Edição 130-Novembro/2011
Academias
ao ar livre viram febre no Brasil
As academias ao ar livre fazem parte
do programa do governo federal Brasil Saudável, projeto que ainda em 2005
começou a planejar ações que visam à mudança de alguns hábitos dos brasileiros,
como o sedentarismo e o tabagismo. São patrocinadas por governos estaduais ou o
Federal.
Bom negócio para prefeitos, elas
muitas vezes são doadas pelas empresas interessadas em propagandas de seus
aparelhos ou compradas por um preço muito baixo (podem ser adquiridas até por 7.950,00).
Elas estão presentes em milhares de
cidades brasileiras. Em Brumadinho, estão em lugares como José Henriques,
Brumado, ao lado da Quadra, no trevo da saída para BH e Aranha. Elas podem proporcionar
saúde e bem-estar, mas
é possível que os maiores benefícios não sejam colhidos pelos usuários. Quase
sempre funcionando sem orientação de um profissional, a população usa dos
aparelhos sem saber qual parte do corpo é trabalhada nos equipamentos.
Muitas dessas academias, espalhadas
Brasil afora, foram concebidas por pessoas sem conhecimento de Biomecânica,
explorando um nicho de mercado que é a autopromoção de Prefeituras e prefeitos.
Não há como avaliar se tais
academias são boas ou más sem que haja uma estatística de lesões associadas a
elas. Elas podem até mesmo ser excelentes mas existe um risco por que foram
concebidas por pessoas sem conhecimentos de Biomecânica. E como os usuários
fazem o exercício de qualquer jeito, sem orientação alguma, o risco de lesões
aumenta ainda mais!
Para alguns especialistas a novidade pode trazer
sérios riscos, comprometendo à saúde caso não haja um acompanhamento médico de
aptidão na prática e uso dos equipamentos. “Um exercício executado de forma errada não só pode
comprometer os efeitos benéficos da prática, como também reforçar complicações
que o usuário já apresenta”, defende o site http://prosaeprozac.wordpress.com.
A população, é claro, acolhe muito
bem uma inciativa de disponibilizar gratuitamente uma academia ao ar livre. No
entanto, a população deve avaliar os reais interesses que levaram a montagem
das academias e dependendo deles, se elas realmente são benéficas para o povo
ou apenas para a reputação do político.
Como foram concebidas essas
academias? Foram doadas? Dinheiro do Governo Federal ou estadual? Quanto
custaram? Por que as academias instaladas em Brumadinho têm a propaganda da
empresa Ziober, de Maringá, no Paraná? Alguém sabe quais as vantagens delas?
Nesta matéria, o jornal de fato traz informações que
ajudarão o leitor a ter uma opinião mais clara sobre o assunto e os cuidados
com sua saúde.
Betim: academia na praça
Dois locais de
Betim realizam o programa “Academia Esporte na Praça“. A segunda academia foi
instalada em abril na Praça Alzira Rosa de Jesus, no cruzamento das avenidas
Amazonas e Edmeia Mattos Lazarotti. A implantação do espaço é uma iniciativa da
Prefeitura de Betim, por meio da Secretaria Municipal de Esportes (Seme).
A primeira unidade da
“Academia Esporte na Praça“ começou a funcionar no início do ano. O primeiro
local beneficiado com o programa está localizado no começo da pista de
caminhada da Avenida Edmeia Mattos Lazarotti, ao lado da Praça Tácido Guimarães
Osasco entrega mais 3 academias ao ar livre
O prefeito de Osasco (SP), Emidio de
Souza, realizou a entrega de mais 3 academias ao ar livre na cidade. Foram
contemplados a Praça Dicran Echeferian, em Presidente Altino, a Praça Cristo
Redentor, no Alto do Farol, e o Parque Clóvis Assaf, na Cidade das Flores.
A Praça Dicran Echrefian ganhou
alongador, multiexercitador, simulador de surfe, de cavalgada e de remo. A
praça ganhou também uma pista de cooper. Já a Praça Cristo Redentor, no
Alto do Farol, ganhou alongador, simulador de cavalgada, simulador de remo e
simulador de surfe.
A última entrega foi no parque
Clóvis Assaf, na Cidade das Flores, que ganhou multiexercitador, simulador de
surfe, caminhada, remo e cavalgada, alongador e esqui.
As informações são do Departamento
de Comunicação Social da Prefeitura.
São José dos Campos possui 27 academias ao ar livre
Espaços funcionam com orientação de monitores
Desde que surgiram as academias ao ar livre em inúmeras cidades do
Brasil, os sedentários têm mais trabalho para se justificar suas preguiça. Em
São José dos Campos (SP), esses espaços têm monitores até aos sábados. As
academias têm painéis que explicam como usar os aparelhos. Mas o ideal é que as
pessoas façam os exercícios sob a orientação de um monitor. Todas elas têm
monitores em dois horários. Pela manhã, das 7 às 10 horas, e depois, das 17h às
19h. "As orientações são desde as vestes até a postura para que as pessoas
tenham melhor aproveitamento dos exercícios", orienta a monitora Kátia Moura.
São José dos Campos (SP) possui 27 academias ao ar livre, instaladas em
24 bairros. Até o final do ano, serão 55 academias.
Segundo a prefeitura, cerca de 14 mil pessoas são atendidas por mês,
pelo Programa Cidade em Movimento, coordenado pela Secretaria de Esportes e
Lazer, onde 54 professores de Educação física orientam a população que utilizam
as academias ao ar livre.
Além de oferecer práticas de atividades físicas, as academias ao ar
livre proporcionam aos frequentadores a oportunidade de fazer novas amizades.
Incentivados pelos monitores, toda sexta-feira, as pessoas que frequentam as
academias, realizam um café da manhã comunitário. A prefeitura pretende
instalar, mais 33 academias até o final do ano.
Academias ao ar livre em 40 cidades mineiras e no Estado do Paraná
Por intermédio do deputado estadual Antônio Carlos Arantes (PSC), o
programa Academia ao Ar Livre foi implantada em cerca de 40 municípios de Minas
Gerais. A medida trouxe estímulo à prática de esportes nas cidades em que o
programa foi implantado.
Carmo do Rio Claro foi um dos municípios beneficiados. Outro foi
Guaranésia. Lima Duarte também foi contemplada, além Arceburgo.
A “Academia ao Ar Livre” tem sido uma prática também no Estado do Paraná
com a implantação do programa em várias cidades.
“Academia
ao Ar Livre” em Guaranésia
Em
Guaranésia (MG), foram instalados 10 aparelhos que compõe a Academia ao Ar
Livre na Praça da Bíblia (Praça do Cemitério), complementando o playground da
antiga alameda que era a Praça de Alimentação.
Recentemente
foi instalada uma Academia ao Ar Livre na Praça Gaí G.R. Dias, uma em Santa
Cruz do Prata e uma outra no Pátio da Antiga Estação.
Academia
ao ar livre inaugurada em Bauru
No
dia 22 de agosto, a primeira Academia do Idoso ao ar livre foi inaugurada em
Bauru (SP), segundo o site http://www.faac.unesp.br.
A academia está localizada no Jardim Ferraz, na Praça Vidigal, próxima a
Sociedade Hípica de Bauru.
A
academia instalada na Praça Gastão Vidigal é a única academia ao ar livre que
conta com participação profissional para orientar os usuários. Segundo
a secretária de Bem-Estar Social, Darlene Tendolo, cinco outras academias também poderão contar
com a presença de profissionais.
Academias
custam pouco
As academias ao ar
livre fazem parte do programa do governo federal Brasil Saudável, projeto que
ainda em 2005 começou a planejar ações que visam à mudança de alguns hábitos
dos brasileiros, como o sedentarismo e o tabagismo. Entendidas como boa ideia,
governos estaduais também costumam liberar dinheiro para cidades
implementá-las.
No entanto, vista
como bom negócio para prefeitos, elas muitas vezes são doadas pelas empresas
interessadas em propagandas de seus aparelhos. Nas academias de Brumadinho, a propaganda é de uma empresa de
Maringá, no Paraná, de nome Ziober. Elas podem ainda ser compradas por um preço muito
baixo (podem ser adquiridas até por 7.950,00).
Um das empresas que
vendem academias ao ar livre o fazem pelo site http://domsilverio.olx.com.br. Veja abaixo a
resposta de “Fabiano” a uma pergunta de uma pessoa interessada em adquirir os
equipamentos:
“Fabiano diz:
Agosto 31
Boa noite,
Possuimos academias ao ar livre individual, composto por lixeira, banco, placa
e mais dez equipamentos (12.000,00) e outro modelo com lixeira, banco, placa e
mais 5 equipamentos a serem escolhidos pelo comprador no valor de 7.950,00.”
Estratégia política
“Montar uma academia pública é muito mais barato do que construir um
hospital. (...) Principalmente porque essas instalações têm baixo custo, podem
ser viabilizadas com o apoio de parcerias ... As academias abertas a todos têm
tudo o que um administrador pode querer: custam barato, proporcionam saúde e
bem-estar, fazem o eleitor feliz e economizam dinheiro dos cofres públicos.”
Essa é a opinião de Waldyr Soares, Presidente da Fitness Brasil, INDÚSTRIA de
aparelhos de academias, em Editorial da revista Fitness Business, maio/junho
2008.
Academias
ao ar livre podem comprometer saúde
Totalmente
práticos, bonitos, arrojados, de ultima geração e o melhor, podem ser
utilizados democraticamente por qualquer pessoa, criança, adulto, jovem ou
idoso. Estas são alguns dos adjetivos dos aparelhos de ginástica que atualmente
compõe as mais de 10 praças de Belo Horizonte nas chamadas ‘Academias ao ar
Livre' ou ‘Academias da Terceira Idade' (ATI's), abertas ao público. O foco do
atual projeto é o ‘combate ao sedentarismo', primordialmente entre os idosos.
Criadas
a partir de 2007 no Brasil seguindo o modelo adotado em Pequim, Capital da
China, as academias tem o apoio da Unimed, Cooperativas de Saúde e Prefeituras.
Para alguns especialistas a novidade pode trazer sérios riscos, comprometendo à
saúde caso não haja um acompanhamento médico de aptidão na prática e uso dos
equipamentos. Para Behnam Talebipour, fisiatra, médico do esporte do ‘Minas
Tênis Clube' e diretor de defesa profissional da ‘Associação Médica de
Minas Gerais' (AMMG), o paciente deve ter lembra atenção ao iniciar os
exercícios, consultando um médico se for preciso.
Liberdade
demais?
Frequentadores
não passam por avaliação médica ou orientação para utilizar os aparelhos
Em
Frederico Westphalen (RS), elas são três: uma na Praça da Matriz, outra na
Barril e a última no distrito Osvaldo Cruz. As academias ao ar livre fazem
parte do programa do governo federal Brasil Saudável, projeto que ainda em 2005
começou a planejar ações que visam à mudança de alguns hábitos dos brasileiros,
como o sedentarismo e o tabagismo. Em parceria com o governo estadual, foram
instaladas as três academias que hoje funcionam na cidade, e há previsões de
mais duas, ainda sem local definido.
A
mais popular delas é a da Praça da Matriz. Nos finais de tarde e fins de semana,
o movimento é grande. As reclamações, também. A principal delas é a carência de
um profissional para orientação à atividade física. Os aparelhos não
apresentam sobrepeso, ou seja, o usuário se exercita utilizando o peso do
próprio corpo. A falta de auxílio compromete o benefício dessa atividade. Um
exercício executado de forma errada não só pode comprometer os efeitos
benéficos da prática, como também reforçar complicações que o usuário já
apresenta.
As
informações são do site http://prosaeprozac.wordpress.com
Para
que servem as academias ao ar livre
“Todos nós sabemos
dos benefícios da prática de exercícios físicos para as pessoas: melhora a
qualidade de vida delas, a saúde e a longevidade. No entanto, praticar uma
atividade física com má orientação pode trazer problemas sérios para as
pessoas. Hoje está se tornando uma prática comum Prefeituras de todo o Brasil
disponibilizarem em parques e praças. Academias ao ar livre já estão presentes
em milhares de cidades brasileiras.
Uma boa iniciativa,
com certeza, mas é possível que os maiores benefícios não sejam colhidos pelos
usuários.
Enquanto numa
academia convencional sabemos qual o nome dos exercícios e qual parte do corpo
é trabalhada nos equipamentos, você já parou para pensar sobre quais exercícios
e quais trabalhos são feitos nesses aparelhos de ginástica grátis?
Sabe também que
melhorias nas capacidades físicas e nos indicadores bioquímicos eles promovem?
Será que todo tipo de pessoa pode se beneficiar deles, e sem se machucar? Há um
jeito certo de usar os aparelhos?
A realidade é que a
maior parte das pessoas não tem essas respostas mesmo que as academias ao ar
livre já estejam presentes em milhares de cidades brasileiras.
Dois motivos por
que uma Prefeitura monta uma academia ao ar livre
Como as Prefeituras
são responsáveis por pagarem uma parte dos gastos da saúde pública no Brasil,
sobre o aspecto financeiro é bem interessante que as pessoas da cidade tenham
uma boa saúde e precisem de menos atendimento médico. Esse é bom motivo para se
montar uma academia gratuita.
Um outro motivo,
não tão divulgado, mas que provavelmente prevalece sobre o primeiro, é que
grande parte das academias para terceira idade grátis são doadas por uma
empresa, em troca de uma pequena publicidade. (Nota
da redação: isso pode ser comprovado por Editorial da revista Fitness Business, maio/junho
2008, assinado por Waldyr Soares, Presidente da Fitness Brasil, indústria de
aparelhos de academias que garante que “... essas instalações (...) podem ser
viabilizadas com o apoio de parcerias”) E como a imprensa
costuma divulgar com destaque a inauguração de uma academia grátis, a
Prefeitura tem uma ótima exposição na mídia sem gastar dinheiro para isso.
Excelente para os projetos políticos dos prefeitos…
Algumas pessoas
podem sentir algum incômodo sobre a esperteza de certos prefeitos mas até aí
não há nada a se questionar. O grande problema é o como essas academias foram
concebidas e se realmente trazem benefícios.
A origem das
academias
Como foram
concebidas essas academias? Alguém sabe quais as vantagens delas? Você irá
encontrar tais repostas no trecho seguinte, transcrito da uma reportagem da
Revista Época, feita por Francine Lima, que aborda o mesmo tema:
“No último sábado, abordei
adultos e adolescentes que usavam os aparelhos de metal no Parque do
Ibirapuera, em São Paulo. Perguntei a eles para que serviam os equipamentos que
estavam usando. Deram-me respostas diferentes. Um dizia que o “Simulador de
caminhada” servia para alongar as pernas, mas outro fazia a tal caminhada
simulada tão rapidamente que supus que ele pretendia fazer ali um trabalho
cardiovascular. A placa de identificação do aparelho não dava instruções. Só
marcava numa ilustração quais eram as partes do corpo supostamente trabalhadas.
Fiquei com a impressão de que os usuários não estavam bem informados.
Ontem, conversei com Heraldo
Guiaro, da administração do Parque do Ibirapuera. Ele me contou que os 52
aparelhos instalados no parque foram doados por uma empresa chamada Physicus,
de Auriflama, no interior de São Paulo. Doados. Antes de aceitar a doação,
porém, a administração do parque teria se reunido com gente da Secretaria
Municipal de Esportes para avaliar a qualidade dos equipamentos.
Roberto Rivelino, profissional
de educação física da secretaria de esportes, confirmou a história por
telefone. “Nós vimos as fotos do catálogo da Physicus e a descrição de como
funcionavam”, me disse Rivelino. As fotos. Então ninguém viu os aparelhos
pessoalmente antes de aceitar a doação? Ninguém verificou o design das peças, a
mecânica dos movimentos? Ninguém pediu referências da empresa? Não compararam os
produtos com equivalentes de outras marcas? Não fizeram perguntas para o
responsável técnico da Physicus? Não. Rivelino me disse que não fizeram nada
disso. Quando finalmente receberam o carregamento, tudo que verificaram foi o
acabamento das peças.
Bem, agora os aparelhos estão
em pleno funcionamento, e os usuários parecem estar gostando. Perguntei a
Roberto Rivelino sobre as funções de alguns aparelhos e as alterações benéficas
que eles promovem no corpo. Falamos especificamente de um que lembra um volante.
Rivelino disse que esse movimenta as articulações e a musculatura dos ombros, e
que é para ser um complemento de outras atividades físicas. Mas que tipo de
trabalho muscular se executa ali, e que tipo de qualidade física está sendo
melhorada? Seria a força? Não. O aumento da massa muscular? Não. A resistência
muscular? A capacidade cardiovascular? Rivelino fez silêncio.
Não estava fácil conseguir
respostas. Procurei então o responsável por outra academia ao ar livre na
cidade. O Hospital Samaritano, que patrocina a Praça Irmãos Karmann,
administrada pela Subprefeitura da Lapa, me informou investiu R$ 220 mil na
revitalização da praça e apenas R$ 10 mil na compra e instalação da academia ao
ar livre, em outubro do ano passado. (É muito barato. Numa academia
convencional, um único aparelho pode custar metade disso.) Embora o Hospital
Samaritano tenha bancado tudo, “quem desenvolveu o projeto e deu as diretrizes
foi a Coordenadoria de Áreas Verdes da Secretaria de Subprefeituras”, disse a
assessoria de imprensa do hospital.
Continuei procurando um
especialista que me falasse dos critérios técnicos para aprovar a compra dos
equipamentos pela prefeitura. Afinal, era um projeto municipal para melhorar a
saúde da população, e imaginei que houvesse um especialista em envolvido. Não
achei.
Resolvi ir direto às origens: a
fabricante da academia. Ali certamente alguém saberia me dizer como os
equipamentos foram criados, que estudos de mecânica e fisiologia foram feitos,
que argumentos científicos foram usados para convencer tantas prefeituras a
apostar nesse tipo de exercício como solução para a qualidade de vida dos
idosos e da população em geral.
Com a dica do Samaritano, achei
a empresa Ziober, sediada em Maringá (PR). Quem me atendeu foi Aluizio Marques
Junior, diretor comercial da empresa. Ele me disse que a marca Ziober já está
em 1300 municípios brasileiros, em quase todos os estados, totalizando mais de
2000 academias ao ar livre. Disse também que cerca de 70% delas são projetos de
prefeituras, mas que também estão em condomínios, clubes e outros locais
privados. “Só em São Paulo já temos cem academias”, afirmou Junior, como
prefere ser chamado.
Junior começou a contar como
esse sucesso todo começou. Ele diz que, há cerca de cinco anos, quando ainda
era vendedor de livros, viu no Globo Repórter uma matéria sobre uma academia ao
ar livre na China. Achou que era uma ótima ideia e cutucou seu “amigo de
boteco” Paulo Ziober, que na época trabalhava como dobrador de tubos.
Justamente os tubos de aço-carbono de que são feitos hoje os aparelhos da
Ziober. Resolveram montar um negócio juntos, e deu muito certo.
E como um vendedor de livros e
um dobrador de tubos de repente viraram empresários bem-sucedidos do ramo de
fitness? Achei que Junior iria dizer que contrataram um designer ótimo,
especializado em aparelhos de ginástica, mas não foi nada disso. Junior diz que
foram eles dois mesmo que criaram os aparelhos, baseando-se no que conheciam
das academias convencionais. E que, só depois que estava tudo pronto, chamaram
um “professor de ergonomia” de uma universidade local e um conhecido professor
de judô da cidade para dar o aval.
O primeiro cliente da Ziober
foi a prefeitura de Maringá. Junior conta que o prefeito se empolgou com a
ideia, até porque não precisou tirar um tostão do bolso. A Unimed patrocinaria
a primeira (que custou menos de R$ 20 mil) e várias outras das 42 academias ao
ar livre da cidade. O projeto foi batizado de Academia da Terceira Idade (ATI),
e ganhou um slogan poderoso: “Quem vai para a ATI não vai para a UTI”. Logo,
logo, as ATIs viraram um ótimo negócio não só para a Ziober, mas também para as
empresas de saúde e as prefeituras, que passaram a aparecer na mídia como
criadoras de programas públicos de qualidade de vida.
E para a população, foi um bom
negócio? Voltei às perguntas sobre as funções dos aparelhos e os benefícios dos
exercícios para a saúde. “Não lembro direito as funções dos aparelhos”,
confessa Junior, o criador dos mesmos. “Mas procuramos fazer de um jeito que
fosse seguro para a terceira idade. Para os jovens não dá muito resultado de
ficar musculoso, porque são aparelhos sem peso. Não há relatos de alguém que
tenha se machucado.”
Ainda assim, Junior acredita
que a academia seria mais benéfica se as prefeituras assumissem a responsabilidade
de orientar os usuários. Segundo ele, dificilmente elas mantêm um profissional
instruindo as pessoas sobre como se exercitar ali. Sem isso, como saberão se
estão mexendo os músculos e gastando energia na melhor medida possível?”
Academia para
terceira idade: muito além da saúde: promoção para prefeitos
Pelo que se vê,
essas academias foram concebidas por pessoas sem conhecimento de Biomecânica,
explorando um nicho de mercado que é a autopromoção de Prefeituras e prefeitos.
Não há como avaliar
se tais academias são boas ou más sem que haja uma estatística de lesões
associadas a elas. Elas podem até mesmo ser excelentes mas existe um risco por
que foram concebidas por pessoas sem conhecimentos de Biomecânica. E como os
usuários fazem o exercício de qualquer jeito, sem orientação alguma, o risco de
lesões aumenta ainda mais!
A população, é
claro, acolhe muito bem uma inciativa de disponibilizar gratuitamente uma
academia ao ar livre. No entanto, ainda falta a população o senso crítico de
avaliar os reais interesses que levaram a montagem da academia e dependendo
deles, se ela realmente é benéfica para o povo ou apenas para a reputação do
político…”
As opiniões são do
site www.saudeeforça.com, acessado em 25 de novembro de 2011, às 21
horas.
Academia para
terceira idade: muito além da saúde: promoção para prefeitos
Pelo que se vê,
essas academias foram concebidas por pessoas sem conhecimento de Biomecânica,
explorando um nicho de mercado que é a autopromoção de Prefeituras e prefeitos.
Não há como avaliar
se tais academias são boas ou más sem que haja uma estatística de lesões
associadas a elas. Elas podem até mesmo ser excelentes mas existe um risco por
que foram concebidas por pessoas sem conhecimentos de Biomecânica. E como os
usuários fazem o exercício de qualquer jeito, sem orientação alguma, o risco de
lesões aumenta ainda mais!
A população, é
claro, acolhe muito bem uma inciativa de disponibilizar gratuitamente uma
academia ao ar livre. No entanto, ainda falta a população o senso crítico de
avaliar os reais interesses que levaram a montagem da academia e dependendo
deles, se ela realmente é benéfica para o povo ou apenas para a reputação do
político…”
As opiniões são do
site www.saudeeforça.com, acessado em 25 de novembro de 2011, às 21
horas.
As academias de Brumadinho
Fabricante
diz que não lembra “as
funções dos aparelhos”
As academias
instaladas em Brumadinho são de um fabricante chamado Ziober, empresa sediada em Maringá (PR). Segundo Aluizio
Marques Junior, diretor comercial da empresa, a marca Ziober já está em 1300
municípios brasileiros, em quase todos os estados, totalizando mais de 2000
academias ao ar livre. Em entrevista dada à revista época, Aluizio disse que
era vendedor de livros, viu no Globo Repórter uma matéria sobre uma academia ao
ar livre na China e achou que era uma ótima ideia. Associando-se a Paulo
Ziober, que na época trabalhava como dobrador de tubos, montaram a empresa
Ziober.
Curiosamente, os proprietários
da Zieber não contrataram um designer ótimo, especializado em aparelhos de
ginástica. Junior diz que foram eles dois mesmo que criaram os aparelhos,
baseando-se no que conheciam das academias convencionais. E que, só depois que
estava tudo pronto, chamaram um “professor de ergonomia” de uma universidade
local e um conhecido professor de judô da cidade para dar o aval. Ou seja, as
academias instaladas em Brumadinho possui aparelhos que foram criados sem
estudos de mecânica
e fisiologia, por pessoas que viram nelas uma ótima forma de ganhar dinheiro
fácil.
Perguntado sobre a função dos
aparelhos, Aluizio Marques Junior, um de seus criadores, respondeu: “Não lembro direito as funções
dos aparelhos.” E completa: “Mas procuramos fazer de um jeito que fosse
seguro para a terceira idade. Para os jovens não dá muito resultado de ficar
musculoso, porque são aparelhos sem peso.”
O próprio Junior acredita que a
academia seria mais benéfica se as prefeituras assumissem a responsabilidade de
orientar os usuários. Segundo ele, dificilmente elas mantêm um profissional
instruindo as pessoas sobre como se exercitar ali. Sem isso, como saberão se
estão mexendo os músculos e gastando energia na melhor medida possível?”
As academias ao ar livre viraram
um ótimo negócio não só para a Ziober, mas também para as empresas de saúde e
as prefeituras, que passaram a aparecer na mídia como criadoras de programas
públicos de qualidade de vida. O primeiro cliente da Ziober foi a prefeitura de
Maringá. Junior conta que o prefeito se empolgou com a ideia, até porque não
precisou tirar um tostão do bolso. A Unimed patrocinaria a primeira (que custou
menos de R$ 20 mil) e várias outras das 42 academias ao ar livre da cidade.
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