Edição 205 – Janeiro 2018
Servidores
municipais se preparam para campanha salarial
Enquanto vereadores se deram 10% de aumento em 2017,
servidores estão há dois anos sem reajuste, não receberam prêmios devidos e nem
1/3 de férias. Além disso, Prefeitura desconta dinheiro dos servidores mas o
dinheiro não chega ao Sindicato
Servidores
Públicos Municipais se reuniram no último dia 11 de janeiro em assembleia. O
evento aconteceu na Câmara Municipal, no final de tarde. Em torno de 25
servidores estiveram presentes e discutiram sua situação na Prefeitura de
Brumadinho. Presente também Maria Celeste
de Miranda,
do Sind-UTE, subsede de Brumadinho e da Direção Estadual e três vereadores, Max
Barrão (PP), Caio Cesar de Assis Braga (PTB) e Alessandra
do Brumado (PPS). Mesmo vereadores que são servidores públicos, como Vanderlei
Xodó (PRB) e Renata Marília (PPS) não compareceram. Presente ainda uma
pessoa representando a FESEMPRE.
Os servidores
estavam dando início à sua campanha salarial deste ano. Além de estarem há dois
anos sem reajuste, os servidores passam por outros problemas, como a falta de
pagamento de vários benefícios.
Entre os benefícios
que a administração de Nenen da ASA (PV) não pagou estão o abono de R$ 100,00,
pelo Dia do Servidor e o 1/3 de férias. Não foram pagos também o prêmio de 30%
e as progressões na carreira . “Simplesmente estão rasgando o Estatuto”, disse
Aendson Caio, o Teco, Presidente do
SindBrum – Sindicato dos Servidores Públicos de Brumadinho.
Professores
Aendson Caio - Presidente do SindBrum |
Maria Celeste
lembrou que o piso dos professores também está há dois anos sem rejuste e que
nem cesta de natal receberam em 2017. “Nós precisamos realmente reagir em
relação a isso”, disse a sindicalista, que também chamou a atenção para a luta
contra a reforma da Previdência, falando da pouca participação dos
trabalhadores de Brumadinho. “Vocês têm que ir para a rua, se organizar, unir
forças”, convocou Celeste.
Já o Vereador Max
Barrão (PP) reclamou da postura da maioria dos vereadores, dizendo que há horas
em que “se envergonha” dos colegas que tentam impedir a fiscalização, e citou
vários indícios de corrupção no governo de Nenen da ASA (PV).
Alessandra do
Brumado (PPS), por sua vez, assumiu o compromisso de “chamar os sindicatos para
conversar quando tiver algum Projeto de Lei sobre os servidores”.
Pior gestão da
Prefeitura
“A pior gestão
que eu já vi em todos esses tempos em Brumadinho é essa”, disse Marcelo Galdino
da Silva, pintor, servidor da Secretaria de Obras. Quando falou sobre os
vereadores, que se deram um aumento de 10% em 2017, criando um
tíquete-alimentação, foi aplaudido pelos colegas servidores. O tíquete de R$
735,00 (setecentos e trinta e cinco reais) foi criado por propostas da
Presidente da Câmara, Alessandra do Brumado (PPS).
“Muitas coisas
que estão fazendo não é certo, não é certo mesmo”, continuou Marcelo,
referindo-se à Administração de Nenen da ASA (PV). “Precisamos colocar um ponto
final nessa bagunça que está acontecendo em Brumadinho. Eu só quero justiça!
Quando o prefeito precisou de mim, ele bateu na minha porta. Cadê ele?”,
questionou.
Marcelo Galdino da Silva: "Eu nem sei quem ele é", referindo-se ao Secretário de Obras, Cid Barcelos, irmão do Prefeito, que, segundo Marcelo, nunca é visto no trabalho |
Segundo
Galdino, o Secretário de Obras, Cid Barcelos (PSDB), só foi visto por ele uma vez
na Secretaria. “Eu nem sei quem ele é. Tem que cortar o dia dele! Ele é melhor
do que eu?”, questionou, quando foi aplaudido de pé. Cid Barcelos assumiu a
Secretaria em agosto, depois que o então Secretário de Obras, Daniel Hilário de Lima Freitas,
foi preso, acusado de ser “laranja” da empresa BK Transportes (Barcelos e Karam
Transportes). Daniel de Freitas foi preso no dia 17 de julho e só foi exonerado
no dia 29 de agosto, 44 dias depois. A Prefeitura não informou se o
ex-secretário recebeu os salários de julho e agosto sem ter ido ao trabalho.
“É melhor
morrer tentando do que se entregar”, disse Marcelo Galdino no final de seu
discurso.
Outro
servidor bastante indignado era Arthur Diego do Nascimento. Questionado por
nossa reportagem sobre o que ele achava que deveria acontecer para que a
campanha salarial dê certo, respondeu: “Uma greve, paralisação. Porque, sem
isso, vão empurrar com a barriga. Só vai mudar quando os servidores reagirem a
e mostrarem que estão dispostos a fazer mudanças.”
Já na opinião do
Presidente da entidade, “ter diálogo com a prefeitura” é a saída. “Talvez
recorrer à greve”, completou ele. Apesar dos servidores da Saúde, a segunda
maior secretaria não terem participado, Caio disse que seriam procurados para
se incorporarem à luta.
“Apropriação indébita”
Se você, caro leitor, pegar o dinheiro que
pertence a uma pessoa e ficar com esse dinheiro, de que será chamado? Essa
palavra que você, leitor, provavelmente pensou, muitas vezes recebe um nome
diferente: “Apropriação indébita”. É o que o prefeito de Brumadinho, Nenen da
ASA (PV) está fazendo, segundo está registrado no site da FESEMPRE. Diz o site,
acessado no dia 18 de janeiro deste ano (http://www.fesempre.org.br/00,INT-NOTICIA40341990,00.html):
“Durante a visita
dos assessores da Fesempre ao município de Brumadinho, houve
ainda uma segunda reunião. Essa com a presença do procurador-geral do
Município, João Batista e o secretário de Administração, Flávio Capteville. O
debate girou em torno do repasse da Contribuição Sindical 2017. Segundo os
dirigentes do SindBrum, a Contribuição foi descontada dos servidores, porém não
foi repassada para o sindicato.
‘Conversamos com
o procurador e o secretário e deixamos claro que o objetivo do sindicato não é
trazer prejuízos ao Município, mas apenas, receber o valor que é de direito. A
retenção desse recurso pode se caracterizar em apropriação indébita (...)’,
disse o assessor sindical da Fesempre,
Afonso Donizeti.”
Em resumo: o
dinheiro saiu dos salários dos servidores e deveria chegar ao Sindicato. Mas
não chegou.
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