como crimes de lesa-humanidade. As práticas de seus infratores, afinal, se
mostram sistemáticas, resultam da clareza dos riscos e danos de suas ações em
covardes atos desumanos e contra a população civil.
Por isso mesmo, urge que as pessoas,
organizações e instituições que valorizam a vida humana, que querem defender a
natureza dessa progressiva e suicida destruição, se insurjam contra esse modelo
de negócio que enriquece tão poucos, destruindo a vida de tantos. Do modo que
se realiza, esta economia mata, repito o Papa Francisco, o maior líder
humanitário do mundo atual.
É inadmissível a persistência desse
modelo econômico de enriquecimento pela destruição. É impossível continuarmos
aceitando que a natureza, obra-prima de Deus, seja sistematicamente destruída.
E que milhares de trabalhadores, idosos e crianças, mulheres e jovens,
prevalentemente os mais pobres e humildes, sejam diariamente expostos ao risco
de morrer em função de uma ganância deplorável.
Precisamos, talvez como nunca antes,
como nos convoca o Papa Francisco, cujo nome tem inspiração em São Francisco de
Assis, "exemplo por excelência pelo cuidado com o que é frágil e a
ecologia integral, vivida com alegria e autenticidade" (Laudato si), de um
debate que una a todos, porque o desafio ambiental diz respeito e tem impacto
sobre todos nós.
Dom
Joaquim Giovani Mol, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte
Edição
219 – Abril 2019
Atos marcam três meses dos assassinatos
da VALE
Ato no Monumento (Trevo do município) lembrou os três meses dos assassinatos (foto: reinaldo fernandes / jornal de fato - brumadinho) |
O dia 25 de
abril entrou para a história de Brumadinho. Atos para lembrar os três meses de
assassinatos marcaram o dia. Logo de manhã, com início às 9 horas, aconteceu
Audiência Pública da Comissão de Trabalho da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais, no Espaço casa Nova, próximo ao Trevo-Monumento. A Audiência discutiu o
que está sendo considerado o maior Acidente de Trabalho Ampliado do Mundo, uma
vez que a VALE matou quase trezentos trabalhadores. O evento contou com a
articulação de várias centrais sindicais, entre elas a CUT – Central Única dos
Trabalhadores – e a Conlutas. Guilherme Boulos (Psol), candidato a presidente
da República no último pleito, também esteve presente e solidarizou-se com as
famílias de Brumadinho.
Ato religioso no Monumento
Ainda de manhã
aconteceu, ainda, um ato religioso em frente ao Monumento (placa de Brumadinho
no trevo de entrada à cidade). As vítimas foram lembradas, a dor de cada família,
e a necessidade de haver justiça. Dom Vicente, bispo auxiliar da Arquidiocese
de Belo Horizonte (a qual pertence a paróquia de Brumadinho), e que está
morando na cidade desde os crimes, também esteve presente.
Audiência Pública dos Ministérios Públicos e Defensoria
A partir das 14
horas, o teatro da Quadra Municipal ficou lotado de atingidos, de Brumadinho e
de outras cidades ao longo do rio Paraopeba. Os Ministérios Públicos Estadual e
Federal, e a Defensoria Pública da União realizaram uma audiência pública para
tratar da questão de indenizações. A discussão principal foi a denúncia feita a
respeito do Governo de Minas e seu alinhamento às pressões da VALE.
Os órgãos de
defesa da população denunciaram o acordo feito entre a Defensoria Pública de
Minas Gerais, via governo Zema (NOVO/PSDB), e a VALE. A Defensoria Pública de
Minas Gerais vinha caminhando junto com os MPs e Defensoria da União. No
entanto, de repente, e na surdina, fechou um acordo com a VALE para
intermediar, a portas fechadas, acordos de indenização da mineradora com
atingidos, mas tudo de forma individual.
Perigo
Os Ministérios
Públicos, Estadual e Federal; e a Defensoria Pública da União denunciaram o
acordo feito e alertaram a população para não participar dessa armadilha. O que
a VALE deseja, segundo os órgãos, é enfraquecer os atingidos, fazer acordos com
prejuízos para os atingidos, impossibilitando-os de recorrerem depois à
Justiça. Além disso, e o principal, a VALE trabalha o tempo todo contra toda
forma de organização coletiva, porque não quer ver seus métodos de exploração
discutidos pela sociedade.
MST ocupa a cidade
A parte da tarde
foi marcada também pela ocupação feita pelos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o
MST. No início da tarde, centenas deles chegaram ao Centro da cidade,
carregando suas bandeiras de luta, com muita alegria e animação. Dirigiram-se à
antiga estação ferroviária, controlada pela MRS (VALE) e iniciaram um processo
de negociação via telefone com representantes da mineradora.
Embora
hostilizado por uma parcela - preconceituosa e desinformada - da população de
Brumadinho, o MST veio cobrar seus direitos. O Acampamento Pátria Livre,
localizado na divisa de Brumadinho com o município de São Joaquim de Bicas, foi
diretamente atingido pela lama da VALE. Os trabalhadores, que usavam a água do
rio para aguar a plantação, se viram sem ela. Muitas famílias, em torno de 150,
começaram a passar fome, enquanto eram discriminados pelas prefeituras de
Brumadinho e Bicas, pelo MP de Brumadinho e não receberam solidariedade nem
mesmo da própria Igreja Católica local.
Depois da
ocupação da estação ferroviária, os trabalhadores juntaram-se às demais pessoas
no ato que aconteceu em frente à Igreja Matriz de São Sebastião. Ali, foram
recebidos muito carinhosamente pelo bispo Dom Vicente. Além de prestar a
solidariedade da Igreja Católica aos trabalhadores rurais sem terra, Dom
Vicente fez um discurso contundente contra a mineração e o sistema capitalista.
“Foi um discurso de invejar a qualquer sindicalista”, observou Fernando Bretas,
membro da Articulação SOMOS TODOS ATINGIDOS.
Cantores prestam sua solidariedade
Um pequeno palco foi montado em frente ás escadarias da igreja matriz. Por ali passaram artistas como Fernanda Takai (Pato fu), o rap Flávio Renegado, Sylvio Rosa (do Bloco de Carnaval de Belô, Volta Belchior), o poeta Diego Zanini (de Sarzedo, coletivo de rua), Pedro Morais, Celso Moretti.
A “Tenda da Democracia”, que faz a defesa de “Lula Livre”, justiça para Marielle Franco e outras lutas também se fez presente, vendendo camisetas, distribuindo adesivos.
O dia 25 de abril de 2019 ficou marcado na história de Brumadinho como um dia de resistência às práticas de exploração.
Edição
219 – Abril 2019
Jornal Brasil De Fato – Especial
Brumadinho
O Jornal Brasil De
Fato fez circular uma “Especial Brumadinho” no dia 25 de abril. Com 4 páginas,
o BdF trazia a seguinte manchete: “’O que eles ‘erraram’ é que previram a morte
de 20 pessoas. E foram 300’”. A fala era do Promotor de Justiça, André
Sperling, coordenador da Força Tarefa que investiga os crimes da VALE em
Brumadinho, em entrevista ao Jornal. Sperling criticou o modelo “que beneficia
mineradoras e deixa população em risco”. Na entrevista, o Promotor defende a
organização do povo: “O caminho é este, caminho coletivo”, diz ele. Ele
esclarece que a VALE sabia dos riscos de matar trabalhadores e que teria
calculado o valor de 2 milhões e 600 mil dólares para cada vida humana. “Eles
tinham isso nos boletins internos. Engraçado que agora, nos processos de
reparação, eles não estão oferecendo esse dinheiro todo para as famílias”,
denunciou André Sperling.
O Jornal trazia
ainda as seguintes matérias: “O maior acidente de trabalho do Brasil”; “Desde
2020, VALE sabia dos riscos”; “32 barragens da VALE estão paralisadas em MG”;
“Conheça histórias de moradores que começam a se recuperar”. Trazia, ainda, uma
matéria sobre a Frente Brasil popular do Médio Vale do Paraopeba, que
organizará “curso sobre a realidade do país”.
Veja abaixo galeria de fotos do Genocídio da VALE: 3 meses dos assassinatos
Veja abaixo galeria de fotos do Genocídio da VALE: 3 meses dos assassinatos
Adicionar legenda |
Rap Flávio Renegado foto: reinaldo fernandes / Jornal de fato - Brumadinho |
Poeta Diego Zanini, de Sarzedo foto: reinaldo fernandes / Jornal de fato - Brumadinho |
Visita do Representante do Papa em Brumadinho foto: reinaldo fernandes / Jornal de fato - Brumadinho |
Visita do Representante do Papa em Brumadinho foto: reinaldo fernandes / Jornal de fato - Brumadinho |
Contra a Reforma da Previdência |
MST ocupou a MRS, de propriedade da VALE e cobrou seus direitos |
Nenhum comentário:
Postar um comentário