Edição 170 –
Janeiro
Crise da
Água
Devastação e
interesses privados marcaram gestão das águas nos últimos governos
Um comunicado da diretoria da
Companhia de Saneamento do Estado de Minas Gerais (COPASA) assustou a população
mineira. Segundo a presidente da estatal, Sinara Meireles, existe um risco real
de desabastecimento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e
em cidades de outras regiões do Estado. A crise revela o descaso dos últimos
governos com a gestão das águas mineiras, executada de maneira irresponsável,
voltada para interesses privados e fora das vistas da população.
O Sistema Paraopeba, que
abastece a RMBH e é composto pelos reservatórios Serra Azul, Rio Manso e Vargem
das Flores, está operando atualmente com 30,25% de sua capacidade. Dos três
reservatórios, o que apresenta a pior condição é o Sistema Serra Azul, que
atualmente está com apenas 5,73% de seu volume, praticamente já operando em seu
volume morto. Já o sistema Vargem das Flores apresenta capacidade atual de
28,31% e o sistema Rio Manso, 45,06%.
O relatório, apresentado pela
Copasa e elaborado em caráter de emergência por determinação do governador
Fernando Pimentel (PT), também deixa claro que o governo anterior tinha
conhecimento da situação, mas não tomou medidas necessárias para evitar o
comprometimento do abastecimento. Mesmo com a estiagem prolongada na Região
Metropolitana de Belo Horizonte, o governo de Anastasia (PSDB) optou por manter
a distribuição de água para a população em níveis estáveis nos últimos dois
anos.
A gestão neoliberal das águas,
com investimento nas Parcerias Público-Privadas (PPP’s) e passe livre para a
exploração minerária não é um modelo sustentável e que possa levar a uma
solução para a crise hídrica em que nosso estado se encontra.
Gestão neoliberal das águas de
Minas
A Copasa tem capacidade técnica
e financeira para ampliar e operar o sistema, sem necessidade de entregá-lo à
iniciativa privada. Mas ainda assim, a ganância e o desejo de atender à demanda
do empresariado prevaleceram durante os governos tucanos. O lobby de empresas
mineradoras como a Sul Americana de Metais (SAM), a Anglo American e a Ferrous
e suas ligações escusas com os últimos governos foram elementos preponderantes
nas decisões acerca da gestão das águas. (Veja matéria nesta dição sobre os
minerodutos)
Agravando ainda mais a
situação, Minas Gerais é hoje o estado pentacampeão em desmatamento da Mata
Atlântica, com 8.347 hectares devastados. Segundo o Ministério Público
Estadual, os maiores desmatadores são os proprietários de grandes áreas, que
investem alto em projetos agrícolas de monocultura. E que desmatam com
autorizações concedidas pelo próprio governo estadual.
A Copasa conclama agora a
população para uma redução de 30% no consumo da água em Minas Gerais. Após 12
anos de desperdício institucionalizado e opções que arrastaram a população para
a atual crise, caberá ao atual governo encontrar uma solução viável. Mais uma
surpresa da herança maldita que cai no colo do povo mineiro.
Projeto do deputado Rogério Correia transformou Vargem das Flores
em Área de Proteção Ambiental
Atualmente com apenas 29% da
sua capacidade de abastecimento, a represa de Vargem das Flores desde 2006 é
considerada Área de Proteção Ambiental, graças à Lei 16.197, de autoria do
deputado Rogério Correia (234 votos em Brumadinho na última eleição). A bacia
hidrográfica é responsável pela produção de 15% da água consumida pela Região
Metropolitana de BH, beneficiando cerca de 700 mil habitantes.
Desde 2003, época em que foi
criado o projeto de lei para instalação da APA, a preservação da capacidade de
abastecimento de Vargem das Flores já era motivo de preocupação. O PL de
Rogério Correia já trazia como objetivo a proteção e a conservação dos sistemas
naturais essenciais à biodiversidade, especialmente dos recursos hídricos
afluentes ao reservatório.
Legenda: Relatório apresentado pela
Copasa por determinação do governador Fernando Pimentel deixa claro que o
governo anterior não tomou medidas necessárias para evitar o comprometimento do
abastecimento de água
Edição 170 –
Janeiro
Crise da Água
Prefeitura mente ao
emitir Decreto; MP manda voltar atrás
Ministério
Público recomenda ao Prefeito que anule o Decreto que reduziu a área do
Monumento Natural da Mãe D' água
O Ministério
Público de Minas Gerais expediu, no último dia 15 de janeiro, “Recomendação” ao
Prefeito Antônio Brandão (PSDB) para que anule o Decreto 138/2013 que reduziu a
área do Monumento Natural da Mãe d’água, localizado em Brumadinho-MG. A
Recomendação decorre de inquérito civil público instaurado após denúncia da ONG
Abrace a Serra da Moeda de que o Decreto viola a legislação ambiental e a
Constituição da República.
O Prefeito de
Brumadinho e seus secretários municipais justificaram a diminuição da área sob
o argumento de que o Monumento Natural criado invadiria outros municípios. No
entanto, o MP percebeu, após laudo técnico, que a informação era mentirosa, uma
vez que o Monumento está todo dentro de Brumadinho.
Caso a Prefeitura
de Brumadinho não acate a recomendação, o MP poderá ajuizar ação civil pública
para retomar os limites originais da Unidade de Conservação e o Prefeito deverá
responder a processo na Justiça.
“A medida adotada
pelo Ministério Público é mais uma vitória que decorre do árduo trabalho da
sociedade civil organizada na defesa dos mananciais hídricos da região
metropolitana de Belo Horizonte. Em tempos de escassez de água, a preocupação
com a preservação das nascentes deveria ser prioridade das autoridades
públicas”, declarou a ONG Abrace a Serra da Moeda.
No documento
enviado ao Prefeito, os promotores Weber Augusto Rabelo Vasconcelos, da
Curadoria do Meio Ambiente da Comarca de Brumadinho; e Mauro da Fonseca
Ellovitch, Coordenador das Promotorias de Defesa do Meio Ambiente da Bacia dos
Rios da Velha e do Paraopeba, argumentam que constataram pelo Inquérito que o
Decreto 138 reduziu em quase 100 (cem) hectares a área protegida “que se
encontrava completamente em Brumadinho”. Lembraram os promotores que na área
reduzida ha “importantes áreas de recarga e armazenamento de água”. Ainda de
acordo com o MP, “a garantia da quantidade e qualidade dos recursos hídricos de
duas das principais nascentes da região (Mãe d’Água e Capitão Valente) dependem
fundamentalmente da proteção do sistema geológico responsável pela recarga e
armazenamento hídrico, que se estenderiam ao longo das partes mais altas da
Serra da Moeda (...) e que a exclusão de tais áreas da Unidade de conservação
poderá prejudicar a adequada proteção das nascentes da região.”
Sob a ameaça de
abrir processo contra o Prefeito, os promotores terminaram seu documento
recomendando ao Chefe do executivo que “anule o Decreto Municipal 138/2013 em
razão de ser ilegal a redução” que foi feita por decreto e não por lei
específica. Recomendou, ainda, que “a definição da zona de Amortecimento do
monumento Natural Mãe d’Água seja feita no Plano de Manejo ou subsidiada por
outro estudo técnico que estabeleça a área necessária para minimizar os
impactos negativos sobre a Unidade de Conservação.”
Ex-Secretário
denuncia pressões de mineradora e outros
Ao saber da
decisão do MP, o ex- Secretario Municipal de Planejamento e Coordenação, José
Luiz Bones, enviou mensagem de e-mail ao jornal de fato, onde ele denuncia as
pressões que teria sofrido na época em que o Decreto foi mudado, com as
alegações mentirosas da Prefeitura. “Havia um decreto (087/2012) editado pela
administração anterior que criava o Monumento, porém com dimensões muito
acanhadas e sem embasamento técnico e jurídico plausível. Como Secretário,
redigi e apresentei ao Prefeito um novo decreto (059/2013) ampliando
significativamente as dimensões do Monumento e embasando sua criação e
funcionamento em rigoroso estudo técnico realizado pela Assembleia Legislativa
de MG e nos anais de audiência pública específica realizada pela Câmara
Municipal”, explicou o ex-Secretário.
Pressões de
Secretários, mineradoras e empreendedores imobiliários
“Logo após a
publicação desse decreto 087/2012, comecei a sofrer todo tipo de pressões,
lícitas e ilícitas, para editar novo decreto, pois o diploma legal foi
considerado como contrário aos interesses da mineradora Ferrous”, continuou
Bones. Segundo ele, os “executivos” dessa empresa, assim que tomaram ciência do
decreto, não mais lhe deram trégua. “Fui pressionado por essa empresa por meses
à fio, através do partido político ao qual eu estava filiado na época, através
de Secretários Municipais (um deles chegou a correr em Nova Lima, Itabirito e
Moeda para conseguir declarações furadas, sem fundamento jurídico, das
respectivas Prefeituras), através de empreendedores imobiliários com interesses
na região e até através de um subsecretário do Estado de MG”, conta. “Minha
saúde declinou, minha vida virou um inferno. Mesmo assim, fui contra a edição
do decreto 138/2013 e lutei com todas as minhas forças até que, estranhamente,
fui ameaçado diversas vezes, pelo mentor de uma organização baseada no
município e que supostamente é grande defensora do meio-ambiente”, completou, dizendo
que “alguns meses depois” deixou o Governo Municipal. Segundo Bones, 77% de nossos impostos seriam oriundos de mineração e correlatos, mas “em nosso
município, mineração, infelizmente, ainda é sinônimo de devastação, sonegação e
corrupção”, concluiu Bones.
O jornal de fato
conversou com o ex-secretário e lhe perguntou quem eram os secretários
municipais e o sub-secretário envolvidos nas pressões que sofreu e qual ou
quais eram as mineradoras que sonegam impostos em Brumadinho. Bones disse que
só citaria nomes no Ministério Público ou na Justiça. Quanto à sonegação,
limitou-se a dizer que “todas
sonegam, algo perto de 90%”, e que o “desenho” da sonegação é bastante
complexo, envolvendo “a lei 2024/2013 e o Decreto 20/2014, que não estão sendo
cumpridos pela administração municipal, além do DNPM” – Departamento Nacional
de Produção Mineral.
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Crise da Água
Como economizar
Durante 12 anos,
o estado de Minas Gerais viveu sob censura da imprensa. A censura foi imposta
pelo grupo do ex-governador Aécio Neves (PSDB) que impedia veiculação de
qualquer matéria que desabonasse o Governo. O resultado nefasto dessa censura
começa a ficar mais visível agora para toda a população. Enquanto a população
de São Paulo e o Brasil inteiro sabiam da crise da água naquele estado, por
aqui todos achavam que tudo estava bem. As informações das últimas semanas,
trazidas às claras pelo novo Governo do Estado mostram que a situação de Minas
é muito preocupante.
O Sistema
Paraopeba, que abastece a RMBH e é composto pelos reservatórios Serra Azul, Rio
Manso e Vargem das Flores, está operando atualmente com 30,25% de sua
capacidade. Dos três reservatórios, o que apresenta a pior condição é o Sistema
Serra Azul, que atualmente está com apenas 5,73% de seu volume, praticamente já
operando em seu volume morto. Já o sistema Vargem das Flores apresenta
capacidade atual de 28,31% e o sistema Rio Manso é o em melhores condições,
45,06%. Para se ter ideia do tamanho do problema, basta lembrar que, há apenas
dois anos atrás, janeiro de 2013, o Sistema Rio Manso apresentava capacidade de
100%.
Buscando soluções
emergenciais, o governador Fernando Pimentel (PT) ordenou à COPASA que
providencie um estudo para ver a viabilidade de se transportar água do Rio
Paraopeba para a Represa do Sistema Rio Manso, em Brumadinho. O Governador
esteve também reunido com a Presidenta Dilma Rousseff (PT), que se colocou à
disposição para ajudar Minas Gerais, liberando recursos para obras.
Agora, a palavra
de ordem é economizar. Todos precisam colaborar. Vinte e dois por cento (22%)
da água doce do planeta é gasto no consumo industrial e apenas 8% no consumo
humano. Enquanto se espera que o Governo exija economia também da agricultura,
especialmente a do agronegócio; das mineradoras e da indústria, o jornal de
fato traz uma série de dicas de como a população pode economizar a ajudar o
Estado a não ter que fazer revezamento ou passar pelas péssimas situações de falta
de água como já vem acontecendo em inúmeras outras regiões do sudeste. São
pequenas ações, mas que, praticadas por todos, representam economia de bilhões
de litros de água todo dia. São 10 dicas
para economizarmos água... antes que ela acabe de vez!
1. Tome banhos curtos:
Fique menos tempo no banho! Se cada
brasileiro diminuísse um minuto de seu banho diariamente, a energia economizada
em um ano seria equivalente a 15 dias de operação da usina de Itaipu, e se os
moradores de São Paulo economizassem 5 minutos desse tempo, a economia de água
seria de 13,4 bilhões de litros por mês. Se na cidade de São Paulo onde há
11.000.000 milhões de habitantes, o gasto normal seria de 88.000.000 a
110.000.000 milhões de litros por minuto.
2. Lave suas roupas de maneira correta:
Espere juntar certo volume de roupas sujas
para utilizar a máquina de lavar, dessa forma poupa-se água e energia. Na hora
de comprar uma máquina de lavar, escolha modelos que ajudem a economizar.
3. Conserte os vazamentos:
Conserte torneiras com vazamentos e
assegure-se de tê-las fechado bem após usá-las; uma torneira pingando pode
desperdiçar, por dia, até 95 litros de água.
4. Evite o desperdício:
Ao invés de lavar a calçada ou passar pano
na casa com frequência, varra ou substitua as lavagens com mangueiras por
baldes ou mangueiras sustentáveis.
5. Feche torneiras quando escovar os
dentes:
Todo mundo já ouviu essa dica muitas vezes,
mas é sempre bom reforçar. Ao escovar os dentes ou lavar a louça, feche a
torneira quando não estiver enxaguando; o mesmo serve para fazer a barba.
6. Evite ao máximo a evaporação da água:
Em residências que possuam piscina, a dica
é mantê-las cobertas quando não estiverem sendo usadas. Dessa forma a
evaporação da água diminui, economizando até 3.785 litros de água por mês.
7. Use produtos sustentáveis:
Instale em casa chuveiros e torneiras
econômicos. No mercado há empresas que já se preocupam com o meio ambiente e já
desenvolveram esse tipo de produto sustentável.
8. Pense na crise de água antes de investir
em algo:
Ao escolher algo para plantar, por exemplo,
opte por plantas nativas da região, que se desenvolvam somente com a água da
chuva.
9. Utilize as soluções existentes
corretamente:
Use de maneira correta os produtos já estão
disponíveis no mercado como as descargas que oferecem dois fluxos.
10. Economize energia:
Apesar de muita gente não pensar sobre
isso, economizando água economizase também energia; e, poupando energia,
poupa-se água.
Edição 170 –
Janeiro
Brumadinho se
antecipa e cria lei proibindo desperdício
Tudo começou por
causa do desperdício de água em Conceição de Itaguá, que não conta com serviço
da COPASA e tem serviço próprio. Próprio mas problemático, com falta de água no
mínimo todo mês. A vereadora Alessandra do Brumado (PPS), que sempre denunciou
o desperdício com piscinas, lavação de carros, varrição de calçadas e mangueiras jorrando
água, propôs uma lei, e a ideia foi comprada pelos demais vereadores, com
emendas apresentadas pelo vereador Reinaldo Fernandes (PT). Em 22 de dezembro
de 2014 o Prefeito sancionou a Lei N°2.113, e Brumadinho acabou “saindo na
frente” de muitos outros municípios que só agora percebem a importância de que
o Poder Público coíba o desperdício.
A Lei 2.113 “Proíbe no âmbito do Município
de Brumadinho a utilização de água para varrição hidráulica de passeios,
calçadas e sarjetas, quando ocorrerem baixos índices de oferta de água pela
rede pública de abastecimento.”
Em caso de descumprimento da Lei, o
proprietário ou locatário do imóvel situado no alinhamento da calçada em que se
der a infração ficará sujeito às seguintes penalidades, que vão de advertência,
no primeiro descumprimento a multa que pode chegar a milhares de reais.
Bom exemplo
O que se espera agora da Prefeitura é que
ela fiscalize o cumprimento da Lei. Além disso, que ela dê exemplo. Uma
reclamação da população é o desperdício da própria Prefeitura. O hidrômetro
instalado na entrada do Bairro São Conrado vive deixando água escorrendo pelo Estacionamento.
Ironicamente, é ali que a Prefeitura abastece seu caminhão-pipa para levar água
para localidades que estão com falta de água.
Edição 170 –
Janeiro
“Em
meio à crise hídrica, minerodutos utilizam água dos rios para levar polpa de
ferro ao porto”
O jornal Hoje em
Dia, edição de 26/01/2015, trouxe importante matéria sobrea contradição entre a
falta de água e o uso que dela faz as mineradoras que usam mineroduto. A
matéria foi assinada pelo repórter Bruno Porto. Acompanhe abaixo o texto.
A seca prolongada
ameaça o abastecimento de água e energia elétrica, mas a crise hídrica passa
longe das atividades de mineração em Minas Gerais. Os minerodutos – tubulações
que levam o minério de ferro em estado arenoso misturado com água, como se
fosse uma polpa – operam a todo vapor, e novos projetos estão em andamento,
sinalizando para a continuação do desperdício de um recurso precioso.
Os quatro
projetos de mineração do Estado que têm dutos para o transporte do ferro contam
com uma outorga de captação de água suficiente para suprir uma cidade de 1,6
milhão de habitantes. O uso de água pelos minerodutos chama a atenção porque
muitas vezes não há o reaproveitamento do recurso hídrico, que é descartado no
mar.
A Manabi, por
exemplo, mineradora em implantação no município mineiro de Morro do Pilar, tem
outorga para uso de 2.847 metros cúbicos (m3) de água por hora. Deste volume,
um terço, ou 949 m3 por hora serão usados no mineroduto, que irá até Linhares,
no Espírito Santo. A própria empresa informa: “o projeto não prevê reuso da
água usada no mineroduto, mas para essa mistura que segue para Linhares, a
Manabi projetou um sistema de tratamento e filtragem, garantindo atendimento da
qualidade definida pelo Conama, antes do seu descarte no mar”.
Os volumes de
água utilizados pelos minerodutos não foram informados, mas, caso as três
outras empresas com minerodutos em operação ou em licenciamento ambiental no
Estado utilizem a mesma proporção de um terço da outorga para uso no transporte
via dutos, seriam 3.711 m3 por hora de água retirada dos mananciais mineiros
que teriam como destino o descarte no mar. Esse volume equivale a 3,711 milhões
de litros de água por hora, e é suficiente para abastecer um município com 558
mil habitantes, mais do que a população de 546 mil pessoas de Juiz de Fora, a
quarta cidade mais populosa de Minas Gerais.
A conta considera
o diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto do Sistema Nacional de Informações
sobre Saneamento, do Ministério das Cidades, que apontou um consumo médio per
capita de água, em Minas Gerais, de 159 litros por dia, ou 4.782 litros
mensais.
Atualmente,
quatro minerodutos estão em operação com captação de água em rios de Minas
Gerais (três da Samarco e um da Anglo American) e outros dois (Ferrous e
Manabi) estão em fase de licenciamento ambiental junto ao Instituto Brasileiro
de Meio Ambiente (Ibama). A permissão para captação de água nos cursos de água
é concedida pelo Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam), órgão subordinado
à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).
Lei prevê
cobrança pelo uso de recursos hídricos
As quatro
mineradoras com atuação em Minas Gerais que utilizam o mineroduto como meio de
escoamento da produção foram procuradas pelo Hoje em Dia. Samarco e Ferrous foram
as únicas que não informaram as outorgas que possuem, mas os dados foram
informados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (Semad).
A Anglo American,
que possui um mineroduto em operação, sustenta que parte da água usada nos
dutos de transporte de minério de ferro é reutilizada, mas não informa o volume
e não detalha como o reuso se tornou viável.
A Manabi, em
resposta aos questionamentos apresentados, ressaltou que nos estudos para
verificação da viabilidade de seu projeto de mineração, a avaliação da
disponibilidade hídrica foi um dos temas principais, “cercado dos cuidados
demandados pela questão, com antecipação das tratativas legais associadas à
obtenção da outorga de direito de uso das águas”.
Infraestrutura
A proliferação do
uso do mineroduto surgiu como alternativa para o escoamento da produção, devido
aos altos custos do transporte rodoviário para volumes elevados de minério de
ferro e à saturação da malha ferroviária.
O investimento em
novos ramais de ferrovias é considerado muito alto, o que assegura atratividade
ao mineroduto. O ganho logístico gerado pelos minerodutos está ainda no fato de
operarem 24 horas por dia, todos os dias.
A Política
Nacional de Recursos Hídricos e a Política Estadual de Recursos Hídricos de
Minas Gerais, regulamentada pelo Decreto 44.046, de 13 de junho de 2005,
estabeleceu a cobrança pelo uso da água, até então sem nenhum ônus para as
empresas.
Samarco e Ferrous
não informaram o valor que pagaram pelas captações. A Anglo American informou
que, em 2014, o pagamento foi de cerca de R$ 900 mil. A Manabi declarou ter
pago R$ 542,3 mil.
“Quanto a água deveria custar?”.
As
informações do texto abaixo foram retiradas da revista Época Negócios, edição
de janeiro, e começa com a seguinte indagação: “Não parece estranho que, em
plena escassez, a água seja virtualmente de graça?”. A justificativa é porque
na maioria das vezes o preço reflete o custo para tratar e distribuir a água,
mas não o valor do recurso em si.
Resumidamente,
a matéria apresenta dados importantes para registro.
1. Para fabricar 1 litro de Coca-Cola requer: 1 litro de água para o
preparo da bebida; 1 litro para a produção e a lavagem; 10 litros para fabricar
a embalagem; 200 litros para a produção de açúcar – total de 212 litros de
água.
2. Para fabricar uma camisa de algodão: 2,5
mil litros de água.
3. Para produzir meio quilo de trigo: 450
litros.
4. Para produzir meio quilo de carne: 7,6 mil litros. Mas as pastagens têm destruído
grande parte da reserva florestal do Brasil.
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