Edição 200 – Julho 2017
Justiça continua muito lenta
Caso de bebês trocados pelo Hospital
Municipal João Fernandes do Carmo há 39 anos continua sem solução
Não é
novidade que a Justiça no Brasil seja muito lenta. No entanto, a lentidão,
muitas vezes, é surpreendente. É o caso do Hospital Municipal que
trocou dois bebês. O caso continua sem
solução.
As famílias que tiveram as filhas
trocadas no Hospital Municipal João Fernandes do Carmo há 39 anos continuam
esperando decisão da Justiça sobre o processo de indenização. O caso foi
trazido à tona pela primeira vez pelo jornalista Valdir de Castro Oliveira no
programa De Olho na Notícia da extinta Rádio Inter FM e publicada pelo mesmo
jornalista do Jornal Tribuna do Paraopeba. Depois disso, a família de Maria
Marta, moradora do bairro do Carmo, participou do programa Brasil das Gerais da
TV Minas.
Na época, Maria Marta, mãe de Nilma
da Conceição, que foi trocada no hospital, declarou que a filha, assim como
Solimara Marly, que ela criou supondo ser sua filha verdadeira, foram realmente
trocadas. Exame de DNA feito na UFMG comprovara o fato. Maria Marta só conheceu
a filha verdadeira há pouco mais de oito anos.
Segundo Maria Marta, ela procurou o
Hospital João Fernandes do Carmo em busca de registro para apurar de quem era a
responsabilidade de trocas das crianças. Mas, na época, a direção do Hospital
informara que não mais tinha os registros solicitados. Além disso, foi
informada no Hospital que seria muito difícil obter tais documentos, pois a
época o hospital era particular e, depois de municipalizado, passara a ter
outras modalidades de registro.
No entanto as próprias certidões de
nascimento e o exame de DNA são a prova inconteste da negligência do Hospital a
época.
Onde estão as duas agora?
Hoje, Nilma da Conceição, a filha
“verdadeira”, já casada, mora na Grota da Cima, localidade no Município de
Bonfim. Os pais de Solimara Marly também moram em Bonfim, na localidade chamada
Fundão. Solimara Marly continua morando com sua mãe de criação, Maria Marta, no
bairro do Carmo, em Brumadinho.
Indenização
Quando participou do programa de TV,
Maria Marta recebera a informação de que as pessoas envolvidas teriam o total
direito de indenização por danos morais e que o caso ainda não prescrevera. A
informação foi dada por Pedro Aleixo Neto, um juiz da 6ª Vara da Família,
presente ao programa. Segundo o juiz, o caso prescreve 25 anos após o
conhecimento do fato. E a família só descobriu a menos de nove anos. O juiz
orientou Maria Marta a procurar a Defensoria Pública para dar entrada em
processo por danos morais, pois mesmo o Hospital sendo particular naquela
época, a responsabilidade é da pessoa jurídica.
Hospital e município se recusam a
indenizar
O ação na Justiça foi ajuizada há 10
anos atrás, contra a Brusocor – Brumadinho Socorro Médico Ltda -, empresa que à
época prestava serviços ao Hospital, e Prefeitura de Brumadinho. Segundo
informou à reportagem do de fato a mãe Maria Marta, em 2014 a Comarca de Brumadinho
deu ganho de causa a ela. Nossa reportagem entrou em contato com os advogados
que defendem as famílias, que explicaram que a Brusocor e Prefeitura se recusam
a fazer a indenização. Hospital e Prefeitura recorreram da decisão de primeira
instância, que “subiu” para a segunda instância, o Tribunal de Justiça de Minas
Gerais - TJMG. Mas as famílias também recorreram, com objetivo diferente. A
Justiça de Brumadinho mandou Prefeitura e Hospital indenizarem as famílias em
R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), divididos em 150 mil para cada família, 50
mil para pai, mãe e filha. Segundo os advogados, a família teria sofrido
grandes danos morais como a impossibilidade de convivência com os pais
biológicos, a meningite que atacou uma das crianças separadas quando tinha
poucos anos de idade deixando sequelas graves, e até um dos casamentos que
quase terminou quando se descobriu que uma filha não era filha biológica.
No dia 3 de maio de 2015, a TV
Bandeirante fez uma matéria sobre o assunto, que foi ao ar no programa Brasil
Urgente.
Julgamento no Tribunal de Justiça
No dia 5 de maio de 2015, o TJMG
julgaria os recursos apresentados mas o julgamento acabou não acontecendo. A
juíza relatora acatou a defesa do Município que argumentação que não deveria
ser condenado uma vez que o serviço fora repassado à Brusocor. A Defesa das
famílias argumentou que no contrato feito com a Brusocor, o Município também se
responsabilizava pelo Hospital, sendo, portanto, também, culpado da troca dos
bebês. Como outro desembargador pediu vistas do processo, o julgamento foi
adiado para o dia 2 de junho. Até hoje nada foi resolvido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário