Edição 158 –
Janeiro/2014
População é ignorada e o bairro COHAB continua alheio às
políticas públicas
Por Gibran Dias
Trânsito de caminhões das mineradoras
No
dia 16 de dezembro do ano passado, o atual prefeito de Brumadinho assinou o
Decreto 323, revogando o famoso Decreto 094/2011 – que determinava a não
circulação de caminhões das mineradoras na cidade, salvo exceções – ignorando
os mais de trezentos cidadãos das comunidades do Progresso e Cohab que
assinaram uma petição pública solicitando maior rigor com esta questão. De nada
adiantaram as faixas erguidas nos muros das casas, os textos publicados na
mídia local, o apelo de alguns vereadores da Câmara e a reportagem da Rede
Record em frente à Secretaria de Obras. O novo Decreto determina que os
caminhoneiros possam trafegar normalmente em Brumadinho, observados os
critérios estabelecidos em seu curto texto. Algumas vias foram “salvas” deste
ato, como as ruas Chicona e Itaguá. Mas o X da questão é a Avenida Inhotim e a
Estrada Conquistinha. Agora que estes caminhões podem transitar tranquilamente
nestas duas vias a situação parece ter piorado. Circulando em “comboio”, os
caminhões com placa de Congonhas, Itabirito e até mesmo do Espírito Santo e Rio
de Janeiro, vão deixando para traz poeira de minério, rachaduras nas casas e
ruas, barulho e muito incômodo pra quem vive ali. No ano em que o IPTU foi reduzido e algumas
propostas de melhorias no trânsito central da cidade estão sendo executadas,
centenas de moradores da Cohab e do Progresso respirarão um ar mais poluído,
enfrentarão mais sujeira e barulho dia e noite. Poderíamos considerar tais
atitudes da atual administração como um “balanço” no estilo “tira daqui e põe
ali”? Afinal, a permissão para o trânsito de caminhões das mineradoras nestas
principais vias – Inhotim e Conquistinha – seria uma compensação pelo aumento
dos alvarás pela exploração mineral? Não podemos afirmar, senão dizer que mais
de trezentos cidadãos foram ignorados e que esta questão não sairá da pauta
política e social tão cedo.
Bairro
Cohab continua alheio às ações do poder público
Logo
na entrada do bairro pó de minério e lixo disputam o mesmo espaço. Um pouco
mais adiante, na denominada “Praça da COHAB”, o esgoto é despejado in natura no pobre rio Manso e o cheiro
não é muito agradável. Existem seis pontos de ônibus circular na COHAB, mas
apenas um dispõe de um modesto banco de metal, quase ou nada coberto, que serve
para três pessoas se sentarem. Não podemos nos esquecer de que agora a Estrada
Conquistinha voltou a seu papel de via do minério e, por esse motivo, as casas
do bairro, seus muros e passeios estão ainda mais sujos de poeira do que de
costume. Não é estranho andar pelas ruas da COHAB e ver as janelas das casas
fechadas e seus moradores sufocados nos cômodos. Quem quer comer poeira? Um
pouco mais à frente, na Rua A, encontramos o CEU (Centro de Artes e Esportes
Unificados) com as obras paralisadas; situação que não mudou desde novembro de
2012. Mesmo assim, as crianças do bairro dão um jeito de jogarem futebol e
brincarem no campo Canelão que, acompanhando o ritmo do Centro de Artes e
Esportes Unificados, também está com as obras paralisadas. A sensação de
qualquer cidadão da COHAB preocupado com o meio onde vive é de desleixo,
esquecimento, falta de políticas públicas. Mas não podemos nos permitir que
isso nos coloque à mercê do desgosto, da revolta. Enquanto nada é feito, vamos
vivendo e pagando nossos impostos. Quem sabe essa cisma do poder público - em
deixar as coisas como estão - um dia acabe?
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