Edição 129-Outubro/2011
Imposto abusivo
Prefeito
quer perdoar juros e multa do IPTU
O
prefeito Nenen da ASA (PV) quer perdoar juros e multas referentes ao IPTU de
2010. Em sua mensagem ao Legislativo, o prefeito diz que “é com enorme prazer”
que ele enviou o Projeto de Lei – PL – nº 3/2011 à Câmara “que estabelece
isenção do pagamento de juros e multa” do imposto aumentado em quase 2000%
(dois mil por cento) por ele e os vereadores no ano passado.
A
proposta do prefeito pretende isentar em 100% as correções do IPTU atrasado se
ele for pago em uma parcela. Para pagamento em duas parcelas, a redução é de
90%; de 70% para 3 parcelas e de 50% se for parcelado em quatro parcelas. Essa
isenção já havia sido prevista pelo jornal de fato em sua edição de nº 119 (nov-dez/2011) “É de praxe que a administração municipal envie
projeto de lei para os vereadores aprovarem novo parcelamento do IPTU atrasado
(...), perdoando juros e multa.”
Mudança na Lei 60/2010, do IPTU
A lei 60/2010, que aumentou o IPTU de Brumadinho
em quase 2000%, em seu art. 4º, estabeleceu que o
proprietário de imóvel residencial poderia obter isenção do IPTU se, entre
outros critérios, tivesse “área do terreno não superior a 600 m2 (seiscentos
metros quadrados)”. Desta vez, o prefeito Nenen da ASA resolveu estender a
isenção a “área do terreno não superior a 30.000 m2 (trinta mil metros
quadrados)”, 5 vezes mais que na lei anterior.
Para
ter as reduções, quem tiver o IPTU atrasado deve procurar o Departamento de
Arrecadação da Prefeitura até o final do mês, prazo que pode ser prorrogado
para 30 de dezembro.
Contribuintes
não conseguem pagar o IPTU
Na
mensagem que enviou à Câmara o prefeito admite que contribuintes não pagaram o
IPTU. Admite também que muita gente possui imóveis maiores porque receberam de
herança, não sendo, portanto, porque são pessoas com grandes rendas. Segundo
Nenen da ASA, “contribuintes buscam o Departamento de Arrecadação e
Fiscalização da Secretaria Municipal da Fazenda alegando dificuldades
financeiras para quitação da dívida.”
Ações
na Justiça não é uma boa medida e significa custos para a Prefeitura
O
prefeito admite também que ajuizar ações na Justiça para receber o IPTU
atrasado não é uma boa medida para a prefeitura, significa custos para a
Prefeitura. Segundo ele, “o projeto, além de propiciar o recebimento do
tributo, em razão do perdão de juros e multas sobre ele incidentes, reduzirá o
número de ações de execução fiscal a serem ajuizadas e, em decorrência, evitará
custos que implicam ajuizamento dessas ações”. Esse fato também já havia sido
previsto pelo jornal de fato na mesma edição nº 119: “Tudo isso é porque não é bom negócio que a
Administração acione a Justiça para receber: isso custa caro para a Prefeitura
pois levar a cobrança para a Justiça acaba acarretando prejuízos aos cofres
públicos (segundo a própria prefeitura, em 2010, ela pediria ao Tribunal de
Contas para desistir de processos na Justiça para evitar prejuízos maiores).”
Para entender
O
ano de 2010 foi marcado por uma discussão que dominou a cidade durante todos os
meses, o aumento do IPTU, que chegou a 1712%. A inflação oficial do último ano
tinha sido de apenas 3,5% e a dos últimos 13 anos de apenas 125%. O aumento
abusivo foi proposto pelo Prefeito Nenen da ASA (PV) e aprovado por todos os
vereadores. O assunto foi pauta na imprensa local, como no jornais Tribuna e de
fato, e mineira, como na Rede Globo de Televisão e Rede Record, rádios Itatiaia
e América, jornal Hoje em Dia etc.
Na
tentativa de reverter a questão, dezenas de pessoas se mobilizaram, num
primeiro momento, através de um abaixo-assinado que envolveu pelo menos 14% do
eleitorado do Município, mais de 3200 pessoas; depois, apresentando à Câmara um
projeto de lei histórico, o 1º Projeto de Lei de Iniciativa Popular de
Brumadinho, com mais de centena de pessoas recolhendo assinaturas pelo
Município inteiro e centenas de assinaturas. “Essa mobilização (...)
encontrou eco na opinião pública e apontou para a fragilidade ou o entendimento
equivocado dos vereadores sobre suas funções que nunca deveria ser apenas a de
repetir, ventriloquamente, os interesses do Poder Executivo, mas o de debater e
repercutir o interesse público”, escreveu à época o jornalista Valdir de Castro
de Oliveira no jornal Tribuna.
Pela
frente, a população encontrou uma Câmara de Vereadores retrógrada,
antidemocrática, sem nenhuma autonomia, totalmente dominada pelo prefeito
municipal, como nunca antes se viu na história recente de Brumadinho. Apesar de
a população ter comparecido à Câmara durante 9 sessões seguidas do Plenário, os
vereadores não deram a mínima, defendendo a proposta de Nenen da ASA de não
voltar atrás no aumento abusivo: a inflação do último ano tinha sido de apenas
3,5% e a dos últimos 13 anos de apenas 125%.
No
mês de novembro/2010, o então presidente da Câmara, José Figueiredo Nem Neto, o
Zezé do Picolé (PV), enviou correspondência a Reinaldo Fernandes, representante
legal do Projeto de Lei de Iniciativa Popular, comunicando o arquivamento da
proposta. A população ainda reagiu, entrou com recurso, mas nada fez os
vereadores mudarem de opinião.
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