Edição
215 – Novembro 2018
Alessandra do Brumado e Jéssica Maciel são denunciadas ao MP
A acusação é de
improbidade administrativa, com uso indevido dos carros da Câmara, além de
assédio moral, perseguição, chantagem, coação e ameaças a servidores; Alessandra
do Brumado ainda é acusada de destruir provas das ilegalidades
No
último dia 8 de novembro, o MP – Ministério Público de Minas Gerais, mais
precisamente a 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Brumadinho recebeu uma
denúncia contra a presidente da Câmara Municipal de Brumadinho, Vereadora
Alessandra do Brumado (PPS) e a Diretora Administrativa e Financeira da Câmara,
Jéssica Maciel. A denúncia foi assinada pelo colega vereador, Flávio Miranda, o
Flávio Flecha (PTC). Em meados de maio de 2017 o vereador Flávio já dissera no
Plenário que teria recebido denúncia de uso indevido dos veículos. Porém
nenhuma atitude foi tomada pela Presidente do Legislativo, Alessandra do
Brumado ou pela Diretora Administrativa e Financeira, Jéssica Júnia Parreiras
Maciel.
As
informações da denúncia foram veiculadas no whatsapp, em vídeo gravado na
reunião do Plenário da Câmara na mesma data, quando o Procurador do Vereador
Flávio, o advogado Cláudio Teixeira, usou a Tribuna para informar ao
Legislativo sobre a denúncia.
Uso
ilegal dos carros da Câmara, assédio moral, chantagens, ameaças, coação e
constrangimentos a servidores são causas da denúncia
A
denúncia contra Alessandra do Brumado (PPS) e Jéssica Maciel envolve uso ilegal
dos carros da Câmara, assédio moral, coação ilegal e constrangimentos a
servidores. Relatos feitos por três motoristas da Casa dão conta do uso ilegal
dos carros. Os veículos deveriam ser usados para trabalho parlamentar. No
entanto, segundo os motoristas, os carros estavam sendo usados para levar
eleitores a outras cidades, como Belo Horizonte. Entre esses eleitores estariam pessoas muito
doentes, que deveriam ser transportadas por ambulância, acompanhadas de
profissionais da Secretaria de Saúde e não por motoristas do Legislativo.
Trata-se
de uma velha prática eleitoreira de vereadores de Brumadinho: comprar votos,
cedendo carros públicos para levar pessoas para outras cidades. Como as
pessoas, muitas vezes, estão doentes, ficam devendo favor ao vereador ou
vereadora e acabam se vendo obrigados a votarem neles na eleição seguinte.
Sendo
obrigados a cumprir ordens, sob ameaças de Alessandra do Brumado (PPS) e
Jéssica Maciel, os motoristas se submeteram às ilegalidades até que
completassem seu período de estágio probatório. Agora, sem as ameaças de
demissão por estarem ainda nos três primeiros anos de serviço público,
decidiram denunciar o uso ilegal dos carros da Câmara, o assédio moral, a
coação ilegal e os constrangimentos a que foram submetidos. Além disso,
denunciam a perseguição política.
Os
motoristas foram afastados de suas atividades na Câmara, para onde foram
concursados, e “cedidos” ilegalmente à Prefeitura.
Motoristas
falam de assédio e das ameaças de Alessandra
Na
denúncia, um dos motoristas, Antônio Marcos Rodrigues Chaves, relata que os
assédios morais começaram quando estava em estagio probatório e começou a
questionar as atitudes de vereadores usarem os carros para serviços fora do
município, principalmente para levar eleitores para fazer exames em BH.
“Em
28/5/2015 a vereadora Alessandra do Brumado me fez uma ameaça verbal que me
deixou assustado”, relata o Sr. Antônio. Segundo o motorista, quando ele lhe
entregou a documentação onde ele registrara em que lugar realmente estivera com
o veículo da Câmara a pedido de seu gabinete (de Alessandra), ela recusou-se a
assinar e fez a seguinte ameaça: “Sr. Antônio, não pode preencher a diária
assim porque, pois, com certeza, meu gabinete está fazendo uso errado do carro.
Quero falar para o senhor que, senão fizermos esse tipo de serviço, não
justifica os carros com os motoristas na Câmara Municipal de Brumadinho. Os
vereadores podem votar uma lei, extinguir o cargo e, como vocês estão no
estágio probatório, perderão os seus empregos.”
Ainda
segundo ele, no dia seguinte, sua chefia imediata teria lhe falado das
reclamações de determinado gabinete de vereador ou vereadora e, a partir daí,
ele se sentiu obrigado a “cumprir todas as ordens de serviço, mesmo que
ilegais, por medo, porque ainda estava em estágio probatório”.
O
motorista relata ainda que desde 2015 a vereadora Alessandra do Brumado (PPS)
lhe fazia ameaças verbais, sempre alegando que não haveria motivos para existir
carro e seriam demitidos. Ameaçado, acuado, ele diz que se viu obrigado a
cumprir ordens ilegais e a fazer várias viagens para Alessandra do Brumado, e
que foram vários episódios.
Alessandra
do Brumado (PPS) e Jéssica Maciel teriam feito chantagem e coação
Outro
motorista, Paulo Sérgio Batista, relatou que havia chantagem, assédio moral,
ameaças e perseguição por parte da Câmara. Segundo ele, se viu obrigado, por
exemplo, a transportar paciente em tratamento oncológico no Hospital Luxemburgo
– doente debilitado – sem ter o preparo necessário para lidar com esse tipo de
paciente. Disse que se sentiu “chantageado e coagido”, que aquilo não parou,
citando novos acontecimentos em maio 2017, mais ameaças, perseguição e assédio
moral, agora da atual direção da Casa.
Ainda
segundo Paulo Sérgio, ele foi surpreendido ao ser convidado para assumir o
cargo de Chefe de Transporte no início da atual legislatura, quando Alessandra
do Brumado (PPS) assumiu a Presidência. Por várias vezes, o motorista disse que
ouviu ameaças de extinção dos cargos se os veículos não fossem usados para o
transporte ilegal.
Alessandra
do Brumado destrói provas das ilegalidades
Paulo
Sérgio relata também que a vereadora Alessandra do Brumado destruiu provas das
ilegalidades. Segundo ele, ao voltar de férias, foi informado de que o HD do
computador do Setor de Transporte havia queimado. Então, ele solicitou reparo
mas não obteve resposta. Depois, teria sido informado de que ele não mais
lançaria dados de controle dos veículos nas planilhas, como uso de
combustíveis, reparos etc. Segundo ele, lhe fora informado que tais lançamentos
seriam feitos pela Diretora Administrativa e Financeira, Jéssica Maciel.
O
motorista relata: “Em dezembro de 2017, a Presidente [Alessandra do Brumado –
PPS] solicitou que eu destruísse a agenda porque ali havia muitas provas contra
a Mesa [Diretora]. Como não fiz o que ela havia me solicitado, no momento me
que eu não estava na sala do setor de transportes, ela pegou a agenda, destruiu
as páginas que continham os agendamentos e, posteriormente, na sala da
Presidência, devolveu-me a agenda apenas com as páginas em branco e outra
agenda nova.”
Ainda segundo Batista, reunidos os
motoristas da Casa no último dia 6 de novembro, um deles dissera que não
participaria das denúncias. Teria dito que lhe fora garantido que "a
Câmara precisa de apenas dois motoristas" e que, demitidos os outros,
ficariam os dois mais antigos, e ele era um, que além disso, ainda tinha a
proteção do vereador Xodó, de quem era eleitor.
Batista
contou que a pressão da Câmara foi tão grande que ele teria tido a necessidade
de buscar ajuda médica para suportar a barra pesada.
Outro
motorista, Marlon, descreve as mesmas irregularidades. Em clara perseguição da
Vereadora Alessandra do Brumado (PPS), eles foram “cedidos” à Prefeitura, na
Secretaria de Saúde. No entanto, de acordo com a denúncia feita ao MP, o único
“documento” sobre a cessão é uma ata. Portanto, eles não estão, legalmente,
cedidos. Mas continuam lá, sofrendo as consequências da perseguição da
Presidente do Legislativo de Brumadinho.
Segundo
Cláudio Teixeira, Procurador do Vereador Flávio Miranda, que acompanha o
processo, além dos documentos lavrados de próprio punho, a denúncia foi
acompanhada de uma série de documentos que comprovariam as acusações
feitas.
Segundo
Miranda, diversos vereadores foram beneficiados pela conduta ilegal. “Os agentes
condutores passaram e ainda passam por situações de assédio moral, coação
ilegal e constrangimento, levados a efeito pela Presidente da Casa Legislativa
e pela Diretora Administrativa e Financeira”, garante o colega vereador.
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