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segunda-feira, 24 de setembro de 2012


Edição 140-Agosto/2012
UPA traz vários problemas à população

No dia 4 de julho, a Administração Nenen da Asa inaugurou a Unidade de Pronto Atendimento de Brumadinho. Mas, o que parecia ser solução para problemas de saúde da população está revelando mais problemas. Anteriormente, o paciente era atendido no Hospital Municipal e, se fosse ficar em observação ou internado, ficava ali mesmo. Agora não. Aí começam os problemas.

Deslocamento demorado: van só de hora em hora

O primeiro problema começa com o deslocamento. Antes, o morador que precisava de atendimento ia ao Hospital, localizado no Centro da cidade. Já UPA localiza-se fora da cidade, na Rodovia MG 040. Para ir até lá, o paciente precisa de ir de carro, seu próprio ou de taxi. Obviamente que, sentindo-se mal, o cidadão não poderá ir a pé. Ainda que quisesse, o cidadão teria outro problema: ele teria que ir pela Rodovia, que possui passeio apenas até a faculdade de propriedade da família de Nenen da ASA. O outro trecho é bastante perigoso pois não possui passeio ou acostamento.
Sobra então ao doente ir em veículo da Prefeitura. E então ele enfrenta outro problema. De acordo com informações repassadas por uma recepcionista do Hospital, um veículo da Prefeitura sai do Hospital e vai até à UPA. Acontece que isso se dá de hora em hora. Isso quer dizer que, se uma van sai às 14 H e o paciente chegar ao Hospital às 14 horas e 5 minutos, por exemplo, ele terá que aguardar - passando mal -  até as 15 horas, quando sairá a próxima van. Quando uma van for com apenas um paciente ou dois, acontecerá algo inusitado: enquanto o paciente fica esperando do lado de cá, passando mal, o médico fica à toa do lado de lá. Dinheiro público jogado fora e gente doente sem atendimento.
“As pessoas tem gastado muito com recursos próprios para se deslocarem até a UPA, por acharem melhor irem direto e não ir para o Hospital e ficar esperando”, conta um usuário.


Volta complicada

Outro problema a ser enfrentado pelo cidadão é a volta para casa. “Outro dia passei mal, peguei meu carro e fui par a UPA. Como tive que ficar de observação, me mandaram para o Hospital”, relatou um leitor. Quando acontecer um caso desses, e o cidadão ser devolvido ao Hospital para ficar em observação, quando for liberado, ele terá que arrumar uma forma de ir buscar seu veículo. Ele terá que pagar um táxi para ir buscar seu veículo ou pedir ajuda a um amigo que tenha carro, já que a ida a pé é complicada: além de estar se recuperando de algum mal, o cidadão não tem passeio ou acostamento por onde passar, e uma distância de aproximadamente 3 quilômetros para percorrer.           

Cidadão é feito de “ioiô”

Outro problema causado pela UPA fora da cidade é o vai e vem com o coitado do cidadão doente. Uma leitora conta que foi levada à UPA, atendida e devolvida ao Hospital para ficar em observação. Como sentiu-se mal novamente, foi devolvida à UPA, atendida e devolvida ao Hospital novamente para ficar em observação. Segundo um técnico de Saúde consultado pelo jornal, isso não é normal. “Na UPA deveriam ficar usuários em observação até 12 horas. Se precisar de internação, aí, sim, deveriam ser levados para o Hospital. Se precisarem de transferência ficam na UPA aguardando vaga em Hospital da região Metropolitana. A UPA também gera cadastro no SUS FACIL da Central de Leitos. Somente deveria vir para o Hospital, continua ele, se necessária internação ou caso o paciente precise de transferência e precise aguardar no Hospital. Por exemplo: Um infarto agudo do Miocárdio, estabiliza e encaminha para internação no Hospital para aguardar vaga na Central de Leitos”, explica ele. “O que tem que verificar é o seguinte: podem estar fazendo, não afirmo: o Hospital fatura AIH, UPA não fatura nada. Então as pessoas com Infecção Urinaria, Pneumonia, Dor abdominal a Esclarecer, vem tudo para o Hospital”. Isso seria uma forma de o Município receber mais recursos, mas estaria sendo feito de forma irregular.

Exames laboratoriais

Quando o pronto atendimento era feito no Hospital e um paciente precisava de fazer exame de sangue, o material era colhido dele, levado ao laboratório da Policlínica e por volta de 1 hora depois já se tinha o resultado, porque Hospital e laboratório estavam separados apenas por uns 150 metros de distância. No caso de precisar deum raio X, no próprio Hospital isso era feito. Agora, de acordo com informações colhidas pelo jornal, há, na UPA, um raio X novo na caixa, sem instalar. As pessoas são levadas de ambulância ou carro da Prefeitura para fazer raio X no Hospital. Quanto aos exames laboratoriais, “a coleta é feita na UPA, muitos exames que não depende de centrifuga, que só usam reagentes, são feitos lá. Os outros são levados de carro ou ambulância para o Laboratório na Policlínica Municipal da mesma forma que era feito antes”, agora com muito mais demora nos resultados, já que a distância entre as duas unidades ficou muito grande.

Entrada na MG 40 para a UPA: perigo de acidentes e mortes

Outro grande problema que a Administração Nenen da ASA causou à população quando transferiu a UPA para fora da cidade diz respeito à grande possibilidade de acidente no trajeto, inclusive com mortes. Para se chegar ou voltar da UPA, os motoristas precisam sair da rodovia MG 040 e entrar por uma estradinha que leva à Unidade. Isso acontece próximo ao restaurante Nossa Fazendinha. 
Acontece que não existe um trevo no local. É um local perigoso uma vez que está localizado em um “retão” de mais de 1 quilômetro, o que leva os motoristas a aumentarem a velocidade e pode causar mortes quando há acidentes, como aconteceu a menos de 5 anos atrás com um jovem da cidade. Ali, veículos sobem e descem em alta velocidade. E muitos motoristas não vão para o acostamento antes de fazer a conversão. Mas há outro problema: acontece de às vezes algum veículo estacionar no acostamento, impedindo que mesmo motoristas mais conscientes cheguem até lá antes da conversão. Foi o que aconteceu no dia 3 de setembro, entre 15:20 e 15:45. Nesses 25 minutos em que a reportagem do jornal de fato esteve no local fotografando, um caminhão permaneceu comodamente estacionado no acostamento que permitiria uma travessia menos perigosa.    
  
UPA sem pediatras

Mas esses não são os únicos problemas da UPA inaugurada às pressas por Nenen da ASA. “Como abriram uma UPA sem pediatras? Como mantêm crianças internadas sem acompanhamento de pediatras?”, questiona um dos médicos da cidade. Para confirmar, a reportagem do de fato ligou para a UPA no dia 5 de setembro, às 11:40 horas. Questionada se havia pediatra na UPA, a recepcionista confirmou que não. Quando a reportagem perguntou se teria em outro momento, a recepcionista pediu um instante para consultar alguém retornou e disse que disse que não.
A população reclama também da demora no atendimento. “No dia 27 de agosto tive que levar minha filha até lá”, conta uma mãe, moradora do bairro Salgado e Filhos, distante uns 5 quilômetros da UPA e dois do Hospital. “Cheguei lá às 6 horas e saí às 10 horas, isso depois de reclamar muito”, desabafa. “A gente tem que ficar correndo atrás de enfermeira, tem que ficar correndo atrás para dar medicação”, reclamou a mãe. Segundo ela, para não ficar esperando a van, teve que gastar R$ 30,00 de taxi. Ela ainda conta que, no dia 27, havia um senhor que tinha dado derrame há dois anos atrás e que também reclamava da demora  do atendimento. “Adianta ter hospital bonito e não ter atenção?”, pergunta a mãe.

Atendimento ruim

Outra cidadã, Mônica do Carmo, reclama do atendimento dado a sua mãe, que sofre do mal de Alzheimer e tem um problema na coluna. “Minha mãe foi tirada de forma errada da ambulância por uma enfermeira despreparada e por isso saiu da UPA pior do que chegou lá”. Mônica conta que também quiseram fazer sua mãe de ioiô e isso só não aconteceu porque ela “rodou a baiana” e exigiu que a paciente fosse atendida pela segunda vez no Hospital Municipal, onde se encontrava. 

Em caso de enchentes, população ficará prejudicada mais uma vez

Outro problema seríssimo diz respeito ao fato de a UPA ter sido localizada pelo Prefeito Nenen da ASA do outro lado do rio Paraopeba, onde mora a minoria da população. Até pouco tempo atrás, as enchentes ocorriam de 50 em 50 ou de 10 em 10 anos. Mas essa situação mudou muito. As duas últimas tiveram intervalo de apenas 3 anos. “Em caso de enchente, os habitantes terão um helicóptero à sua disposição?”, questiona pelo e-mail um leitor do de fato.
Esse será outro grande problema causado pela localização da UPA. As enchentes costumam cobrir a ponte sobre o Paraopeba e deixar a cidade 3 dias sem ter como passar por ali. Talvez a prefeitura tenha mesmo que investir em barcos. Ou em helicóptero.
Ou então deveria ter feito o que inúmeros cidadãos de Brumadinho tem apontado: ter construído a UPA no espaço onde localiza-se atualmente a Policlínica Municipal. O espaço é amplo, poderia ter sido ampliado verticalmente, é mais próximo dos cidadãos, não é isolado por um rio e custaria menos aos cofres públicos. A obra da UPA foi feita pela empresa Império, acusada de ser de propriedade do irmão do Prefeito e de ter recebido R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) da Prefeitura em 3 anos de mandato do atual prefeito.      

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