Edição 173 – Abril 2015
Hospital Municipal troca
bebês
Caso ainda está sem solução
As famílias que tiveram
as filhas trocadas no Hospital Municipal João Fernandes do Carmo há 37 anos continuam
esperando decisão da Justiça sobre o processo de indenização. O caso foi
trazido à tona pela primeira vez pelo jornalista Valdir de Castro Oliveira no
programa De Olho na Notícia da extinta Rádio Inter FM e publicada pelo mesmo
jornalista do Jornal Tribuna do Paraopeba. Depois disso, a família de Maria
Marta, moradora do bairro do Carmo, participou do programa Brasil das Gerais da
TV Minas.
Na época, Maria Marta, mãe
de Nilma da Conceição, que foi trocada no hospital, declarou que a filha, assim
como Solimara Marly, que ela criou supondo ser sua filha verdadeira, foram
realmente trocadas. Exame de DNA feito na UFMG comprovara o fato. Maria Marta
só conheceu a filha verdadeira há pouco mais de seis anos.
Segundo Maria Marta, ela
procurou o Hospital João Fernandes do Carmo em busca de registro para apurar de
quem era a responsabilidade de trocas das crianças. Mas, na época, a direção do
Hospital informara que não mais tinha os registros solicitados. Além disso, foi
informada no Hospital que seria muito difícil obter tais documentos, pois a
época o hospital era particular e, depois de municipalizado, passara a ter
outras modalidades de registro.
No entanto as próprias
certidões de nascimento e o exame de DNA são a prova inconteste da negligência
do Hospital a época.
Onde estão as duas
agora?
Hoje, Nilma da Conceição,
a filha “verdadeira”, já casada, mora na Grota da Cima, localidade no Município
de Bonfim. Os pais de Solimara Marly também moram em Bonfim, na localidade
chamada Fundão. Solimara Marly continua morando com sua mãe de criação, Maria
Marta, no bairro do Carmo, em Brumadinho.
Indenização
Quando participou do
programa de TV, Maria Marta recebera a informação de que as pessoas envolvidas
teriam o total direito de indenização por danos morais e que o caso ainda não
prescrevera. A informação foi dada por Pedro Aleixo Neto, um juiz da 6ª Vara da
Família, presente ao programa. Segundo o juiz, o caso prescreve 25 anos após o
conhecimento do fato. E a família só descobriu a menos de sete anos. O juiz orientou
Maria Marta a procurar a Defensoria Pública para dar entrada em processo por
danos morais, pois mesmo o Hospital sendo particular naquela época, a
responsabilidade é da pessoa jurídica.
Hospital e município se
recusam a indenizar
O ação na Justiça foi
ajuizada há 8 anos atrás, contra a Brusocor – Brumadinho Socorro Médico Ltda -,
empresa que à época prestava serviços ao Hospital, e Prefeitura de Brumadinho.
Segundo informou à reportagem do de fato a mãe Maria Marta, em 2014 a Comarca
de Brumadinho deu ganho de causa a ela. Nossa reportagem entrou em contato com
os advogados que defendem as famílias, que explicaram que a Brusocor e
Prefeitura se recusam a fazer a indenização. Hospital e Prefeitura recorreram
da decisão de primeira instância, que “subiu” para a segunda instância, o
Tribunal de Justiça de Minas Gerais - TJMG. Mas as famílias também recorreram,
com objetivo diferente. A Justiça de Brumadinho mandou Prefeitura e Hospital
indenizarem as famílias em R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), divididos em
150 para cada família, 50 mil para pai, mãe e filha. Segundo os advogados, a
família teria sofrido grandes danos morais como a impossibilidade de
convivência com os pais biológicos, a meningite que atacou uma das crianças
separadas quando tinha pouco anos de idade deixando sequelas graves, e até um
dos casamentos que quase terminou quando se descobriu que uma filha não era
filha biológica.
No último dia 3 de maio,
a TV Bandeirante fez uma matéria sobre o assunto, que foi ao ar no programa
Brasil Urgente.
Julgamento no Tribunal
de Justiça
No último dia 5 de maio,
última terça, o TJMG julgaria os recursos apresentados mas o julgamento acabou
não acontecendo. A juíza relatora acatou a defesa do Município que argumentação
que não deveria ser condenado uma vez que o serviço fora repassado à Brusocor.
A Defesa das famílias argumentou que no contrato feito com a Brusocor, o
Município também se responsabilizava pelo Hospital, sendo, portanto, também,
culpado da troca dos bebês. Como outro desembargador pediu vistas do processo,
o julgamento foi adiado para o dia 2 de junho.
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