Edição 141-Setembro/2012
Opinião
Desvalorização dos professores
Maria
Antônia Morais Nonato
Para quem não me
conhece, sou Maria Antônia Morais Nonato, cidadã nascida e criada em
Brumadinho, e amo minha cidade.
Estou aqui para
fazer um desabafo. Sou professora de Educação Infantil da EMEI Conceição de
Itaguá, onde ocupo o cargo de Professora III. Trabalho na Prefeitura há 8 anos
e sou efetiva, ou seja, concursada. Mas, por causa de minha posição política,
estou sendo muito perseguida e, às vezes, até humilhada. Pessoas que conheço há
décadas hoje passam na rua e fingem não me conhecer, talvez não estejam com
raiva de mim mas agem assim pela pressão que sofrem, ficam com medo até de me
cumprimentar.
Sou uma pessoa que
vem de família humilde, e tenho muito orgulho de meus pais pois eles me
ensinaram a ter personalidade, opinião própria e honestidade e humildade.
Muitos me conhecem
apenas como professora mas também tenho uma microempresa, a BRINQUEL, onde
monto brinquedos, me visto de palhaço (Patati, Patatá e outros). No entanto,
não sou valorizada na Prefeitura, onde dão serviço apenas para outra empresa
desta cidade e, às vezes, de BH.
O indivíduo tem
opções na vida: uns compram fazendas e bois; outros compram carros zero
quilômetro e outros, mansões. Eu pensei em investir na Educação, ingressei numa
faculdade em Betim onde me formei em Pedagogia e me pós-graduei na ASA de
Brumadinho. Depois da formatura entrei com meu diploma no RH da Prefeitura para
melhorar meu salário e tive meu pedido “indeferido”. Sabem por quê? Porque os
vereadores desta gestão criaram uma lei em que o funcionário da prefeitura
teria que cumprir o estágio probatório (3 anos) e mais 3 anos no cargo em que
foi efetivado para poder, então, ter o aumento de 10% do curso de pós
graduação. E isso não aconteceu apenas
comigo, eram duas turmas, aproximadamente 60 professores que atuavam em
Brumadinho que se formaram nesta faculdade. Na gestão anterior, os professores
tinham aumento de salário conforme sua qualificação; hoje em dia, dá até
desânimo estudar.
Depois deter meu
pedido indeferido, procurei o prefeito para tentar conversar, sendo muito bem
recebida mas sem resolver meu problema. Estou aguardando até hoje uma resposta.
Fui até a Câmara
discutir com alguns vereadores o que poderia ser feito par mudar a lei que está
prejudicando muito os professores, que já são muito desvalorizados. Na Câmara,
apenas uma vereadora propôs uma emenda, porém não quiseram nem ler e muito
menos discutir.
Que cidadãos queremos formar? Pedagogicamente
falando, devemos formar cidadãos críticos.
De tudo isso, o que
mais me angustia é que pessoas que se dizem cristãs estão esquecendo seus
próprios princípios bíblicos. Mas não se esqueçam: prestaremos contas com o
nosso Supremo Deus um dia. E que Deus e política não se misturam.
*Maria Antônia
Morais Nonato é professora e pedagoga, pós-graduada em Supervisão Pedagógica.
Voto de peso
Eleitor, um papo franco: o dia 07/10/12 está
chegando, o único dia em épocas eleitorais que eles, candidatos, lembram da
gente. Você sabia que é neste dia em que eles, candidatos, se acotovelam,
eles ficam ansiosos para saber como será nossas condutas ao estarmos
diante das urnas. Na verdade, alguns consciente de suas verdades e
transparência, não sofrem com este suspense, mas por outro lado, outros só
faltam ter um colapso. Devida à consciência incômoda de saber que está na
berlinda por se comportar mal, quando tem o mandato nas mãos e não agiu com a
devida transparência. Neste
próximo dia 07/10/12, é chegada a nossa vez de, com autoridade, fazer um ajuste
na vida política de nossa querida Brumadinho, localidades, quilombos e distritos.
Venho com amor, carinho e respeito a vocês,
cidadãos brumadinhenses, pedir, "por favor"!! “Vá às urnas, levando
com você apenas a sua capacidade de decidir, não se deixe influenciar por
pressões hipócritas, covardes, manipuladoras. Se feche, reflita, exerça a sua
capacidade que até então vive pressionada por pessoas incompetentes que por
"motivos desconhecidos" tentam induzir você a desprezar a sua
capacidade de decidir, lhe apresentando argumentos baixos, irados, desequilibrados,
desesperados. Não se deixem enganar-se. Vote com a capacidade que lhe é
peculiar, somos inteligentes o bastante para nos desvencilharmos
desses ridículos baba-ovos de plantão. Lembre-se: você não é cidadão por
acaso, sua capacidade intelectual está adormecida. Agora é a sua vez, a
nossa vez de incomodarmos políticos hipócritas, covardes, arrogantes, desprovidos
de sensibilidades humana que, com o nariz empinado, passam por nós,
tirando onda por imaginar eles terem nossas capacidades intelectuais sobre seus
domínios, tutela. Mero engano, precisamos provar isso nas urnas. Lembrem-se,
cidadãos brumadinhenses: no dia 07/10/12, somos autoridades, vamos surpreender
"esses" que nos desprezam, manipulam, desrespeitam. É agora, cidadãos!
A nossa boa sorte para o futuro só dependerá da nossa eficiência nas urnas. Desejo
felicidades para todos nós, cidadãos brumadinhenses.
João Lourenço
Votar
Raquel de Queiroz
Não sei se vocês têm meditado como devem no funcionamento do complexo maquinismo político que se chama govêrno democrático, ou govêrno do povo. Em política a gente se desabitua de tomar as palavras no seu sentido imediato.
No entanto, talvez
não exista, mais do que esta, expressão nenhuma nas línguas vivas que deva ser
tomada no seu sentido mais literal: govêrno do povo.
Numa democracia, o
ato de votar representa o ato de fazer o govêrno.
Pelo voto não se
serve a um amigo, não se combate um inimigo, não se presta ato de obediência a
um chefe, não se satisfaz uma simpatia. Pelo voto a gente escolhe, de maneira
definitiva e irrecorrível, o indivíduo ou grupo de indivíduos que nos vão
governar por determinado prazo de tempo.
Escolhe-se pelo
voto aquêles que vão modificar as leis velhas e fazer leis novas - e quão
profundamente nos interessa essa manufatura de leis! A lei nos pode dar e nos
pode tirar tudo, até o ar que se respira e a luz que nos alumia, até os sete
palmos de terra da derradeira moradia.
Escolhemos
igualmente pelo voto aquêles que nos vão cobrar impostos e, pior ainda, aquêles
que irão estipular a quantidade dêsses impostos.
Vejam como é grave
a escolha dêsses “cobradores”. Uma vez lá em cima podem nos arrastar à penúria,
nos chupar a última gôta de sangue do corpo, nos arrancar o último vintém do
bôlso.
E, por falar em
dinheiro, pelo voto escolhem-se não só aquêles que vão receber, guardar e gerir
a fazenda pública, mas também se escolhem aquêles que vão “fabricar” o
dinheiro. Esta é uma das missões mais delicadas que os votantes confiam aos
seus escolhidos. Pois, se a função emissora cai em mãos desonestas, é o mesmo
que ficar o país entregue a uma quadrilha de falsários.
Êles desandam a
emitir sem conta nem limite, o dinheiro se multiplica tanto que vira papel
sujo, e o que ontem valia mil, hoje não vale mais zero.
Não preciso
explicar muito êste capítulo, já que nós ainda nadamos em plena inflação e
sabemos à custa da nossa fome o que é ter moedeiros falsos no poder.
Escolhem-se nas eleições aquêles que têm direito de demitir e nomear
funcionários, e presidir a existência de todo o organismo burocrático.
E, circunstância
mais grave e digna de todo o interêsse: dá-se aos representantes do povo que
exercem o poder executivo o comando de tôdas as fôrças armadas: o exército, a
marinha, a aviação, as polícias. E assim, amigos, quando vocês forem
levianamente levar um voto para o Sr. Fulaninho que lhes fêz um favor, ou para
o Sr. Sicrano que tem tanta vontade de ser governador, coitadinho, ou para
Beltrano que é tão amável, parou o automóvel, lhes deu uma carona e depois
solicitou o seu sufrágio - lembrem-se de que não vão proporcionar a êsses
sujeitos um simples emprêgo bem remunerado.Vão lhes entregar um poder enorme e
temeroso, vão fazê-los reis; vão lhes dar soldados para êles comandarem - e
soldados são homens cuja principal virtude é a cega obediência às ordens dos
chefes que lhe dá o povo. Votando, fazemos dos votados nossos representantes
legítimos, passando-lhes procuração para agirem em nosso lugar, como se nós
próprios fôssem. Entregamos a êsses homens tanques, metralhadoras, canhões,
granadas, aviões, submarinos, navios de guerra - e a flor da nossa mocidade, a
êles prêsa por um juramento de fidelidade. E tudo isso pode se virar contra nós
e nos destruir, como o monstro Frankenstein se virou contra o seu amo e
criador. Votem, irmãos, votem. Mas pensem bem antes. Votar não é assunto
indiferente, é questão pessoal, e quanto! Escolham com calma, pesem e meçam os
candidatos, com muito mais paciência e desconfiança do que se estivessem
escolhendo uma noiva. Porque, afinal, a mulher quando é ruim, briga-se com ela,
devolve-se ao pai, pede-se desquite. E o govêrno, quando é ruim, êle é quem
briga conosco, êle é que nos põe na rua, tira o último pedaço de pão da bôca
dos nossos filhos e nos faz apodrecer na cadeia. E quando a gente não se
conforma, nos intitula de revoltoso e dá cabo de nós a ferro e fogo.
E agora um conselho final, que pode parecer um mau conselho, mas no fundo
é muito honesto. Meu amigo e leitor, se você estiver comprometido a votar com
alguém, se sofrer pressão de algum poderoso para sufragar êste ou aquêle
candidato, não se preocupe. Não se prenda infantilmente a uma promessa
arrancada à sua pobreza, à sua dependência ou à sua timidez. Lembre-se de que o
voto é secreto. Se o obrigam a prometer, prometa. Se tem mêdo de dizer não,
diga sim. O crime não é seu, mas de quem tenta violar a sua livre escolha. Se,
do lado de fora da seção eleitoral, você depende e tem mêdo, não se esqueça de
que dentro da cabine indevassável você é um homem livre. Falte com a palavra
dada à fôrça, e escute apenas a sua consciência. Palavras o vento leva, mas a
consciência não muda nunca, acompanha a gente até o inferno”.
Texto
de Raquel de Queiroz. Revista O Cruzeiro, 11 de janeiro de 1947.
Os
laranjas descuidados
A
partir do julgamento do chamado mensalão, que não
é obra de um partido só, muitas teorias que constituíam o livro de cabeceira
dos corruptos estão condenadas e eles começam a ficar nus.
Uma
das principais teorias era aquela que, elegendo um laranja para
acobertar o enriquecimento espúrio, não haveria gancho para a polícia, a Receita
Federal e o Poder Judiciário pegar os cabeças da bandidagem.
O
código penal vigente foi escrito para pegar os pobres, especialmente aqueles
que, pela angustiante necessidade, colocavam em risco os bens das pessoas
endinheiradas.
A
coisa vem lá de longe, onde a apropriação de uma miséria de leite para
amamentar as crianças nas grandes fazendas de latifundiários era combatida,
apregoando-se que a sua ingestão com várias espécies de frutas provocavam o
envenenamento. Com isso tentavam proteger o quintal e o leite e deixavam as
criancinhas com fome e desnutridas.
Por
outro lado, a nação não enxergava os intrincados mecanismos e nem a
parafernália de manobras encetadas pela corrupção para tentar encobrir a
roubalheira e dificultar tremendamente a atuação das poucas autoridades que
tentavam desbaratar as várias quadrilhas do ramo.
A
coisa começou a mudar de forma importante quando a nação derrubou a ditadura
instalada em 1964 e a imprensa foi libertada das amarras do totalitarismo
dominante. Com isso os desmandos começaram a ser denunciados e figurões da
república foram chamados às barras dos tribunais.
O
que ocorre nesta década é o aprofundamento das diligências, com a introdução de
novas técnicas de investigação. Entre tantas apurações concluídas e outras em
curso, destacam-se, pelo conjunto da obra, os chamados mensalões do PT, do PSDB
(mensalão mineiro) e o mensalão do DEM (do Distrito Federal).
Muitas
pessoas poderosas que jamais imaginaram ter que sentar no banco dos réus estão
agora lá e outros tantos ainda vão sentar. São políticos, banqueiros,
publicitários e laranjas de todos os tipos. Muitos políticos já foram presos,
outros estão sendo julgados e Presidente da República, Senadores, Deputados,
Prefeitos já foram cassados. Essa é a nova realidade.
Tais
reflexões são oportunas para que se atente para a realidade administrativa dos
municípios, onde o poder está sendo construído através de uma barganha
desnaturada, utilizando-se de pessoas simples e desconhecedoras da gravidade de
seus atos, quando emprestam seus nomes para acobertar safadezas de gente
poderosa.
Nem
se fale das várias artimanhas engendradas para atacar as finanças públicas em
proveito pessoal e de grupos, completadas com uso de gente simples, usadas como
laranjas.
Por
exemplo, como justificar que em um município como Brumadinho, com
aproximadamente 30.000 habitantes possa ser prevista uma campanha de
R$22.000,000,00(vinte e dois milhões de reais), como é a previsão publicada
aqui neste jornal, para a campanha da reeleição?
Quem
vai pagar a conta? Os candidatos da reeleição? Essa dinheirama está cravada no
imposto de renda, com origem clara? Os doadores não são fantasmas? O dinheiro
não é sujo e querem lavar através da campanha? Isso não é tremendamente
suspeito? Isso é aceitável, quando há até mesmo falta de remédios nos postos e
várias pessoas estão indo ao Poder Judiciário para que a Prefeitura seja
compelida a adquirir medicamentos em falta ou negados à população? Isso não
merece uma investigação oficial? Os laranjas estão acobertando a parafernália
de dinheiro?
Os
laranjas são utilíssimos para acobertar as safadezas, mas eles devem colocar as
barbas de molho, porque como está mostrando o Supremo Tribunal Federal, vários
deles vão parar na cadeia.
Não
se engane, quando estão lhe oferecendo alguma vantagem para permitir que bens
de terceiros, empresas e dinheiro, obtidos por meios ilícitos, sejam colocados
em seu nome. Os favores são diminutos comparando-se com os aborrecimentos que você
terá, em virtude dos crimes que está cometendo, que poderão levá-lo à prisão.
A
lei penal demora, mas quando vem, ela é extremamente pesada.
Walter
Matosinhos, advogado
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