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sábado, 16 de maio de 2009

Edição nº 99 – Abril/2009
Editorial
O Congresso Nacional, a farra das passagens aéreas e a Câmara de Brumadinho

Nos últimos 30 dias, de 6 de abril a 6 de maio, o Congresso Nacional bateu Record de ausência de escândalos. Para que o leitor não se espante, eu explico: eles ficaram 18 dias sem trabalhar. Isso explica o baixo número de escândalos neste período: ninguém comprou castelo de 28 milhões e o Roberto Jefferson (PTB) não recebeu 4 milhões. A maldição é que ainda sobraram 12 dias! Tempo suficiente para os “nobres” parlamentares protagonizarem um escandalozinho. Primeiro, foram as “verbas indenizatórias”, 15 mil mensais gastos pelos deputados e senadores sem nenhuma prestação de contas. A bola da vez é a farra das passagens aéreas.
Mas o que mais nos deixa indignados não é o escândalo em si. É a “cara de pau”, o cinismo dos “nobres” parlamentares. Entre os que usaram a verba indenizatória “ao deus dará” está o senador Demóstenes Torres, líder do opositor DEM e que se acha o pai da honestidade. Outro é Álvaro Dias (PSDB-PR), aquele da fala mansa, que fez mil discursos no caso do “mensalão” e lutou “bravamente” para que todos fossem punidos. Ainda do PSDB, o presidente do Partido Sérgio Guerra. E aqui entra uma boa dose do cinismo dessa turma: segundo Sérgio Guerra, seu colega de partido, o ex-governador e senador Tácio Jereissati, não podia ser criticado por usar a verba da câmara com amigos porque ele “nem teria usado toda a verba a que tinha direito”. Ou seja, de acordo com o PSDB, se a farra for institucional, você pode usar do jeito que quiser, inclusive com os amigos, que está tudo bem, tudo certo. Se o Parlamento disponibilizar o dinheiro público para você “deitar e rolar” e você “deitar e rolar” em apenas uma parte, e se for com amigos, está tudo bem.
Já o deputado Fábio Faria (PMN-RN) “doou” passagens para sua ex-namorada, a apresentadora de TV Adriane Galisteu, a mãe dela, Emma Galisteu, e outras amigas. Só para Galisteu foram 7 viagens, inclusive para Miami. Segundo o deputado, ele “não foi responsável pela emissão das passagens”. Foi quem então, caro leitor? Seria eu, Reinaldo, o responsável? Ou seria você? Mas o cinismo não pára aí. O Presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB), um dos maiores fisiologistas deste país, disse apenas que não era “adequada” a postura de Faria. Segundo o próprio Temer, ele teria dito a Faria: “a cota é sua, se é legal, justifique o uso”. Ou seja, o Temer ainda acha que pode ser legal o que Fabio Faria fez. Imagine o que esse Temer deve pensar de outras questões!
Mas Temer não pára aí. Indagado se considerava que era correto o uso da cota de passagens para custear uma viagem da mãe de Adriane Galisteu a Miami, Temer respondeu: “Não é um padrão normal e ele tem que responder por isso. É um juízo dele.” Juízo dele? Com o seu dinheiro, leitor? Estou, a partir deste abril, pagando uma “pequena fortuna” de imposto de renda, porque “ralei” dia e noite em 2008 para ter um salário mais digno. E agora vem o Temer dizer que o deputado pode gastar nosso dinheiro do jeito que ele, deputado, quiser? As passagens são pagas pela Câmara para que os deputados e senadores viagem aos seus estados. Que eu saiba, não está escrito em lugar algum que eles podem doar suas passagens. Ou usá-las para passear com a namorada. Dinheiro público não se presta a tal coisa - ou não deveria se prestar.
E o cinismo não pára. Ouvi um deputado chiando por causa de uma proposta de moralização do uso das passagens. Pela proposta, a passagem passaria a ser usada apenas pelo deputado (engraçado que já não deveria ser assim). O “nobre” deputado disse que era preciso discutir mais o assunto. E achou um absurdo não poder usar suas passagens com a família, dizendo que tem que ficar em Brasília de terça a quinta –feira, sozinho no seu apartamento bancado pela Câmara. Coitado do deputado! Não sabia disso quando se candidatou! E um dia (porque eles viajam na terça de manhã, portanto veem a família neste dia e chegam na quinta à noite, para ver a família) é muita solidão para o “nosso” representante.
E a Câmara de Brumadinho, onde entra nisso? Ora, ela pode ser mais transparente, cumprir a lei que manda divulgar a Execução Orçamentária mensal de aproximadamente 270 mil reais (quanto do nosso dinheiro está sendo gasto com o quê). E explicar para a população de Brumadinho de quanto é a “verba indenizatória” de cada gabinete de vereador. É! Porque, se o leitor não sabe, nossos vereadores não têm apenas salário de 5 mil mensais: eles também têm verba indenizatória. Só não sei de quanto é!

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