Edição 208 – Abril 2018
Editorial
Aos que amam a democracia
Sei que este
jornal e lido por gente apaixonada por Lula. E por gente que o odeia. Alguns
que o odeiam desde sempre, antes de ele fazer o que fez pelo Brasil e mesmo
depois: é um ódio cego. E outros que eram apaixonados antes de 1989 e continuam
defendendo-o mais ainda depois do que ele fez pelo Brasil, especialmente pelos
mais pobres. Não se trata de paixão, agora se trata de amor, algo mais
profundo, mais enraigado, mais racional, um sentimento forte de gratidão. Mas
este texto não é nem para uns, nem para outros, é para todos. Este texto é para
que ama a democracia.
A democracia
pressupõe que, feito o debate, a gente entre em consenso. Se não for possível,
a gente vota e a maioria decide, mas continua respeitando a minoria. No caso de
governo, não basta respeitar a minoria, é necessário fazer política também para
a minoria.
O que temos no
Brasil hoje é um pequeno grupo – porém com o poder do dinheiro e de governos –
mandando, desmandando, implementando uma política que não foi aprovada em urna
alguma. O “estado democrático de direito”
foi construído nos últimos 30 anos com a chamada “Constituição Democrática”. O
que estão fazendo, em resumo, é destruindo essas conquistas: golpe, congelamento
de gastos públicos por 20 anos, reforma trabalhista, prisão de Lula sem nenhuma
prova etc etc etc.
Mas as coisas
estão piorando a cada dia: de tentar impedir exposições de artes a atacar
professora da Educação Infantil de BH jogando jatos de água, gás de pimenta e
lacrimogêneo e com “caveirão” (ataque do tipo só ocorrido há 39 anos atrás, em
plena Ditadura Militar), as relações vão se deteriorando, chegando a ser
“permitido” matar uma vereadora e seu motorista, atirar no acampamento “Mariza
Letícia” em Curitiba, tentar proibir panfletagens nas ruas e, pasmem!, tentar
dizer que a culpa do desabamento do prédio em SP é das lideranças dos Sem Teto.
E o que tudo isso
tem a ver com a luta “Lula Livre!”?
Ora, Lula –
gostemos dele ou não – é a maior liderança popular que o Brasil já gerou.
Nascido do meio do povo pobre, ele o representa como ninguém. A tentativa de
retirá-lo da disputa para a presidência nada tem a ver com ele. Nesse aspecto,
as elites nacionais “do atraso” concordam conosco: Lula não é um homem, é uma
ideia. É a ideia de o povo brasileiro poder ocupar espaço no governo central,
nos demais governos, na sociedade, e fazer política de seu ponto de vista, o
ponto de vista do povo, frontalmente contrário ao ponto de vista dos ricos
deste país.
É por isso que,
defender a democracia neste momento é defender Lula e exigir que seja libertado
e que possa disputar as eleições. Este texto é, especialmente, para os que
acreditam na democracia como a melhor forma de nos relacionarmos. É também por
isso que todos nós precisamos fazer mais pela libertação desse preso político
em Curitiba.
Não basta
demonstrarmos que somos contra sua prisão apenas nas redes sociais. É preciso
ocupar as ruas, as praças, os locais públicos! Todos nós podemos fazer mais. As
entidades de classe, como sindicatos e associações, podem convocar atos, fazer
adesivos, cartazes “LULA LIVRE” e, se, não fizerem, faça você mesmo, faça no
computador, faça num pedaço de papel, e cole no seu carro, no seu caderno, no
seu portão; carimbe suas notas com o LULA LIVRE (que é legal, conforme o
próprio Banco Central já explicou) e, se não tiver o carimbo, escreve nelas com
um pincel, com uma caneta, mas escreva, vamos fazer o LULA LIVRE circular. Faça
uma faixa e coloque em sua casa. Compre uma camiseta e saia sempre com ela (se
não há onde comprar, faça você mesma, pinte, borde, customize); converse sobre
esse assunto na escola, no trabalho, no boteco, no ônibus, no metrô, explique
porque Lula é um preso político, e porque temos que defender a democracia. Invente
outras formas de exigir a libertação de Lula.
Reinaldo Fernandes
Editor
|
Lula está
aprisionado há quarenta dias. Isso não pode continuar, não se pode prender
ninguém depois de um processo em que não há uma unicazinha prova. Exigir o LULA
LIVRE é exigir que o estado democrático de direito seja respeitado. Sem isso, nos restará a barbárie, a violência,
o caos... que não interessa a ninguém!
LULA LIVRE!
Edição 208 – Abril 2018
Estudantes
de Brumadinho participam do JEMG
Delegação do Município foi de quase 85
pessoas
Estudantes das escolas municipais Maria
Solano Menezes (Tejuco) e Padre Machado, além das estaduais Paulina Aluotto
Ferreira, na sede, e a de Melo Franco, e ainda a escola privada SEMEAR
participaram dos JEMG’s 2018. Nesta edição participaram
diversas escolas/cidades que fazem parte da SRE Metropolitana A. Além de
Brumadinho, Nova Lima, Catas Altas, Santa Bárbara, Rio Acima, Sabará, Caeté,
Barão de Cocais, Bom Jesus do Amparo e Nova União.
O evento aconteceu
em Santa Bárbara, dos dias 8 a 12 de maio. Os alunos ficaram alojados na Escola
Estadual Rodrigo de Castro, onde tomaram banho, comeram e dormiram. O translado
do alojamento para os jogos e dos jogos para o alojamento foi feito com ônibus
e van.
Segundo a
prefeitura de Brumadinho, nossa delegação foi de “aproximadamente 85 pessoas
entre atletas, técnicos, auxiliares e membros da Coordenação Técnica”.
As modalidades
esportivas nesta etapa foram Futsal, Handebol, Basquete, Voleibol e Xadrez,
Masculino e Feminino e em dois módulos, o 2, para nascidos em 2001, 2002 e 2003
e o módulo 1, dos nascidos em 2004, 2005
e 2006.
A E. E. do Ensino
Médio de Melo Franco participou na modalidade Futsal Feminino 2; i SEMEAR na
Futsal Masculino 1; a Maria Solano no
Handebol Masculino 1. A Padre Machado participou na modalidade Xadrez
Masculino 2 e a Paulina teve
participação maior, na Futsal Masculino 2, e no Handebol Feminino e Masculino
2. Essas equipes/escolas obtiveram a vaga para os JEMG’s quando foram campeãs
nos Jogos Escolares de Brumadinho 2018.
Equipes de
Brumadinho goleiam
Nossos jovens
tiveram boas vitórias nos jogos. No Futsal Masculino 2, por exemplo, a moçada
do Paulina meteu 9 X 2 na Alzira Alves, de Catas Altas; e nossas meninas da E.
E. de Melo Franco enfiaram um 17 X 0 na Escola Professora Angélica M. de
Almeida, de Sabará, também no Futsal. Já o time de Handebol Masculino 1 da
escola de Tejuco fez nada mais, nada menos do que 26 X 3 na escola particular
Santo Agostinho, da vizinha Nova Lima. No handebol Masculino 2, a Paulina meteu
um 9 X 4 na E. E. General Carneiro (Sabará). Parabéns à nossas garoas e aos
nossos garotos!
Edição 208 – Abril 2018
Prisão Ilegal de Lula
Cerveja Lula Livre
O “Bar do Ano”, estabelecimento de Belo
Horizonte, está vendendo a cerveja artesanal “Lula Livre”. O “Bar do Ano” fica na rua Levindo Lopes,
158, na Savassi. Segundo quem já tomou, é uma ótima cerveja, encorpada,
resistente e faz muito bem, o povo tem aprovado.
Lula recebe mais um apoio para o Prémio Nobel da Paz cuja
campanha já tem mais de 250 mil assinaturas
Luanda - A
guatemalteca Rigoberta Menchú, distinguida também com o título, juntou-se à
campanha mundial de assinaturas para a proposta do ex-Presidente brasileiro,
Luiz Inácio Lula da Silva, para Prémio Nobel da Paz de 2019.
“Nascida em 9 de Janeiro de 1959, Rigoberta
Menchú Tum, de seu nome completo é uma indígena guatemalteca do grupo
Quiché-Maia, agraciada com o Prémio Nobel da Paz de 1992, pela sua campanha
pelos direitos humanos, especialmente a favor dos povos indígenas.
A nova apoiante de Lula da Silva é
embaixadora de boa-vontade da UNESCO e vencedora do Prémio Príncipe das
Astúrias de Cooperação Internacional.
Lançada a 5 de Abril de 2018, pelo
argentino Adolfo Pérez Esquivel, agraciado com o Prémio Nobel da Paz, em 1980,
por lutar pelos Direitos Humanos na América Latina, a campanha já angariou
próximo de 250 mil assinaturas.
A mobilização recebeu, igualmente, uma
assinatura de um outro vencedor da distinção, o egípcio Mohamed El-Baradei,
que, em 2005, recebeu o Prémio Nobel da Paz, em nome da Agência Internacional de
Energia Atómica (AIEA).
As grandes linhas de força da proposta
assentam no facto de 36 milhões de brasileiros terem saído da pobreza, durante
a governação de Luiz Inácio Lula da Silva.
“Lula merece o Prémio Nobel da Paz, e tendo em conta a
diminuição de direitos em voga, é necessário mostrar como as coisas melhoraram
com ele e a falta de democracia que existe hoje no Brasil”, fundamenta Adolfo
Pérez Esquivel.
As entidades detentoras do galardão são as
únicas que têm o privilégio de apresentar directamente propostas junto do
Comité Nobel Noruguês.”
As informações são do site de Angola, no
continente africano, http://cdn1.portalangop.co.ao/angola/,
da Agência Angola Press.
Militância mantém acampamentos
Passados quase 40 dias desde o
aprisionamento de Lula, a militância dos movimentos sociais se mantém firme na
luta para libertá-lo. Em Curitiba forma montados dois acampamentos, o Lula
Livre e o Mariza Letícia. A vigília conta especialmente com trabalhadores
rurais sem terra do MST. Os acampamentos têm sofrido muitos ataques da
prefeitura de Curitiba e já foi alvo de tiros de militantes do neofascista
bolsonaro. Mesmo assim, os acampamentos continuam firmes e prometem arredar pé
apenas quando Lula foi libertado.
Edição 208 – Abril 2018
Cartas
Carta de Brumadinho para Lula
Todos os dias chegam milhares de cartas
para o Presidente Lula. Elas são separadas no acampamento por uma equipe e
encaminhadas para Lula. De Brumadinho acaba de partir uma, como em torno de 150
assinaturas e deve chegar às mãos do Presidente na próxima semana. A carta é
encabeçada pelo Presidente do PT de Brumadinho, Reinaldo Fernandes.
Além de prestar solidariedade a Lula, a
carta agradece a ele “por tudo que fez pelo Brasil, especialmente para nós, os
mais pobres”, e diz: “Estamos com você, nunca se sinta sozinho aí, tá?
Somos milhões de Lula! E nós vamos te tirar daí, mais dia, menos dia! Tenha
paciência!”
A carta ainda lembra ao líder
popular algumas necessidades: “Vamos enterrar a Reforma da
Previdência, demarcar as terras dos indígenas e mexer nesse negócio dos
impostos, fazer reforma e rever essa covardia de só trabalhadores ficar pagando
imposto de renda absurdo sem taxar as grandes fortunas! Vamos investir mais no
SUS, no transporte coletivo e ajudar os países que precisam da gente. E não se
esqueça que a gente tem que regulamentar esse negócio da comunicação, hein!
Senão a Globo nos destrói, você sabe!”
Jovens
da Amazônia fazem carta de 30 metros em homenagem a Lula
“Liberdade é a razão de nossa teimosia e
ousadia, princípio da revolução que queremos. Seja firme! Que não tarde a
liberdade!”, diz trecho da mensagem
Um grupo de jovens da Amazônia resolveu
homenagear Lula, preso na superintendência da Polícia Federal, em Curitiba,
desde 7 de abril. Eles escreveram uma carta que mede 30 metros endereçada ao
ex-presidente. A carta foi entregue nesta sexta-feira (11) à Vigília Lula
Livre, no acampamento de militantes na capital do Paraná.
“Liberdade é a razão de nossa teimosia e
ousadia, princípio da revolução que queremos. Seja firme! Que não tarde a
liberdade!”, diz trecho da carta.
Lula
escreve carta para a Vigília (acampamento em Curitiba, em frente ao local em
que foi aprisionado): “A minha
tranquilidade é porque eu tenho vocês”
Em nota enviada à Vigília Lula Livre, ex-presidente
confirma acompanhar atos todos os dias “com muita emoção” e manda um beijo no
coração de todos e todas
Queridos companheiros e companheiras,
Tenho acompanhado todos os dias com muita
emoção os atos de solidariedade que vocês fazem pela manhã e à noite.
Não há nada no mundo que possa pagar o
carinho que vocês têm demonstrado todo dia. Beijos no coração de cada homem e
de cada mulher.
Amanhã completam-se 30 dias que estou aqui
aguardando que o Moro e o TRF 4 digam qual crime eu cometi. Tenho certeza de
que sou vítima de um conluio entre a imprensa e a Força Tarefa da Lava Jato que
não sabem como sair da emboscada que se meteram com tantas mentiras.
Estou tranquilo e sereno. Não sei se os
acusadores dormem com a consciência tranquila que eu durmo.
A minha tranquilidade é porque eu tenho
vocês.
Obrigado,
Opinião
Publicamos abaixo
relato emocionando e emocionante de uma pessoa que esteve na vigília Lula Livre
recentemente. Um registro para a História deste País.
De Carla Alves/BH sobre
as manifestações em Curitiba "Lula Inocente, Lula Livre, Lula
Presidente".
CARAVANA LULA LIVRE BH
NÚMEROS
3 Acampamentos montados
1100 refeições em média por dia
9 bujões de gás por dia/ 700 reais
500 kg de comida em doações por dia (média)
5000 pessoas passando pela concentração por
dia (média)
1000 pessoas dormindo nos três acampamentos
150 cartas entregues na barraca por dia
(média)
Gasolina em Curitiba R$ 4,03
O ÔNIBUS
50 mulheres e 6 homens viajando no nosso
ônibus
Média de idade 50 anos
Grupo de amigas que foi convidando outras
amigas e amigos, formando uma corrente. Somos profissionais liberais,
empresários, estudantes, funcionários públicos, aposentados, donas de casa,
unidos pela militância política e pelo ideal de justiça para todos e para LULA.
SEGURANÇA
O MST tem indivíduos responsáveis pela
DISCIPLINA – são pessoas que transitam entre os manifestantes, para evitar
conflitos entre os moradores locais, contrários ao movimento e pessoas que
estão visitando os espaços.
Segurança dos acampamentos – Ficam, em
sistema de rodízio, nas portas dos acampamentos. Foi justamente um desses
seguranças que sofreu tentativa de assassinato. Conversei com o rapaz que
estava com ele na hora do ataque e ele contou que os agressores passaram
gritando o nome do candidato da extrema direita à Presidência da República e
atirando. Deram ao todo 20 tiros, feriram 4 pessoas e quase mataram Jefferson,
39 anos, pai de 3 filhos, um deles em tratamento de leucemia. O ato fascista é
o retrato dos dias que estamos vivendo.
Em cada esquina 4 policiais fazem o
policiamento das ruas em torno do acampamento. Com nosso grupo foram cordiais e
discretos.
VIZINHANÇA
Tem de tudo. O bairro é de classe média,
mas algumas casas são bem mais simples. Alguns apoiam o movimento, outros
rechaçam. Uma família abriu sua casa para uma cozinha comunitária, local para
banhos e banheiros. Quinhentas refeições são servidas ali por dia. Conversamos
muito com a dona da casa, agradecemos a acolhida em nosso nome e de todos que
lutam contra a prisão política de Lula. Na casa dela transitam uma média de
2000 mil pessoas por dia. Voluntários ajudam na cozinha e na distribuição
de comida. Ali almoçamos uma comida gostosa e carregada de afeto.
Em outra casa foi montado um ponto de
venda de refrigerantes, águas e cervejas. Muitos trailers e barraquinhas de
comida, venda de camisetas do Lula e bottons, foram armadas no entorno.
Uma terceira casa transformou-se em Casa da
Democracia e lá ficam correspondentes da imprensa alternativa e de todo o
mundo. Inclusive da Al Jazeera, que é uma cadeia de televisão e não um grupo
terrorista.
Um casal de moradores veio ao nosso
encontro, no domingo à noite, reclamar que perdeu o sossego e não aguenta mais
ouvir o Bom Dia Lula e ter que acordar cedo nos finais de semana. Tive
muita empatia por eles. Não deve ser fácil ter todo aquele arsenal montado na
porta de casa. A esposa disse que achou que duraria uma semana, mas que agora
já não sabia quanto tempo duraria aquilo. Ela estava um pouco alterada, havia
bebido, algo normal para um domingo à noite, mas o que se percebia era
desespero pelo tamanho do movimento atrapalhando sua rotina. Começou a bater boca
com alguém a meu lado e eu entrei na conversa dizendo que sentia muito o
transtorno causado a ela, mas que se preparasse porque o movimento
ficaria ali até o dia em que Lula sairá solto, nos braços do povo. Que o melhor
que ela tinha a fazer era se envolver no movimento e lutar para que ele fosse
logo libertado. O marido a puxou delicadamente pelo braço e saíram
desconsolados.
Mas no geral o que vi foram as famílias em
suas casas, tranquilas e um respeito mútuo.
LIMPEZA
Fiquei impressionada com a limpeza dos
locais por onde passei. Nos acampamentos, voluntários fazem faxinas,
tanto nos banheiros e cozinhas improvisadas, quanto nos locais de trânsito.
Nosso grupo participou como voluntário da limpeza do Acampamento Marisa
Letícia. Não vi papel no chão, latinhas de cerveja, nem copos plásticos. No
evento do primeiro de maio sacolas plásticas foram distribuídas e jovens
coletavam o lixo jogado no chão.
ORGANIZAÇÃO
Credenciamento– Logo que chegamos à Praça
Olga Benário o cadastramento é feito e pulseiras com cores diferentes, escrito
acampamento Lula Livre, são distribuídas de acordo com o nosso intuito. Quem só
vai passar o dia recebe uma cor, quem vai ficar no acampamento outra cor. É por
aí que eles fazem o controle de quantas pessoas passaram por cada espaço.
Barraca de doações de mantimentos – Coleta
toda a comida que é recebida e faz a distribuição. Também recebe material de
higiene pessoal, fraldas descartáveis, água mineral, material de limpeza, papel
higiênico. Os agricultores doam sacos de batata, cebolas, legumes, verduras e
frutas que são distribuídos nos acampamentos e colocados na rua para que as
pessoas que passam possam se alimentar.
Barraca de doações de dinheiro, roupas e
agasalhos – Recebe e contabiliza tudo que entra em dinheiro. Nosso grupo
doou R$ 1.675,00, além de muito mantimento, roupas de cama e
banho, agasalho e medicamentos. As doações chegam a todo o momento e vão
sendo liberadas à medida que é preciso.
Barraca de cuidados – Confesso que foi a
que mais me emocionou, pois tinha remédios, um médico voluntário, aparelho para
tirar a pressão, etc. , mas tinha, também, protetor solar, acupunturista e
massagista. A prioridade para massagem e acupuntura era para as pessoas que
estavam trabalhando no movimento e dormindo no acampamento, por motivos óbvios,
mas sobrando vaga todos podiam ser atendidos. Se isso não é amor e
solidariedade para com o outro, não sei o que é.
Barraca das Cartas para Lula – Um livro foi
aberto e lá as pessoas mandam mensagens para o presidente. As cartas que chegam
fechadas são cuidadosamente abertas por uma equipe que lê o conteúdo e verifica
se tem alguma ofensa ao Presidente, algum risco a sua saúde ou outras coisas
inapropriadas. Depois tudo é novamente lacrado e entregue a ele pela família.
Soube por sua filha que essas cartas tem sido um alento em seu cárcere
político.
Barraca palanque – Lá fica o som e
durante todo o dia passam artistas, políticos, lideranças e autoridades
nacionais e internacionais. Entre uma fala e outra muita música ao vivo. Muitos
cantores famosos têm cantado lá. Os deputados e senadores do campo da
esquerda se revezam por semana e meu deputado, Patrus Ananias, está indo essa
semana pela terceira vez.
Essas são as barracas oficiais que se
juntam a outras que chegam e saem. Nós levamos de Minas a barraca das
bordadeiras do Grupo “Linhas do Horizonte” e elas bordaram política, pedindo a
libertação de Lula. Vendemos camisetas e bottons também, para ajudar na
passagem daqueles que querem ir a Curitiba e não tem como pagar. Aliás,
nosso ônibus levou companheiros que não puderam pagar e o grupo colaborou
para que fossem juntos.
Temos sempre um ônibus indo e outro
voltando, o mesmo acontecendo em todos os Estados do Brasil. Por isso a
necessidade de arrecadação de fundos para custear as despesas daqueles que
querem ir e não podem pagar, além de manter os estoques nos acampamentos.
A CIDADE
Curitiba não é dos coxinhas. Embora se
perceba que a maioria é a favor da Lava Jato e admira o Juiz Moro, outros
tantos são radicalmente contra. Como estávamos todos de vermelho e facilmente
identificáveis, muitas pessoas vinham até a gente conversar, dar suas opiniões
e ouvir as nossas. Curitiba esse final de semana estava vermelho. Todos os
hotéis com lotação completa. Todos os bares e restaurantes cheios.
Ambulantes vendendo de tudo. Lula gerando renda.
Os motoristas de Uber, que pegávamos para
ir e voltar da Praça Olga Benário, onde fica a polícia federal, foram todos
muito delicados e se interessavam em saber porque estávamos ali. Uns do
nosso lado, outros defendendo Moro. Triste é que poucos sabiam que o MTST
desvendou a fraude do apartamento do Guarujá e provou que a reforma nunca foi
feita. Ficavam assustados quando comentávamos sobre isso.
Duas senhoras vieram até a mim pedir
desculpas pela perseguição que o juiz Moro está fazendo ao Lula. Disse
que sente vergonha por ele ser de Curitiba e que não achássemos que Curitiba é
Moro. Quis saber qual a visão que temos de Curitiba em tempos de Lava Jato.
Adorei! Mas não me iludi, Curitiba ainda é muito Moro e vai demorar para “cair
a ficha”.
Mas a impressão que fica é a de que é um
povo educado. Viam e ouviam o tempo todo a gente gritando LULA LIVRE e não
contestavam. Apenas um ou outro passava gritando impropérios dentro dos carros,
mas a maioria que se manifestava, buzinava e fazia o L com as mãos, mostrando
que estava com a gente.
SOLIDARIEDADE
Sempre é o que mais mexe com nossas
emoções. Pessoas que deixam a sua vida, largam as suas casas, para ajudar os
outros. Os acampados do MST, se revezam, indo e vindo, de tempos em
tempos. Uns ficam cinco dia, outros dez e aí são substituídos por outros que
chegam. Deixam suas lavouras na mão de familiares e vem para a luta.
Um casal com quem conversamos,
ambos aposentados, veio do interior para Curitiba de caminhonete e
estão desde o início transportando mantimentos e comida pronta de um local para
outro.
Um dos acampamentos foi armado no
jardim de uma senhora, nas imediações da Polícia Federal. Lá estão montadas 30
barracas.
Pessoas passam o tempo todo nos oferecendo
transporte e insistindo em nos levar solidariamente de um lugar para outro. Um
senhor nos deu carona. Éramos sete mulheres apertadas em um fiat e ele
orgulhosamente nos contou que desde que o acampamento começou ele vem fazendo
isso.
Muitos chegam se oferecendo para lavar
banheiros, descascar legumes, ajudar no que for preciso. Outros abrem as casas
para banhos e banheiros. Alguns chegam com frutas e flores para serem
distribuídas. Camisas que identificam países são trocadas entre pessoas. Na
barraca de roupas você chega e apenas diz:- estou precisando de uma toalha ou
um casaco e na hora sai com a peça na mão.
BOM DIA/BOA NOITE LULA
É de chorar! Cada dia uma pessoa puxa o bom
dia. Nos dois dias que lá estive, de manhã um simples BOM DIA PRESIDENTE LULA
repetido dez vezes por umas duas mil pessoas na segunda-feira e 10 mil na
terça, dia primeiro de maio.
Agora, o BOA NOITE foi ainda mais
especial.
Em nome dos mais de 40 milhões que saíram
da linha da pobreza: Boa Noite Presidente Lula!
Em nome dos milhões que você permitiu que
chegassem à universidade: Boa Noite Presidente Lula!
Em nome de toda a juventude brasileira: Boa
Noite Presidente Lula!
Em nome das mulheres brasileiras: Boa Noite
Presidente Lula!
Em nome dos que lutam na agricultura
brasileira, dos pequenos agricultores: Boa Noite Presidente Lula!
Em nome dos quilombolas brasileiros:
Boa Noite Presidente Lula!
Em nome dos negros e negras brasileiros:
Boa Noite Presidente Lula!
Em nome dos que lutam e não acreditam nas
mentiras da rede globo: Boa Noite Presidente Lula!
Em nome dos que lutam pela educação
brasileira: Boa Noite Presidente Lula!
Em nome dos que lutam pela democracia e não
aceitam a justiça acovardada: Boa Noite Presidente Lula!
Em nome dos acampados de Curitiba que tem
direito a lutar pela liberdade sem correr risco: Boa Noite Presidente Lula!
O MUNDO PRESENTE
Cruzamos com gente de todo o mundo
prestando solidariedade ao presidente Lula e ao povo brasileiro. Eu vi
equatorianos, chilenos, argentinos, franceses, alemães, russos... Disseram-nos
que já passaram por lá representantes de 47 países. Fora os que não se
identificaram no cadastramento.
O PRIMEIRO DE MAIO
De manhã mais de 10 mil pessoas foram até a
porta da Polícia Federal, dar o bom dia ao Lula. Estava difícil até
andar. Pessoas se amontoavam querendo ficar o mais perto possível do cordão de
isolamento e a todo momento mais gente chegava.
De lá saíram em marcha até o centro de
Curitiba para o ato de Primeiro de maio propriamente dito. Lindo ver aquela
multidão marchando por 10 km gritando palavras de ordem.
Lá já aguardavam outras 40 mil. Os shows
foram de Flavio Renegado, Beth Carvalho e Ana Cañas. Pela primeira vez o
Primeiro de Maio foi feito em conjunto, com sete centrais sindicais presentes.
Cruzamos com caravanas de todos os estados.
Enfim, foi um fim de semana de muitas
emoções e de muita esperança de que o Mundo inteiro veja o Golpe que estamos
vivendo no Brasil e que a prisão política de Lula ecoe pelos quatro
cantos do Mundo. Foi um primeiro de Maio de resistência. Lindo, Solidário,
Emocionante, de muita Luta!
Edição 208 – Abril 2018
Poucas e
Boas
“Minha alma está serena porque ela não me acusa de nada e me sinto
portador da verdade que possui uma força própria e que no seu devido tempo se
manifestará.”
Lula, em conversa com Leonardo Boff, antes e ser aprisionado
“Diga ao pessoal lá fora e à imprensa que eu sou candidatíssimo!”
Do mesmo
Lula, falando ao teólogo Leonardo Boff, já aprisionado
O jornalismo é, antes de tudo e
sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício do caráter.
Cláudio Abramo
"É isso. legislativo, executivo e judiciário (tudo com minúsculas)
de mãos dadas e protegidos pelos milicos. A mesma fórmula de 64, os mesmos
personagens.
E o Homem (esse, sim, com maiúscula) que tirou o Brasil do mapa da fome,
que conseguiu levar o pobre para a universidade, para programas científicos no
exterior, para o aeroporto, para uma vida com possibilidades... é agora
sacrificado no altar da emissora que fala para a intelectualmente medíocre,
politicamente destrutiva e moralmente corrompida elite brasileira.
Pablo Villaça, crítico de cinema
A canalhice é escancarada, não há preocupação sequer em usar máscaras.
(...) Não sei para onde vamos, mas não me parece um lugar bom.
O que eu sei é que vai ter luta. Sempre."
Do mesmo Pablo Villaça
Edição 208 – Abril 2018
Campanha
salarial dos Servidores Públicos
Mudanças no PCCV ameaçam servidores
Servidores fazem paralisação do trabalho, com passeata pela ruas da cidades exigindo seus direitos |
Os servidores
Públicos Municipais continuam em campanha salarial. A campanha, conjunta,
envolve três representações dos servidores, o Sind-UTE – Sindicato dos
Trabalhadores em Educação -, o SindSaúde – Sindicato dos Trabalhadores em Saúde
– e o SindBrum – Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Brumadinho -, que
representa dos servidores da Secretaria de Obras e demais secretarias. A
campanha teve início ainda no mês de janeiro, quando as pautas foram entregues
à Administração de Nenen da ASA (PV). De lá para cá a prefeitura ainda está só
nas promessas.
A situação ficou
pior quando o prefeito prometeu um reajuste de apenas 3% nos salários mas
enviou à Câmara um Projeto de Lei que piora muito a vida dos servidores de
Brumadinho e abre porta para demissões e contratação de empresas terceirizadas.
Discussão na
Câmara
No dia 8 de maio
aconteceu, na Câmara Municipal de Brumadinho, reunião para discussão dos
Projetos de Leis nº 29/2018, 30/2018 e 31/2018 que dispõem sobre os Planos de
Cargos e Salários dos Servidores da Prefeitura de Brumadinho e outros assuntos
relacionados ao funcionalismo público. Além de apenas 9 vereadores, estiveram
presentes servidores, representantes dos Sindicatos, Lílian Paraguai (Sind-Ute),
Wagner Gonçalves (SindBrum) e Ivanete Maria Silveira (Sind-Saúde), um
representante dos Agentes de Combate às Endemias, um representante da
Secretaria de Assistência Social e o Secretário Municipal de Administração.
Os servidores
municipais se manifestaram extremamente preocupados com os projetos de leis
encaminhados à Câmara. Fizeram várias críticas a diversos dispositivos dos
projetos asseverando que, caso aprovado, estariam prejudicando os servidores
municipais.
Prefeitura faz
ameaças
A Presidente do
Legislativo manteve a proposta de retirar o projeto de tramitação na Câmara
caso, ao final das discussões, os sindicatos não entrem em acordo com a
Prefeitura e assim o solicitem e justifiquem formalmente ao Poder Legislativo.
Já o Secretário
de Administração da Prefeitura de Brumadinho, Flávio Capdeville de Meira,
preferiu fazer chantagem e ameaças aos servidores. Capdeville disse que a retirada
do projeto de tramitação neste momento seria o não pagamento do reajuste
salarial para os servidores no próximo pagamento, além da ocorrência de demissões
de servidores municipais.
Cronograma de
discussões
Ao final da reunião, ficou definido um
cronograma de reuniões diárias, que se iniciaria no dia 9 de maio, 13h30 às
16h, na Câmara Municipal para debater os Projetos de Leis e chegar a um acordo
para o início do processo de votação. As reuniões contarão com dois
representantes do Sind-Ute, dois do SindBrum, dois do Sind-Saúde, um representante dos Agentes de Combate às
Endemias, um representante da Assistência Social e o Secretário Municipal de
Administração e vereadores.
Edição 208 – Abril 2018
Só Rindo
O preço do parto
Às vésperas do nascimento do primeiro filho, o
marido tenta negociar com o médico os honorários do parto.
___ São cinco mil reais!, sentencia o médico.
___ Cinco mil? Você está maluco?
___ São
quinhentos para o anestesista, quinhentos para a enfermeira e quatro mil para a
AMB.
___ Quatro mil para a Associação Médica Brasileira?
___ Não! Quatro mil Ao Meu Bolso!
Enganando as pessoas
Depois de voltar de uma pelada, Manuel conversa com
os amigos da padaria:
___ Ora pois, o jogo foi bem catimbado! Quando fui
cobrar o pênalti o goleiro me provocou dizendo: “Chuta do lado direito que eu
pego, chuta o lado esquerdo que eu pego, chuta no meio que eu pego!”
___ E então, o que você fez?, perguntou um dos
amigos.
___ Ah, eu enganei ele... chutei para fora!
A placa
Um chefe de departamento da prefeitura,
sentindo que seus subordinados não respeitavam nem um pouco a sua liderança,
resolveu colocar uma placa na porta da sala, onde se lia: “Aqui quem manda sou
eu”. Depois de voltar de uma reunião, viu o seguinte bilhete pregado junto à
placa: “Sua esposa ligou mandando que devolva a placa.”
Repouso
O médico diz ao marido de uma paciente:
___ A sua esposa precisa de repouso
absoluto. Vou receitar um sonífero.
___ Ah, muito obrigado, doutor! E quando é
que ela deve começar a tomá-lo?
___ O sonífero nãomé para ela, é para o
senhor!
Afinador de piano
O sujeito bate à porta e é atendido por uma
moça muito atraente e elegantemente vestida.
___ Bom dia, eu sou ao afinador de piano, _
se apresenta o moço.
___ Mas eu não mandei chamar um afinador de
piano!, responde a moça.
___ Eu sei! – diz o afinador. _
Foram os vizinhos que ligaram.
Trabalho bem feito
Um homem chega à alfaiataria e pergunta quanto
custa para fazer um terno.
___ Quinhentos reais, responde o alfaiate.
___ Isso é um roubo!
E o alfaiate tenta justificar:
___ Mas... são sete dias de trabalho!
___ Espera aí, em sete dias, Deus fez o mundo!
___ Mas não foi sob medida!
Edição 208 – Abril 2018
Opinião
O acidente com Edifício Wilton Paes de Almeida, Largo do Paissandu/SP, poderia ser evitado?
Valdirene da Rocha Pires*
Muito se tem falado (na mídia e nas redes
sociais), sobre o incêndio que levou ao desabamento do Edifício Wilton Paes de
Almeida, localizado no Largo do Paissandu, em São Paulo. O incidente que
deixou, segundo informações dos noticiários, 146 famílias desabrigadas e
pessoas ainda desaparecidas, marcou o dia 1º de maio, data em que se comemora o
dia do trabalho no Brasil.
Entre os diversos tipos de comentários e
leituras sobre o acidente, é possível encontrar, por um lado, opiniões que
culpabilizam as famílias e o próprio movimento de luta por moradia por terem ocupado
o prédio sem a priori, condições de habitabilidade e, por outro, os que
conseguem ler nesta tragédia a real situação da ausência de condições ao acesso
à moradia pelas camadas mais pobres no país.
Mas o que leva estas famílias a ocupar um
prédio supostamente condenado? Por que elas não foram morar em outro local,
mais seguro?
Diante de tantas especulações acerca do que
poderia ter sido feito para evitar o acidente, ou ainda, quem seriam os
culpados, o que se pode considerar é que a ocupação do Edifício Wilton Paes de
Almeida, e de tantos outros imóveis ocupados de forma precária em diversas
cidades do Brasil, é um reflexo da formação social desigual histórica do
Brasil. E, sim, os desdobramentos deste quadro de desigualdade levam milhares
de famílias a, como única alternativa, ocuparem espaços com pouca ou sem
nenhuma condição de morar. Isso não é uma escolha, mas a falta dela!
Assim como a alimentação e a saúde, a
moradia é uma necessidade humana, pois, além se ser um abrigo, é também um
local de identidade e privacidade. Nesse sentido, a ocupação do Prédio no Largo
Paissandu materializa a luta por espaço, como forma, ainda que precária, de
suprir uma necessidade humana. Esta forma de ocupar vazios urbanos é também
meio de se efetivar um direito garantido tanto na Constituição Federal de 1988,
quanto no Estatuto da Cidade, trata-se do direito à moradia.
Ocorre que, o direito de morar não se
resume apenas a ocupar ou fazer o uso de uma unidade habitacional. Outras
necessidades devem ser supridas, como o acesso à água tratada, à energia
elétrica, ao transporte, às políticas de saúde, de educação. Em uma situação de
ocupação, esses itens também tendem a ser providos de forma improvisada. Como
por exemplo, ligações “clandestinas” de rede energia elétrica, que por sua vez,
tendem a causar incêndios. Teria sido este o motivo que levou o desabamento do
Edifício Wilton Paes de Almeida, localizado
no Largo do Paissandu? Parece ser uma das hipóteses.
O déficit habitacional no Brasil é um
problema estrutural, pois diz respeito ao modo como, historicamente, se deu o
uso e a ocupação do solo, bem como a produção de moradias nas cidades brasileiras.
Em detrimento do uso social do solo, as cidades brasileiras são planejadas como
grandes centros comerciais e não como espaços a serem vividos por aqueles que a
habitam. As cidades são planejadas sem considerar políticas habitacionais e
outros serviços públicos, como saúde, educação, transporte, entre outros, que
de fato atendam a demanda dos cidadãos. Neste cenário, o solo e a moradia são
meras mercadorias, cujo valor, não está ao alcance da maioria das famílias,
principalmente as de menor renda.
Se a questão é como evitar este tipo de
tragédia, teríamos de debater a urbanização no Brasil e indagar o porquê de
poucos terem muito, e muitos terem tão poucos para viver. Mas, em poucas
palavras, podemos afirmar que só quando a moradia deixar de ser vista como um
bem, uma propriedade, objeto de especulação e garantia de lucro, e passar a ser
considerada, tanto pela sociedade, quanto pelo poder público, como um direito
básico, é que este tipo de tragédia será, quem sabe, reduzida.
Isto significa que acidentes como o que
ocorreu com Edifício Wilton Paes de Almeida podem ser evitados se a
população tiver outras alternativas de moradias nas cidades onde
vivem. Ocupar não é crime, ocupar um abrigo/uma moradia é uma necessidade
humana!
*Valdirene da Rocha Pires é professora
do curso de Serviço Social do Centro Universitário Internacional
Uninter.
Edição 208 – Abril 2018
Conselho
Municipal da Igualdade Racial recebe computadores
O Conselho
Municipal da Igualdade Racial de Brumadinho acaba de ser equipado com
computadores. A doação de 3 (três) equipamentos foi feita pelo Governo de Minas
Gerais, e foi entregue, na sede da
Prefeitura no último dia 3 de maio, pessoalmente, pela Diretora de Relações
Institucionais da Subsecretaria de Igualdade Racial da Secretaria de Estado de
Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, senhora Maria Imaculada
Marcelino Ferreira. Ferreira fez a entrega ao Presidente do Conselho Municipal,
Aldo César.
Imaculada
salientou sobre a importância de o município fazer a adesão ao Sistema Nacional
de Promoção de Igualdade Racial, gerando vários benefícios para a sociedade
como um todo. Ao conseguir a adesão ao sistema SINAPIR o município passa a
contar com um importante mecanismo de fortalecimento da atuação do Conselho
Municipal existente, que ampliará suas ações junto às comunidades quilombolas
de Sapé, Rodrigues, Ribeirão e Marinhos, que contribuem de forma expressiva
para o patrimônio cultural de Brumadinho.
As informações
são do DOM.
Edição 208 – Abril 2018
DATA
VENIA
O que é o Imposto Territorial Rural
- ITR?
Lucas Cavalcanti |
O Imposto Territorial Rural – ITR - incide
sobre a propriedade, o domínio útil ou a posse a qualquer título de imóvel
localizado fora da zona urbana, ou seja, deverá estar inserido na área rural.
Cabe destacar que o imóvel situado fora da área rural poderá estar sujeito à
incidência do ITR se o imóvel for utilizado para atividades de natureza
agrícolas.
Assim como o IPTU, o ITR possui apuração
anual e o destacado imposto é de competência da União, porém nada impede que os
Municípios realizem a fiscalização e a cobrança do ITR, entretanto não poderão
estabelecer qualquer hipótese de redução ou mesmo isenção e, mesmo que optem
por não realizarem a arrecadação e fiscalização do ITR, já possuem o direito a
50% (cinquenta por cento) da arrecadação dos imóveis situados em seus
respectivos territórios, conforme prevê o art. 158, inciso II da Constituição
Federal.
A apuração e o pagamento do ITR serão
efetuados pelo contribuinte, sendo o valor do imposto variável conforme o tamanho da propriedade e seu grau de
utilização, sendo apurado nos prazos e condições estabelecidos pela
Secretaria da Receita Federal, sujeitando-se à homologação (verificação)
posterior.
A Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996,
que dispõe sobre o ITR prevê a não incidência do imposto em relação às pequenas glebas rurais[1],
quando o pequeno produtor rural explore, só ou com sua família, desde que não
possua outro imóvel.
Por fim, cabe esclarecer que a
realização da declaração do ITR é de suma importância para o Produtor Rural,
pois quem não declara ou não paga o ITR poderá
ficar impedido de vender o imóvel rural e nem poderá obter financiamentos.
1: Entende-se,
na região de Brumadinho, para efeito da Lei nº 9.393/96, que as pequenas glebas rurais são os imóveis com área
igual ou inferior a 30 ha.
Edição 208 – Abril 2018
Curtas
Câmara
homenageia jornalistas
Com o mote
“Jornalismo é um compromisso social”, a Câmara Municipal de Brumadinho
homenageou os jornalistas. A homenagem foi publicada no DOM de 6 de abril
(edição 1121), no seguinte teor: “Nosso apreço e homenagem a esses
profissionais essenciais que tem a missão de transformar o dia a dia em
informação verdadeira, que são os olhos e a voz da sociedade. "O
jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o
exercício do caráter" (Cláudio Abramo)”
Edição 208 – Abril 2018
SAIU NO
DOM
4 X 1
(que conta foi essa?): Prefeitura gasta R$ 670 mil em aluguel de Ambulância por
apenas 1 ano; valor dá para comprar 3 ambulâncias
“FUNDO MUNICIPAL
DE SAÚDE DE BRUMADINHO/MG. HOMOLOGO, o Processo Administrativo de Compras N°
227/2017, Pregão Presencial Nº 047/2017, cujo objeto trata da Contratação de
empresa especializada para prestação de serviço de locação de ambulância tipo
UTI móvel, equipada, com motorista e km livre, destinada a atender a demanda de
transporte dos pacientes do SUS de Brumadinho, pelo prazo de 12 meses. Vencedora
a empresa: Ouromed Serviços Móveis de Saúde Ltda-EPP, CNPJ: 11.263.858/0001-65:
Valor global: R$ 670.000,00 (Seiscentos e setenta mil reais). Junio de Araújo
Alves - Secretário Municipal de Saúde”
1117 – 28.3.18
A Prefeitura não
explicou porque não comprou 4 ambulâncias, já que possui os motoristas. Ou
porque não comprou apenas 1 ambulância (que, segundo um membro do Sindicato dos
Servidores custa em torno de R$ 175 mil), economizando em torno de R$ 500 mil.
Liga
recebe R$ 600 mil
“Extrato de Termo
de Colaboração Espécie: Termo de Colaboração Nº011/2018 Concedente: Prefeitura
Municipal de Brumadinho – Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Eventos.
Convenente: Liga Municipal de Desportos de Brumadinho - LMDB – CNPJ:
18.033.977/0001-70 -. Lei 13019/2014. Art.31, Inciso II e Art.32 Valor:
R$600.000,00, Vigência: 09/03/2018 a 31/12/2018. Objeto: Repasse de recursos
financeiros à LIGA, destinando-os a cobrir despesas de pessoal, material
esportivo e escritório e campeonatos esportivos do Município de Brumadinho”
1120 4.4.18
Horizonte
Transporte vai levar R$ 1.650.000,00 (Um milhão, seiscentos e cinquenta mil
reais)
“PREFEITURA
MUNICIPAL DE BRUMADINHO – EXTRATO DO CONTRATO N° 038/2018 - PMB, Processo
Administrativo de Compras n° 218/2017, Pregão Presencial n° 048/2017, Ata de
Registro de Preço n° 45/2017. Objeto: Contratação de empresa para a prestação
de serviços de manutenção corretiva e preventiva em veículos automotores, com
fornecimento de peças de reposição e acessórios originais, genuínos ou similares
que atendam as recomendações dos fabricantes para frota Municipal, pelo prazo
de 12 meses. Contratada: Horizonte Transporte Logística e Peças Ltda-ME, CNPJ:
27.602.170/0001-00. Valor total global: R$ 1.650.000,00 (Um milhão, seiscentos
e cinquenta mil reais). Vigência: 20/03/2018 a 19/03/2019. Avimar de Melo
Barcelos/Prefeito Municipal.”
DOM 1122 6.4.18
A Vereadora Renata
Parreiras (PPS) fez aprovar requerimento na Câmara, com o seguinte teor: “Que
seja cobrado do Chefe do Executivo Municipal esclarecimentos sobre os Contratos
nºs 37 e 38/2018, cujos extratos foram publicados no DOM, edição nº 1122.” E
olhe que a Vereadora foi eleita junto com o Prefeito e foi sua Secretária de
Governo. Nem ela entendeu a gastança!
Edição 208 – Abril 2018
Morre o
Sr. Mardocheu
Faleceu na última
noite de 12 de maio, o ex-prefeito de Brumadinho, Sr. Mardocheu de Souza
Parreiras. Estava internado em hospital há vários meses, lutando contra uma
doença. Desejamos à família a força necessária para atravessar este momento.
Veja abaixo entrevista publicada pelo extinto jornal Brumadinho em Foco.
Mardocheu por ele
mesmo
"Um resumo
de sua história: Trabalhava como agricultor até os 17 anos, mas sempre estudava
por correspondência no Instituto Universal Brasileiro. Aos 17 ainda fui para
Belo Horizonte, trabalhei em várias empresas e fiz o concurso Ginasial no
colégio Anchieta. Fiz o concurso da caixa onde consegui licenciatura plena em
Latim e provisória em Francês.
Como começou a
sua carreira política em Brumadinho: Quando a gente era menino, em Águas
Claras, meu pai era um homem com uma leitura boa, que era coisa rara. O juiz
então nomeava as pessoas como preparadora eleitoral, que tinha a função de
ficar nas regiões para fazer mais pessoas votar, e o requerimento era escrito a
mão, e o meu pai era preparador. Como as pessoas tinham a leitura muito pequena
e a dificuldade de redigir, meu pai levava eu e minha irmã para a gente redigir
o requerimento e as pessoas copiar. Águas Claras foi à região mais politizada
na região de Brumadinho, exatamente por causa disso. E aí que começou. Quando
eu mudei para Brumadinho a gente sempre trabalhava com a política, no partido
do Aberlado. Aqui havia apenas dois partidos, o do Aberlado e do Jota. O Jota
era PSDB e DM e o Aberlado era do PR que era um partido que sempre esteve no
governo, e nisso eu sempre acompanhei o Aberlado. Em 59 havia criado a fundação
cultural de Brumadinho, que era a mantenedora do Ginásio São Sebastião, eu dei
aula no Ginásio e ajudara fundá-lo. Eu ajudei e depois eu fiquei como diretor
da fundação, mas depois com o tempo as pessoas que criou vão sumindo, ficou
apenas eu, o Paulo Alves e o Aberlado. A fundação cresceu tanto que nós não
dávamos conta, e foi quando aconteceu um fato histórico, onde nos reunimos com o
governador, sensibilizamos o governo e criou a primeira escola estadual.
No ano em que
fundamos o colégio, eu me tornei uma pessoa notória, e por causa da influência
política de meu pai, do Aberlado, e do Zezito, antigo prefeito de Brumadinho,
para mim um dos melhores que a cidade já teve. O Zezito era dono de cartório e
ele era candidato a vereador, antigamente não ganhava nada, eram nove
vereadores e só podia candidatar mais um terço, eram 12 vereadores e era
dificílimo completar a chapa, por exemplo, Nego Amorim, foi um vereador, nós
reunimos e fomos a casa dele para ele aceitar para completar a chapa. Hoje as
pessoas candidatam não é para ser vereador não, é pelo dinheiro que envolve.
Então o Zezito disse, “você vai entrar no meu lugar, eu não posso ir, mas você
entrará.”. Na hora eu fiquei em dúvida. Os quatro que me incentivaram foram o
Zezito, Agostinho de Paula, João de Castro e o Amador e então candidatei a
vereador. Tive dois mandatos como vereador. O primeiro em 62 e depois em 66. Em
Brumadinho tinha 3000 eleitores, eu tive 306 votos, mais de 10% dos votos. Eu
fui presidente da câmara. Eu não tinha a intenção de candidatar para prefeito.
José Amaral foi um grande prefeito, mas ele deixou um problema: bairros novos
como o Jota, a Estrada de Automóveis não tinha luz nem água, e tinha jeito de
levar, mas eles não levavam, por falta de pulso, e eu lá da câmara brigava para
que levasse a luz e água, mas não adiantava. Um dia eu subindo nesses bairros
acima, eu vi uma mulher grávida com um balde d’água na cabeça e uma criança do
lado. A mulher disse: “Sr Mardocheu, sabemos que o senhor é o que mais briga
por nós na câmara, porque o senhor não candidata para prefeito?”, eu disse que
ainda não sabia por causa de votos, mas ela completou que eu teria diversos
votos naquela região por ser o único a brigar por nós na câmara. Descendo a
rua, nesse mesmo dia, eu encontro o Geraldo, um amigo meu, que tinha um
caminhão, com um tambor cheio d’água. Perguntei para que aquele barril e ele
disse que tinha que tomar banho ali, já havia quase uma semana que não podia
entrar em casa, pois não tinha água para tomar banho, então estou levando esse
tambor. E ele também me pediu para candidatar como prefeito. Nisso eu sai e
então escutei um estrondo e ouvi a notícia que o Geraldo havia morrido
acidentado. Foi um acidente onde ele mesmo foi cortar o tambor com o maçarico,
a tampa estourou e lá estava ele morto. Depois disso eu pensei, tenho que
consertar esse Brumadinho, então eu candidatei.
Naquela época
havia dois partidos: a Arena (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento
Democrático Brasileiro). Cada partido podia ter três candidatos, e então somava
os votos dos três do partido do MDB e os três da Arena, e o que tivesse mais
votos era o vencedor da eleição. Eu fui candidato nessa fase. E então entrou o
Gibiu e o vice dele era o Zezinho do Zé Antônio de Piedade. O Hélio Lima era
uma pessoa querida e sem muitos recursos, buscou o Henry Karan para ser seu
vice, e eu fiquei sozinho. Então eu chamei o Lourival que era muito amigo meu,
companheiro de câmara para ser o meu vice então ele aceitou."
Edição 208 – Abril 2018
Programa
Valorizar terá iniciativas sociais premiadas pela
Vale em Brumadinho
Inscrições
podem ser feitas até o dia 21 de maio
Já estão abertas as
inscrições para o Programa Valorizar, da Vale, que tem como objetivo reconhecer
e dar prêmios de incentivo a iniciativas sociais que terá sua primeira edição
nas cidades de Brumadinho, além
de Belo Vale, Congonhas, Nova Lima (Jardim Canadá e Macacos), Ouro Preto
(exclusivo Mota) e Sarzedo. As
inscrições podem ser feitas até o dia 21 de maio.
O Programa vai premiar com recursos
financeiros as iniciativas sociais e projetos que beneficiem o público desses
municípios e ajudam a gerar desenvolvimento para as comunidades com ações
relacionadas à, pelo menos, umas das seguintes categorias: Geração de Trabalho e Renda, Educação, Saúde e
Qualidade de Vida.
As entidades devem ser oriundas das cidades
e seus distritos. Até a data de inscrição a instituição deverá ter pelo menos
12 meses de existência, comprovada pela data do documento do CNPJ.
Prêmios de R$ 17 a R$ 35 mil
A Vale vai distribuir quatro prêmios de R$
35 mil, cinco prêmios de R$ 25 mil e seis prêmios de R$ 17 mil reais. Os recursos
devem ser obrigatoriamente revertidos para a iniciativa premiada.
Para se inscrever, a instituição deve
imprimir e preencher o formulário que consta no edital, disponível no website
da Vale (http://www.vale.com/brasil/pt/aboutvale/news/paginas/programa-valorizar-esta-com-inscricoes-abertas-para-organizacoes-de-minas-gerais.aspx),
em conjunto com a documentação obrigatória. Os documentos deverão ser enviados
via correios, em postagem SEDEX constando no campo destinatário (Vale - Mina
Mutuca - PROGRAMA VALORIZAR Fazenda da Mutuca, s/n, zona rural, Nova Lima, MG,
CEP. 34.000-000 - Aos cuidados da Comunicação e Relacionamento com Comunidade), até o dia 21 de maio de
2018.
O julgamento das
iniciativas e a distribuição dos prêmios acontecerá no dia 26 de julho.
As informações
são da Assessoria de Comunicação da Vale.
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