Edição 200 – Julho 2017
Editorial
2
Solidariedade
sim! Justiça, também.
Esta edição do Jornal de fato vai, possivelmente, desagradar a
muita gente. Talvez, às famílias daqueles que foram presos em julho, acusados
de participarem de um esquema de corrupção envolvendo transporte escolar;
talvez desagrade aos seus críticos, aqueles que se sentem perseguidos por eles.
Os primeiros podem se sentir chateados com a publicação da matéria a respeito;
os segundos podem se sentir chateados por estar esperando do Jornal de fato a
espetacularização, a manchete sensacionalista. Nada disso.
A hora não é de tripudiar em cima de ninguém. E nem fingir que
tudo é normal. Não é.
Por um lado, é importante a solidariedade às famílias dos
presos. É claro que nenhum pai, mãe, esposa, irmão ou irmã, filhos devem pagar
pelo erro do parente. É claro que ninguém acha graça em ter um parente preso,
sendo-lhe retirado o que há de mais importante nesta vida: a liberdade de ir e
vir. Por isso, não devemos comemorar, não é uma festa, é uma tragédia. Até
porque a corrupção é uma tragédia.
Por outro lado, não devemos ser ingênuos: num País em que a
Justiça ainda é apenas para os três “p”s (“Pobres, Putas e Pretos”), se alguém
foi preso preventivamente é porque a Justiça tem fortes razões para isso! Prova
disso foi o fato de os presos não terem conseguido a liberdade com o habeas
corpus impetrado. Além disso, entre os presos estão os chamados “laranjas”, de
quem o povo fala há muitos anos e já concluíam que eram apenas “laranjas”.
O fato é que, se se provar definitivamente a culpa dos
acusados, devem ser mantidos presos e devem pagar pelo erro cometido. Não é uma
questão de vingança pessoal ou coletiva, é uma questão de Justiça. Afinal, se
houve roubo de milhões de reais dos cofres públicos, esse dinheiro foi roubado
de toda a população. E o pior: foi roubado, especialmente, da população mais
pobre.
O dinheiro roubado é roubado da UPA, é o medicamento ausente na
farmácia do SUS, é o dinheiro da merenda das crianças, da Educação; é o
calçamento que falta numa rua, é a falta de moradia para quem vive de aluguel,
mudando daqui e dali, no sofrimento. O dinheiro roubado significa uma mãe que
chora com o filho doente nos braços esperando por uma consulta médica; é
dinheiro que poderia ser investido na geração de emprego. Por isso, quem rouba
deve ser preso, pagar pelo seu erro, aprender a não destruir a vida dos outros
mais pobres.
Por tudo isso, devemos ser solidários às famílias. Mas devemos
clamar por Justiça. Pessoas boas também cometem erros. Mas mesmo essas devem
pagar pelo erro que cometeram.
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