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sábado, 5 de dezembro de 2020

 Edição 236 – Novembro 2020

Crime ambiental em terras de vereador


Moradora diz cansada de ser enrolada pela Administração de Nenen da ASA (PV). Para ela, a administração  comete crime ambiental. O crime teria sido o desvio de um rio para uma propriedade particular, tudo consentido pela Secretaria de Meio Ambiente com a participação do vereador Valcir Martins, o Rambinho, morador da localidade de Colégio, e Daniel Hilário, à época, Secretário do Meio Ambiente.

Agora, a Secretaria de Meio Ambiente se recusa a apresentar a licença concedida, diz que não sabe da licença e que vai pedir uma cópia ao infrator. Há, ainda, uma outorga suspeita do IGAN.

 




Parte dos custos dessa edição é patrocinada pelo Fundo “Juntos por Brumadinho”. O Fundo, após aprovação do Ministério Público de Minas Gerais - MPMG -, funciona sob a responsabilidade da RENSER -  Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário - e  VEASPAM - Vicariato para a Ação Social, Política e Ambiental da Arquidiocese de Belo Horizonte. Patrocina projetos de defesa  dos atingidos pelos crimes da VALE na bacia do Paraopeba.

Edição 236 – Novembro 2020

Editorial

Compra/venda de votos e covardia

 O que me preocupa não é o grito dos maus, é o silêncio dos bons.”

Martin Luther King

Morar em cidade pequena tem muitas desvantagens. Mas tem também muitas vantagens. Uma delas é o fato de a gente conhecer as pessoas, saber da vida delas, o que fazem, com quem andam.

Duas coisas parecem ter sido definitivas nos resultados das eleições em Brumadinho: a compra/venda de votos e a covardia.  

Sem generalizações, é claro, podemos afirmar que o povo: 1) Se vendeu; 2) se acovardou. Dos candidatos, não é necessário falar: todos os conhecem, sabem quem é bandido, quem é honesto, em que tipo de coisa estão envolvidos.  

Para a Câmara, olhem os nomes dos eleitos e o que fazem de suas vidas, em que são envolvidos. Ali, para terem tantos votos, tudo indica que a compra / venda de votos “comeu solta”. A população, acostumada com o dinheiro fácil vindo dos crimes da Vale através de indenizações e Auxílio Emergencial, parece ter se vendido para receber “mais algum” antes que o Emergencial acabasse. Ele tinha data marcada para acabar em novembro, mês das eleições. E não faltava quem tivesse muito para comprar os votos.  

Conta-nos um candidato a prefeito que ficou admirado com o assédio para a venda dos votos: “Uma me pediu um muro de arrimo; outra, que eu fizesse o telhado em troca de 4 votos; um foi ao comitê de campanha me oferecer 27 votos por R$ 5 mil; outra, que agora mora em Cristiano Otoni, queria que eu pagasse os seus remédios de quase mil reais em troca dos votos dos familiares”.  

A covardia pode ser vista nos “apoios”. As pessoas chegavam a dizer que votariam em um candidato a prefeito mas que estavam com o adesivo do outro, ou com o lema de campanha, ou curtindo postagens do facebook, com medo de perseguições, às vezes, um medo real, às vezes, nem tanto.

Iam votar porque tinham medo de perder o emprego. Porque tinham medo de o filho perder a direção do time de futebol; tinham medo de não serem contratados pela prefeitura para fazer shows; tinham medo de serem perseguidas dentro da Prefeitura; porque o pai era da chapa de vereadores do fulano; porque senão ele não ia terminar o calçamento de sua rua; porque senão... porque senão... porque senão...

Sua covardia ajudou quem o pressionava: não adianta votar num e fazer campanha para o outro: muitas vezes, a campanha feita para o outro rende muito mais votos do que seu único voto no candidato de sua preferência real.

O medo é tanto que o jornal, para esta edição, entrou em contato com em torno de 40 pessoas perguntando se gostariam de responder à seguinte enquete do Jornal: “O que você achou das eleições em Brumadinho?”. Apenas uma jovem, de 19 anos, teve coragem de responder.

Reinaldo Fernandes
Editor
Conclusão: se teremos que suportar quatro longos anos com os eleitos, a culpa não é só de quem se vendeu: é também responsabilidade de quem se acovardou, de quem não defendeu o candidato de melhores propostas para o município.

E a coisa ainda é pior: ninguém é respeitado porque é covarde!    

Obs.: Esta edição traz uma série de denúncias contra pessoas públicas de Brumadinho. Esperamos que os aqui citados saibam conviver com a democracia e não usem de violência contra o Jornal ou contra os articulistas ou denunciantes. Portanto, esperamos que não sejam dados tiros nem nas janelas do Editor e nem de qualquer outra pessoa. E que não recebamos telefonemas ameaçadores ou qualquer outro tipo de ameaça.    

 Edição 236 – Novembro 2020

Opinião

Arrogância disfarçada de humildade

Mariléia Campos*

A velha política foi reeleita através dos  interesses minerários.  Contudo,  com algumas inovações proféticas e psicanalíticas que beiram à bizarrice.   

Em 2020, nas campanhas eleitorais do município de Brumadinho,  investimentos, esforços   e estratégias não faltaram para que os lobos maus se  cobrissem com  as túnicas de São Francisco de Assis.  Mais uma vez, a velha política do populismo e clientelismo, ainda tão praticada em cidades interioranas, não se fez de rogada e atuou com um louvável protagonismo. Inegavelmente, os “ coronéis contemporâneos”  sabem perfeitamente como  tirar proveito de um fenômeno histórico que, infelizmente, ainda reverbera nos dias atuais.

Apesar das instituições democráticas estarem vivas e aparentemente atuantes, ainda assim, podemos identificar, em todo o país,  práticas análogas ao voto de cabresto da República dos Coronéis.  Logo, em um  Município ainda tão atrelado a uma educação de subserviência, como ocorre em Brumadinho, a transformação parece muito distante da nossa realidade. Além disso, o fato de as  pessoas se imaginarem sem empregos ou outras benesses pessoais funcionam como verdadeiros gatilhos que as obrigam a se  condicionarem a situações de vulnerabilidade, medo, apatia e renúncia de ideais.  Definitivamente, os vícios históricos e demagogos ainda fazem parte da política atual do município. Além do mais, na administração pública, vários fatores podem funcionar como tática para arrebanhar votos. Aliás, o medo de represálias no ambiente de trabalho e as possibilidades de ganhos e ou promoções continuam sendo iscas que quase nunca falham em uma cultura de compadres.     

  A história de campanhas eleitorais sempre nos remete aos  campos de futebol, necrotérios, cemitérios, postos de saúde que estavam inoperantes, asfaltos que favorecem particulares, calçamentos em comunidades que sequer tem saneamento básico, escolas em estado de precariedade absoluta e praças abandonadas. Até mesmo empregos temporários que atendam  um ou dois integrantes de um núcleo familiar são atrelados , sutilmente,   a  eleitores como forma de  barganhas eleitorais.  

Contudo, por trás de todo esse imbróglio político existe  algo muito mais preciso e determinante e que nunca fracassa, um projeto secular e vitorioso até então. O monopólio e a interferência política na educação privada e pública, desde muito, é uma estratégia e um projeto perfeito para a manutenção do poder e a desmoralização de uma educação pautada em reflexões críticas e libertas. Esse fato, por si só, é capaz de decidir sobre nossas vidas enquanto sociedade e neutralizar qualquer oposição em relação aos mandos e desmandos tão comuns em sociedades controladas pelo autoritarismo e nepotismo.

Em uma entrevista concedida no dia 18/11/2020, à Rádio Regional FM de Brumadinho, o prefeito reeleito Neném da Asa, fez declarações às quais ele  batizou como um “desabafo”.  Com um discurso de linguajar  rasteiro e peculiar, ainda assim, precisou de uma “colinha” para auxiliá-lo em  falas consideradas, por muitos,   desnecessárias, preconceituosas e arrogantes.  Por qual motivo o prefeito precisaria do auxílio de uma cola para  algo tão simples e desprezível?   Será que aquele desabafo era mesmo do prefeito reeleito, ou teria partido dos números 1 e  2 das secretarias do ódio? Seria um acerto de contas com a oposição que tanto os desagrada e incomoda? Qualquer semelhança, por favor, entendam, não  é mera coincidência.

Vale lembrar que a humildade está intimamente ligada à alteridade, à honestidade e honra. Às vezes, é confundida com simplicidade. Porém, é algo praticamente genuíno e não se estabelece por meio de tentativas. Se de desejo for, é um processo árduo, lento e despretensioso.

A entrevista, infelizmente, foi um show de tratamentos ofensivos, desrespeitosos e invasivos.  O propósito inicial da entrevista parecia ser uma contestação  sobre acusações infundadas o que, de fato , não ocorreu.  Ou seja, “o desabafo” pareceu mais um  poço de paradoxos e arrogância.  Além disso, tivemos também a sessão de  análises psicanalíticas e proféticas em relação à vida útil dos políticos que se opõem às verdades absolutas do candidato reeleito. Ninguém deveria, em hipótese alguma, se considerar suficiente e autorizado para avaliar esse ou aquele indivíduo, de determinar a invisibilidade política desse ou daquele candidato.  

Vale lembrar que os governos só se legitimam democraticamente em face de uma oposição. Não é falar mal, é oposição, Sr. Prefeito. Não é psicopatia, é liberdade de expressão, comum em países que adotam um sistema democrático. Mesmo que isso não o agrade, é assim que funciona.  

E, nesse momento, só nos resta parabenizar a eleita pela sua vitória nas urnas.  

Parabéns, Mineradora Vale, você brilhou!

 

*Mariléia Campos é estudante de direito da PUC Minas

 

Edição 236 – Novembro 2020

Denúncia

Crime ambiental em terras de vereador

Moradora pergunta: “Afinal, qual é a finalidade da Secretaria do Meio Ambiente de Brumadinho?” e faz pesadas denúncias contra o Secretário de Meio Ambiente, Ademir Fernandes Maciel

 


Moradora de Martins, a estudante de Direito Mariléia Campos se diz cansada de ser enrolada pela Administração de Nenen da ASA (ironicamente, do Partido Verde). Para ela, a administração, tendo à frente a Secretaria de Meio Ambiente, comete crime ambiental. O crime teria sido o desvio de um rio para uma propriedade particular, tudo consentido pela Secretaria de Meio Ambiente que agora se recusa a apresentar a licença concedida. A Secretaria chega ao absurdo de dizer que não sabe da licença e que vai pedir uma cópia ao infrator.  

 Secretaria se recusa a prestar informações

 “Há mais de um mês tento, sem êxito, que a Secretaria do Meio Ambiente de Brumadinho me  apresente cópia da licença ambiental concedida para um empreendimento no Povoado do Colégio. O empreendimento, notadamente,  cerceou o curso natural do córrego em detrimento do privado, caracterizando,  a meu ver, um crime ambiental”, conta Mariléia.

Segundo ela, depois de vários contatos com Marciano Reis Mariano, do setor jurídico da Secretaria, e com o  Ademir Fernandes Maciel, atual secretário, só lhe restou a certeza  que  “Brumadinho é uma terra que ainda desconhece as leis, onde os Princípios da Administração Pública são meras letrinhas da Constituição Federal”. Campos avalia que “a atuação dessa Secretaria  representa  uma afronta ao Estado  Democrático de Direito”.  

Secretaria entra em contradição e não explica o malfeito

“Durante todo esse período fui confrontada com  resposta como: “nós não autorizamos;  não autorizamos tudo aquilo; não temos mais a licença;  não consigo localizá-la;  vou pedir para o proprietário do terreno a cópia da licença ou preciso de um prazo maior e por que você odeia tanto o Sr. Valcir?”, continua relatando Campos. Valcir Martins, o Rambinho, é morador de Colégio e teria facilitado o crime ambiental em troca de 15 votos prometidos pelo proprietário, segundo relata um morador do local em áudio que circulou no WhatsApp.

A moradora conta que Ademir Fernandes chegou “ao acinte de me propor que esperasse as eleições e,  mais recentemente,  propôs que eu esperasse a posse dos possíveis envolvidos na denúncia”.

 

Outorga suspeita

 Conforme primeiro contato com Sr. Marciano, este veio a informa-me que o proprietário, Antônio Carlos,  chegou a apresentar na Secretaria  uma outorga do IGAN que parecia suspeita. Porém, o proprietário deu ciência a ele que tinha um amigo nesse órgão.  Além disso, o Sr. Marciano me disse que não queria saber sobre o feito e as responsabilidades  do vereador Sr. Valcir Martins, o Rambinho, e Daniel Hilário, à época, Secretário do Meio Ambiente [este, eleito vereador]”, continua ela. Os dois são do Partido Verde, de Nenen da ASA.

Para ela, “tudo não passa de uma conveniente morosidade em prol de interesses pessoais e uma tentativa que tudo se acomode a partir de uma negação ilegítima.”

 Afinal, qual é a finalidade da Secretaria do Meio Ambiente de Brumadinho?

 “Afinal, qual é a finalidade da Secretaria do Meio Ambiente de Brumadinho?”, questiona Mariléia Campos. Ainda segundo a denunciante, “o Município,  historicamente, confunde o privado com o público.”

E termina enviando um recado para o Secretário: “Sr. Ademir, eu não tenho interesse em tomar um “cafezinho” na Secretaria - como proposto pelo Sr. na última ligação que me fez -, eu preciso apenas da CÓPIA DA LICENÇA.  Por gentileza, cumpra sua obrigação enquanto Secretário do Meio Ambiente. E nem acho necessário informar-lhe a qual família pertenço para ter acesso aos documentos. Mas se isso for um critério para que você libere os documentos, eu  respondo para o Sr.: eu pertenço à família que ainda acredita na Justiça. Por isso providenciei denúncias em todos os órgãos competentes”.  


Edição 236 – Novembro 2020


Brumadinho conta 17 mortos

 Não param de morrer pessoas pelo novo coronavírus em Brumadinho. No último dia 1º, a Secretaria de Saúde contava o 17º morto pelo vírus. Em 30/11 eram 383 pessoas infectadas. No dia 27, foram confirmadas positivas para o coronavírus em Brumadinho seis homens de 22, 34, 44, 47, 59 e 66 anos de idade e cinco mulheres de 31, 35, 39 e duas de 51 ​​​​​anos. No dia 30, o número de positivos desde o início da pandemia subia para 1.353, sendo que 970 pessoas confirmadas estariam recuperadas e seis seguiam internadas em rede hospitalar.

SINAL DE ALERTA

Estudo prevê mais de 11 mil mortes por Covid em Minas ainda em 2020

Pesquisadores da UFMG projetaram número de infectados caso o distanciamento social continue sendo desrespeitado

Caso as regras sanitárias e recomendações sobre distanciamento social continuem sendo ignoradas por parte da população, as mortes por Covid em Minas Gerais irão acelerar a ponto de totalizarem exatamente 21.638 mil óbitos até o fim do ano.

Isso quer dizer que mais 11.780 mortes aconteceriam até o fim de 2020, ou seja, no curto período de pouco mais de um mês. Até agora, ao longo de oito meses da pandemia, Minas Gerais registrou 9.858 óbitos, conforme boletim epidemiológico divulgado no dia 24/11 pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).

A estimativa foi feita por um grupo de pesquisadores dos departamentos de Física e Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para se chegar a esse número, os pesquisadores utilizaram um modelo matemático estatístico que observa os números de infectados já confirmados, conforme dados do Ministério da Saúde e registro de óbitos dos cartórios. “A grande contribuição do trabalho é traçar esse cenário para que os governos de estados e municípios possam agir antes que cheguemos a esse sinistro”, informou a professora Lídia Maria de Andrade, do Departamento de Física da UFMG, uma das autoras do estudo. Também assinam a pesquisa os professores Juan González, Paulo Henrique Ribeiro e Flávio Guimarães da Fonseca.

 Número total de infectados

A projeção também fez cálculos a respeito do número total de infectados. Em Minas serão 557.216 pessoas confirmadas com Covid-19 ao longo da pandemia até o encerramento deste ano, caso o cenário de relaxamento das regras sanitárias se mantenha. Como o Estado contabiliza 403.542 casos, isso quer dizer que outras 153.674 pessoas possivelmente serão infectadas até 31 de dezembro. “Construímos essas projeções sobre o cenário de afrouxamento no distanciamento social e o não uso de máscaras”, explicou Lídia.

O levantamento percebeu, ainda, que as regiões Norte e Nordeste de Minas Gerais abrigam a população mais vulnerável à doença, especialmente entre pessoas negras. A professora explica que são regiões de menor potencial econômico, onde há uma conhecida falta de estrutura que acaba provocando piora nos indicadores de saúde. “São municípios que não contam com rede de saúde suficiente para atender a demanda, alguns têm problemas de saneamento básico”, avaliou.

Homens são mais afetados

Os homens também apresentaram maior mortalidade do que as mulheres, segundo a análise, devido ao perfil que ainda predomina em algumas regiões do indivíduo do sexo masculino como única fonte de renda, o que o torna mais exposto.

Publicado no portal de pesquisa científica Wiley Online Library, de Nova Jersey (EUA), o estudo é fruto do trabalho do grupo de pesquisa Espectroscopia de Aprendizado de Máquina, coordenado por Juan González, que visa criar instrumentos que possam auxiliar no combate às epidemias causadas por doenças virais em Minas Gerais e no Brasil.

as informações são de RAFAEL ROCHA, do portal O TEMPO

Edição 236 – Novembro 2020

Cenas da cidade


Quando a estupidez humana toma conta de um administrador, ele faz isso aí: destrói um raro ipê roxo, destrói um belíssimo e histórico coreto, destrói árvores, destrói as melhores memórias de um povo e, com meio milhão de reais deste mesmo povo, coloca uma “praça de shopping” no lugar


Edição 236 – Novembro 2020

Opinião

Desastre continuado na bacia do Paraopeba

Fernanda Perdigão*


Possível Acordo entre Vale S.A. e Estado de Minas Gerais favorece somente a empresa e possibilita ao governador Romeu Zema (NOVO) obras que garantem sua próxima campanha eleitoral, mas, atingidos e atingidas serão ainda mais prejudicados.

O fechamento do acordo que se estima ser aceito pelo Estado, de R$ 30 bilhões, permite uma recuperação tributária de R$ 12 bilhões, decorrente do acordo, e valoriza as ações da mineradora, aumentando a capitalização da Vale nas bolsas internacionais, entre R$ 60 bilhões e R$ 90 bilhões.

Mais uma vez, as comunidades atingidas são revitimizadas pela prática do lema perverso, “Lucro acima de tudo, acima de todos”. Desta vez a conivência do Estado ficou mais evidente, com reuniões de portas fechadas entre Estado, Vale e Judiciário onde negociam  sem a participação dos atingidos (as) valores referentes aos danos.

Pelos documentos vazados na internet, percebemos que o Estado quer recuperar seus danos financeiros e  propõe obras (R$ 21,5 bilhões) “carimbadas”, como o Rodoanel de Belo Horizonte.

A contraposta da empresa Vale S.A. protegida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais com termo de confidencialidade vazou. Vieram ao conhecimento de todos as cláusulas que mostram a permanência do descaso e negligência da empresa com todas as vidas laceradas pela lama.

A empresa propõe que a continuidade do direito adquirido da Assessoria Técnica Independente para levantamento da matriz dos danos passe a vigorar sob responsabilidade financeira dos atingidos. A empresa solicita ainda o encerramento dos processos que tramitam na 2° Vara de Fazenda e Autarquias de Belo Horizonte os quais ainda nem foram julgados, bem como define como deverá ser utilizado os valores bilionários mas insuficientes para a citada recuperação da bacia do Paraopeba.

Já sabemos que a empresa não preza pela vida, uma vez que, segundo dados das CPIs de Brumadinho, a empresa sabia que a barragem romperia, calculou inclusive quanto gastaria após o rompimento. Agora, para além de todos os direitos violados pelo pré e pós crime, a empresa, através de sua contraproposta, quer ainda “lamear” os direitos das comunidades pela reparação integral dos danos.

Fazemos aqui uma observação: os acordos já firmados nestes quase 2 anos pós crime não são cumpridos pela empresa, como o acordo de fornecimento de água potável, acordo do pagamento emergencial, acordo das indenizações individuais.

Não podemos acreditar que neste acordo entre o Estado de Minas, que tem sua parcela de responsabilidade nesse crime, a empresa criminosa cumprirá alguma cláusula que tenha como garantia algum direito das comunidades que ela (Vale) permitiu serem vitimadas pela sua negligência.

As comunidades seguem na luta pela justiça, pela garantia dos direitos e que a empresa Vale cumpra sua obrigação de reparação integral dos danos.

 

*Fernanda Perdigão -  Empreendedora Social, agricultora, humanista, defensora de direitos humanos, ativista contra a mineração.

nanapoliveira@gmail.com

 

Edição 236 – Novembro 2020

Opinião

O banditismo

Reinaldo Fernandes*

O banditismo se manifesta em nossa sociedade de diversas formas. Às vezes é pela agiotagem, cobrando juros abusivos e extorsivos, e ameaçando até de morte quando o pagamento não vem; às vezes é na exploração da mão de obra do trabalhador ou através da prestação de serviços com valores muito maiores do que realmente o serviço vale; às vezes é assassinando, torturando física e psicologicamente; roubando à mão armada ou não; corrompendo as pessoas; manipulando a audiência com mentiras e meias-verdades. O banditismo se dá também na forma de ameaça; comprando, com dinheiro sujo, os que estão à venda, no melhor estilo dos mafiosos (que protege os parentes, os “lambe-botas” e desce o pau nos demais); ou cometendo “improbidade administrativa”.

“Improbidade administrativa” é um eufemismo, um abrandamento da coisa, um nome bonito para dizer sobre aquilo que, quase sempre, é roubo de dinheiro público, desvio de recursos da população para o próprio bolso ou para o bolso dos cúmplices (porque bandido não tem “amigos”, tem “cúmplices”), à revelia da Lei ou, imoralmente, dentro da Lei.  

É claro que isso é apenas uma opinião, com a qual ninguém precisa concordar, mas devem me garantir o direito de expô-la porque – embora tempos sombrios nos rondem – temos as garantias do Estado Democrático de Direito. Tentar calar a mim, de uma forma ou de outra, também é banditismo, uma vez que a Constituição Federal me garante o direito à livre expressão do que penso.

Da mesma forma, ninguém precisa concordar com o que exporei abaixo. Trata-se de uma reflexão que tenho feito, embora, no fundo, não tenha nada de novidade,  seja apenas a conclusão de uma premissa do que define o banditismo, dos argumentos que me levam a definir o banditismo.

Em minha opinião, gostem dela ou não gostem dela, quem acompanha bandido também é bandido. Se não o é em todos os momentos de sua vida, o é em muitas práticas bandidas (claro, mesmo os bandidos e as bandidas têm algo de bom, uma vez que humanos -“além do bem e do mal”, como nos ensinou Nietzsche).

Creio que pessoas acima, digamos, de 13, 15, 18 anos de idade já têm maturidade para discernimento social, para perceber o mundo em sua volta. Então, uma pessoa a partir dessa idade, nada tem de inocente, não está pura e simplesmente “sendo enganada”. E, se não estão sendo enganados os jovens, muito menos estão sendo enganados os adultos, especialmente os que passaram dos 40 anos, os que têm acesso às informações, os que moram em condomínios fechados, os que bebem vinho seco importado e vão ao teatro. Os que se aproveitam, direta ou indiretamente, das benesses dos governos, ocupando cargos, sendo beneficiados pelos governantes bandidos de plantão. Nenhuma poderá, no futuro, dizer que “não sabia”, que acreditava no fulano ou na fulana, que “não havia provas contra ele”, que “não foram condenados na Justiça” e essas formas covardes de esconder a própria bandidagem cúmplice. Sabemos, eu e o leitor acima de 15 anos, que cúmplices sabem discernir, saber que o outro é bandido. Porém, preferem ficar ao seu lado, fingindo não saber, não para o bandido, fingindo para si mesmo que não sabem, comodamente, oportunamente, para benefício próprio.

Quem anda com bandido, quem vota em bandido, quem apoia bandido, quem coloca adesivo de bandido no carro (recebendo duzentos reais ou gratuitamente), quem defende bandido, perdoem-me, mas, para mim, é bandido também. No entanto, sempre nos resta a esperança. O bandido-mor, talvez, nunca se regenere, mesmo depois de trancafiado em um presídio. Mas o (a) cúmplice, esse (a) que apenas por comodidade, medo ou covardia prefere acompanhar o bandido-mor, para esse (a) ainda há tempo. Ainda pode redirecionar sua vida, trilhar o caminho do bem, da honestidade, da solidariedade.  

 

* Reinaldo Fernandes é Professor, escritor, nascido e criado em Brumadinho

Edição 236 – Novembro 2020

ASCAVAP sem prensa

A ASCAVAP continua sofrendo com a falta de apoio da Prefeitura Municipal. A prensa da entidade está estragada há mais de um mês e o galpão está lotado de material.

Parece haver uma vontade deliberada do Prefeito Nenen da ASA em acabar com a Associação do Catadores de Materiais Recicláveis do Vale do Paraopeba. A coleta do lixo já foi terceirizada para uma empresa privada. Parece que a ideia é essa mesma: acabar também com a coleta seletiva, passando-a à Quantum, empresa com a qual o prefeito assinou contrato de em torno de 5 milhões de reais para trabalhar por volta de apenas seis meses.   

A ASCAVAP exerce um papel importantíssimo de fazer a coleta seletiva pelo menos na sede do Município. No entanto sempre enfrentou a falta de apoio do prefeito. Ironicamente, o prefeito é do PV, Partido Verde, que deveria ser a favor da coleta seletiva.

Edição 236 – Novembro 2020

Curiosidades eleitorais

População não reelege vereador Caio e reelege Barrão

O vereador Caio (PTB) virou oposição de última hora, no último não da legislatura: a população não o reelegeu.

Já o vereador Max Barrão, oposição no início do mandato, virou situação da metade em diante, se alinhou ao prefeito e foi reeleito. E conseguiu a reeleição com a ajuda dos votos de Mateus Leal, Beatriz Melo e João Santos, que defendiam a tese do “troca tudo” na Câmara. Mas acabaram juntos aos vereadores Toninho da Rifel e Barrão, dentre outras figuras, como Brandão, Breno Carone e Ernane Habdon.

 

Zero voto

A eleição de vereador contou com seis candidatos que tiveram zero voto nas urnas. Entre eles, cinco são mulheres. Ou seja, nem eles mesmas votaram nelas. São os casos de  Machado (PSL), Angela Viriato (MDB), Suely Marques (MDB), Claudia França (REPUBLICANOS), Rose do Progresso (REPUBLICANOS) e Cristiane Aline da Cruz (PATRIOTA).

Pelo menos, se há  a ideia de que a compra e venda de votos foi o que predominou nessas eleições em Brumadinho, essas não podem ser acusadas desse crime.

 Ricardo da Tejucana, o carioca

A população elegeu Ricardo de Souza Nunes da Silva como um de seus vereadores na próxima legislatura. Ele é do PSL – partido pelo qual bolsonaro foi eleito. Você, eleitor, não o conhece? Não se preocupe: quase ninguém conhece. A não ser os trabalhadores da mineradora Tejucana, os moradores de Tejuco e mais alguns. É um homem simpático, de bons modos, sorridente, vindo direto do Rio de Janeiro. É administrador, casado, tem 58 anos e se declara de cor parda. Declarou como único bem um apartamento no Rio de Janeiro, no valor de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais).

Ricardo da Tejucana – seu nome de campanha – representa a mineradora Tejucana, por óbvio. A boca pequena, diz-se há muito tempo na cidade que é uma empresa que tem como proprietários, dentre outros, familiares do prefeito Nenen da ASA (PV). O PSL estava coligado com o PV de Nenen da ASA.

A curiosidade fica por conta de quem teria elegido Ricardo: a população de Tejuco, que passa a vida inteira reclamando da Tejucana e dos danos que a mineradora lhe causa: ele recebeu 320 votos nas unas do Tejuco, quase 30% do total.

A outra parcela que, supõe-se, elegeu Ricardo da Tejucana seriam os trabalhadores da Tejucana, não se sabe sob que condições. O que se sabe é que, para alguém de fora da cidade, que mora aqui há tão pouco tempo, é curioso ser eleito com 532 votos, o 9º candidato mais votado, deixando para trás 170 outros antigos moradores.  

Ricardo teve pedido de impugnação da sua candidatura feito pelo MP. No entanto, ao final, tudo acabou bem para ele, seu partido e para o prefeito apoiado por ele. Aliás, praticamente 100% dos pedidos do MP – e foram muitos – foram rejeitados pela juíza eleitoral.         

Edição 236 – Novembro 2020

Opinião

“Se você colocou seus irmãos e deu certo, não mexe. Em time que está ganhando, não mexe. Não tem nada que proíbe você colocar irmão seu em secretaria. Inveja mata, Sr. Reinaldo!”

Prefeito Neném da Asa

Entrevista concedida à Rádio Regional FM de Brumadinho, no dia 18/11/2020

Quem está ganhando mesmo?

 PRECISAMOS FALAR SOBRE O NEPOTISMO E A ANTIPOLÍTICA

Mariléia Campos*


A prática do nepotismo guarda suas raízes no sistema da igreja católica renascentista, consistindo na expressão do poder dos Papas que organizavam o seu poder dentro da igreja e na sociedade a partir da garantia de privilégios a parentes e aparentados na ocupação dos cargos da estrutura da igreja.

Essa prática política foi rapidamente recepcionada pela estrutura dos estados conservadores ou liberais que se seguiram na Europa e no mundo. Colocar parentes em cargos estratégicos das estruturas de poder se tornou uma maneira de se buscar a manutenção e a perpetuação do poder e a garantia dos interesses dos governantes, transformando determinadas famílias em verdadeiros potentados políticos e patrimoniais.

O nepotismo, ao longo dos séculos, se mostrou uma prática devastadora aos interesses da sociedade e ao desenvolvimento de práticas políticas republicanas onde prevaleçam os interesses do conjunto da população e não aqueles ligados às famílias, aos parentes dos governantes eleitos ou não.

Em razão dos prejuízos que causa, o nepotismo vem sendo combatido e limitado naqueles países em que se observa a existência de uma sociedade civil forte e atuante. Neste sentido,  os cargos públicos tendem a serem ocupados por servidores aprovados em concursos públicos, evitando-se não apenas o nepotismo, mas também outra prática execrável que é o clientelismo.

Por outro lado, crescem nos países legislações e instrumentos que reduzem ao máximo a ocupação de cargos estratégicos na administração pública (Ministros, Secretários, Assessores) por parentes ou aparentados dos eleitos (Presidentes, Governadores e Prefeitos). Há que se fazer justiça e reconhecer que a prática do nepotismo não se manifesta apenas na estrutura do poder executivo, estando presente no poder legislativo e até no judiciário. Nestes últimos, é comum se observar a tentativa de tentar escamotear a prática nepotista por meio da nomeação cruzada de parentes para os cargos públicos. Ela se dá por meio do compadrio entre os dirigentes dessas estruturas, onde um determinado deputado nomeia para seu gabinete um parente de outro deputado e vice versa. No judiciário da mesma forma, um desembargador, juiz ou procurador atua no mesmo sentido.

No Brasil, tem havido uma crescente limitação à livre nomeação de parentes para os cargos públicos, sem que estes tenham sido submetidos a concurso em que se garanta a ampla participação dos cidadãos. O próprio poder judiciário e, em especial, o Supremo Tribunal Federal têm atuado no sentido de controlar e limitar práticas de nepotismo.

Por fim, é fundamental que se afirme a legitimidade daqueles que, sufragados e eleitos nas urnas, organizem a estrutura de seus governos e providenciem seus programas políticos.  Isto é legítimo e deve ser garantido.

Entretanto, toda a sociedade deve estar atenta para que o sistema democrático, conquista de toda a sociedade, não seja destruído e utilizado no interesse de parentes e famílias dos eleitos, transformando a estrutura pública em terreno fértil para a nomeação irregular de parentes e a transformação de espaços públicos em patrimônio da família dos eleitos em detrimento do interesse social.

*Mariléia Campos é estudante de direito da PUC Minas

 

Edição 236 – Novembro 2020

Acordo entre Estado e VALE é risco aos direitos dos atingidos

MAB propõe Programa Direito à Renda, que amplia o recebimento do auxílio financeiro por cinco anos


Desde o dia 22 de outubro, o Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB - vem atuando com os atingidos pelo crime da VALE, na bacia do Paraopeba, para que o acordo proposto pelo Estado de Minas Gerais, o Ministério Público e a Defensoria Pública de Minas Gerais para a empresa VALE não seja homologado da forma com que vem sendo construído.

Trata-se de um acordo fundamental para a VALE, ao colocar para um Estado financeiramente falido a possibilidade de arrecadar alguns bilhões, que representam uns poucos meses do lucro líquido da empresa, em troca da quitação total do passivo devido pela própria incompetência em gerir a Barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho.

O MAB, junto aos atingidos organizados, denuncia a construção deste acordo a portas fechadas, sem a participação dos principais envolvidos na negociação. Além de bilhões de reais, estão sendo negociados direitos, vidas, saúde, meio ambiente, sonhos e projetos de vida pela empresa que matou 272 pessoas e o Estado.

Acordo bilionário

Atualmente, com o estudo de danos feito pela Fundação João Pinheiro em Belo Horizonte concluído, o processo de reparação da VALE ao Estudo de Minas Gerais está em curso, mas de forma exclusa e violada aos atingidos por barragens. O levantamento estimado pela Fundação para os valores de reparação ao Estado totaliza R$ 54 bilhões, em duas rubricas: danos ao erário, no valor de R$ 26 bilhões, e danos morais coletivos, em R$ 28 bilhões.

Porém, a ameaça aos diretos dos atingidos vem do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que organizam o acordo de portas fechadas com a VALE, e que conduzem o processo sem a participação dos atingidos. Além disso, o governador de Minas Gerais pretende diminuir para mais da metade o valor acordado para a reparação coletiva dos prejuízos econômico sofridos pelo Estado e dos danos morais sociais coletivos dos atingidos pelo crime da VALE na bacia do rio Paraopeba, cedendo aos interesses da VALE.

O que exigimos

Exigimos que a continuidade das negociações somente seja feita quando garantidos os direitos mínimos para a população atingida em toda a bacia do rio Paraopeba. Veja as reivindicações do movimento:

1.            Participação ampla e centralidade da vítima como pilares em todos os processos de negociação para construção da reparação integral pelos atingidos: uma das grandes conquistas dos atingidos da bacia do Paraopeba foi a contratação das Assessorias Técnicas Independentes, que permitem aos atingidos e atingidas acesso à informação e estrutura para que todos participem do processo de maneira ampla.

2.            Negociação somente com garantia de cumprimento das necessidades emergenciais: até o momento, diversas ações emergenciais não foram cumpridas, e os atingidos sofrem sem saber o parâmetro do novo emergencial, sem acesso à água e com controle da VALE sobre os territórios.

3.            Interrupção do PISMA enquanto metodologia de avaliação de risco à saúde humana: um dos pontos trazidos pelo acordo é de que ele repactuará os acordos já realizados anteriormente, incluindo o que foi realizado pelo Ministério Público de Minas Gerais e a VALE que estabelecem o PISMA (Programa Integrado de Saúde e Meio Ambiente) como metodologia de avaliação de risco à saúde humana. A escolha de tal metodologia contraria a legislação brasileira e os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde, e não trazem segurança para os atingidos sobre a real situação de contaminação do meio ambiente e da saúde dos atingidos, as empresas contratadas pelo Estado para realizar os estudos são prestadoras de serviços para a VALE S/A, o que traz desconfiança sobre qualquer resultado futuro.

4.            Garantia de realização das ações de reparação pelo Estado ou por editais sem controle direto da VALE: muitas das ações previstas têm a VALE como principal responsável pela execução das medidas. Mas, assim como vemos na Bacia do Rio Doce, a execução de obras e ações de reparação são conduzidos pela VALE sempre com mais violações de direitos. Esse é o caso atual do auxílio emergencial e do fornecimento de água. Assim, a execução das obras e ações previstas deve ser feita prioritariamente sem que a VALE e suas terceirizadas estejam nos territórios.

5.            Assessoria Técnica: necessário a garantia de continuidade dos planos de trabalho já elaborados no tempo previsto, e atuação como assistente técnico se os atingidos assim quiserem; não redução da assessoria meramente de acesso à informação. Manter os planos de trabalho já aprovados, sem diminuição do escopo ou estudos e ações já previstas para elaborar as bases técnicas da reparação.

6.            Garantia do auxílio emergencial, da matriz emergencial e do Programa Direito à Renda junto ao acordo, resgatando o passivo do emergencial devido aos que possuem este direito e provendo fundos suficientes para garantir o Programa Direito de Renda por cinco anos, em toda a bacia.


O que é o Programa Direito à Renda?

Os atingidos organizados no MAB propõem o Programa Direito à Renda, que é um programa social que atenderá aos atingidos de forma integral e ampliada, considerando não só os moradores na faixa de um quilômetro do rio, mas sim que mais comunidades sejam inclusas.

De acordo com Joceli Andrioli, "o programa tem como foco manter o pagamento individual para todas as pessoas da família, mas no valor de 100%, e não de 50% como é hoje para a maioria das pessoas”, explica. Além disso, o programa social deverá se estender para aqueles atingidos que comprovarem que estão fora do critério, mas que tiveram perda de renda, ou seja, que não são baixa renda e deveriam continuar ganhando o auxílio.

A proposta é para que os recursos do programa venham da condenação a ser paga pela VALE a título de danos morais coletivos e sociais, e não poderão ser descontados das indenizações individuais. Parte do valor referente a esses danos deve ser revertido para o programa social, e subsidiar durante cinco anos as perdas e os danos para todas as famílias pobres da bacia do rio Paraopeba. Isso incluiria todo o município de Brumadinho e todas as comunidades do entorno do rio Paraopeba.

Das diretrizes apontadas como critérios:

I)             PÚBLICO DO EMERGENCIAL: Inclusão direta no Programa de Renda a população que tiver inserida no emergencial da forma atual. Exclusão daqueles que possuem elevada renda, exceto que comprovarem conexão/dano econômico, conforme sugerido nos critérios das Assessorias Técnicas Independentes (ATIs) e as Instituições de Justiça (IJs) do auxílio econômico provisório.

II) INCLUSÃO DO PASSIVO ATUAL: refere-se aos atingidos que tiveram seus pagamentos do Emergencial suspensos, bloqueados ou negados.

III) ABRANGÊNCIA DO TERRITÓRIO PARA INCLUSÃO NO PROGRAMA: Considerar a territorialidade social da região atingida. Abrangência de todas as comunidades e bairros atingidos, mediante mecanismos de comprovação que possibilitem incluir os menos favorecidos em sua totalidade. Pela especificidade do território e direito já garantido anteriormente, Brumadinho considera-se toda sua extensão territorial.

             Atingidos com renda acima do limite eventualmente estabelecido pelos critérios do Programa Social: As pessoas atingidas cuja renda superar o limite estabelecido serão incluídas no Programa Social desde que comprovarem a sua vinculação comprovada através dos critérios produzidos pelas ATIs.

             O Auxílio emergencial atende hoje cerca de 104 mil pessoas. Levantamentos preliminares feitos pelas Assessorias Técnicas apontam o total de aproximadamente 230 mil pessoas a serem beneficiadas com o Programa, ao longo da bacia do rio Paraopeba.


 Com colaboração do MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens

Edição 236 – Novembro 2020

CHEGOU O CARNÊ DO IPTU!!!!!!!


Foi só passar a eleição que o prefeito mandou os carnês do IPTU. Com direito à exaltação e propaganda do nome do próprio pai, paga com dinheiro público.

A pandemia deixou muita gente com sua renda familiar muito prejudicada. Outra categoria muito prejudicada foi o comércio.  A prefeitura poderia isentar o pagamento do IPTU neste ano. O IPTU em Brumadinho, numa arrecadação anual de meio bilhão de reais, significa em torno de apenas 1% (um por cento) da arrecadação.

Outra ideia seria enviar os carnês do IPTU apenas para os 12.683 eleitores que votaram nele. Esses demonstraram que gostam da política desenvolvida por ele na prefeitura, aprovando tudo que ele faz. Seria uma forma bacana de ajudarem o prefeito de quem tanto gostam. Assim pagariam o IPTU apenas esses, deixando de fora os outros 18.007 que não votaram nele.

Edição 236 – Novembro 2020

Enquete sobre as eleições:

“O que você achou das eleições em Brumadinho?”

“Observei e me introduzi na política de Brumadinho em 2020. Sei que faltou muita participação dos jovens, além de que a sociedade não elegeu nossas minorias. Ainda tenho esperança de uma nova política futura.”

Bruna Eduarda Barbosa Varjão, estudante, moradora de Casa Branca

 

 Edição 236 – Novembro 2020

Poucas e boas

“Sai fora, racha fora! Aqui, não, putão! Aqui é nós na fita, querido! Nós somos de família tradicional de Brumadinho. Aqui não, putão, vai cachorro! Sai, cachorro! Sai, cachorro! Sai, cachorro! Sai, cachorro! Vai embora! Some! Arruma sua mala! Lixo! Lixo! Lixo!”

Marília Friche, cunhada do prefeito Nenen da ASA (PV), em áudio que circulou pelas redes sociais dias antes da eleição. Marília Friche dizia para um morador de Brumadinho

 

“Eu sou honesto, minha família é honesta, a gente não deve nada a ninguém, a gente cumpre os nossos deveres...”

Prefeito reeleito Nenen da ASA (PV) em “life” da rádio comunitária Regional FM

 

Quem anda com bandido, quem vota em bandido, quem apoia bandido, quem coloca adesivo de bandido no carro (recebendo duzentos reais ou gratuitamente), quem defende bandido, perdoem-me, mas, para mim, é bandido também.

Reinaldo Fernandes, Editor do Jornal de fato

 

Eu nunca perco. Eu ganho ou aprendo.

Nelson Mandela, líder do CNA, preso por 27 anos e eleito Presidente da África do Sul em 1994

 

“Se você colocou seus irmãos e deu certo, não mexe. Em time que está ganhando, não mexe. Não tem nada que proíbe você colocar irmão seu em secretaria. Inveja mata, Sr. Reinaldo!”

Prefeito reeleito Nenen da ASA (PV) em “life” da rádio comunitária Regional FM

 

”Ainda bem que o prefeito eleito é honesto, conforme ele mesmo declarou! Fiquei mais tranquilo...”

De um internauta no whatsapp, sobre a entrevista do prefeito reeleito Nenen da ASA (PV) em “life” da rádio comunitária Regional FM

  

Edição 236 – Novembro 2020

Auxílio Emergencial será pago só até dezembro

Mas prefeito pode ficar do lado dos atingidos que votaram nele e resolver a questão

O Auxílio Emergencial pago aos atingidos pelos crimes da VALE em Brumadinho só será pago até este mês de dezembro. Isso ficou acertado na última audiência acontecida na Justiça, no dia 17 de novembro.

Para que o pagamento do Auxílio Emergencial continue por mais tempo, será preciso muita luta dos atingidos, se eles se organizarem para isso.

Durante a campanha eleitoral, o então candidato a prefeito pelo PT, Reinaldo Fernandes, comprometeu-se a procurar a VALE para exigir o Auxílio Emergencial de 100% para todos. No entanto, a maioria da população que foi às urnas votou no atual prefeito, Nenen da ASA (ironicamente, do Partido Verde). Agora, a solução do Emergencial pode estar nas mãos de Nenen da ASA (PV).

Quem libera ou não libera a mineração no município é o prefeito, seja pela Declaração de Anuência  seja pelo alvará anual de funcionamento. O prefeito agora tem dois caminhos: ou se omite mais uma vez, recebendo os milhões da VALE  ou luta pelos atingidos, especialmente pelos mais de12 mil que votaram nele.   

 Edição 236 – Novembro 2020


O site “Observatório da Mineração” – Desde 2015 investigando o que o setor mineral não quer que você saiba – publicou matéria sobre as cidades mineradoras e a eleição, falando sobre a relação entre as mineradoras e os candidatos envolvidos em corrupção, como o prefeito reeleito de Brumadinho, Nenen da ASA (PV). Leia abaixo:

 


Resultado de eleições municipais em importantes cidades mineradoras mostra o domínio de antigos feudos políticos

 

A tumultuada eleição municipal que se encerrou para a imensa maioria das cidades neste domingo (15) mostra, no caso de importantes cidades mineradoras, o predomínio de velhos feudos políticos, reeleição de candidatos, prefeitos que acumulam mandatos e denúncias de corrupção e uso indevido de dinheiro público. Alguns pleitos serão inclusive decididos na justiça.

É o caso da eleição de Celso Cota (MDB) em Mariana (MG), e Nenen da ASA (PV) em Brumadinho.

Mariana foi o centro do maior desastre ambiental da história do Brasil e primeira capital de Minas Gerais. Esta foi a quarta vez que Celso Cota foi eleito prefeito de Mariana.

O último dos primeiros 3 mandatos (2001-2004; 2005-2008; 2013-2015) foi interrompido em 2015 por denúncias de improbidade administrativa. Celso Cota, mesmo com os direitos políticos suspensos, tenta voltar a ocupar o cargo mais importante de Mariana em um momento crucial, quando o retorno das operações da Samarco é esperado ainda para o fim de 2020.

O rompimento da barragem completou 5 anos agora em novembro repleto de impunidade e com uma verdadeira campanha pela volta das atividades da mineradora. A justiça britânica também acaba de rejeitar o pedido para que a BHPsócia da Vale na Samarco e maior mineradora do mundo, seja julgada no Reino Unido pelo rompimento. Os advogados que representam 200 mil pessoas no Brasil e o povo indígena Krenak devem recorrer da decisão.

Campanhas pagas pelas mineradoras

Celso Cota também é pai do deputado estadual Thiago Cota (MDB). Em 2014, quando foi eleito deputado, Thiago Cota recebeu R$ 110 mil das mineradoras Phoenix e Corumbaense. Seu partido na época, o PPS, levou mais de R$ 2 milhões em doações de empresas como Vale, Braskem, Gerdau e AngloGold.

Em 2018, Thiago Cota foi um dos 3 deputados que votaram contra um parecer para o PL 3.676/16, batizado de “Mar de Lama Nunca Mais” justamente pelo rompimento em Mariana. O PL, que endurece regras para as barragens de rejeitos em MG, acabou ficando na gaveta da Assembleia minera e só foi aprovado após o rompimento da barragem de Brumadinho.

Em 2014, última eleição em que a doação empresarial foi permitida, as mineradoras ajudaram a eleger 56 dos 77 deputados para a ALMG. Nada menos que 7 em cada 10 deputados estaduais vitoriosos receberam dinheiro do setor.

 Em Brumadinho, Avimar Barcelos é reeleito mesmo convivendo com denúncias

A situação em Brumadinho é semelhante. O prefeito Avimar Barcelos (PV), que usa o nome “Neném da Asa”, referente à faculdade que possui na cidade, foi reeleito para o segundo mandato seguido.

Avimar, no entanto, já foi prefeito de Brumadinho entre 2009 e 2012. Em 2019, Avimar Barcelos foi denunciado pelo Ministério Público Federal por crimes como uso de documentos falsos e uso indevido de dinheiro público.

E condenado no mesmo ano pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais por uso indevido de recursos oriundos da exploração de minério na cidade, configurando improbidade administrativa. Avimar utilizou os royalties da mineração para outras finalidades – como pagar aluguel de prédios e salários de funcionários – que não são permitidas.

Os irmãos do prefeito, Emilson Custódio Melo Barcelos e Alcimar Barcelos [o Cid Barcelos], também foram denunciados na ocasião. Alcimar é Secretário de Obras e Serviços Públicos de Brumadinho.

Antes, em 2016, Avimar Barcelos também foi denunciado por obras sem licitação no Rio Paraopeba no valor de R$ 3 milhões, que geraram uma investigação e multa da Controladoria Geral da União, e por recebimento de doações “excessivas”.

Nada disso impediu que “Neném da Asa”, que tem uma atuação no mínimo dúbia em relação à Vale no caso de Brumadinho, chegue agora ao terceiro mandato de prefeito.

https://observatoriodamineracao.com.br/resultado-de-eleicoes-municipais-em-importantes-cidades-mineradoras-mostra-o-dominio-de-antigos-feudos-politicos/

Denúncias contra o vereador eleito Guilherme Moraes




Rolou nas redes imagens denunciando uma tal de “Comissão de atingidos” que seria liderada pelo vereador eleito Guilherme Moraes. As imagens circularam especialmente no whatsapp. As denúncias associam o vereador, do PV (Partido Verde, de Nenen da ASA), à VALE e ao Governo de Minas, que estariam mancomunados  contra  povo de Brumadinho e da Bacia do Paraopeba atingidos pelos crimes da mineradora. No entanto, segundo apurou nossa reportagem, o vereador apenas protocolou um documento para o Governador, que apenas o recebeu e não se comprometeu a nada.  

Pessoas têm medo

A reportagem tentou apurar a autoria das imagens e chegou a um grupo de atingidos. No entanto, quando foram questionados sobre a identificação, explicaram que tinham medo de se identificar. “Pessoas ligadas a essa gente já nos ameaçaram. Estão falando em nome de várias comunidades sem conversar com elas. Ou conversando com apenas alguns. Entre eles há os que acusam alguns de nós de não termos nascidos em Brumadinho, como se isso fosse crime.”

Uma atingida conta que tem medo das perseguições: “Sinto pela minha segurança. O jogo com a VALE é pesado. A gente sabe quem patrocina esse povo aí”, disse.  

Moraes (PV) é acusado de estar enganando o povo de Brumadinho, trabalhando contra as assessorias técnicas cuja função é orientar os atingidos na busca de seus direitos. No facebook nosso leitor pode identificar Guilherme Moraes e alguns aliados seus que vivem atacando o MAB e a AEDAS. “o Movimento dos Atingidos por Barragens não nos representa”, diz Moraes (PV) no documento que foi entregue ao Governador.

Os ataques geralmente acontecem no grupo “Agora é transparência” e nos perfis individuais deles. Com um pouco mais de atenção, o internauta poderá descobrir que alguns desses têm projetos de entidades as quais estão à frente, patrocinados pela VALE com aquiescência da Prefeitura.  

Edição 236 – Novembro 2020


O que pode e o que não pode na pandemia agora

Orientações da médica Ligia Bahia, doutora em saúde pública e professora da UFRJ, em entrevista ao TUTAMÉIA TV:

 

  1. PRESERVAR O ISOLAMENTO SOCIAL É FUNDAMENTAL
  2. NÃO PODE abrir as atividades
  3. NÃO ESTÁ NA HORA da volta às aulas. Voltar às aulas presenciais vai fazer explodir os casos de Covid, e não temos infraestrutura para suportar uma explosão de casos
  4. TEM QUE USAR MÁSCARA e tem que lavar a mão o tempo todo. Usar o álcool gel sempre
  5. EVITAR transporte lotado
  6. NÃO ANDAR DE UBER. Você pode transmitir para o motorista, que transmitirá para os próximos passageiros
  7. NÃO IR PARA A RUA e ficar parado dentro de lugares fechados durante horas. Não ficar em locais fechados. A transmissão em locais fechados é muito maior do que em locais abertos
  8. NÃO VÁ AO SHOPPING
  9. Se tiver que fazer compras, faça de forma muito rápida. Não fique escolhendo
  10. NÃO ABUSAR dos pedidos de entrega em casa. Estamos expondo os entregadores o tempo todo. Sim, é um problema, porque se essas pessoas não trabalham não conseguem ter renda
  11. Se tiver que cortar o cabelo, tente fazê-lo num local aberto. NÃO CORTAR CABELO COM AGLOMERAÇÃO. Se puder, deixe o cabelo ficar branco; se puder, pinte em casa
  12. NÃO PODE ir à praia
  13. NÃO PODE BEBER CERVEJA NO BAR, mesmo que o local seja aberto. Não pode, porque beber cerveja e aglomeração é a mesma coisa. É impossível que a gente beba sem cuspir, sem falar alto
  14. CONTINUAR PAGANDO as pessoas que nos prestam serviços e que devem continuar em casa. Para mantê-las em casa, devemos manter os pagamentos regulares. Especialmente se essas pessoas tiverem algum tipo de comorbidade e forem idosas. Os porteiros, por exemplo, aqui no Rio de Janeiro estão trabalhando na pandemia o tempo todo. As pessoas podiam muito bem fazer o favor de abrir a portaria
  15. A GENTE PODE começar a ver parentes muito queridos. Isso se a gente tiver quarentenado e se as outras pessoas tiverem quarentenadas. E a gente tiver certeza de que as pessoas estão há 14 dias bem de saúde e sem sair de casa. Pode, mas é preciso também manter a distância, ficar com máscara. Ficar um pouco perto, mas não muito perto. Não pode ficar muito perto
  16. NÃO PODE fazer reunião com 15 pessoas
  17. NÃO PODE fazer festa de aniversário
  18. PODE VER A MÃE MUITO IDOSA, porque a gente já está há muito tempo assim. Precisa usar essas estratégias de bolha social, mas muito, muito, muito meticulosas
  19. PODE FAZER CAMINHADAS AO AR LIVRE. Mas não em locais de aglomeração. Caminhadas ao ar livre em locais que sejam ermos, que não tenham muita gente. É bom fazer. Não é bom a gente ficar em casa o tempo todo, porque neurotiza

Edição 236 – Novembro 2020

Só Rindo

Irritação

Irritado com as pessoas que amarravam seus animais em frente à prefeitura, o prefeito mandou colocar na parede o seguinte cartaz:

"De hoje em diante, fica proibido amarrar os burros aqui fora para não incomodar os que estão lá dentro."

Entrevista do prefeito reeleito Nenen da ASA (PV) em “life” da rádio comunitária Regional FM:

“Eu sou honesto, minha família é honesta, a gente não deve nada a ninguém, a gente cumpre os nossos deveres...”

Centopeia

Um homem entrou numa loja de bichos de estimação e pediu um bicho fora do comum.

- Sei exatamente o que o senhor deseja – disse o vendedor -, uma centopeia inteligente.

- O que ela sabe fazer? – indagou o homem.

- Tudo que o senhor mandar – foi a resposta.

O homem levou a centopeia inteligente para casa e pediu que ela lhe trouxesse os chinelos, o que ela fez. Ela ligou a TV, preparou uma xícara de chá, passou o aspirador e passou roupa a ferro.

Finalmente o homem mandou a centopeia comprar o jornal.

Uma hora depois, ela ainda não voltara. Ele esperou mais uma hora, e nem sinal da centopeia na escada.

- Aonde você andou? – perguntou.

- Em lugar nenhum – disse a centopeia. – Ainda estou calçando meus sapatos.

Entrevista do prefeito reeleito Nenen da ASA (PV) em “life” da rádio comunitária Regional FM:

“A população sabe em quem votar... eu nunca desviei dinheiro público, eu tenho zelo pelo dinheiro público.”

Imitando passarinho

O apresentador de um programa de calouros na TV recebia pessoalmente as inscrições dos candidatos quando lhe apareceu um que se dizia imitador de passarinhos.

Ele disse:

- Olhe, não vou nem fazer sua inscrição. Todos os dias aparece aqui um montão de gente que imita passarinho.

O candidato, totalmente sem graça pela franqueza do apresentador, agradeceu com humildade, aproveitou a janela aberta e saiu voando.

Entrevista do prefeito reeleito Nenen da ASA (PV) em “life” da rádio comunitária Regional FM:

“Eu sempre fui, como eu disse, muito honesto, na minha vida particular e com o dinheiro público também.”

 

 

Edição 236 – Novembro 2020

E então, que quereis?...


Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes
.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.

Não estamos alegres,

é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
como uma quilha corta
as ondas.

Poema de Wladimir Maiakóvski

Homenagem do Jornal de fato ao prefeito reeleito

 

Edição 236 – Novembro 2020

Eleitores mantém  7 dos 13 vereadores

População elegeu até um ex-presidiário amigo de Nenen da ASA

O resultado da eleição para vereadores de Brumadinho mostra que a população não estava tão descontente com os atuais vereadores. Ou então, que a venda e compra de votos falou mais alto e a população se vendeu para aqueles que ela criticava. Dos 12 candidatos que disputavam a reeleição, sete foram reeleitos: Valcir “Rambinho”, Alessandra do Brumado, Geada, Xodó, Ninho, Ivam Egg e Max Barrão, todos aliados do atual prefeito.

Seis partidos elegeram vereadores. Foram o PV (Guilherme Morais, Valcir “Rambinho”, Ivam Egg e Xodó), Cidadania (Alessandra do Brumado, Geada e o ex-presidiário Daniel Hilário), o PSL (Ninho e Ricardo da mineradora Tejucana), o PSB (Daniel Crentinho e Jhon Roberto), o MDB (Barrão) e o PTB (Gabriel Parreiras). Assim, dos 13 vereadores, 12 são aliados do atual prefeito. Resta saber se o vereador do PTB vai se aliar ou se fará oposição.

População elegeu até um ex-presidiário

Entre os aliados do prefeito Nenen da ASA (PV), está o ex-presidiário Daniel Hilário. Daniel, a quem Nenen da ASA (PV) apoiou, era Secretário de Meio Ambiente de Nenen da ASA (PV) e passou 70 dias preso num presídio, resultado da Operação Ptolomeu. A Ptolomeu investiga roubo de dinheiro público no transporte escolar. Estiveram também presos no presídio por 70 dias o irmão do Prefeito Nenen da ASA (PV), Emilson Barcelos, uma cunhada de  Nenen da ASA, além de outras pessoas, consideradas “laranjas” num esquema de roubo de dinheiro público através do transporte escolar.         

 Votação dos outros partidos

Dos treze partidos que disputaram cadeiras na Câmara, sete deles não conseguiram o quociente eleitoral (popularmente chamado de “legenda”) e ficaram de fora do Legislativo. São o PT, o PRTB, o Patriota, o Republicano, o DEM, o DC e o Podemos.  

O PT acumulou 1087 votos; o PRTB, 791; Republicanos, 555; DEM, 416; Patriotas, 388; DC, 345 e Podemos, do vice de Guru, Cosme Cunha, 157 votos.

Votação zerada

Alguns candidatos não receberam votos de ninguém nem mesmo de si próprios. Foram os casos de Machado (PSL), Angela Viriato (MDB), Suely Marques (MDB), Claudia França (REPUBLICANOS), Rose do Progresso (REPUBLICANOS) e Cristiane Aline da Cruz (PATRIOTA).

Já as candidatas Florisbela Moreira, Dalvoneth Parreiras e Luçia Maria (todas do DEM), foram bem mal votadas, tendo recebido, respectivamente 2, 2 e 1 votos.

Votos brancos para vereadores foram 726 (2,91%); nulos, 1.206 (4,83%) e os válidos: 22.991 (92,14%). As informações são do TSE.

 Edição 236 – Novembro 2020

Derrota de Trump é derrota de políticas racistas e fascistas, diz Evo

O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, disse que a derrota do presidente Donald Trump em sua campanha à reeleição representa a “derrota de políticas racistas e fascistas”.

“A derrota eleitoral de Trump é derrota de políticas racistas e fascistas. Foram derrotadas suas práticas intervencionistas e, também, seus atentados inumanos contra a Mãe Terra”, disse.

Como Bolsonaro

A derrota de Trump é, também, uma derrota para o presidente jair bolsonaro . Assim como bolsonaro, Trump não usa máscaras, diz que a COVID não é séria e deu um péssimo exemplo num dos países em que a pandemia matou milhares de pessoas. Foi a derrota dos fascistas lá e aqui.  

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