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sábado, 4 de fevereiro de 2017

Edição 194  Janeiro 2017
de  fato "dá a dica"
The True Cost (O Verdadeiro Custo, 2015)
Por Larissa Fernandes*


Pra quem gosta de um bom documentário, daqueles tão consistentes que provocam crises existenciais e imergem o espectador na realidade que eles discutem, uma ótima pedida é o filme The True Cost, disponível no serviço online de transmissão de vídeos Netflix. A produção discute uma pauta que é da conta de todo mundo, já que todo mundo usa roupa: os impactos ambientais e sociais do modelo atual de moda. Utilizando e explicando o conceito de fast fashion, em português, moda rápida, o filme mostra como a busca desenfreada por lucro nessa indústria estabeleceu uma ordem na qual roupas parecem descartáveis, operários terceirizados em países subdesenvolvidos são explorados e obrigados a se sujeitar a condições desumanas de trabalho, e nada se faz pelo impacto que essa produção tem na natureza, como a poluição dos rios e da terra.
Considerando, de forma honesta, que roupas são uma grande fonte de expressão e comunicação humanas, o filme não criminaliza a moda em si, mas expõe o quanto seus padrões atuais são cruéis. Um dos dados que mais comovem no filme é sobre o desabamento do edifício Rana Plaza, na periferia de Bangladesh, em 2013, quando 1127 operários morreram soterrados - mais de metade das vítimas foram mulheres, incluindo vários dos seus filhos. Alguns trabalhadores tentaram alertar publicamente para as rachaduras no prédio, nos dias anteriores ao desastre, mas suas queixas foram ignoradas. O prédio produzia para várias varejistas grandes, como a H&M.
Dirigidas e roteirizadas por Andrew Morgan, essas são uma hora e meia bem gastas de grande desconforto com o panorama atual de uma das indústrias mais cínicas do mundo - mas, também, de apresentação de alternativas mais limpas para quem, depois de tantos simbólicos tapas na cara, através de entrevistas esclarecedoras e dados alarmantes, não quer financiá-la. "É complexo, já que se estende por todo o mundo, mas também é simples, revelando o quanto estamos conectados aos inúmeros corações por trás de nossas roupas. (...) O que eu descobri mudou pra sempre a forma como eu penso sobre o que visto, e minha esperança é que faça o mesmo para você."


* Larissa Fernandes, 19 anos, é graduando em Jornalismo pela UFMG

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