Edição 194 – Janeiro 2017
Saúde
Cefaleia em crianças e adolescentes
A
cefaleia ou “dor de cabeça” é um dos sintomas mais comuns em crianças e,
felizmente, na maioria das vezes não representa uma doença complicada. Apenas
5% das cefaleias são secundárias, ou seja, representam um sintoma de alguma
outra doença, exigindo um tratamento específico. De qualquer forma, é um
sintoma que não pode ser negligenciado, ainda mais se estiver acompanhado dos
chamados sinais de alerta.
Mesmo
que raramente traga riscos para a criança, a cefaleia pode exigir tratamento
contínuo já que a frequência e a intensidade das dores podem atrapalhar as
atividades escolares e de lazer. A criança que tem cefaleia não tratada pode
apresentar além da dor, comprometimento no rendimento escolar, além de
isolamento dos amigos por não poder participar das atividades de lazer e
esportivas na frequência desejada.
Um
mito ainda muito presente é o de que os problemas visuais sejam importante
causa de cefaleia. A principal forma de cefaleia crônica encontrada na infância
é a enxaqueca, seguida pela cefaleia tensional (devida à tensão ou contração
exagerada de grupos musculares do pescoço, ombros, couro cabeludo e face).
Devemos tentar caracterizar a intensidade da dor, o horário, sintomas
associados, fatores desencadeantes para ajudar a caracterizar o tipo de
cefaleia e sua intensidade. A criança pode apresentar fatores desencadeantes
como a ingestão de determinados alimentos, jejum prolongado, sono excessivo,
privação de sono, esforço físico, uso de medicamentos, dentre outros. Na
enxaqueca, por exemplo, é frequente a ocorrência de náuseas, vômitos, dor
abdominal, incômodo à luz ou ao barulho, palidez e sudorese, dentre outros.
Além disso, devemos nos atentar ao uso abusivo de analgésicos, que podem ser
responsáveis pela cronificação de cefaleias episódicas.
Sintomas
Os
principais sintomas de alerta para cefaleia secundária são dor intensa, de
início abrupto, mudança no comportamento da dor com aumento da frequência ou
intensidade, dor diária desde sua instalação, dor que não responde à
analgésicos, presença de convulsões associadas, presença de doenças
que atinjam outros órgãos, distúrbios de coagulação, além de sinais observados
ao exame físico como sinais meníngeos (sugestivos de meningite), febre,
alterações motoras (perda de força de uma lado do corpo, por exemplo) e alterações
visuais.
A
enxaqueca é a cefaleia mais estudada da infância. Não existe nenhum exame de
laboratório ou imagem que defina o seu diagnóstico. Sendo assim, é a partir das
características das crises que o médico vai definir o tipo de cefaleia. Nos casos
de cefaleias crônicas, é importante que se faça um diário da cefaleia, assim a
criança ou seu familiar devem anotar como foi o início da dor, tempo de
duração, se foi de um lado da cabeça ou dos dois, se causou tontura, náuseas ou
vômitos, se melhorou com o analgésico, que medicamento utilizou, etc. A
enxaqueca, em geral, dura poucas horas até 72 horas, pode ser em qualquer lugar
no crânio mas principalmente na fronte ou dos lados do crânio, pulsátil, com
tontura, náuseas ou vômitos, incômodo à luz e ao barulho. Conforme a idade de
apresentação, os sintomas podem variar.
Fatores
genéticos, psicológicos e ambientais influenciam fortemente a expressão da
cefaleia na infância.
O
tratamento deve ser individualizado conforme as suas características e
intensidade, visando melhorar a qualidade de vida da criança e da sua família.
As
informações são de Marcela Lima, com conteúdo desenvolvido pelo Dr.
Marco Aurélio Safadi (CRM: 54792), professor de Pediatria da Faculdade de
Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e coordenador da Equipe de
Infectologia Pediátrica do Hospital.
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