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sábado, 20 de outubro de 2012


Edição 141-Setembro/2012
Opinião
Desvalorização dos professores

Maria Antônia Morais Nonato

Para quem não me conhece, sou Maria Antônia Morais Nonato, cidadã nascida e criada em Brumadinho, e amo minha cidade.
Estou aqui para fazer um desabafo. Sou professora de Educação Infantil da EMEI Conceição de Itaguá, onde ocupo o cargo de Professora III. Trabalho na Prefeitura há 8 anos e sou efetiva, ou seja, concursada. Mas, por causa de minha posição política, estou sendo muito perseguida e, às vezes, até humilhada. Pessoas que conheço há décadas hoje passam na rua e fingem não me conhecer, talvez não estejam com raiva de mim mas agem assim pela pressão que sofrem, ficam com medo até de me cumprimentar.
Sou uma pessoa que vem de família humilde, e tenho muito orgulho de meus pais pois eles me ensinaram a ter personalidade, opinião própria e honestidade e humildade. 
Muitos me conhecem apenas como professora mas também tenho uma microempresa, a BRINQUEL, onde monto brinquedos, me visto de palhaço (Patati, Patatá e outros). No entanto, não sou valorizada na Prefeitura, onde dão serviço apenas para outra empresa desta cidade e, às vezes, de BH.
O indivíduo tem opções na vida: uns compram fazendas e bois; outros compram carros zero quilômetro e outros, mansões. Eu pensei em investir na Educação, ingressei numa faculdade em Betim onde me formei em Pedagogia e me pós-graduei na ASA de Brumadinho. Depois da formatura entrei com meu diploma no RH da Prefeitura para melhorar meu salário e tive meu pedido “indeferido”. Sabem por quê? Porque os vereadores desta gestão criaram uma lei em que o funcionário da prefeitura teria que cumprir o estágio probatório (3 anos) e mais 3 anos no cargo em que foi efetivado para poder, então, ter o aumento de 10% do curso de pós graduação.  E isso não aconteceu apenas comigo, eram duas turmas, aproximadamente 60 professores que atuavam em Brumadinho que se formaram nesta faculdade. Na gestão anterior, os professores tinham aumento de salário conforme sua qualificação; hoje em dia, dá até desânimo estudar.
Depois deter meu pedido indeferido, procurei o prefeito para tentar conversar, sendo muito bem recebida mas sem resolver meu problema. Estou aguardando até hoje uma resposta.
Fui até a Câmara discutir com alguns vereadores o que poderia ser feito par mudar a lei que está prejudicando muito os professores, que já são muito desvalorizados. Na Câmara, apenas uma vereadora propôs uma emenda, porém não quiseram nem ler e muito menos discutir.
 Que cidadãos queremos formar? Pedagogicamente falando, devemos formar cidadãos críticos.
De tudo isso, o que mais me angustia é que pessoas que se dizem cristãs estão esquecendo seus próprios princípios bíblicos. Mas não se esqueçam: prestaremos contas com o nosso Supremo Deus um dia. E que Deus e política não se misturam.

*Maria Antônia Morais Nonato é professora e pedagoga, pós-graduada em Supervisão Pedagógica.

Voto de peso

Eleitor, um papo franco: o dia 07/10/12 está chegando, o único dia em épocas eleitorais que eles, candidatos, lembram da gente. Você sabia que é neste dia em que eles, candidatos, se acotovelam, eles ficam ansiosos para saber como será nossas condutas ao estarmos diante das urnas. Na verdade, alguns consciente de suas verdades e transparência, não sofrem com este suspense, mas por outro lado, outros só faltam ter um colapso. Devida à consciência incômoda de saber que está na berlinda por se comportar mal, quando tem o mandato nas mãos e não agiu com a devida transparência. Neste próximo dia 07/10/12, é chegada a nossa vez de, com autoridade, fazer um ajuste na vida política de nossa querida Brumadinho, localidades, quilombos e distritos.
Venho com amor, carinho e respeito a vocês, cidadãos brumadinhenses, pedir, "por favor"!! “Vá às urnas, levando com você apenas a sua capacidade de decidir, não se deixe influenciar por pressões hipócritas, covardes, manipuladoras. Se feche, reflita, exerça a sua capacidade que até então vive pressionada por pessoas incompetentes que por "motivos desconhecidos" tentam induzir você a desprezar a sua capacidade de decidir, lhe apresentando argumentos baixos, irados, desequilibrados, desesperados. Não se deixem enganar-se. Vote com a capacidade que lhe é peculiar, somos inteligentes o bastante para nos desvencilharmos desses ridículos baba-ovos de plantão. Lembre-se: você não é cidadão por acaso, sua capacidade intelectual está adormecida. Agora é a sua vez, a nossa vez de incomodarmos políticos hipócritas, covardes, arrogantes, desprovidos de sensibilidades humana que, com o nariz empinado, passam por nós, tirando onda por imaginar eles terem nossas capacidades intelectuais sobre seus domínios, tutela. Mero engano, precisamos provar isso nas urnas. Lembrem-se, cidadãos brumadinhenses: no dia 07/10/12, somos autoridades, vamos surpreender "esses" que nos desprezam, manipulam, desrespeitam. É agora, cidadãos! A nossa boa sorte para o futuro só dependerá da nossa eficiência nas urnas. Desejo felicidades para todos nós, cidadãos brumadinhenses.

João Lourenço

Votar

Raquel de Queiroz

Não sei se vocês têm meditado como devem no funcionamento do complexo maquinismo político que se chama govêrno democrático, ou govêrno do povo. Em política a gente se desabitua de tomar as palavras no seu sentido imediato.
 
No entanto, talvez não exista, mais do que esta, expressão nenhuma nas línguas vivas que deva ser tomada no seu sentido mais literal: govêrno do povo. 
Numa democracia, o ato de votar representa o ato de fazer o govêrno.
Pelo voto não se serve a um amigo, não se combate um inimigo, não se presta ato de obediência a um chefe, não se satisfaz uma simpatia. Pelo voto a gente escolhe, de maneira definitiva e irrecorrível, o indivíduo ou grupo de indivíduos que nos vão governar por determinado prazo de tempo. 
Escolhe-se pelo voto aquêles que vão modificar as leis velhas e fazer leis novas - e quão profundamente nos interessa essa manufatura de leis! A lei nos pode dar e nos pode tirar tudo, até o ar que se respira e a luz que nos alumia, até os sete palmos de terra da derradeira moradia. 
Escolhemos igualmente pelo voto aquêles que nos vão cobrar impostos e, pior ainda, aquêles que irão estipular a quantidade dêsses impostos. 
Vejam como é grave a escolha dêsses “cobradores”. Uma vez lá em cima podem nos arrastar à penúria, nos chupar a última gôta de sangue do corpo, nos arrancar o último vintém do bôlso. 
E, por falar em dinheiro, pelo voto escolhem-se não só aquêles que vão receber, guardar e gerir a fazenda pública, mas também se escolhem aquêles que vão “fabricar” o dinheiro. Esta é uma das missões mais delicadas que os votantes confiam aos seus escolhidos. Pois, se a função emissora cai em mãos desonestas, é o mesmo que ficar o país entregue a uma quadrilha de falsários. 
Êles desandam a emitir sem conta nem limite, o dinheiro se multiplica tanto que vira papel sujo, e o que ontem valia mil, hoje não vale mais zero. 
Não preciso explicar muito êste capítulo, já que nós ainda nadamos em plena inflação e sabemos à custa da nossa fome o que é ter moedeiros falsos no poder. Escolhem-se nas eleições aquêles que têm direito de demitir e nomear funcionários, e presidir a existência de todo o organismo burocrático. 
E, circunstância mais grave e digna de todo o interêsse: dá-se aos representantes do povo que exercem o poder executivo o comando de tôdas as fôrças armadas: o exército, a marinha, a aviação, as polícias. E assim, amigos, quando vocês forem levianamente levar um voto para o Sr. Fulaninho que lhes fêz um favor, ou para o Sr. Sicrano que tem tanta vontade de ser governador, coitadinho, ou para Beltrano que é tão amável, parou o automóvel, lhes deu uma carona e depois solicitou o seu sufrágio - lembrem-se de que não vão proporcionar a êsses sujeitos um simples emprêgo bem remunerado.Vão lhes entregar um poder enorme e temeroso, vão fazê-los reis; vão lhes dar soldados para êles comandarem - e soldados são homens cuja principal virtude é a cega obediência às ordens dos chefes que lhe dá o povo. Votando, fazemos dos votados nossos representantes legítimos, passando-lhes procuração para agirem em nosso lugar, como se nós próprios fôssem. Entregamos a êsses homens tanques, metralhadoras, canhões, granadas, aviões, submarinos, navios de guerra - e a flor da nossa mocidade, a êles prêsa por um juramento de fidelidade. E tudo isso pode se virar contra nós e nos destruir, como o monstro Frankenstein se virou contra o seu amo e criador. Votem, irmãos, votem. Mas pensem bem antes. Votar não é assunto indiferente, é questão pessoal, e quanto! Escolham com calma, pesem e meçam os candidatos, com muito mais paciência e desconfiança do que se estivessem escolhendo uma noiva. Porque, afinal, a mulher quando é ruim, briga-se com ela, devolve-se ao pai, pede-se desquite. E o govêrno, quando é ruim, êle é quem briga conosco, êle é que nos põe na rua, tira o último pedaço de pão da bôca dos nossos filhos e nos faz apodrecer na cadeia. E quando a gente não se conforma, nos intitula de revoltoso e dá cabo de nós a ferro e fogo.
E agora um conselho final, que pode parecer um mau conselho, mas no fundo é muito honesto. Meu amigo e leitor, se você estiver comprometido a votar com alguém, se sofrer pressão de algum poderoso para sufragar êste ou aquêle candidato, não se preocupe. Não se prenda infantilmente a uma promessa arrancada à sua pobreza, à sua dependência ou à sua timidez. Lembre-se de que o voto é secreto. Se o obrigam a prometer, prometa. Se tem mêdo de dizer não, diga sim. O crime não é seu, mas de quem tenta violar a sua livre escolha. Se, do lado de fora da seção eleitoral, você depende e tem mêdo, não se esqueça de que dentro da cabine indevassável você é um homem livre. Falte com a palavra dada à fôrça, e escute apenas a sua consciência. Palavras o vento leva, mas a consciência não muda nunca, acompanha a gente até o inferno”.

Texto de Raquel de Queiroz. Revista O Cruzeiro, 11 de janeiro de 1947.

Os laranjas descuidados

A partir do julgamento do chamado mensalão, que não é obra de um partido só, muitas teorias que constituíam o livro de cabeceira dos corruptos estão condenadas e eles começam a ficar nus.
Uma das principais teorias era aquela que, elegendo um laranja para acobertar o enriquecimento espúrio, não haveria gancho para a polícia, a Receita Federal e o Poder Judiciário pegar os cabeças da bandidagem.
O código penal vigente foi escrito para pegar os pobres, especialmente aqueles que, pela angustiante necessidade, colocavam em risco os bens das pessoas endinheiradas.
A  coisa vem lá de longe, onde a apropriação de uma miséria de leite para amamentar as crianças nas grandes fazendas de latifundiários era combatida, apregoando-se que a sua ingestão com várias espécies de frutas provocavam o envenenamento. Com isso tentavam proteger o quintal e o leite e deixavam as criancinhas com fome e desnutridas.
Por outro lado, a nação não enxergava os intrincados mecanismos e nem a parafernália de manobras encetadas pela corrupção para tentar encobrir a roubalheira e dificultar tremendamente a atuação das poucas autoridades que tentavam desbaratar as várias quadrilhas do ramo.
A coisa começou a mudar de forma importante quando a nação derrubou a ditadura instalada em 1964 e a imprensa foi libertada das amarras do totalitarismo dominante. Com isso os desmandos começaram a ser denunciados e figurões da república foram chamados às barras dos tribunais.
O que ocorre nesta década é o aprofundamento das diligências, com a introdução de novas técnicas de investigação. Entre tantas apurações concluídas e outras em curso, destacam-se, pelo conjunto da obra, os chamados mensalões do PT, do PSDB (mensalão mineiro) e o mensalão do DEM (do Distrito Federal).
Muitas pessoas poderosas que jamais imaginaram ter que sentar no banco dos réus estão agora lá e outros tantos ainda vão sentar. São políticos, banqueiros, publicitários e laranjas de todos os tipos. Muitos políticos já foram presos, outros estão sendo julgados e Presidente da República, Senadores, Deputados, Prefeitos já foram cassados. Essa é a nova realidade.
Tais reflexões são oportunas para que se atente para a realidade administrativa dos municípios, onde o poder está sendo construído através de uma barganha desnaturada, utilizando-se de pessoas simples e desconhecedoras da gravidade de seus atos, quando emprestam seus nomes para acobertar safadezas de gente poderosa.
Nem se fale das várias artimanhas engendradas para atacar as finanças públicas em proveito pessoal e de grupos, completadas com uso de gente simples, usadas como laranjas.
Por exemplo, como justificar que em um município como Brumadinho, com aproximadamente 30.000 habitantes possa  ser prevista uma campanha de R$22.000,000,00(vinte e dois milhões de reais), como é a previsão publicada aqui neste jornal, para a campanha da reeleição?
Quem vai pagar a conta? Os candidatos da reeleição? Essa dinheirama está cravada no imposto de renda, com origem clara? Os doadores não são fantasmas? O dinheiro não é sujo e querem lavar através da campanha? Isso não é tremendamente suspeito? Isso é aceitável, quando há até mesmo falta de remédios nos postos e várias pessoas estão indo ao Poder Judiciário para que  a Prefeitura seja compelida a adquirir medicamentos em falta ou negados à população? Isso não merece uma investigação oficial? Os laranjas estão acobertando a parafernália de dinheiro?
Os laranjas são utilíssimos para acobertar as safadezas, mas eles devem colocar as barbas de molho, porque como está mostrando o Supremo Tribunal Federal, vários deles vão parar na cadeia.
Não se engane, quando estão lhe oferecendo alguma vantagem para permitir que bens de terceiros, empresas e dinheiro, obtidos por meios ilícitos, sejam colocados em seu nome. Os favores são diminutos comparando-se com os aborrecimentos que você terá, em virtude dos crimes que está cometendo, que poderão levá-lo à prisão.
A lei penal demora, mas quando vem, ela é extremamente pesada.
Walter Matosinhos, advogado

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