Edição 139-julho/2012
Ameaças
sofridas pelo Editor do fato
Inquérito policial
apura crime
Marca do 2º tiro dado na residência do Editor, Reinaldo Fernandes |
Continua em andamento o inquérito policial aberto
na Delegacia de Polícia de Brumadinho que investiga os atentados sofridos pelo
editor do jornal de fato, Reinaldo Fernandes, e sua família em 16 de maio e 10 de junho deste ano. O Editor e
sua família foram atacados com tiros e pedradas em sua residência. O Editor
acionou diversas entidades e o atentado foi denunciado em Brumadinho, Minas e
no Brasil. O Ministério
Púbico Estadual, após reunião com o Editor, colheu seu depoimento e determinou
ao Delegado de Polícia, Dr. Otávio Luiz de Carvalho, que o inquérito policial
que investiga o atentado seja concluído em no máximo 90 dias. O caso deve será
acompanhado pelo promotor Dr. William Garcia Pinto Coelho, que exerce também o cargo de Controle
Externo da Polícia Civil.
No dia 10 de julho, um mês depois
do último crime, Reinaldo Fernandes e sua esposa participaram de um depoimento
na Delegacia de Polícia, quando os suspeitos dos atentados foram apontados,
considerando ameaças sofridas anteriormente pelo Editor e pelo jornal de
fato.
Solidariedade e defesa da liberdade de
imprensa
“Recebemos dezenas e dezenas de telefonemas,
e-mails e mensagens de solidariedade”, relatou Reinaldo Fernandes. Além das
pessoas em particular, o jornal Tribuna da ASMAP tratou do assunto por duas
vezes seguidas em suas páginas. Na edição de nº 75, junho de 2012, trouxe uma
matéria relatando os acontecimentos, mas foi além. Em contundente editorial, o
jornalista e Editor do Tribuna, Valdir de Castro Oliveira, condenou os
atentados, acusando os criminosos de “despreparados”, e lembrando que eles,
atentando contra o jornal de fato, ofendem “precipuamente, um
dos princípios da convivência coletiva democrática que é a liberdade de
imprensa como contrapeso a qualquer forma de poder absoluto.” "Significa que quem fez isto não é
apenas um fora-da-lei, mas também pessoa (ou pessoas) mentalmente despreparada
para contra-argumentar ou para exercer o princípio do contraditório requerido
pela sociedade democrática. Ou pessoas que tem algo a esconder que não pode ser
desvelado pelas luzes da imprensa e nem da lei. Daí também que temos de
considerar este atentado como um ato que ofende, precipuamente, um dos
princípios da convivência coletiva democrática que é a liberdade de imprensa
como contrapeso a qualquer forma de poder absoluto”, registrou o Editor do
Tribuna, indo mais fundo na questão: “Ora,
na sociedade democrática, o melhor contrapeso diante da tendência absolutista
do poder, é a imprensa plural, como uma espécie de poder moderador. E a
história política do Brasil tem mostrado de como ela tem contribuído para
mostrar desmandos e malfeitos daqui e dali. E isto incomoda todo detentor de
poder com tendências absolutistas ou de pessoas despreparadas para o convívio
democrático ligadas ou não ao poder público ou privado."
O jornal de fato agradece
O jornal de fato agradece ao Tribuna
da ASMAP pela solidariedade e posicionamento político a favor da liberdade de
imprensa e de expressão. “É muito importante saber que não estamos sozinhos na
defesa das liberdades fundamentais e na mais fundamental delas que o direito
constitucional de pensar e de expressar nossos pensamentos”, ressalta Reinaldo
Fernandes. “Valdir escreveu um texto contundente, se posicionando claramente,
mostrando que a defesa da liberdade de imprensa não pode ser uma questão de
oportunismo, que a gente só deve defender na hora que nos interessa”,
completou.
Estranho silêncio dos demais
meios de comunicação de Brumadinho
Em sua nova edição, a de nº 76,
julho/2012, o jornal Tribuna da ASMAP voltou a tratar dos atentados, cobrando
“que tão logo as autoridades tenham algo de concreto a respeito deste caso, que
comuniquem à população tanto para tranquiliza-la quanto para resguardar a
liberdade de imprensa, um dos pilares de nossa democracia que, não obstante
seus defeitos, ainda é a melhor forma de governo que temos.”
Por outro lado, causa estranheza
o perigoso silêncio dos demais meios de comunicação de Brumadinho. O jornal Circuito
Notícias não gastou uma linha sequer no assunto. O Folha de Casa Branca, do
editor Renato Quintino, também ignorou
as pedradas e os tiros que alvejaram a casa do Editor do jornal de fato. Outro
veículo que se manteve perigosamente mudo foi a Rádio Regional, ex-Inter FM.
Lideranças políticas, da situação
ou da chamada oposição, também mantiveram um estranho silêncio. A manifestação
pública ficou reduzida praticamente ao vereador Itamar Franco.
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