Edição 173 – Abril 2015
Editorial
Operação
Zelotes e HSBC: melhor fingir que não existem
É bem provável que o caro leitor não tenha
ouvido falar da “Operação Zelotes”. Sobre o escândalo do banco HSBC, talvez o
leitor tenha ouvido algum ruído, e só isso. Mas o leitor deve estar saturado de
tanto ouvir falar da Operação Lava Jato, “corrupção na PETROBRÁS”, doleiro
Alberto Yousseff, delator Paulo Roberto Costa.
E por que se ouve tanto sobre PETROBRÁS e
nada sobre Zelotes e HSBC?
Os dados iniciais apurados pela polícia
Federal na Operação Zelotes levam a crer que parte do dinheiro envolvido pode
ser maior do que o que vem sendo apontado na Lava Jato. A Zelotes apura um
esquema que causava o sumiço de débitos tributários, uma forma de desfalcar os
cofres públicos. Entre os acusados estão empresas como a RBS, maior afiliada da
Rede Globo: os investigadores desconfiam que a RBS pagou 15 milhões de reais
para que desaparecesse um débito de 150 milhões de reais. Estariam envolvidas
também Ford, Mitsubishi, BR Foods, Camargo Corrêa, Light e os bancos Bradesco,
Santander, Safra, BankBoston e Pactual. O esquema desbaratado pela Operação
Zelotes subtraiu do Erário pelos menos 5,7 bilhões de reais, de acordo com as
investigações de uma força-tarefa formada por Receita Federal, Polícia Federal,
Ministério Público Federal e a Corregedoria do Ministério da Fazenda.
![]() |
Reinaldo Fernandes
Editor
|
E por que se ouve tanto sobre PETROBRÁS e
nada sobre Zelotes e HSBC?
Porque a PETROBRÁS
está sob o comando do PT. Mesmo que a corrupção na estatal tenha começado há
dezenas de anos atrás e que, só agora, o Ministério Público e a Polícia Federal
tenham tanta liberdade para investigar – e prender – o importante é atacar,
falar o tempo todo, repetir o noticiário em todos os jornais, numa tentativa de
convencer a população de que a corrupção foi criada pelo PT e não de que o PT
combate a corrupção, e, por isso, ela é mais visível. Já no caso Zelotes e
HSBC, não envolvem instituições sob o comando do PT, e não há petistas
acusados. Daí, a grande imprensa acha que não deve tocar no assunto. Trata-se
de um “combate” seletivo à corrupção: só se fala nela quando a intenção é
destruir o PT. No caso do HSBC, com tanta gente da grande imprensa envolvida, melhor
mesmo é esquecer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário