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sábado, 14 de março de 2015



Como economizar

Durante 12 anos, o estado de Minas Gerais viveu sob censura da imprensa. A censura foi imposta pelo grupo do ex-governador Aécio Neves (PSDB) que impedia veiculação de qualquer matéria que desabonasse o Governo. O resultado nefasto dessa censura começa a ficar mais visível agora para toda a população. Enquanto a população de São Paulo e o Brasil inteiro sabiam da crise da água naquele estado, por aqui todos achavam que tudo estava bem. As informações das últimas semanas, trazidas às claras pelo novo Governo do Estado mostram que a situação de Minas é muito preocupante.
O Sistema Paraopeba, que abastece a RMBH e é composto pelos reservatórios Serra Azul, Rio Manso e Vargem das Flores, está operando atualmente com 30,25% de sua capacidade. Dos três reservatórios, o que apresenta a pior condição é o Sistema Serra Azul, que atualmente está com apenas 5,73% de seu volume, praticamente já operando em seu volume morto. Já o sistema Vargem das Flores apresenta capacidade atual de 28,31% e o sistema Rio Manso é o em melhores condições, 45,06%. Para se ter ideia do tamanho do problema, basta lembrar que, há apenas dois anos atrás, janeiro de 2013, o Sistema Rio Manso apresentava capacidade de 100%.
Buscando soluções emergenciais, o governador Fernando Pimentel (PT) ordenou à COPASA que providencie um estudo para ver a viabilidade de se transportar água do Rio Paraopeba para a Represa do Sistema Rio Manso, em Brumadinho. O Governador esteve também reunido com a Presidenta Dilma Rousseff (PT), que se colocou à disposição para ajudar Minas Gerais, liberando recursos para obras.
Agora, a palavra de ordem é economizar. Todos precisam colaborar. Vinte e dois por cento (22%) da água doce do planeta é gasto no consumo industrial e apenas 8% no consumo humano. Enquanto se espera que o Governo exija economia também da agricultura, especialmente a do agronegócio; das mineradoras e da indústria, o jornal de fato traz uma série de dicas de como a população pode economizar a ajudar o Estado a não ter que fazer revezamento ou passar pelas péssimas situações de falta de água como já vem acontecendo em inúmeras outras regiões do sudeste. São pequenas ações, mas que, praticadas por todos, representam economia de bilhões de litros de água todo dia.  São 10 dicas para economizarmos água... antes que ela acabe de vez!


1. Tome banhos curtos:

Fique menos tempo no banho! Se cada brasileiro diminuísse um minuto de seu banho diariamente, a energia economizada em um ano seria equivalente a 15 dias de operação da usina de Itaipu, e se os moradores de São Paulo economizassem 5 minutos desse tempo, a economia de água seria de 13,4 bilhões de litros por mês. Se na cidade de São Paulo onde há 11.000.000 milhões de habitantes, o gasto normal seria de 88.000.000 a 110.000.000 milhões de litros por minuto.

2. Lave suas roupas de maneira correta:

Espere juntar certo volume de roupas sujas para utilizar a máquina de lavar, dessa forma poupa-se água e energia. Na hora de comprar uma máquina de lavar, escolha modelos que ajudem a economizar.

3. Conserte os vazamentos:

Conserte torneiras com vazamentos e assegure­-se de tê-las fechado bem após usá-las; uma torneira pingando pode desperdiçar, por dia, até 95 litros de água.

4. Evite o desperdício:

Ao invés de lavar a calçada ou passar pano na casa com frequência, varra ou substitua as lavagens com mangueiras por baldes ou mangueiras sustentáveis.

5. Feche torneiras quando escovar os dentes:

Todo mundo já ouviu essa dica muitas vezes, mas é sempre bom reforçar. Ao escovar os dentes ou lavar a louça, feche a torneira quando não estiver enxaguando; o mesmo serve para fazer a barba.

6. Evite ao máximo a evaporação da água:

Em residências que possuam piscina, a dica é mantê-las cobertas quando não estiverem sendo usadas. Dessa forma a evaporação da água diminui, economizando até 3.785 litros de água por mês.

7. Use produtos sustentáveis:

Instale em casa chuveiros e torneiras econômicos. No mercado há empresas que já se preocupam com o meio ambiente e já desenvolveram esse tipo de produto sustentável.

8. Pense na crise de água antes de investir em algo:

Ao escolher algo para plantar, por exemplo, opte por plantas nativas da região, que se desenvolvam somente com a água da chuva.

9. Utilize as soluções existentes corretamente:

Use de maneira correta os produtos já estão disponíveis no mercado como as descargas que oferecem dois fluxos.

10. Economize energia:

Apesar de muita gente não pensar sobre isso, economizando água economiza­se também energia; e, poupando energia, poupa-se água.

“Quanto a água deveria custar?”
As informações do texto abaixo foram retiradas da revista Época Negócios, edição de janeiro, e começa com a seguinte indagação: “Não parece estranho que, em plena escassez, a água seja virtualmente de graça?”. A justificativa é porque na maioria das vezes o preço reflete o custo para tratar e distribuir a água, mas não o valor do recurso em si.
Resumidamente, a matéria apresenta dados importantes para registro.
1. Para fabricar 1 litro de Coca-Cola requer: 1 litro de água para o preparo da bebida; 1 litro para a produção e a lavagem; 10 litros para fabricar a embalagem; 200 litros para a produção de açúcar – total de 212 litros de água.
2. Para fabricar uma camisa de algodão: 2,5 mil litros de água.
3. Para produzir meio quilo de trigo: 450 litros.
4. Para produzir meio quilo de carne: 7,6 mil litros. Mas as pastagens têm destruído grande parte da reserva florestal do Brasil.

Na mesma reportagem foram apresentados quatro “cases”. A referência a Mark Tercek é para o autor do livro recém-lançado Capital Natural (Ed. Alaúde) e CEO da The Nature Conservancy (TNC).
a) O caso Kerala – Em 1999, a Coca-Cola instalou uma fábrica de refrigerante e água em Kerala, na Índia. Em 2004, os poços da região secaram. A população protestou e o caso repercutiu. Como parte importante do valor da empresa está a marca, o incidente mudou as coisas. A Coca-Cola se comprometeu a devolver à natureza, até 2020, um volume de água semelhante ao que usa.
b) O caso da Colômbia – Em 2011, o CEO da Fenda,  a maior engarrafadora independente da Coca-Cola, chamou Tercek para um almoço na Colômbia. “Quanta água obterei para cada dólar gasto em conservação?”, quis saber. Ele paga pouco pela água, mas ela é essencial ao negócio. Tercek gostou. “Outros CEOs deveriam incluir o ‘capital natural’ no plano de negócios”, diz.
c) O caso da China – Pequim queria que fazendas próximas a nascentes deixassem de plantar arroz – que usa muita água – para cultivar milho. Mas o milho é menos lucrativo. A cidade então decidiu pagar aos agricultores a diferença, e os fazendeiros toparam a mudança.
d) O caso de Nova York – A cidade decidiu gastar US$ 1,5 bilhão em Catskill, reserva que abastece Nova York. “É uma grande transferência de recursos para o campo. Eles pagam fazendeiros para ser ambientalistas, e mais de 90% participam”, diz Tercek. “Conservar é mais barato e eficiente”.
Em 2003, Marcelo Barros, monge beneditino, teólogo (26 livros conhecidos sobre a Bíblia, teologia e espiritualidade ecumênica), lançou um livro com o título “O Espírito vem pelas águas”, das Edições Loyola. Tivemos a oportunidade conhece-lo em 2005, em uma palestra que realizou na Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais). Já naquela época o monge Marcelo nos alertava para as seguintes assertivas:

1 – A viabilidade da vida
As estimativas dizem: de 1500 a 1850, presume-se que a cada 10 anos foi eliminada uma espécie viva. De 1850 a 1950, uma espécie por ano. A partir de 1990, está desaparecendo uma espécie por ano (isso devido as variações climáticas, avanço da população humana e falta de água). 

2 – Poluição
Só nos Estados unidos, com 4% de população da Terra, é responsável por 22% das emissões de gases que provocam o efeito estufa (não foi mencionado a China).

3 – O mapa da água no mundo
A ONU estima que o planeta possui 1 bilhão e 400 milhões de Km3 de água, contida em oceanos, mares, rios lagos, fontes e lençóis subterrâneos. Isso corresponde a 75% do planeta, sendo 97,5% de água salgada e 2,5% de água doce.
De água doce, 2,086% está nos polos, 0,291% nas rochas sedimentares, 0,0017% nos lagos, 0,001% na atmosfera e apenas 0,01 de água potável está à disposição da humanidade.
Anualmente, a energia solar converte em vapor quase 500 mil Km3 de água, que retornam à superfície do planeta sob a forma de chuva e neve.
De acordo com as pesquisas, restam cerca de 9 mil Km3 de água doce, recurso hídrico renovável, à disposição de uma população de 20 bilhões de pessoas (já somos 7 bilhões). 
A disponibilidade mundial de água diminuiu de 17 mil m3 per capita em 1950 para 7.000 na atualidade. (Por isso os países ricos transferem para os países do terceiro mundo a função do agronegócio)
22% da água doce do planeta é gasto no consumo industrial e apenas 8% no consumo humano.
Água disponível no mundo: Ásia, menos de 14 mil Km3; América do Sul, 13 mil Km3; América do Norte, 9 mil Km3; África, 4 mil Km3; Europa, 3500 Km3 e Oceania, 2500 Km3.
Países que dividem entre si 60% dos recursos hídricos naturais do mundo, em ordem decrescente, em Km3: Brasil, 5670; Rússia, 3904; China, 2880; Canadá, 2850; Indonésia, 2530; Estados Unidos, 2478; Índia, 1550; Colômbia, 1112; Zaire, 1020 (a guerra pela posse da água está próxima). 
Países da Europa que compram água no exterior: Alemanha, 51%; Bélgica, 33%; Países Baixos, 89%; Romênia, 89%; Hungria, 95%. 
Na União Europeia, a Itália é o a que dispõe de maior quantidade de água: 980 m3 por ano a cada habitante, ao mesmo tempo em que é o que mais gasta em agricultura (em compensação, poluição das águas com nitratos e amoníacos). 

4 – Índice de pobreza e de água (IPA)
Índice criado pelo Conselho Mundial de Água e Centro de Ecologia e Hidrologia da ONU. Quanto menor o índice, mais problemático é o país.
Melhores - Finlândia 78,0; Canadá 77,7; Islândia 77,1; Noruega, 77,0.
Piores – Eritréia 37,4; Haiti 35,1; Etiópia 35,4; Nigéria 35,2.
América do Sul – Chile 68,9; Brasil 61,2. 
Nota: os Estados Unidos tem um consumo de água per capita de 450 litros por dia. Um africano dispõe de 10 litros por dia. O brasileiro consome em média 280 litros/dia (a ONU considera ideal o consumo diário de 110 litros).

5 – Recursos hídricos no Brasil
O Brasil é dono de 12% do estoque mundial de água doce, sendo que na América do Sul, 53% é água brasileira.
O Brasil tem 47% de água a mais do que os Estados Unidos e o Canadá.
O Brasil tem um potencial de água doce da ordem de 35 mil m3 para cada habitante/ano.
A ANA (Agência Nacional de Água) dividiu o Brasil e oito grandes bacias hidrográficas e calcula que elas derramem no oceano 197.500 m3 (197 mil caixas d’água de mil litros) de água por segundo. 
Aquífero Guarani, reserva de água subterrânea que cobre 1,2 milhão de Km2, cobrindo oito estados brasileiros como São Paulo, Minas, Paraná, atingindo territórios da Argentina, Uruguai e Paraguai (acredita-se que em São Paulo o aquífero comece a estar poluído devido ao grande número de poços artesianos abertos sem controle). O aquífero pode atender uma população de 360 milhões.
90% da população rural brasileira não tem água encanada.
A escassez de água está intimamente ligada com a destruição das matas ciliares que protegem os rios e o desflorestamento que ameaça regiões inteiras.
O monge Marcelo Barros encerra o seu livro citando o Salmo 36:9: “Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz vemos a luz”. Compreende-se melhor lendo o versículo 8: “Fartam-se da abundância da tua casa, e na torrente das tuas delícias lhes dás de beber”.


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