Edição 140-Agosto/2012
UPA traz vários problemas à população
No
dia 4 de
julho, a Administração Nenen da Asa inaugurou a
Unidade de Pronto Atendimento de Brumadinho. Mas, o que parecia ser solução
para problemas de saúde da população está revelando mais problemas.
Anteriormente, o paciente era atendido no Hospital Municipal e, se fosse ficar
em observação ou internado, ficava ali mesmo. Agora não. Aí começam os
problemas.
Deslocamento demorado: van só de hora em
hora
O
primeiro problema começa com o deslocamento. Antes, o morador que precisava de
atendimento ia ao Hospital, localizado no Centro da cidade. Já UPA localiza-se
fora da cidade, na Rodovia MG 040. Para ir até lá, o paciente precisa de ir de
carro, seu próprio ou de taxi. Obviamente que, sentindo-se mal, o cidadão não
poderá ir a pé. Ainda que quisesse, o cidadão teria outro problema: ele teria
que ir pela Rodovia, que possui passeio apenas até a faculdade de propriedade
da família de Nenen da ASA. O outro trecho é bastante perigoso pois não possui
passeio ou acostamento.
Sobra
então ao doente ir em veículo da Prefeitura. E então ele enfrenta outro
problema. De acordo com informações repassadas por uma recepcionista do
Hospital, um veículo da Prefeitura sai do Hospital e vai até à UPA. Acontece
que isso se dá de hora em hora. Isso quer dizer que, se uma van sai às 14 H e o
paciente chegar ao Hospital às 14 horas e 5 minutos, por exemplo, ele terá que
aguardar - passando mal - até as 15
horas, quando sairá a próxima van. Quando uma van for com apenas um paciente ou
dois, acontecerá algo inusitado: enquanto o paciente fica esperando do lado de
cá, passando mal, o médico fica à toa do lado de lá. Dinheiro público jogado
fora e gente doente sem atendimento.
“As pessoas tem gastado muito com recursos
próprios para se deslocarem até a UPA, por acharem melhor irem direto e não ir
para o Hospital e ficar esperando”, conta um usuário.
Volta
complicada
Outro
problema a ser enfrentado pelo cidadão é a volta para casa. “Outro dia passei
mal, peguei meu carro e fui par a UPA. Como tive que ficar de observação, me
mandaram para o Hospital”, relatou um leitor. Quando acontecer um caso desses,
e o cidadão ser devolvido ao Hospital para ficar em observação, quando for
liberado, ele terá que arrumar uma forma de ir buscar seu veículo. Ele terá que
pagar um táxi para ir buscar seu veículo ou pedir ajuda a um amigo que tenha
carro, já que a ida a pé é complicada: além de estar se recuperando de algum
mal, o cidadão não tem passeio ou acostamento por onde passar, e uma distância
de aproximadamente 3 quilômetros para percorrer.
Cidadão
é feito de “ioiô”
Outro
problema causado pela UPA fora da cidade é o vai e vem com o coitado do cidadão
doente. Uma leitora conta que foi levada à UPA, atendida e devolvida ao
Hospital para ficar em observação. Como sentiu-se mal novamente, foi devolvida à
UPA, atendida e devolvida ao Hospital novamente para ficar em observação. Segundo
um técnico de Saúde consultado pelo jornal, isso não é normal. “Na
UPA deveriam ficar usuários em observação até 12 horas. Se precisar de
internação, aí, sim, deveriam ser levados para o Hospital. Se precisarem de
transferência ficam na UPA aguardando vaga em Hospital da região Metropolitana.
A UPA também gera cadastro no SUS FACIL da Central de Leitos. Somente deveria vir para o Hospital,
continua ele, se necessária internação ou caso o paciente precise de
transferência e precise aguardar no Hospital. Por exemplo: Um infarto agudo do Miocárdio,
estabiliza e encaminha para internação no Hospital para aguardar vaga na
Central de Leitos”, explica ele. “O que tem que verificar é o seguinte: podem
estar fazendo, não afirmo: o Hospital fatura AIH, UPA não fatura nada. Então as
pessoas com Infecção Urinaria, Pneumonia, Dor abdominal a Esclarecer, vem tudo
para o Hospital”. Isso seria uma forma de o Município receber mais recursos,
mas estaria sendo feito de forma irregular.
Exames
laboratoriais
Quando
o pronto atendimento era feito no Hospital e um paciente precisava de fazer
exame de sangue, o material era colhido dele, levado ao laboratório da
Policlínica e por volta de 1 hora depois já se tinha o resultado, porque
Hospital e laboratório estavam separados apenas por uns 150 metros de distância.
No caso de precisar deum raio X, no próprio Hospital isso era feito. Agora, de
acordo com informações colhidas pelo jornal, há, na UPA, um raio X novo na
caixa, sem instalar. As pessoas são levadas de ambulância ou carro da Prefeitura
para fazer raio X no Hospital. Quanto aos exames laboratoriais, “a coleta é
feita na UPA, muitos exames que não depende de centrifuga, que só usam
reagentes, são feitos lá. Os outros são levados de carro ou ambulância para o
Laboratório na Policlínica Municipal da mesma forma que era feito antes”, agora
com muito mais demora nos resultados, já que a distância entre as duas unidades
ficou muito grande.
Entrada
na MG 40 para a UPA: perigo de acidentes e mortes
Outro
grande problema que a Administração Nenen da ASA causou à população quando
transferiu a UPA para fora da cidade diz respeito à grande possibilidade de
acidente no trajeto, inclusive com mortes. Para se chegar ou voltar da UPA, os
motoristas precisam sair da rodovia MG 040 e entrar por uma estradinha que leva
à Unidade. Isso acontece próximo ao restaurante Nossa Fazendinha.
Acontece
que não existe um trevo no local. É um local perigoso uma vez que está
localizado em um “retão” de mais de 1 quilômetro, o que leva os motoristas a
aumentarem a velocidade e pode causar mortes quando há acidentes, como
aconteceu a menos de 5 anos atrás com um jovem da cidade. Ali, veículos sobem e
descem em alta velocidade. E muitos motoristas não vão para o acostamento antes
de fazer a conversão. Mas há outro problema: acontece de às vezes algum veículo
estacionar no acostamento, impedindo que mesmo motoristas mais conscientes
cheguem até lá antes da conversão. Foi o que aconteceu no dia 3 de setembro,
entre 15:20 e 15:45. Nesses 25 minutos em que a reportagem do jornal de fato
esteve no local fotografando, um caminhão permaneceu comodamente estacionado no
acostamento que permitiria uma travessia menos perigosa.
UPA
sem pediatras
Mas esses não são
os únicos problemas da UPA inaugurada às pressas por Nenen da ASA. “Como
abriram uma UPA sem pediatras? Como mantêm crianças internadas sem
acompanhamento de pediatras?”, questiona um dos médicos da cidade. Para
confirmar, a reportagem do de fato ligou para a UPA no dia 5 de setembro, às
11:40 horas. Questionada se havia pediatra na UPA, a recepcionista confirmou
que não. Quando a reportagem perguntou se teria em outro momento, a
recepcionista pediu um instante para consultar alguém retornou e disse que
disse que não.
A população reclama
também da demora no atendimento. “No dia 27 de agosto tive que levar minha
filha até lá”, conta uma mãe, moradora do bairro Salgado e Filhos, distante uns
5 quilômetros da UPA e dois do Hospital. “Cheguei lá às 6 horas e saí às 10
horas, isso depois de reclamar muito”, desabafa. “A gente tem que ficar
correndo atrás de enfermeira, tem que ficar correndo atrás para dar medicação”,
reclamou a mãe. Segundo ela, para não ficar esperando a van, teve que gastar R$
30,00 de taxi. Ela ainda conta que, no dia 27, havia um senhor que tinha dado
derrame há dois anos atrás e que também reclamava da demora do atendimento. “Adianta ter hospital bonito
e não ter atenção?”, pergunta a mãe.
Atendimento ruim
Outra cidadã,
Mônica do Carmo, reclama do atendimento dado a sua mãe, que sofre do mal de Alzheimer
e tem um problema na coluna. “Minha mãe foi tirada de forma errada da
ambulância por uma enfermeira despreparada e por isso saiu da UPA pior do que
chegou lá”. Mônica conta que também quiseram fazer sua mãe de ioiô e isso só
não aconteceu porque ela “rodou a baiana” e exigiu que a paciente fosse
atendida pela segunda vez no Hospital Municipal, onde se encontrava.
Em caso de
enchentes, população ficará prejudicada mais uma vez
Outro
problema seríssimo diz respeito ao fato de a UPA ter sido localizada pelo
Prefeito Nenen da ASA do outro lado do rio Paraopeba, onde mora a minoria da
população. Até pouco tempo atrás, as enchentes ocorriam de 50 em 50 ou de 10 em
10 anos. Mas essa situação mudou muito. As duas últimas tiveram intervalo de
apenas 3 anos.
“Em caso de enchente, os habitantes terão um helicóptero à sua
disposição?”, questiona pelo e-mail um leitor do de fato.
Esse será
outro grande problema causado pela localização da UPA. As enchentes costumam
cobrir a ponte sobre o Paraopeba e deixar a cidade 3 dias sem ter como passar
por ali. Talvez a prefeitura tenha mesmo que investir em barcos. Ou em
helicóptero.
Ou então
deveria ter feito o que inúmeros cidadãos de Brumadinho tem apontado: ter
construído a UPA no espaço onde localiza-se atualmente a Policlínica Municipal.
O espaço é amplo, poderia ter sido ampliado verticalmente, é mais próximo dos
cidadãos, não é isolado por um rio e custaria menos aos cofres públicos. A
obra da UPA foi feita pela empresa Império, acusada de ser de propriedade do
irmão do Prefeito e de ter recebido R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de
reais) da Prefeitura em 3 anos de mandato do atual prefeito.
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