Edição 168 – Outubro
Editorial
Abaixo
o amigo-oculto! Viva a Solidariedade!
Vem aí mais um
Natal. Gosto do Natal, esse clima mais ameno, esses dias de chuva. Acho que as
pessoas ficam mais leves, há um quê de coisa boa no ar. “Love is in the air”. E
o fim de ano chegando, feriados, recessos e até férias escolares e para os pais
professores. Os amigos que moram fora e vêm passar o Natal com a família e a
gente pode rever, abraçar, beijar, matar um pouco de saudades.
O que me incomoda
é o tal do “amigo-oculto”. Ora, se é amigo “oculto” já não deve ser grandes
coisas. Fosse bom, seria claro, transparente, eu até já saberia que é meu
amigo, não ficaria escondido, oculto! Alguns são tão ocultos que a gente nem
sabe o que comprar, são só colegas de trabalho, isso quando não são só o amigo
do colega de trabalho que foi convidado para entrar no tal amigo–oculto. E os
tais são infindáveis! Tem o do pessoal da empresa, tem o da escola, o da outra
escola, o da igreja, o da turma do 3º andar, o do pessoal da pelada. Ah, e
ainda tem o da família! Esse nunca falha!!
Acho o fim da
picada, não apenas os amigos-ocultos, mas essa onda de transformar o Natal –
nascimento de Jesus Cristo – em puro consumismo, em presentes, presentes,
presentes, comilança, comilança, comilança.
Algumas vezes
tentei mudá-los: “Vamos fazer assim, gente: a gente dá o que tiver, sem ter que
enfrentar as lojas cheias, algo mais simbólico, pode ser alguma coisa que a
gente crie, uma poesia, por exemplo, uma flor.” Não convenci ninguém!
Eu, da minha
parte, tento resistir às pressões – que são muitas – e não entrar nos amigos-ocultos.
Mas confesso que tenho perdido as batalhas: me chamam de chato, me acusam de
estar atrapalhando a festa da família. No fim, acabam eles mesmos tirando pra
mim o tal do “papelzinho” – bom, agora tem a versão internet também, a gente
nem precisa se reunir para sortear os papeizinhos. Depois, eles mesmos compram
o presente que tenho a obrigação de dar, e tudo acaba bem na Ceia de Natal,
regada com muita cerveja (engraçado é que me ensinaram, quando eu era criança,
que Jesus Cristinho nem casa tinha, que nasceu no meio de animais, num negócio
chamado “manjedoura”...).
Mas esse negócio
de amigo-oculto é só desculpa para eu fazer um convite a vocês: que tal fazer
um Natal diferente, sem presentes? Ou melhor, mudando o endereço dos presentes?
Funciona assim: ao invés de a gente entrar na onda do consumismo, do presente,
presente, presente, a gente faz diferente: pega a grana que ia gastar com os
amigos e familiares e doa para alguém que realmente precisa! Sabiam que tem gente que realmente precisa de receber “presentes” neste Natal? Pois é, essas
pessoas existem.
Existem várias
campanhas legais de solidariedade feitas em Brumadinho. Algumas muito
interessantes. Uma delas é desenvolvida por um grupo de pessoas muito amorosas:
o sociólogo Guilherme Rodrigues, João Paulo Rodrigues, Felippe de Deus, Breno
Gonçalves, Antônio Maia, Luiz Henrique
Orione, Felipe Nunes, Fernando Vinícius, Camila Montevechi e mais um bando de
gente boa. Eles preparam um Kit com guloseimas, brinquedos, material de higiene
bucal, material escolar e livros para entregar a crianças carentes,
especialmente no interior de nosso Município. Sim, eles doam livros! É o que
mais me empolga!
Ao doar livros, a
turma de Guilherme doa esperança, doa sabedoria, doa perspectiva de vida, doa
censo crítico. Doa Educação. Doa
revolução. Sim, os livros são revolucionários! “A leitura é uma herança maior
do que qualquer diploma”, “os livros têm o poder de iluminar uma vida.” Livros
libertam! Inclusive da pobreza! Assim, se não hoje, se não neste Natal, mas nos
próximos natais, essas crianças podem ter uma condição sócio-econômica muito
melhor. “Palavras e
ideias podem mudar o mundo.”
![]() |
Reinaldo Fernandes
Editor
|
O nome da
campanha é “Natal feliz para mais crianças”, no facebook; e a conta corrente
para depósito é 21156-7, Ag
3610-2, do Banco do Brasil, em nome de Guilherme
Alberto Rodrigues Araújo CPF 058.493.336-30. Ou podem
colaborar com qualquer outra boa campanha. A intenção é dar um bom exemplo para
nossos amigos, nossos filhos, especialmente. E a gente rompe com nosso mundinho,
olhamos em volta, e vemos que existem os outros, os que não terão a mesa tão
farta quanto a nossa, os que não terão uma árvore na sala, cheia de embrulhos,
os que, muitas vezes, além de não ter árvore, não têm nem mesmo a sala.
E ainda podemos
terminar esse nosso Natal Diferente de uma forma bem legal: a gente pega as
fotos da campanha com a qual colaboramos, fazemos umas cópias, e, no ano que
vem, faz árvore de Natal bem bonita, com essas fotos penduradas e nos
lembrando: cara, você fez a coisa certa!
Feliz Natal para
todos!
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