Edição 149 – Abril/2013
Milhares de pessoas abraçam a Serra
da Moeda
Ato foi em defesa da manutenção do Monumento Natural
da Mãe D’Água
Milhares de pessoas
participaram do ato público “Abrace a Serra da Moeda” no último dia 21 de
abril, feriado nacional em comemoração ao Dia de Tiradentes. O evento aconteceu
pelo 6º ano consecutivo, promoção da ONG de mesmo nome. O objetivo era “chamar
a atenção para a urgência de proteção da montanha, seu patrimônio natural e
cultural, hoje ameaçados com a expansão da atividade mineraria na região”.
Este ano a grande novidade foi o Decreto nº059/2013, assinado
pelo prefeito Antônio Brandão (ver de fato nº 148 e 147, ed. fev e mar/13)
neste ano, ampliando o Monumento Natural da Mãe D’Água, que agora possui 500
hectares protegidos, incluindo nesta área 31 nascentes. Representando o
Prefeito de Brumadinho, o Secretário de Planejamento José Bones recebeu a placa
de reconhecimento pela iniciativa da prefeitura de ampliar a unidade de
proteção Mãe d’Água. Ele confirmou a intenção da prefeitura de preservar todas
as nascentes que abastecem o município “Nós temos uma equipe muito grande que
está trabalhando pela proteção das águas de Brumadinho, não só da Serra da
Moeda, mas de todas as águas de Brumadinho. Nós estamos preocupados com o que
vamos deixar para as novas gerações”, afirmou.
“Mas se o abraço à serra desse ano teve gostinho de vitória,
ele também teve o papel de mostrar que milhares de pessoas estão na vigília
para não deixar que interesses econômicos destruam interesses humanos, ou seja,
a manutenção das nascentes e da área verde são pré-requisito para continuarmos
vivendo nesse Planeta”, informou a ONG.
Estiveram presentes várias entidades ambientais do Estado,
como o Movimento Águas da Gandarella, Arca Ama a Serra, representantes de Santa
Maria da Itabira, Mariana, Viçosa, Centro de Ecologia Integrado de Betim, entre
outros, todos apoiando a luta das comunidades pela preservação da Serra.
O prefeito de Nova Lima, Cassinho, anunciou durante o evento
a criação de uma unidade de proteção da Serra da Calçada, que formará junto com
o Mãe d’água um corredor ecológico fundamental para a preservação do meio
ambiente da região. Segundo ele, apesar da nossa vizinha Nova Lima ser um
município minerário, ele garante “que a região da Serra da Calçada será
preservada, e a exploração mineral se dará em outras áreas com menor impacto
ambiental.”
O deputado estadual do PT Rogério Corrêa (379 votos em
Brumadinho na última eleição), autor do projeto de criação do Parque Estadual
Serra da Moeda, também compareceu e informou que “o projeto teve um parecer
favorável do IEF que pediu que a gente fizesse uma adequação e agora vamos
pedir uma audiência pública na Comissão de Meio Ambiente pedindo aprovação do
projeto. Mas já adianto que é preciso pressão mesmo, senão ele pode ficar
parado na Comissão de Meio Ambiente”.
Também estiveram presentes a Deputada Federal Jô Morais
(PcdoB), os deputados estaduais, André Quintão (PT), Almir Paraca (PT) e Fred
Costa (PHS), e os vereadores João Lucas Machado (PV), Hideraldo Santana (PSC) e
Reinaldo Fernandes (PT).
Cordão humano em favor da serra da moeda
Músicos e grupos quilombolas e culturais da região, como os
de Congado, Moçambique e Folia de Reis, se apresentaram no local e “puxaram” o
abraço à Serra com o ritmo forte de seus tambores. Segundo os organizadores,
este ano o cordão humano se estendeu por mais de dois quilômetros na cumeeira
da Serra ultrapassando em muito o número de participantes do ano passado.
“A gente superou a expectativa, foram mais de dez mil pessoas
formando um cordão humano de mais de um quilômetro e meio, e agora a gente fica
na expectativa que o Monumento Municipal permaneça como está, porque o prefeito
vem sofrendo pressão e que o nosso Projeto de Lei ande no Estado, que o
governador e deputados nos ajudem a aprovar o Monumento Estadual, um desejo das
comunidades que vivem nessa região e que querem a proteção desse trecho da
Serra da Moeda”, disse a presidente da ONG Abrace a Serra da Moeda, Beatriz
Vignolo.
A ONG Abrace a Serra da Moeda luta pela preservação da
montanha e se opõe à exploração da mina da Serrinha. A ONG garante que, segundo
análises técnicas, o projeto de exploração da empresa, a que a ONG teve acesso
por medida judicial, já que transcorria sob sigilo no Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPM), ameaça as nascentes de água, espécies de flora
endêmicas e de fauna ameaçadas de extinção. O empreendimento pretende construir
instalações de alto impacto ambiental como bacia de rejeitos, pilha de estéril
e usina de beneficiamento do minério, pondo em risco a sobrevivência de
comunidades tradicionais que construíram há séculos sua história na região.
Localizada a 30 quilômetros da capital mineira, a Serra da
Moeda abriga uma biodiversidade raríssima, com mais de 50 nascentes que servem
de recarga hídrica para a Região Metropolitana de Belo Horizonte, além de
espécies endêmicas da fauna e flora ameaçadas de extinção e um importante
patrimônio histórico e cultural.
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