Edição 136-Abril/2012
Abrace a Serra da
Moeda
Cerca de 7 mil
pessoas participam do evento
Um
abraço simbólico em favor da preservação da Serra da Moeda, em Brumadinho, MG,
reuniu cerca de sete mil pessoas neste feriado de 21 de abril, segundo
informações da ONG ‘Abrace a Serra da Moeda’. Este foi o 5º ano consecutivo que
a ONG promoveu o ato simbólico que chama a atenção do Poder Púbico para a
urgência de proteção da montanha, seu patrimônio natural e cultural, hoje
ameaçados com a expansão da atividade minerária na região.
Grupos
quilombolas e culturais da região, como os de Congado, Moçambique e Folia de
Reis, músicos da região se apresentaram no local e “puxaram” o abraço, que se
estendeu por dois quilômetros na montanha, com o ritmo forte de seus tambores.
Como
nos anos anteriores, a manifestação formou um imenso cordão humano ao longo da
cumeeira da Serra, de onde é possível contemplar uma das mais surpreendentes
paisagens cênicas da região, além de observar espécies raras da flora de canga,
um tipo frágil de bioma.
Segundo
a diretora de comunicação da ONG, Ana Amélia Lage Martins, “o abraço é a ação mais
emblemática da luta pela Serra da Moeda, mas o trabalho pela proteção efetiva
das inúmeras nascentes que aqui se encontram e do rico patrimônio natural e
cultural da Serra se estende por todo o ano”.
A
ONG Abrace a Serra da Moeda pleiteia a criação do Monumento Natural da Mãe
D’Água , unidade de conservação do tipo integral que garantirá a proteção
efetiva de um trecho de oito quilômetros na Serra da Moeda.
Para
Gilmar Matosinhos, morador da Comunidade Colégio, o abraço é a única
maneira que a população das comunidades locais tem para se
expressar. “É durante esse abraço que chamamos a atenção para a data 21 de
abril que é a data da Inconfidência Mineira, e nós , aqui, até hoje
vivemos a nossa inconfidência. O abraço serve para chamar a atenção do prefeito
e vereadores de Brumadinho, deputados e governador de Minas
Gerais para a necessidade de proteção integral da montanha e seu povo, que
hoje corre perigo".
Contra
os interesses da Ferrous
A
ONG Abrace a Serra da Moeda luta pela preservação da montanha e do seu
vale e se opõe à exploração da mina da Serrinha pela empresa Ferrous
Resources do Brasil. A ONG conta que, ‘segundo análises técnicas, o projeto de
exploração da empresa - cujo acesso foi conseguido pela ONG por meio de medida
judicial, já que transcorria sob sigilo no Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM) - ameaça as nascentes de água responsáveis pela recarga hídrica
de Belo Horizonte e região metropolitana, as espécies de flora endêmicas e de
fauna ameaçadas de extinção. O empreendimento põe em risco a sobrevivência de
comunidades tradicionais, como as quilombolas, que construíram há séculos sua
história na região, e hoje são vislumbradas para receber instalações de
alto impacto ambiental como bacia de rejeitos, pilha de estéril e usina de
beneficiamento do minério’.
Localizada
a 30 quilômetros da capital mineira, a Serra da Moeda abriga uma biodiversidade
raríssima, com mais de 50 nascentes , além de espécies endêmicas da fauna
e flora ameaçadas de extinção e um importante patrimônio histórico e cultural.
Monumento
Mãe D’Água
Em
março deste ano, o projeto que prevê a criação do Monumento Natural da Mãe
D’Água foi rejeitado pela Câmara Municipal de Brumadinho sob a alegação de
inconstitucionalidade. Votaram
contra o projeto os vereadores do prefeito, Zezé do
Picolé; Adriano Brasil, Fernando Japão, Vanderlei Xodó (todos do PV) e Leônidas
Maciel (PMDB). E ainda dois co-autores da proposta, Jayme Wilson (PSDB) e Marta
da Maroto (PSD). Outro co-autor, Itamar Franco (PSDB), faltou. Apenas a vereadora
proponente, Lilian Paraguai (PT), votou a favor. O prefeito Nenen da ASA (PV),segundo a ONG, voltou
atrás no compromisso assumido da criação do monumento.
De
acordo com o parecer jurídico da Casa, o Monumento somente poderia ser criado a
partir da proposição do Executivo e não do Legislativo, argumento que contraria
o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).
“Essa
decisão, contrária ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), faz
com que o projeto não possa mais tramitar na Câmara de Brumadinho neste ano.
Contudo, continuamos na luta para sensibilizar o poder público - municipal,
estadual e federal - para a necessidade e viabilidade da instituição dessa
unidade de conservação na Serra da Moeda”, diz Ana Amélia Lage Martins, diretora
de comunicação da ONG.
O
Projeto de Lei Estadual no 1.630/2011, que cria o Monumento Natural Mãe D’Água,
de autoria do deputado estadual petista Rogério Correa (que recebeu 389 votos
em Brumadinho), está na Comissão de Constituição e Justiça. A expectativa dos
diretores da ONG é que até o final deste ano ele seja aprovado.
Para
a presidente da ONG Abrace a Serra da Moeda, Beatriz Vignolo, o movimento
é uma forma de mostrar a mobilização da sociedade em defesa de seu patrimônio.
“Hoje nós reivindicamos dos nossos representantes políticos a proteção da
biodiversidade da Serra da Moeda e, sobretudo a proteção de mais de 30
nascentes. Em tempos de preocupação com escassez da água, não podemos permitir
o esgotamento dessas nascentes, que ocorre após o rebaixamento do lençol
freático e na medida em que a cava da mina avança”, conclui.
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