Edição 161 – Abril/2014
Editorial
Saudades
de mamãe! Bênça, mãe!
Não tenho Mãe. Quando a perdi, tinha vinte
anos. Mas quando chegar o Dia das Mães,
não vou chorar. Sei que sentirei saudades, como tenho sentido desde sempre. No
entanto, é uma saudade boa, reconfortante, uma saudade alegre. Se ela estivesse
aqui, não lhe daria presentes, pois tenho birra desse negócio de transformar
todas as datas importantes em presentes, presentes, presentes... faria, com
certeza, como faço com a mãe de meus filhos: a gente sai juntos - eu e meus
filhos -, pelos bairros de Lourdes e Silva Prado, colhe flores do campo,
fazemos um bouquet e lhe damos de presente, acompanhado de um belo cartão que a
gente faz sem comprar em lojas.
A saudade alegre que sinto de minha mãe é
de tudo que ela me ensinou. Devo a ela a Educação, a formal e a informal, que
eu tenho. Ensinou - a mim e a todos os meus 6 irmãos dos 9 que ela gerou - a
lavar, passar, cozer, lavar vasilhas e a cozinhar - ainda que o trivial, como
dizem por aí. Certo é que me sei virar sozinho, e devo isso a ela. Se não
tínhamos o que comer, dizia-nos para ir dormir que a fome passava. Era mentira!
Mas o que importa isso? Era a forma que ela inventou de matar nossa fome. Mas
se tínhamos pouco o que comer, primeiro éramos nós, depois ela, se sobrasse.
O que mais aprendi com ela foram os
ensinamentos para a vida. Lia, pouco e devagar, quase nada, mas era de uma
sabedoria! "Cachorro não é capado por gosto". Nunca entendi o “cachorro”
mas aprendi que a gente tem fazer o que é preciso e não o que quer apenas. Não
sei como que uma pessoa como ela, que não frequentou bancos de escola, sabia
tantos provérbios com tanta sabedoria. Mas sabia!
Sempre foi “braba”, e graças a Deus que
tenha sido! Nos ensinou ética, a ir à igreja, a arrumar nossa cama, a respeitar
o próximo e os mais velhos, a pedir “bênça”.
Nos mostrou o que é “amar alguém além de
nós mesmos”. Porque é esse o significado de ser mãe: amar os filhos além de si
mesma; mudar os piores defeitos para dar melhores exemplos; aprender a ter
coragem - como nos ensina José Saramago.
Neste Dia das Mães, é isso que desejo: que
todas as mães amem seus filhos, que deem bons exemplos, e que tenham
coragem.
Eu, de minha parte, vou ficar com a
saudade. Bênça, mãe!
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