Edição 137-Maio/2012
Opinião:
O controle do poder
Walter Matosinhos
Hoje,
lamentavelmente, o objetivo primeiro de quem assume o poder é o de se reeleger
ou fazer o sucessor. Antes de se preocupar com objetivo maior que é o de
melhorar a vida das pessoas, busca a administração se equipar e se
instrumentalizar de forma a manter o poder no pleito seguinte.
Primeiro,
trabalha-se para trazer
para o lado, os próceres mais destacados da oposição, fazendo propostas
mirabolantes, oferecendo cargos importantes e bem remunerados a eles e às
pessoas da família e outras facilidades para acessar despudoradamente o caixa
da Fazenda Pública.
Adota-se
o empreguismo desenfreado, criando cargos e funções de confiança, inchando a
máquina pública com um número incontável de pessoas, sem ter o que fazer,
simplesmente com o compromisso do voto da família. Os resistentes aos generosos
apelos são chantageados, ameaçados, afastados de cargos, mudados de função,
transferidos para bem longe. O aceno a cargos e a outras oportunidades de ganho
fácil e desonesto, sensibilizam pessoas que não cultivam os sadios princípio
éticos e morais e que tampouco nutrem o mínimo de
respeito às leis. São pessoas sem pudor e dispostas a qualquer coisa.
Neste
trabalho nem mesmo se cogita nos limites da decência e mandam “às favas os
escrúpulos” como dizia o nefasto Jarbas Passarinho, quando da edição do
famigerado ato institucional nº 5.
De
imediato as Secretarias de maior destaque e os principais cargos de confiança
são distribuídos às pessoas da família, parentes, correlegionários e amigos do
peito. Forma-se aquilo
que a
sabedoria popular denomina de “Igrejinha”. Busca-se também o assessoramento de
gente desqualificada, aquelas pessoas dispostas a tudo, sem freios, sem
caráter, sabidamente velhacas, “pau pra toda obra” e
algumas até mesmo com folha corrida desabonadora.
Aplica-se
o dinheiro dos remédios e das escolas em festas mirabolantes, contratando
grupos sem constituição legal onde o manejo de notas frias é o procedimento
constante.
De
outro lado atua-se na imprensa de forma a dominar a comunicação e esgrimindo-se
com astúcia diabólica, assume o controle de rádios comunitárias ilegais e de
jornais após chantagear dirigentes e os proprietários
com o abuso do poder econômico.
Depois
controla-se os serviços de transporte e o segmento de prestações de serviços e
para isso, frauda-se as licitações, matéria a ser agitada pelo articulista na
próxima edição do jornal.
Outra
forma de manter o controle do poder é o de oferecer várias espécies de
vantagens, para cooptar eleitores: cestas básicas, materiais de construção,
protecionismo no transporte, doações, etc.
Também
é prática comum a perseguição odiosa às oposições, que atingem até pessoas da
família sem nenhuma vinculação política, apenas por serem parentes do político
odiado.
Utiliza-se
da publicidade oficial de forma desavergonhada, usando ilicitamente o dinheiro
público para autopromoção.
Outra
prática condenável e largamente utilizada é aquela de apregoar de forma
insistente, através dos múltiplos meios de comunicação, a realização de obras e serviços
de obrigação do poder público e que são apresentados como resultado da
excelência da administração.
Não
dispensa, na trilha da manutenção do poder, os bajuladores de plantão,
aqueles presentes em todas as solenidades, batendo palmas sincronizadas e a
urrar nas festas particulares e públicas em louvor ao chefe.
No
conjunto, amealhando uma quantidade de recursos financeiros absurdos através de
empresas próprias em nome de testas de ferro que
monopolizam obras, transportes, comunicação e prestação de serviços, municia-se
um espectro imenso de pessoas com benesses e favores, de forma a palmilhar o
caminho da recondução ao poder.
Nem
sempre o objetivo é atingido, principalmente agora, quando há fortes indícios
de que o povo atingiu a consciência necessária para separar o joio do trigo e
não permitir que tais procedimentos possam continuar sendo a tônica da prática
política e do exercício da administração.
Walter Matosinhos, Advogado, foi vice-prefeito
na gestão do Dr. José Ernesto de 82/88
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