Edição 134-Fevereiro/2012
Vereadores
Zezé do Picolé e Fernando Japão, do partido de Nenen da ASA, são investigados
por MP
Zezé do Picolé, acusado, dentre outras, de beneficiar sua própria família; e Fernando Japão, que teria usado um celular corporativo |
Os
vereadores José
de Figueiredo Nem Neto, o Zezé do Picolé (PV) e Fernando
Japão (PV) (ambos do partido do prefeito Nenen da ASA, o Partido Verde, PV)
estão sendo investigados pelo Ministério Público de Minas Gerais. Segundo informou
Maria Alice Alvim Costa Teixeira, titular da 2ª Promotora de Justiça da Comarca
de Brumadinho, 3 Inquéritos Civis Públicos foram abertos para apurar acusações
contra os dois e outros servidores do Poder Legislativo Municipal.
O
Inquérito Civil Público – ICP – nº 0090.12.000003-0 apura não apenas denúncias
contra vereadores mas também contra servidores do Legislativo.
Já
o Inquérito Civil Público – ICP – nº 0090.12.000005-5 apura denúncias de “uso
indevido de veículos da Câmara Municipal de Vereadores de Brumadinho para fins
particulares”. O inquérito nº 0090.12.000004-8 apura denúncias de
disponibilização de celular corporativo aos vereadores Fernando Japão (PV),
“sem supedâneo legal”, afirma a Promotora de Justiça Maria Alice Alvim. A Promotora baseou-se nas denúncias
apresentadas a ela pelo ex-Secretário
Geral da Câmara, Cláudio Augusto Teixeira, em fevereiro de 2011.
É
a segunda vez que o MP instaura inquéritos contra vereadores. De outra vez, o
inquérito, quer exultou num processo, foi contra o ex-presidente da Câmara,
Antônio dos Santos Vieira, o atual vice-prefeito de Nenen da ASA, Toninho da
Rifel. Toninho foi processado e tornado ilegível, ficando impedido de disputar
eleições neste ano. No entanto, inquérito contra outros vereadores que não
fossem presidente da Câmara, é a primeira vez na história de Brumadinho.
Para
entender o caso
Em 10 de fevereiro de 2011, o ex-Secretário Geral
da Câmara, Cláudio Teixeira, foi até o Legislativo numa sessão do Plenário e
apresentou uma série de denúncias contra José de
Figueiredo Nem Neto, o Zezé do Picolé (PV), ex-presidente do Legislativo
Municipal e seu ex-chefe. Teixeira acusou Zezé do Picolé (PV) de improbidade
administrativa, ou seja, praticar crimes administrativos, agir em desacordo com
as leis no exercício de cargo público. Uma das acusações contra Zezé do Picolé
(PV) é a de que ele teria contratado por várias vezes o Buffet Cristina Maciel,
empresa de propriedade de sua irmã, Cristina Maciel, que, segundo Teixeira,
seria “casada” (manteria “união estável”) com Valdemar Barcelos Júnior, o
Juninho, irmão do prefeito Nenen da ASA (PV).
Outra
irregularidade que teria sido cometida por Zezé do Picolé (PV) teria sido a
disponibilização, “sem qualquer
amparo legal”, de um aparelho celular corporativo e respectiva linha para o vereador Fernando Japão, tarefa cumprida pela
servidora Daniele Rose Barcelos, sobrinha do prefeito Nenen da ASA (PV).
Outra acusação séria que Cláudio faz ao
ex-presidente da Câmara, Zezé do Picolé (PV), foi a de permitir o uso indevido
dos veículos do legislativo municipal. “A utilização
irregular de veículo da Câmara Municipal de Brumadinho era rotineira por parte
do presidente”, garantiu o denunciante. A esposa de Zezé do Picolé teria sido
levada inclusive em Alfenas, aproximadamente 640 Km de distância de Brumadinho,
ida e vinda. A viagem seria para a esposa de Zezé do Picolé (PV) visitar os
parentes. E o servidor teria recebido “diárias e reembolso de despesas por esta
viagem.”
Ainda faziam parte
do pacote de acusações de contratações ilegais levadas a cabo pelo
ex-presidente da Câmara, José de Figueiredo Nem Neto, o Zezé do Picolé (PV),
como a da sobrinha do prefeito Nenen da ASA (PV), Daniele Rose Barcelos.
CPI acusou Zezé do Picolé (PV) de
chefiar “esquema criminoso” na Câmara
Uma CPI - Comissão
Parlamentar de Inquérito – foi aberta na Câmara, apurou as denúncias e concluiu
que Zezé do Picolé agiu diversas vezes de forma “criminosa” e “imoral”. O Relatório
Final pediu indiciamento e abertura de processo de cassação de Zezé do Picolé
(PV); indiciamento da sobrinha do prefeito Nenen da ASA (PV), Daniele Rose
Barcelos; devolução de dinheiro aos cofres públicos pelo ex-presidente e pelo
vereador Fernando Japão (PV).
A CPI apontou como
principal beneficiada pelo “esquema criminoso” a irmã do ex-presidente Zezé do
Picolé (PV), Cristina Maciel. De acordo com o “Relatório Final”, o
esquema criminoso consistia em enviar “carta-convite (sem atender ao que
prescreve a Lei 8.666/93) a três empresas para participarem de concorrência
pública de prestação de serviços de buffet.” Entre essas empresas, estaria uma
empresa-fantasma, “Vilma Festas e Decorações” e uma empresa de autopeças, Maxi
Qualifield Ltda – do mesmo grupo da Max Peças, que montou uma loja na avenida
do Bananal depois que Nenen da Asa (PV) venceu as eleições. Nota fiscal de uma
padaria teria sido emitida “nas dependências da Câmara
Municipal de Brumadinho, quando o talonário de notas estava na posse da Senhora
Cristina Maciel”.
Segundo
a CPI, mesmo
quando o Buffet Cristina Maciel apresentava maiores preços, e havia “orçamentos
contrários ao que determina a lei”, e outra empresa “ganhava” a concorrência,
era sempre o Buffet Cristina Maciel que prestava o serviço. Carta-convite enviada
a empresa não especificava “itens com quantidade e qualidade”, o que é ilegal
de acordo com a Lei das Licitações, 8.666. A CPI concluiu que havia um “’Esquema
criminoso’ para o Buffet Cristina Maciel ganhar a licitação”
Segundo as
conclusões da CPI, “a má utilização, a fraude, e o abuso de poder (de Zezé do Picolé) restaram incontestes”,
resultando “no enriquecimento ilícito da irmã do ex-presidente e de outros
particulares”. O Relatório concluiu que o Buffet Cristina Maciel usou as
empresas Helena Karam Amorim – ME e Maxi Qualifield de maneira “previamente
combinada e criminosa” para dar “formato de legalidade ao certame e à prestação
de serviços”, no esquema criminoso de favorecimento comandado por Zezé do
Picolé, irmão de Cristina.
Telefone corporativo usado por
Fernando Japão e uso de veículos oficiais
“Ficou
comprovada a indevida utilização de aparelho celular corporativo pelo Vereador
Fernando Japão (PV), no ano de 2009, disponibilizado por Daniele Rose Barcelos,
e custeado por dinheiro público”, disse o Relatório.
Em
seu depoimento à CPI, o ex-servidor Júnior José Mendes, o Juninho do Brumado (também,
do Partido de Nenen da ASA, o PV), admitiu que praticara irregularidades
transportando pessoas com os veículos da Câmara, inclusive outros
vereadores e o próprio secretário geral
da Câmara.
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