VALE mata mais um
A mineradora VALE matou mais uma pessoa: Júlio César, 34 anos, pai de uma criança de 3 meses. Completando dois anos desde 25 de janeiro de 2019, a mineradora Vale S. A. continua matando. Júlio César foi soterrado quando um grande talude de uma cratera na Mina Feijão desabou. Documentos provam que, há pelo menos 2 semanas antes do deslizamento do talude, a VALE foi alertada sobre os possíveis riscos da operação naquela área, que chegou inclusive a ser paralisada pela ANM. Os documentos mostram também que a previsão era de que até o início de fevereiro a movimentação do material seria feita por operação remota, sem a presença de trabalhador dentro do equipamento. Ou seja: a Vale matou sabendo que poderia matar, trata-se de homicídio doloso. Enquanto isso, a Secretaria de Meio Ambiente de Brumadinho age como se os fatos não acontecessem aqui e ela nada tivesse a ver com o que acontece na mineração.
Edição 237 – Dezembro 2020
Prefeito promove aglomeração em plena COVID-19
A casinha de papai noel e 600 mil reais de gastos (foto: reinaldo fernnades/Jornal de fato) |
A Representação ao MP
foi feita pelo Editor do Jornal de fato,
Reinaldo Fernandes.
Edição 237 – Dezembro 2020
Prisão do prefeito Nenen da ASA
São muitas as acusações e os processos contra o prefeito e sua família. A família ainda não foi condenada por roubar dinheiro da prefeitura, depois de 2 mandatos e entrando no 3º. Mas já ficou 70 dias no presídio, acusados pelo MP de estarem envolvidos em corrupção de transporte público, processo que continua ativo. Aliás, tem as obras na entrada do São Conrado; os mais de R$ 10 milhões do hospital municipal; as acusações de criação de “laranjais”; os asfaltos de estradas que levam às suas fazendas e um monte de processos: pelo menos 15: só na 1ª instância são 5; oito na 2ª instância. Ainda tem no Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Edição 237 – Dezembro 2020
Justiça investiga candidata a vereadora que teve zero voto
A Justiça Eleitoral está investigando possível
fraude em candidatura para o cargo de vereadora. Há indícios de que para cumprir
a regra de 30% de candidatas mulheres, tenham sido registradas candidata “fantasma”
que não recebeu sequer o próprio voto nas eleições.
Em
Brumadinho, cinco candidatas tiveram zero voto nas urnas.
Edição 237 – Dezembro 2020
Editorial
É
verdade que o prefeito pode ser preso a qualquer momento?
Acaba de tomar posse o prefeito Nenen da ASA (PV), reeleito por 40% dos quase 31 mil eleitores de Brumadinho. Para milhares de brumadinenses, trata-se de um desgosto. Muitos temem que o dinheiro público seja amplamente roubado dos cofres municipais. O temor tem razão de ser: são muitas as acusações e os processos contra o prefeito e sua família.
É
verdade que a família Barcelos ainda não foi condenada por roubar dinheiro da prefeitura,
depois de dois mandatos e entrando no terceiro. Como também é verdade que
irmão, cunhada e aliados do prefeito (acusados de serem “laranjas”) já passaram
70 dias no presídio, acusados pelo Ministério Público de MG de estarem
envolvidos em corrupção em transporte público. Esse processo continua na (lentidão
da) Justiça mas, a qualquer hora, pode devolver a turma ao presídio. Sabe-se
também que essa relação questionável com transporte público e Nenen da ASA é
antiga, com acusação de superfaturamento que vem desde o governo do falecido Tunico
da Bruma, envolvendo em torno de R$ 10 milhões.
É
também de conhecimento público as acusações feitas pelo Ministério Público
Federal a Nenen da ASA (PV). No processor relativo a obras emergenciais na entrada
do bairro São Conrado, o MPF acusa Nenen da ASA de ter metido a mão no dinheiro
dos cidadãos, condenando-o a devolver dinheiro, em torno de mais R$ 5 milhões.
Também
é de conhecimento público as acusações feitas ao prefeito sobre mais R$ 10
milhões que teriam ido para empresa de sua família na construção do hospital
municipal. Aliás, a coisa só gira em termos de milhões, já perceberam?
São
pelo menos 15 (quinze) processos. Só na 1ª instância do Tribunal de Justiça de
Minas Gerais, por exemplo, o prefeito responde a pelo menos 5 processos, por
enquanto, os de nºs: 0025601-46.2010.8.13.0090 , 0005321-78.2015.8.13.0090 , 0004447-59.2016.8.13.0090 , 0016276-37.2016.8.13.0090 , 0014220-94.2017.8.13.0090 , 0011610-85.2019.8.13.0090. Desses, quatro são
por “Improbidade Administrativa”, “Enriquecimento
ilícito” (quando se enriquece de forma ilegal, roubando).
Na
2ª instância, ele responde a mais 8
processos: 0733030-84.2019.8.13.0000 , 0005321-78.2015.8.13.0090 , 0005321-78.2015.8.13.0090 , 0005321-78.2015.8.13.0090 , 0227026-59.2017.8.13.0000 , 0227026-59.2017.8.13.0000 , 0227026-59.2017.8.13.0000, 5343569-55.2020.8.13.0000.
O
processo 5343569-55.2020.8.13.0000, “Crimes de
Responsabilidade, Crimes Previstos na Legislação Extravagante”, é bem fresquinho.
Foi distribuído no dia 6 de novembro de 2020, e tem audiência marcada para este
mês de janeiro, dia 27.
Vale a pena lembrar o
processo N° 0043753-58.2018.4.01.3800, que tramita na 11ª Vara de
Belo Horizonte, Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Nesse, o Ministério
Público Federal acusa a família Barcelos de fraudar e falsificar documentos, “ganhar”
licitação com construtora da família, a IMPÉRIO, e desviar dinheiro
público. O MPF acusa Nenen da ASA (PV), Cid Barcelos, Emilson Barcelos e Antônio Carlos Maciel, o Cocão
(irmão do cunhado de Nenen da ASA, marido da irmã, Sônia Barcelos). Segundo o MPF, Nenen da ASA
(PV), Cid Barcelos e os demais cometeram os crimes de “prática de
produção e uso de documentos falsos, particulares e públicos” e desvio de dinheiro
do cidadão brumadinense.
Tudo
isso, quem diz são as instituições de Justiça. Ao prefeito cabe a tarefa de
provar o contrário.
Mas
nem só de processos vive Nenen da ASA. O que se diz na cidade – e não sabemos
se é verdade – é que a família seria proprietária de inúmeras empresa que estariam
em nome de “laranjas” (pessoas que, em negociatas com os endinheirados, fingem
ser proprietários de empresas, imóveis, veículos etc). No processo 0043753-58.2018.4.01.3800,
para citar um exemplo, a família é acusada pelo MPF de usar “laranjas” na empresa
IMPÉRIO.
Outra
acusação que corre a bocas pequenas é a de que o prefeito sempre se beneficia
de dinheiro público, mandando asfaltar estradas onde compra fazendas. Verdade
ou não, a estrada de Córrego Fundo foi asfaltada até a entrada de uma de suas
fazendas (ou atribuída a ele). Outra coincidência é o asfaltamento de parte da MG
040 em Eixo Quebrado: o asfalto foi feito até onde fica uma outra fazenda,
também atribuída ao prefeito.
Bom, pessoal, é o que temos para 2021 a 2024... ou, pelo menos, por enquanto...
No mais, o Jornal de fato deseja ao prefeito que ele faça uma boa administração, voltada para o povo. Aos nossos leitores, desejamos Feliz Ano Novo... apesar dos pesares!
Reinaldo Fernandes Editor |
Edição 237 – Dezembro 2020
VALE mata mais um
Até quando a VALE continuará matando
impunemente?
A mineradora VALE matou mais uma pessoa. Mais um jovem: Júlio César, 34 anos, deixa uma viúva e uma criança órfão de 3 meses. Em plena época de Natal, um dos Herodes de hoje, a Vale S. A., continua matando gente, peixes, animais, sacrificando todos os ecossistemas e expulsando comunidades de seus territórios.
E o que é pior: documentos provam que, há pelo menos 2 semanas antes do deslizamento do talude, a VALE foi alertada sobre os possíveis riscos da operação naquela área, que chegou inclusive a ser paralisada pela ANM. Os documentos mostram também que a previsão era de que até o início de fevereiro a movimentação do material seria feita por operação remota, sem a presença de trabalhador dentro do equipamento. Ou seja: a Vale matou sabendo que poderia matar, trata-se de homicídio doloso. Enquanto isso, a Secretaria de Meio Ambiente de Brumadinho age como se os fatos não acontecessem aqui e ela nada tivesse a ver com o que acontece na mineração.
O crime
aconteceu no dia 18 de dezembro, na Mina de Córrego do Feijão, a mesma em que,
há 23 meses atrás, 25 de janeiro de 2019, a Vale enterrou, vivos, 272 trabalhadores e
trabalhadoras, com 11 corpos ainda não-encontrados.
A Vale, com cumplicidade do Estado, continua matando, todos os dias, de várias
formas.
Júlio César de Oliveira Cordeiro
Enquanto dirigia uma retroescavadeira, um grande talude de uma cratera na Mina de Córrego do Feijão desabou, soterrando a retroescavadeira e o jovem trabalhador Júlio César de Oliveira Cordeiro, de 34 anos, empregado de uma empresa terceirizada da VALE S/A.
A VALE, com a cumplicidade
do Estado, continua matando de mil formas. Por exemplo, vem negando da forma
mais vil o fornecimento de água potável a milhares de famílias que só acham lama
em suas torneiras; negligencia quanto ao direito dos atingidos e das atingidas
que se encontram fora do limite de 1 km do rio Paraopeba, mas que sofrem os
mesmos prejuízos e danos dos demais; suspende indevidamente o auxílio emergencial
de quem já possui este direito assegurado, sem justificativas plausíveis.
Desrespeito aos direitos fundamentais
O consumo de água potável para beber e cuidar das plantações e animais é um direito garantido pelos Direitos Humanos em nível internacional, mas o que se apresenta na bacia do Paraopeba é um cenário de pânico e de terror em várias comunidades, que sentem a cada dia as crescentes consequências na saúde da população decorrente do consumo de água com poluentes tóxicos e, provavelmente, com metais pesados.
O adoecimento das pessoas
e a insegurança de saber se vão ou não receber o auxílio emergencial no próximo
mês causa uma grande tensão, além de conviverem diariamente com um rio e um ar
contaminado.
Doenças respiratórias, gastrointestinais,
renais, vários tipos de câncer, depressão e outras enfermidades de ordem
psicológica vêm se alastrando, comprometendo assim a saúde física e mental da população
como um todo. Isso mata aos poucos.
A VALE, privatizada no
governo de FHC (PSDB) , mata também se beneficiando da terceirização, pois os
trabalhadores que são submetidos aos trabalhos mais arriscados são os terceirizados.
Área de risco
O local em que Júlio César foi assassinado é uma área de alto risco, não poderia ter ninguém lá. O talude não cai de uma vez. Sempre há indícios, rachaduras. Não se pode arriscar vidas humanas dessa forma e é preciso investigar se não há risco de novos rompimentos.
O medo e o desespero das
comunidades próximas àquele local são muito grandes. Não foi um acidente
conforme informado pela Vale e pela imprensa, foi mais um crime premeditado e
planejado. Os trabalhadores e as trabalhadoras são submetidos a trabalharem em situações
de altíssimo risco de morte.
Os crimes da mineração revelam como o modelo de exploração mineral no Brasil é predatório e devastador, também em relação a vida humana. São muitos os crimes: o rompimento da barragem de “Fundão” em Mariana, MG (19 mortos); 272 mortos em Brumadinho; rompimento da barragem da Mineradora Herculano em 2014, em Itabirito-MG (3 mortos); a morte do motorista Bruno Henrique do Amaral Silva em agosto de 2019, na Mineral do Brasil; a morte de dois caminhoneiros em meados de 2019 enquanto transportavam minério para a mineradora Mineral do Brasil.
A geração
bilionária de lucro para as empresas do setor, a maior parte sob controle de
investidores estrangeiros, deixa apenas um rastro de desastres, destruição, miséria
e contaminação para as populações locais. Enquanto isso, VALE, a Samarco e
outras mineradoras continuarão impunes e matando.
A questão é mais ampla do que a revisão de uma política de barragens. O modelo predatório de mineração a que temos sido submetidos considera a devastação de territórios e a destruição da vida como um preço a ser pago pela enorme margem de lucros do negócio. São especuladores também de minas de água e de aquíferos.
A Lei Kandir,
de 1998, isentando do pagamento de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação
de Serviços (ICMs) as commodities para exportação, a VALE e as
outras mineradoras nem ICMs pagam. Com isso, o Estado de Minas Gerais teve uma
perda de 140 bilhões de reais nos últimos 22 anos. E agora a VALE e o Governo
de Minas Gerais, com participação das Instituições de Justiça (Ministério Público
de MG, Defensoria de Pública de MG e Tribunal de Justiça de MG) e sem a participação
dos/as atingidas, estão construindo um Acordo que será muito bom para a Vale e
péssimo para os/as atingidos/as.
Cidades sofrem no dia-a-dia
Em Sarzedo, MG, há quase dois anos, milhares de pessoas convivem com o pesadelo de eventual rompimento de barragens da Mineração Itaminas. São mais de 5 mil pessoas cadastradas na área de inundação por lama tóxica em caso de rompimento.
Perto dali,
outro fator de risco: a existência de taludes das crateras da Mina da Jangada,
de propriedade da Vale, a pouquíssima distância da Barragem B4 da Itaminas, a
barragem que oferece gravíssimo potencial para ceifar 5 mil vidas em Sarzedo.
Ibirité luta
para que a mineradora Santa Paulina não opere em área de preservação ambiental.
Moradores de Casa Branca (Brumadinho) travam outra guerra, essa contra Mineradora
Geral do Brasil – MGB – que quer minerar no 3º maior parque urbano do Brasil, o
Rola Moça.
Barão de Cocais,
Congonhas, Nova Lima vivem sob o temor de rompimento de barragens.
O que fazer
Além de suspender de forma preventiva o funcionamento de complexos minerários geradores de risco para populações, é preciso rever processos de licenciamento, auditar e fiscalizar com rigor barragens e outras estruturas.
Todos os
crimes praticados por essas mineradoras, e que seguem impunes, são provas cabais
de que para o capital minerário não há limites em termos de devastação e
destruição. Esse modelo precisa ser interrompido para que centenas de
territórios e sua gente deixem de ser subjugados como tem ocorrido de forma
especialmente intensa nas últimas décadas.
As autoridades
precisam apurar, de forma contundente, julgando e punindo mais esse crime da
Vale. Por outro lado, o governo de Minas não pode deixar a Vale continuar
controlando a cena do crime.
Para entender
O que são taludes
Taludes são estruturas integrantes das crateras de mineração, privadas de estabilidade devido a enorme atividade que sobre elas impacta, desde a movimentação de cargas de dezenas de toneladas por “tratores” gigantes a detonações rotineiras.
Assim como as barragens, os taludes também podem se
desestabilizar, escorregando lentamente ou, em cenário mais grave, romper bruscamente,
sendo que tal movimentação é capaz de ocasionar um rompimento das frágeis
estruturas de contenção de rejeitos.
Na Mina do Gongo Soco (em Barão de Cocais), taludes
de uma cratera distante quase dois quilômetros da barragem interditada foram considerados
fatores de risco do chamado “gatilho”. No entanto, essas estruturas da Mina
Jangada, que estão muito mais perto da B4 (Sarzedo) não foram consideradas como
de risco à estabilidade e segurança da barragem.
Com informações da CPT - Comissão Pastoral da Terra –, MG
Edição 237 – Dezembro 2020
Morte na mineração
VALE sabia que trabalhador poderia morrer
Novamente os fatos mostram que a
mineradora VALE não se importa com a vida dos trabalhadores: o que vale são os
lucros. A VALE sabia que Júlio César poderia morrer soterrado; Secretaria de
Meio Ambiente de Brumadinho age como se os fatos não acontecessem aqui
Documentos analisados pela Observatório da Mineração mostram que pelo menos 2 semanas antes do deslizamento do talude que causou a morte de um trabalhador em Brumadinho, no dia 18 de dezembro, a VALE foi alertada sobre os possíveis riscos da operação naquela área, que chegou inclusive a ser paralisada pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Os documentos mostram também que a previsão era de que até o início de fevereiro a movimentação do material seria feita por uma operação remota, sem a presença de trabalhador dentro do equipamento. A região é a mesma onde a barragem se rompeu em janeiro de 2019, matando 272 pessoas.
Documento da SEMAD mostra que, mais uma vez, a mineradora VALE sabia que trabalhadores podiam morrer, mas continuou o serviço em busca de mais lucros |
Enquanto isso, a Secretaria de Meio Ambiente de Brumadinho age como se os fatos não acontecessem aqui, como se a Prefeitura não tivesse nenhuma relação com a mineradora e a morte de Júlio César.
No dia 18 de dezembro, o trabalhador Júlio César de Oliveira Cordeiro foi morto por soterramento enquanto operava uma retroescavadeira em área de uma cava de rejeitos da Vale em Córrego do Feijão, mesmo local onde a barragem se rompeu em janeiro de 2019 matando 272 pessoas. Júlio Cordeiro, 34 anos, deixou a esposa e um filho de apenas 3 meses.
Documentos
analisados pela Observatório da Mineração mostram que pelo menos 2 semanas antes do deslizamento
do talude que causou o soterramento a VALE foi alertada sobre os possíveis
riscos da operação naquela área, que chegou inclusive a ser paralisada pela
Agência Nacional de Mineração (ANM).
Os
documentos mostram também que a previsão era de que até o início de fevereiro a
movimentação do material seria feita por uma operação remota, sem a presença de
trabalhador dentro do equipamento.
As
afirmações constam no “Auto de Fiscalização número 52353” da Secretaria de Estado
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) de Minas Gerais de 4 de
dezembro de 2020.
Fiscalização
Os servidores informam que realizaram a fiscalização da Cava de Feijão e da área da antiga Barragem B1, que rompeu. Os rejeitos remanescentes da barragem estão sendo depositados na cava, processo licenciado em 2019. É a área em que Júlio Cordeiro, foi morto.
O
documento da SEMAD afirma que “Foi informado de que está sendo tomadas algumas
medidas de segurança para que as atividades retornem”.
Os fiscais alertam inclusive sobre os riscos de
“um possível acidente”.
VALE, Governo bolsonaro e Zema
O
Governo Zema, através da SEMAD não se manifestou até a publicação da
reportagem. Já o Governo bolsonaro, via Agência Nacional de Mineração disse que
a assessora de imprensa está de licença médica e que é a única pessoa
respondendo pela comunicação no momento. Via Lei de Acesso à Informação, a ANM
negou o pedido de acesso ao documento em que paralisou as atividades na cava
alegando “sigilo”.
E a Secretaria de Meio Ambiente de Brumadinho?
Já a Secretaria de Meio Ambiente de Brumadinho continua agindo como se mais uma morte na mineração nada tivesse a ver com a Administração de Nenen da ASA (do PV – sic!). Nem uma palavra! A Secretaria de Meio Ambiente de Brumadinho não sabia de nada? Ou sabia que Júlio César não poderia estar trabalhando ali e se fez de cega? Se a Secretaria Municipal de Meio Ambiente sabia dos riscos de “um possível acidente”, por que não tomou nenhuma providência?
Grupo de Mineração da CNBB denunciou o caso
O Bispo Auxiliar da Arquidiocese de BH e membro do Grupo de Trabalho de Ecologia Integral e Mineração, do Regional Leste 2 da CNBB |
O Grupo de Trabalho de Ecologia Integral e Mineração, do Regional Leste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), do qual faz parte Dom Vicente, Bispo Auxiliar da nossa arquidioceses, em conjunto com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Rede Igrejas e Mineração e outras entidades, analisou os documentos e denunciou as circunstâncias encontradas no caso.
O
GT também questiona o licenciamento simplificado concedido para a disposição de
rejeitos na cava pela Superintendência de Projetos Prioritários (Suppri), vinculada
à Semad, em dezembro de 2019.
Com informações de Maurício Angelo, jornalista investigativo especializado em mineração. Fundador do Observatório da Mineração.
Prefeito promove aglomeração em plena COVID-19
Ministério Público
manda parar
Em plena “segunda onda” da COVID-19, o prefeito Nenen da ASA (PV) estava promovendo aglomeração de crianças e idosos, além da população em geral, na Praça da Rodoviária. Ao ser informado do absurdo praticado pelo prefeito, o Ministério Público de MG mandou cessar a prática irresponsável.
Prefeito já tem o costume de não usar máscara no meio das pessoas |
No dia 15 de dezembro, o prefeito Nenen da ASA (PV) fez circular pelo menos uma motocicleta de som, convidando a população para se aglomerar na “Casa do Papai Noel”, a partir do dia seguinte à noite, 16/12. No dia 16, o MPMG recebeu uma Representação em que era informado da atitude irresponsável do Prefeito e pedia sua intervenção urgente. No dia 18 a Prefeitura anunciou a suspensão da aglomeração.
Como a imprensa tem
divulgado o tempo todo, Minas está batendo recorde atrás de recorde no aumento
de infectados e mortos pela COVID-19 no que está sendo chamado de “2ª onda” da
epidemia. Num único dia, houve 4.222 novos registros
de casos e 8 novos óbitos, 34.453 em acompanhamento,
internados ou em isolamento domiciliar.
Incoerência
No mesmo dia em que o prefeito convidava a população para se aglomerar, a Secretaria Municipal de Saúde de Brumadinho divulgava nota no DOM – Diário Oficial do Município – em que afirmava que “o número de mortes confirmadas” subia para 17 (no fechamento desta edição já eram 19).
A
Secretaria de Saúde anuncia que “Um menino de OITO anos
de idade” e “uma menina
de QUATRO” – além de
jovens de 19, 26, 30, 33, 36, 40 anos, e, ainda mais 6 pessoas – “receberam resultados de exames positivos
para a Covid-19 nesta terça-feira, 15/12”.
Aglomeração para “tirar” foto
O prefeito convidava a população para se aglomerar para “tirar foto com papai noel”. “Um menino de OITO anos de idade” e “uma menina de QUATRO”. E o prefeito brincando com a vida das pessoas! O convite foi feito também nas redes sociais da prefeitura, além de ser feito no próprio DOM.
Prefeito gastou quase R$ 600 mil com o Natal: incentivo para que as pessoas, em plena pandemia, saiam de casas e contaminem-se |
Representação ao MP
A Representação ao MP foi feita pelo Editor do Jornal de fato, Reinaldo Fernandes. No documento, Fernandes lembrava ao Promotor que “são dezenas de famílias chorando 17 mortos em Brumadinho e, segundo a própria prefeitura, “há outras TRÊS mortes sendo investigadas” e “5.265 notificações entre casos suspeitos e confirmados” (13% da população!)
Quando o prefeito convida amplamente a população para
se aglomerar, não só brinca com a vida do povo, comete um ato de inteira IRRESPONSABILIDADE, patrocinando a aglomeração,
em última análise: dizendo para as pessoas que não há perigo, que elas podem se
aglomerar e não vão ser infectadas. E as crianças podem ser submetidas à
aglomeração! “Um menino de OITO anos
de idade” e “uma menina
de QUATRO” argumentava.
“Todos nós sabemos que somos seres aglomeráveis”.
Fernandes defendia que não adiantava dizer que “Todas as medidas sanitárias seriam tomadas e seguidos os protocolos”. “É de nossa essência se aglomerar, se aproximar das pessoas, ter contato físico, conversar de perto. É por essas razões que cientistas, sanitaristas e os profissionais de saúde recomendam como a melhor forma de evitar a proliferação do vírus o ficar em casa, no que se chama de isolamento social. Portanto, dizer que “serão tomadas todas as medidas sanitárias e seguidos os protocolos” se torna discurso vazio. Estando próximas, as pessoas acabam se juntando, encontram amigos e conhecidos (especialmente numa cidade pequena como Brumadinho), não há como evitar. E mesmo os mais conscientes da necessidade de distanciamento, ao terem amigos se aproximando, ficam constrangidos de se afastarem e acabam todos próximos: conversando, respirando, se tocando, se infectando.”
Vacinação
“Quando deveria estar lutando para comprar vacinas para nossa população que já sofreu tanto no ano passado e neste com tantas mortes, tantas famílias destroçadas, o prefeito quer expor nossas crianças, pais e avós à morte! O prefeito está, no nosso humilde modo de ver, empurrando a população à morte!
Além disso, são questionáveis os gastos de R$ 568.500,00
(quinhentos e sessenta e oito mil e quinhentos reais), de DINHEIRO PÚBLICO”,
continuava. “Portanto, faz-se URGENTE
que esta Promotoria aja para barrar essa INSANIDADE do prefeito municipal, EM
DEFESA DA VIDA dos munícipes”, finalizava.
Recesso de 15 dias
A representação chamava a atenção do MPMG também para outra questão de Saúde da população, o recesso de 15 dias para os servidores públicos municipais, incluídos os dos PSF – Programa Saúde da Família -. Indicando reportagem do jornal O Estado de Minas, de 15/12/20, intitulada: “Postos de saúde entram em recesso em Brumadinho, e moradores reclamam - Cidade suspende atendimento das unidades básicas durante 15 dias em meio à pandemia do novo coronavírus”.
Edição 237 – Dezembro 2020
A
denúncia é de suspeita de fraude
A Justiça Eleitoral da 230ª Zona Eleitoral de Presidente Olegário está investigando possível fraude em candidatura para o cargo de vereador em Lagoa Grande, Noroeste de Minas, nas Eleições 2020.
O Partido Socialista Brasileiro (PSB) entrou com
uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral com pedido de liminar contra o
Diretório Municipal do Podemos – Pode. No pedido o PSB aponta suspeita de fraude
nas Eleições 2020.
De acordo com a denúncia, há indícios de que para
cumprir essa regra [que estabelece que cada partido deve lançar, no mínimo 30%
de candidaturas femininas], o partido teria registrado candidata “fantasma” que
não recebeu nenhum voto nas eleições.
Segundo a denúncia, a candidata Vanilda Francisca
da Silva do Podemos não teve votos, nem mesmo o próprio, a prestação de conta
está zerada e a inexistência de atos de campanha, gravações de áudio
apontando a preocupação da investigada com as consequências do ato.
Mudança
Se
comprovada a fraude os candidatos do partido envolvido tem os votos anulados e
a Câmara Municipal passa ater um novo quadro dos eleitos.
Procurado,
o advogado da candidata Vanilda Francisca da Silva disse que a denúncia é improcedente
e que será demonstrado nos autos.
Brumadinho
Em
Brumadinho, cinco candidatas tiveram zero voto nas urnas: Angela Viriato (MDB), Suely Marques
(MDB), Claudia França (REPUBLICANOS), Rose do Progresso (REPUBLICANOS) e Cristiane
Aline da Cruz (PATRIOTA). Desses, apenas o MDB elegeu vereador.
Edição 237 – Dezembro 2020
Crimes da VALE
2 anos do crime da Vale em
Brumadinho: Justiça só com luta e organização
Nos dois anos do crime da Vale na bacia do Paraopeba atingidos organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) fazem jornada de lutas para rememorar, denunciar e anunciar que os atingidos estão em luta por direitos e para que a mineradora VALE seja punida pelas vidas retiradas, e pelos danos causados.
A jornada de lutas d os atingidos, “2 anos do
crime da VALE em Brumadinho: Justiça só com luta e organização começa pela luta
por um acordo justo entre Governo de Minas Gerais, Ministério Público e
mineradora Vale S/A. Desde outubro deste ano, o MAB faz a denúncia desse acordo
que está sendo construído sem a participação dos atingidos e não tem valores
justos.
Manifestação em frente ao TJMG no dia 9 de dezembro |
Na programação da jornada, que será, em maior parte de forma virtual, devido a pandemia do CoronaVírus, que agrava o número de contaminação e mortes no país e no mundo, as atividades envolvem live s sobre a vida das mulheres atingidas e a luta por direitos humanos, dia de memória e luta pelas vítimas do crime - 272 joias -, e ato político cultural em defesa da água.
O papel central das mulheres
No dia 25 de janeiro, os atingidos farão
atividades simbólicas nos municípios ao longo da bacia do Paraopeba, para
evitar aglomeração e ao mesmo tempo rememorar a data.
Acordão
O acordo entre Governo de Minas Gerais e Vale continua sendo realizado sem a participação dos atingidos e sigilo total nas negociações. No dia 16 de dezembro de 2020, outra audiência foi realizada na sede do Tribunal de Justiça de Minas Gerais para discutir a governança do acordo. Mas não chegaram a um consenso e outra audiência foi marcada para o dia 7 de janeiro.
O MAB entende que precisa de uma grande força
dos atingidos e da sociedade para que este acordo não seja fechado da forma
como está sendo construído.
No dia 14 de dezembro, uma reunião com a
Comissão Externa da Câmara Federal, que acompanha dos desdobramentos do acordo,
foi realizada com MAB, Assessorias Técnicas Independentes e os atingidos da
bacia do rio Paraopeba. Na oportunidade os envolvidos puderam levar à Comissão
as preocupações sobre o acordo e alguns encaminhamentos foram feitos ao
Promotor de Justiça de Minas Gerais, Dr. Carlos André.
No dia 15 de dezembro, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Dom Vicente Ferreira,
bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte e representantes das três
Assessorias Técnicas Independentes – AEDAS, NACAB e Instituto Guaicuy reuniram-se com o desembargador Newton Teixeira Carvalho, 3º vice-presidente do
Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e coordenador do Centro Judiciário
de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC).
Durante a reunião,
as organizações e instituições entregaram para Newton Teixeira o Manifesto dos
Atingidos pelo crime da Vale na bacia do rio Paraopeba, que o anexou ao
processo judicial.
Política de direitos dos atingidos
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou, no dia 18 de dezembro, o Projeto de Lei 1200/15 que trata da Política Estadual dos Atingidos por Barragens e outros Empreendimentos (PEAB).
O PL foi
apresentado após o crime da Vale/Samarco/ BHP em Mariana há cinco anos e agora
é necessário que o Governador de Minas Gerais, Romeu Zema, o sancione.
Depois
de anos de luta dos atingidos e atingidas, e muitas batalhas contra os governos
e as empresas que tentaram impedir o avanço da Política, a aprovação da lei na
ALMG é uma grande vitória. Apesar do texto não conter todos os pontos propostos
pelo MAB, no início da sua elaboração, ele é um avanço e qualifica os direitos
e a luta da população atingida por barragem.
A PEAB assegura assistência às pessoas ou populações afetadas por impactos decorrentes da construção, instalação, ampliação ou operação de barragens e outros empreendimentos. Ele define o conceito de atingidos por barragens, lista seus direitos, determina as formas de reparação, os mecanismos de financiamento e o órgão gestor da política, prevendo a participação da população.
Com colaboração do MAB – Movimento dos
Atingidos por Barragens
Edição 237 – Dezembro 2020
E a COVID-19 continua avançando em
Brumadinho
Em 48 horas, Brumadinho registra mais
de 50 casos da doença
Somente entre os dias 10 e 11 de dezembro, o município confirmou 51 casos de contaminação por coronavírus. Depois, no dia 21, 24 pessoas foram confirmadas positivas e, no dia 23, uma menina de apenas 6 anos.
No fechamento desta edição, o município registrava
19 mortes. Eram notificadas 5.794 pessoas suspeitas ou confirmadas positivas, mais
de 14% da população do município. Doze seguiam internadas em rede hospitalar, 356
estavam suspeitas de terem contraído coronavírus.
Enquanto isso, os bares continuam abertos, o
comércio, o povo está nas ruas, e a prefeitura demonstra que não tem capacidade
para gerir uma pandemia.
Edição 237 – Dezembro 2020
Crimes da mineração
Tejuco fica sem água. De novo!
Local da captação de água invadido pela lama da mineração |
A contenção de proteção à nascente construída pela VALE: obra que não resolve nada |
A denúncia chegou ao conhecimento da Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (AEDAS) que acompanha de perto a situação e que encaminhou no mesmo dia uma solicitação de fornecimento de água mineral para toda a comunidade do Tejuco. A AEDAS exerce o papel de Assessoria Técnica para os atingidos de Brumadinho.
VALE não cumpre sua obrigação legal
O coordenador territorial da Região 1 (Brumadinho), Lucas Vieira, explica que desde maio de 2019, a mineradora é obrigada a fornecer água potável para consumo humano em casos emergenciais no prazo máximo de 48 horas.
“Todos os moradores ficaram sem água no sábado pois só saía lama
das caixas d'água. Então os moradores pediram a ajuda da AEDAS e entraram em
contato com a VALE solicitando que houvesse fornecimento de água mineral e caminhão
pipa para limpeza da tubulação. A situação é muito séria, a gente vê lama no
reservatório e na tubulação. Os moradores afirmam ainda, que havendo limpeza da
tubulação, os moradores terão que arcar com a limpeza de suas próprias caixas
d´água. A Vale não tem respondido à AEDAS nem à Defensoria [Pública], algo bem
grave”, comenta Lucas Vieira.
Segundo várias lideranças de Tejuco com quem o Jornal de fato
conversou, a política da VALE é de falta de transparência. “Só depois do meio
dia tem dias como hoje não sabemos que horas irão abrir o registro da caixa
d'água que abastece a população, então estamos até agora sem água nas torneiras”,
diz um deles.
Atingidos e atingidas informaram à AEDAS que no sábado, 5/12, foi
realizada uma obra de reparação na nascente que abastece o reservatório com a
retirada de lama e minério. Ainda segundo os moradores, a limpeza foi realizada
sem equipamentos apropriados e isso provocou a contaminação com sedimentos
(lama e minério) do reservatório, da tubulação e das caixas d´água das casas
das pessoas atingidas.
Lama
saindo das torneiras
A água saindo nas casas das pessoas |
“Estamos tendo que lidar com essa situação. Você acha que 700 famílias merecem isso? Passou a sair lama das torneiras, as pessoas estão sem água para fazer comida e lavar roupa”, conta o atingido Evandro França de Paula.
O reservatório fica localizado às margens de uma estrada de chão
batido com intenso tráfego de caminhões da Vale. Obras de proteção também foram
feitas para tentar minimizar e segurar sedimentos da estrada para evitar que
contamine o reservatório que abastece toda a comunidade, mas a estrutura não
resistiu e cedeu.
Dois caminhões pipas foram enviados por representantes da VALE
para fazer a limpeza da tubulação, mas os moradores e as moradoras apontaram
que a situação era urgente e que a quantidade de água tem sido insuficiente. “Seria
urgente fazer a higienização do reservatório, limpeza de toda a rede e das caixas
d´água de cada família. Seriam necessários, no mínimo, seis caminhões pipa”,
defende Evandro. Os moradores também informaram que a empresa forneceu 1.400
fardos de água para as 700 famílias do Tejuco. Cada fardo tem 9 litros.
A AEDAS oficiou a Vale para garantir a demanda da comunidade de
Tejuco e provocou a Defensoria Pública Estadual, que também oficiou a VALE, exigindo
respostas e medidas de urgência.
Enrolação da mineradora
Segundo a AEDAS, “a Vale vem respondendo de forma pontual às demandas da comunidade de Tejuco, sejam apresentadas pela Defensoria Pública, sejam apresentadas pela AEDAS. Nestas respostas a Vale informa apenas o que já foi feito pela empresa até o momento da resposta, e pouco aponta quais seriam os passos a curto, médio e longo prazo para garantia de resolução dos problemas do Tejuco.”
Lucas Vieira explica que, quando ocorreu o problema da falta de
água, as pessoas “relatavam constante ansiedades pois não sabiam nem quando o
problema geral ia se resolver, nem quais seriam as ações imediatas que a Vale
tomaria, gerando, além da insegurança hídrica, também situações de ansiedade.”
“Além das situações geradas em 5 de dezembro com atuação da VALE
S.A., a comissão de atingidos nos informa, na data de 23 de dezembro, que
vários moradores tem apresentado sintomas parecidos nos últimos dias (dores
abdominais, enjoos e diarreias) e que uma das lideranças detectou entre as
garrafas de água mineral fornecidas pela VALE cor e aspecto alterado e lodo ao
fundo da garrafa. Solicitam que informemos isso, também, para as Instituições”,
continua Vieira.
Água com lodo envenena as pessoas
Nossa reportagem teve acesso a um vídeo gravado pelo atingido Evandro França de Paula. No vídeo, enviado à VALE, Evandro mostra uma garrafa de água mineral que embora esteja dentro da validade, estava com uma água escura, e até com lodo no fundo.
Evandro França de Paula, o Vandeco, denuncia que a água enviada pela VALE está com lodo |
Marco Antônio, que é um dos componentes da “Comissão da Água”,
relata que muitas pessoas começaram a apresentar problemas de saúde depois do
dia cinco de dezembro, o que pode ter relação com a água que está sendo fornecida
pela mineradora VALE.
Até o fechamento desta edição, muitos moradores estavam sem
receber água alguma. Segundo ele, até hoje há tubulações ainda entupidas. Ele
conta que não há critério para a distribuição dos fardos, que não olham o tamanho
da família, por exemplo, se são 2 ou 10 pessoas necessitadas de água e não
conversam com os moradores.
Com informações também do site da AEDAS: https://www.aedasmg.org/post/falta-de-água-em-brumadinho-cerca-de-700-famílias-estão-sem-água-há-48-horas
Nota da redação: O atingido Evandro França de Paula, o Vandeco, foi candidato a vereador na última eleição. Obteve 147 votos, não penas no Tejuco. Enquanto isso, Ricardo da Tejucana (representante da mineradora Tejucana) obteve 532 votos, 330 no Tejuco. A Tejucana é outra mineradora, que atua diretamente no Tejuco, de quem a população local vive reclamando por causa de danos causados a ela.
Edição 237 – Dezembro
2020 Atenção, Galera da Cultura! Sementes
- caminhos para uma produção mais diversa Produtores culturais cariocas lançam
curso gratuito voltado para agentes culturais não brancos de todo o Brasil Com realização online pela plataforma
Zoom, o curso tem por premissa auxiliar na capacitação de artistas e
produtores não brancos para o mercado de produção cultural “Inquietos e insatisfeitos
com a desigualdade social e o racismo estrutural tão presentes em todos os
setores da sociedade, criamos a Fomenta com o objetivo de contribuir
para a profissionalização do setor cultural e, com isso, potencializar a
realização de projetos culturais que efetivamente gerem renda para a cadeia
produtiva da cultura e deixem um legado para a sociedade,” ressalta Mariana Sobreira, idealizadora do projeto, ao lado
de Felipe Valle. O
curso ‘Sementes – Caminhos para uma produção mais diversa’ permanecerá com as
inscrições abertas até o dia 15 de janeiro de 2021, com vagas limitadas. Para
se inscrever, é necessário acessar o link bit.ly/Sementes2021. |
Edição 237 – Dezembro 2020
OSBRU apresenta Portal
Diálogos
O Portal Diálogos foi apresentado em live
realizada de 18:30 às 20 horas, e teve como debatedoras Gisela Palmiere
Torquarto, Leice Garcia e Mariza Nunes.
Durante a live, as debatedoras falaram sobre os orçamentos de 2019 e 2020 da Prefeitura de Brumadinho, “a partir dos dados do TCE – Tribunal de Contas do Estado – apresentado pela administração municipal”. A análise mostrou que a grande “gastadora” entre as secretarias municipais foi a de Obras e Serviços Urbanos, comandada pelo irmão do Prefeito, Cid Barcelos.
Segundo o próprio Portal, “o Portal Diálogos é formado por uma equipe de múltiplos atores individuais e coletivos”. “Somos cidadãos, pesquisadores, gestores públicos, professores universitários e estudantes voluntários. Adotamos o modelo de redes para orientar nossos processos decisórios em uma gestão colaborativa e compartilhada”, diz o Portal. “Nosso objetivo central é apoiar os cidadãos da região metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e emponderá-los dentro de seus respectivos territórios. Para tanto, vamos gerar, transferir e compartilhar informações relevantes sobre orçamento e ações sociais”.
O Observatório Social de Brumadinho
O Observatório Social de Brumadinho – OSBRU – foi constituído em setembro de 2016, e “tem como objetivo principal cooperar com a cidade de Brumadinho para que a gestão pública seja o mais efetiva possível em termos de resultados, legalidade e ética. Sua ação emana do direito de influenciar as políticas públicas que afetam a comunidade conforme está assegurado pelo artigo 1° da Constituição Federal de 1988 que afirma que todo poder emana do povo”.
A live terminou com a participação de 14
pessoas, tendo chegado a vinte.
Edição 237 – Dezembro 2020
Jorge Luiz Domingues
O homem possuído pelo sentimento de caridade e de amor ao próximo, que fez o bem pelo bem, sem esperar recompensa, que pagou o mal com o bem, que defendeu o fraco contra o forte, e que sacrificou seus interesses à justiça.
Homem digno, que encontrou sua
satisfação nos benefícios que distribuiu, nos serviços que prestou, nos
sorrisos de satisfação que promoveu.
Um homem de bem, que respeitou nos
seus semelhantes todos os direitos que lhes são assegurados pelas leis da natureza,
como desejaria que os seus fossem respeitados.
Esta não é a relação completa das
qualidades que o distinguiram dos demais, mas fez o possível para ser um bom
pai, esposo, sogro e amigo.
Então, que Deus Pai considere suas
bem aventuranças, e que o receba de braços abertos, para que junto das
criaturas divinas, possa acalentar os corações e arrebatar a sua ausência, uma
vez que estar perto não é físico.
Família Domingues
Edição 237 – Dezembro 2020
Vinte e
três meses dos crimes da VALE em Brumadinho
No último dia 25 de dezembro completaram-se 1 ano de 11 meses desde os crimes da mineradora VALE em Brumadinho. A Comissão dos Não-encontrados da AVABRUM - Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão – Brumadinho MG – fez uma cerimônia do Trevo de Brumadinho que foi transmitida por redes sociais para evitar maiores aglomerações.
Em 25 de janeiro de 2019, a mineradora VALE foi
a responsável pela morte de 272 pessoas, das quais 11 ainda não foram encontradas.
No último dia 18, a mineradora VALE matou
mais um, o jovem Júlio César Cordeiro, 34 anos, que deixou esposa e um filho de
apenas 3 meses. Assim como em 2019, a mineradora VALE foi avisada de que o
acidente poderia acontecer.
Edição 237 – Dezembro 2020
Opinião
A decadência moral e intelectual da
“família tradicional brumadinhense” na atualidade
Do sangue azul da nobreza ao sangue
verde dos emergentes incultos, demagogos e selvagens
O lamentável dia em que Carlota Joaquina de Bourbon
- a Megera de Quelus - abriu as janelas do Paço Real, na cidade de Brumadinho e,
acintosamente, debochou dos pés de poeira: “Sai fora, racha fora! Aqui não,
putão! Aqui é nós na fita, querido! Nós somos de família tradicional de
Brumadinho. Aqui não, putão, vai cachorro! Sai cachorro! Sai cachorro! Vai
embora! Some! Arruma sua mala. Lixo! Lixo! Lixo!”
Que nos deem
licença os historiadores de plantão, afinal, somente eles podem abordar
com propriedade e responsabilidade esse
tema. Contudo, a linha tênue entre
o Brasil de 1808 e a Brumadinho de 2020
merece ser discutida e analisada, também, a nível circense e irônico. É a arte do
deboche, da caricatura e da analogia nos
presenteando por meio da liberdade de expressão.
A história nos conta que, embora Carlota
Joaquina tivesse recebido uma educação rígida e fortemente católica, sua vida
fora marcada por agitações e inúmeras festas regadas a luxos e orgias. Sempre descontente
por ter se afastado da pomposa Europa, Carlota vivia a amaldiçoar as terras brasileiras e encarava
os povos originários como seres inferiores. Seu comportamento lhe rendera,
historicamente, a fama de mal educada, preguiçosa e infiel. Além disso, sua
característica irrequieta e traiçoeira sempre estivera canalizada em direção às
conspirações que poderiam elevá-la a um trono para chamar de seu. Contudo, nem
o contexto histórico da época serviu como argumento para salvá-la das severas
críticas e absolvê-la do repúdio humano. Definitivamente, Carlota não encantou
com sua empáfia perante os súditos.
A cultura do patriarcado, na atualidade, passa
por uma séria e paulatina crise de identidade, porém, mesmo perneta, ainda agrega
adeptos que fazem questão de manter seus pés enterrados no século XVI. Embora parte
da sociedade pareça não ser mais capaz e disposta a suportar esse peso secular,
essa bagagem colonial fora
programada com um único intuito: eternizar-se.
Afinal de contas, a falácia da “família tradicional” ainda continua sendo uma
das estratégias mais certeiras para manter o controle político, social e
religioso.
O conceito de “família tradicional
brasileira”, desde muito, mergulha com
seus amantes súditos nas banheiras perfumadas
da hipocrisia, e tenta, na maioria das vezes com êxito, provar para a
massa humana o perigo iminente de naufrágio no caos para então lançar as boias
da barganhas e dos equívocos. Um povo confuso e desinformado é como um pêndulo
defeituoso, que já se mantinha inclinado para um lado desde a sua
construção.
Nesse sentido, mesmo tendo inúmeras
semelhanças - as mais asquerosas -, pode-se identificar uma diferença crucial entre as “Joaquinas contemporâneas brumadinhenses”
e a personagem histórica e polêmica que estamos ressuscitando. Carlota Joaquina
era ambiciosa e culta demais para se contentar com as caronas no poder. As
sombras do patriarcado não lhe interessavam, ela almejava o
protagonismo; apesar de nunca ter tido êxito nessa empreitada.
A supremacia branca se nega a apear da
carruagem de privilégios, sobretudo por
ser um espaço confortável, o qual não
exige sacrifícios e enfrentamentos; o conforto oferecido para a branquitude, desde sempre, são verdadeiros
agasalhos de frio que dispensam lavagens com os sabões da democracia, estes sempre
estarão prontos para cobrirem os apanágios da humanidade.
Se olharmos para ontem, hoje e talvez amanhã,
encontraremos muitas pessoas que se dizem comprometidas com a liberdade, fraternidade
e igualdade, brotados lá na Revolução
Francesa. Entretanto, o modo de vida, os valores e os hábitos institucionalizados
por essa gente no dia a dia, seja no público ou privado, somente reafirma a cultura da dominação, da
negação e do faz de conta.
O Brasil, entre idas e vindas democráticas,
desde 1988, tardiamente adotou o sistema democrático de direito. O que, definitivamente,
não inibiu condutas consideradas verdadeiros atentados à democracia. Parece que
o retrocesso não se contenta com migalhas, muito antes atinge uma distância
imensurável na história, aproximando-se da selvageria.
Contudo, não é a brutalidade de alguns que deveria
nos assustar, sempre teremos indivíduos amorais perambulando como morcegos
insaciáveis à procura de pescoços inocentes e se autointitulando de uma estirpe
acima de qualquer suspeita. O que deveria ser motivo de preocupação é o coro
anônimo que embala a melodia da arrogância, do autoritarismo e de um discurso
hipócrita.
Uma sociedade que não é capaz de refletir sobre
a influência cultural no seu cotidiano, certamente se movimentará como um rebanho.
Seja na condição de algoz, seja na condição de vítima.
Segundo o filósofo Jean-Paul Sartre, “o êxito
não importa em absoluto à liberdade. Um prisioneiro não é livre para sair da
prisão, nem sempre livre para desejar sua libertação, mas é sempre livre para
tentar escapar”.
Gabriel Nogueira, Técnico de design gráfico e estudante de publicidade e propaganda |
Feliz ano novo, Brumadinhenses!
Que 1809, venha com muitas descobertas,
consciência de classe e acesso a uma educação libertadora e crítica. Afinal, 1808
foi um ano inesquecível para a
humanidade e, em especial, para os brumadinhenses. Que os ranços do falso
moralismo sejam superados e a cidade
consiga abrir as janelas e recepcionar
uma gente mais generosa e menos
primitiva.
Nota da autora: Usarmos a linguagem do desconforto é fundamental para inibirmos o preconceito, a discriminação, o machismo, a homofobia, o sexismo, a bufonice e todas as outras mazelas que ainda se arrastam na contemporaneidade. É não estar atrelada às conveniências políticas. É estar liberta para dialogar, indagar e questionar a partir do pensamento decolonial. Contudo, é fundamental que abordemos todos os temas com respeito, responsabilidade e clareza, sem abandonar a grandeza filosófica tão ameaçada por governantes autoritários que ainda se alimentam da boçalidade humana. Dessa forma, preservaremos um espaço democrático, crítico e sensível às demandas sem tentarmos nos apropriar das ideias de cada leitor.
É escrever no intuito de regar com reflexões críticas
o que nos cercou ontem e ainda reverbera nos dias atuais. Nessa perspectiva, é necessário bagunçarmos as caixinhas da empáfia
e da puerilidade de muitos. É escrever com a rebeldia dos que almejam um mundo com
menos desigualdade e uma justiça ao
alcance de todos.
237 – Dezembro 2020
Poucas e boas
“É um maldito
covarde dos infernos!
Quem, em sã
consciência, pode ainda duvidar que esses pulhas estão no poder para destruir
toda e qualquer conquista social e nos sabotar em todas as frentes?”
Marcelo Godinho, sobre a notícia” Bolsonaro veta uso
de fundo para universalizar banda larga em escolas até 2024”
“Uma das penalidades por se recusar a participar da política é que você acaba sendo governado por pessoas inferiores.”
Filósofo Platão,
nascido em 380 antes de Cristo (380 a.C.)
“Boas pessoas não precisam de leis para lhes dizer que ajam com responsabilidade, enquanto as pessoas más encontrarão uma maneira de contornar a lei.”
Do mesmo Platão
“Se você colocou seus irmãos e deu certo, não mexe. Em time que está ganhando, não mexe. Não tem nada que proíbe você colocar irmão seu em secretaria. Inveja mata, Sr. Reinaldo!”
Prefeito reeleito Nenen
da ASA (PV) em “life” da rádio comunitária Regional FM
“Sai fora, racha fora! Aqui, não, putão! Aqui é nós na fita, querido! Nós somos de família tradicional de Brumadinho. Aqui não, putão, vai cachorro! Sai, cachorro! Sai, cachorro! Sai, cachorro! Sai, cachorro! Vai embora! Some! Arruma sua mala! Lixo! Lixo! Lixo!”
Marcília Friche, cunhada do prefeito
Nenen da ASA (PV), em áudio que circulou pelas redes sociais dias antes da eleição.
Marcília Friche dizia para um morador de Brumadinho
Prefeito reeleito Nenen
da ASA (PV) em “life” da rádio comunitária Regional FM
“Quem anda com bandido, quem vota em bandido, quem apoia bandido, quem coloca adesivo de bandido no carro (recebendo duzentos reais ou gratuitamente), quem defende bandido, perdoem-me, mas, para mim, é bandido também.”
Reinaldo Fernandes, Editor do Jornal de
fato
Edição 237 – Dezembro 2020
Opinião
Tem dias que sinto que vivo em um universo paralelo. Tem horas que espero o Sérgio Mallandro aparecer gritando “pegadinha do malandro”!
Acordo cedo, vou para o hospital.
Fulano está saturando mal, avisa o físio. Médico
avalia e lamenta: vamos ter que intubar. Enfermagem começa uma operação de
guerra para preparar o procedimento.
Tablet na mão.
Entro no box acompanhando o médico que
calmamente e com muita segurança explica ao paciente que as medidas ventilatórias
não invasivas foram insuficientes. Por mais otimista que a equipe seja (e cá
entre nós a minha é linda!), o paciente já sabe com o que está lidando: “deixa
eu conversar com minha família antes?”.
“Anota
aí a senha do banco, avisa nossa filha que amo ela demais. O carnê do plano
funerário tá na segunda gaveta da minha mesa. Ainda não paguei a rematrícula da
escola. Rezem por mim, serei intubado”.
Chegamos em um dos momentos mais difíceis. O
olhar aflito do paciente procura os nossos. Sinto uma mão tocar a minha, a
outra segura o médico: “não me deixem morrer”. Prometemos fazer o nosso melhor.
Médico, fisio e enfermagem iniciam o procedimento.
Saio para ligar para a família. Mais medo, muito
choro, súplicas por notícias e por um mínimo contato com o paciente. Os
próximos dias serão eternos para essa família e decisivos para o paciente.
Pulmão inflamado, piora ventilatória. Prona
(vira de bruço). Rim começa a parar. Dialisa. Coração está fraco. Liga drogas.
Ufa, melhora ventilatória, vem a luta para despertar.
Foram muitos dias de sedação. Confusão, agitação, piora ventilatória, seda de
novo. Tentamos mais uma vez, talvez algumas outras.
Não deu para extubar. Comunica a família,
traqueostomia. Desmame da ventilação, paciente acorda sem saber onde está.
Família acompanha tudo a distância. Participo
de rezas, testemunho promessas, tento ser a ponte entre o lá fora e o aqui dentro.
Paciente melhora, sai da ventilação.
Enfim, depois de um mês teremos dias
melhores! Para esse paciente.
Enquanto isso tudo acontecia, chegavam outros,
iniciávamos todo o processo. Uns evoluem com menos complicação. Alguns morrem. Outros
tantos enfrentam saga parecida. É assim. Todo santo dia.
Nos bastidores, compartilhamos cansaço,
vibramos com melhoras, lamentamos, e muito, vidas que perdemos.
Hora de ir para casa. Bares lotados,
confraternizações nos stories, abraços coletivos, microfones compartilhados,
shoppings lotados!
Sextou! É Natal! É pela minha saúde mental! Vem Mallandro, por favor!! É agora! Mas ele não vem... é tudo real.
Sabem os heróis lá de março? Morreram de overdose. Overdose de trabalho, de negacionismo, pela irresponsabilidade alheia. Alguns morreram literalmente, com Covid.
Hoje na linha de frente só temos humanos.
Exaustos. E também muito decepcionados com o que a ausência de coletividade tem
nos causado.
Ainda dá tempo de mudar esse jogo. Otimista
que sou, acho que podemos! Reflita!
* Larissa Gomes Figueiredo, psicóloga de CTI de COVID do Hospital Felício Rocho, BH, MG.
Edição 237 – Dezembro 2020
Só Rindo
Tragédia no
zôo
Depois de ser a
maior atração do zoológico durante 20 anos, o elefante morre. Ao lado do enorme
cadáver, um homem chora desconsoladamente.
O público observa,
aguardando um respeitoso silêncio. Um homem se aproxima e pergunta:
___ Ei, cara... você
deve ser o tratador do elefante, quem cuidava dele...
E o cara:
___ Que nada! Eu sou
o coveiro que tem que cavar a sepultura do elegante!
Remédio complicado
Um empregado da
mercaria pergunta ao portuga:
___ E o senhor
melhorou do problema de depressão, seu Joaquim?
___ Que nada! O
doutor me mandou tomar um pouco de suco de maracujá depois de um banho quente.
___ E o senhor tá fazendo tudo direitinho?
___ Imagine! Mal
consegui acabar de tomar toda aquela água quente da banheira!
Edição 237 – Dezembro
2020
Os partidos e a corrupção
A grande imprensa convenceu os brumadinenses
e o Brasil de que PT é o partido mais corrupto do Brasil; mas ao dados mostram
outra realidade
Seis famílias dominam a comunicação de massa no Brasil. Isso mesmo! Seis famílias. Essas seis famílias bilionárias são as proprietárias do grupo Globo (Tvs, rádios, jornal revistas, blogues etc), do SBT, Record, Band, Folha de São Paulo, Estadão, O Estado de Minas, Jovem Pan, Veja, IstoÉ, Época etc etc.
Essa grande imprensa foi quem se esforçou de
forma fantástica para convencer a população de Brumadinho e do Brasil de que o Partido
dos Trabalhadores – PT – é o partido mais corrupto do mundo. Mas essa é mais
uma fakenews. Aliás, segundo a grande imprensa, nunca existiu corrupção no
Brasil ela foi criada com o governo de Lula.
O marqueteiro de Adolf Hitler já dizia: uma mentira repetida mil vezes vira verdade. Nem todas as mentes estão preparadas para lidar com o bombardeio de mentiras. As mais vulneráveis chegam ao estágio de negar a informações evidentes que desmentem as suas falsas crenças..
Em 10 anos, 623 políticos tiveram o mandato
cassado por denúncias de corrupção, segundo o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral
(MCCE). Desses, 508 eram prefeitos e vices e 84 vereadores. Veja os dados abaixo.
Eles dizem respeito ao número de políticos cassados e a candidatos barrados pela
Ficha Limpa.
Políticos cassados
O DEM – que em Brumadinho tem como presidente Emílio Jardim, cuja filha é Secretária de Agricultura de Nenen da ASA (PV) lidera o ranking, com 69 cassados. O próprio Emílio já foi preso sob acusação de crimes contra o meio ambiente.
O MDB, de Breno Carone e Brandão vem sem
segundo lugar, com 66 políticos cassados. Vale lembrar que Carone, quando foi
vice-prefeito, foi expulso por Brandão da Prefeitura sob a acusação de querer contratar,
sem licitação, empresa para o Brumadinho Gourmet.
O PSDB, cujo presidente em Brumadinho era Cid
Barcelos, irmão de Nenen da ASA (PV), e que, junto com o irmão, reponde por corrupção
na Justiça, vem em terceiro lugar, com 58 cassados.
O PP é o 4º colocado. O PTB, de Guru, é o 5º,
com 24 cassados. O PT é o ocupa o nono lugar, e o PV o 10º.
Candidatos barrados pela Ficha Limpa
Nesse quesito, o PSDB lidera, com 56 nomes. O MDB de Brandão vem em 2º, com 49 candidatos e o PSB de Guti da Premoldados vem em 5º, com 23, seguido pelo PTB de Guru, com 22. O PT é apenas o 8º, seguido do DEM.
No Operação Lava Jato, o PP, partido do qual
bolsonaro fez parte por 31 anos, o PP tem 31 envolvidos contra apenas 6 do PT.
Edição 237 – Dezembro 2020
Crimes da VALE
Mineradora paga indenização que pode passar
de R$ 4 milhões a famílias de vítimas de
Brumadinho
Famílias maiores
podem receber vários milhões
A mineradora VALE paga indenização de R$ 700 mil para cada familiar de vítima do rompimento da barragem de Brumadinho. O acordo foi homologado pela 5ª Vara do Trabalho de Betim (MG) entre a Vale e o Ministério Público do Trabalho.
Até o momento, foram identificados 261 mortos
pela VALE e outras 11 pessoas continuam não encontradas devido aos crimes cometidos
pela mineração.
Famílias podem receber mais de R$ 4 milhões
Pelo acordo, cada pai, mãe, cônjuge, companheiro ou filho de vítimas receberá R$ 700 mil, sendo R$ 500 mil por danos morais e R$ 200 mil por seguro adicional por acidente de trabalho. Irmãos de empregados falecidos receberão individualmente R$ 150 mil por dano moral. Uma família de pai e mãe e 5 irmãos, por exemplo, cujo pai tenha morrido, pode receber mais de 4 milhões de reais. Isso sem contar Pensão, Lucros e Resultados - PLR, tíquete alimentação, auxílio-creche de R$ 920 mensais, auxílio-educação de R$ 998 mensais e Plano Médico vitalício.
Foi fixada a indenização mínima de R$
800 mil, mesmo que a renda mensal acumulada do empregado falecido não alcance essa
projeção. Para o pagamento antecipado da indenização, em parcela única, será
aplicado deságio de 6% ao ano.
A Vale paga, ainda, indenização de R$ 400 milhões
por danos morais coletivos, dinheiro em posse do Justiça do Trabalho. Sobre o uso
desses 400 milhões de reais, há um comitê. Faz parte desse comitê a AVABRUM – Associação
dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego
do Feijão – Brumadinho MG.
(fotos: reinado fernandes / Jornal de fato - Brumadinho |
Pensão, PLR, tíquete alimentação, auxílio-creche de R$ 920 mensais, auxílio-educação
de R$ 998 mensais e Plano Médico vitalício
Em relação ao dano material, as famílias dos empregados mortos receberão pensão mensal calculada até a data em que a vítima completaria 75 anos de idade. Serão considerados como base de cálculo o salário mensal, a gratificação natalina, as férias acrescidas de um terço, a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de 3,5 salários e o cartão-alimentação ou ticket de R$ 745 por mês.
A mineradora garantirá a estabilidade no emprego a
todos os empregados por três anos, contados a partir de 25 de janeiro. Foi
acordado ainda o pagamento de auxílio-creche de R$ 920 mensais para filhos com
até três anos de idade e auxílio-educação de R$ 998 mensais para filhos com até
25 anos de idade.
(foto: reinaldo fernandes / Jornal de fato - Brumadinho) |
O acordo prevê plano médico vitalício e sem
coparticipação, nos moldes do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) vigente em 25/1,
para os cônjuges ou companheiros e companheiras de empregados próprios e terceirizados
e para os filhos e dependentes (até completarem 25 anos).
Para pais e mães de falecidos, o acordo contempla
atendimento médico, psicológico e psiquiátrico pós-traumático na rede credenciada
até a respectiva alta médica.
Com informações
da Assessoria de Imprensa do TRT-3 e TST.
A Mineradora Vale não
queria somente flertar e namorar, ela almejava uma relação séria e
frutífera, um casamento aos moldes da
tradição brasileira.
O regime do casamento:
comunhão universal de bens.
A noiva: Município de Brumadinho.
Quem foram os padrinhos? A Secretaria
do Meio Ambiente do Município e sua trupe.
Quem foi o cúpido dessa relação?
Neném da Asa.
Quem são os filhos ilegítimos
que recebem uma mísera pensão para se manterem sem voz e neutralizados? A população.
O dia em que se realizou a
cerimônia? 15/11/2020.
Qual foi o dote mesmo, Mineradora Vale?
A próxima edição trará uma inquietante e
crítica abordagem sobre as negociatas, o protagonismo, os coadjuvantes e,
indubitavelmente, quem é a única
vítima desse casório
rentável.
Não percam!
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