Pedido de informações feito pela vereadora Alessandra do
Brumado está impedindo votação dos vereadores
Durante mais de seis meses, milhares de brumadinenses ficaram
sem iluminação pública em inúmeros lugares, por todos os cantos do Município.
Apesar de não ter o serviço, a Prefeitura continuou cobrando dos cidadãos um
serviço que não lhes estava sendo oferecido. Mas essa não é a principal razão
de um Projeto de Lei que está tramitando na Câmara Municipal. As razões são a
ilegalidade da cobrança. O projeto já entrou em discussão ainda no mês de
outubro. No entanto, a vereadora Alessandra do Brumado (PPS) entrou com um
pedido de informações à Prefeitura, o que impediu que os vereadores decidissem
sobre o Projeto.
O Projeto de Lei foi proposto pelo Vereador Reinaldo Fernandes
(PT). É o mesmo vereador que propôs o fim da Taxa de Lixo, que também era
ilegal, e que agora os brumadinenses não pagam mais.
O projeto de lei nº 69/2016 tem como finalidade revogar a
cobrança da Taxa de Iluminação Pública -, instaurada pelo Código Tributário
Municipal pelo ex-prefeito Gibiu, e cobrada a partir de 2002, tendo
subsequentes alterações na lei em 2011 e 2015.
O Vereador Reinaldo Fernandes explica que é preciso acabar com
a Taxa porque ela é ilegal. Segundo Reinaldo, "a doutrina
administrativista, de forma quase uníssona, classifica o serviço de iluminação
pública como aquele prestado pelo Estado INDISCRIMINADAMENTE, DE FORMA GERAL E
UNIVERSAL, portanto REMUNERÁVEL APENAS POR IMPOSTOS.” “Se não fosse assim, cada
um de nós, vereadores e população em geral, deveríamos ter em nossa casa um
interruptor: assim, quando fôssemos nos recolher ao descanso noturno, quando
fôssemos dormir, poderíamos e deveríamos “desligar” o poste diante de nossa
casa, até porque, dormindo, não precisamos da iluminação dele. No entanto, e é
claro, não o fazemos, porque o poste deve estar com sua lâmpada acesa para
todos que passam pela rua, pela praça, ‘pois a iluminação pública beneficia a
coletividade INDISCRIMINADAMENTE’”, explicou o petista aos colegas vereadores.
O vereador lembra ainda que o Supremo Tribunal Federal decidiu
que “o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa”,
editando, inclusive, a Súmula n° 670, notadamente por se tratar de SERVIÇO
IMENSURÁVEL, que NÃO ATENDE AOS CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE E ESPECIFICIDADE,
conforme previsto no art. 145, II, da CF/88 e no art. 77 do Código Tributário
Nacional - CTN.
Taxa ilegal
O vereador ainda acrescenta em sua justificativa que "a
iluminação pública não é um SERVIÇO PÚBLICO ESPECÍFICO E DIVISÍVEL, utilizado
pelo contribuinte. Repita-se que o serviço de iluminação pública é utilizado
por TODA a sociedade". E questionou: “milhares de brumadinenses ficaram SEM
ILUMINAÇÃO PÚBLICA em inúmeros lugares, por todos os cantos do Município. E
isso há mais de 6 (seis) meses! E PAGANDO por um serviço que não estava lhes
sendo oferecido! E quem vai devolver a esses milhares de brumadinenses o
dinheiro que pagaram sem receber o serviço?”
Inexistência do fato gerador
O vereador do PT lembra que a atual cobrança possui
“inexistência do FATO GERADOR”, que nada mais é o fato que irá gerar a
incidência do tributo, a materialização da situação que a Lei definiu de forma
abstrata. Assim, se a lei disse: “FATO GERADOR do ICMS é a saída da mercadoria
do estabelecimento do contribuinte’, quando esta situação se materializar, ou
seja, quando efetivamente a mercadoria sair do estabelecimento, dizemos que
houve um fato que gerou a obrigação tributária principal”.
No caso da Taxa de iluminação Pública não existe fator gerador
porque a taxa não pode ser cobrada, é ilegal.
Projeto está parado na câmara
O projeto já foi colocado em pauta de Comissões Permanentes da
Câmara no último dia 20 de outubro. Mesmo diante da defesa contundente do
vereador Reinaldo Fernandes (PT), parte dos vereadores ficou em dúvida quanto à
aprovação do PL e a discussão não foi concluída. Neste dia, depois de hora e
meia de discussão, a vereadora Alessandra do Brumado (PPS) entrou com um pedido
de informações à Prefeitura. Isso impediu que os vereadores decidissem sobre o
Projeto. A vereadora quer saber em quanto será reduzida a receita da prefeitura
se ela parar de cobrar a Taxa ilegal. Ao
que parece, para a vereadora, não basta o fato de a Taxa ser ilegal.
Usando a Tribuna do Legislativo na reunião do Plenário do dia
24 de novembro, mais de um mês depois da primeira discussão, o vereador
Reinaldo Fernandes solicitou aos colegas vereadores que não se deixassem levar
pela enrolação da Prefeitura e que votassem o projeto. Como parte da informação
solicitada pela vereadora Alessandra do Brumado já consta do PL do orçamento
para 2017, Fernandes solicitou que ela se abstivesse de votar ou votasse contra
caso não se sentisse em condições de votar, mas que o PL fosse votado pela
Câmara. “Não podemos nos esconder atrás do Regimento Interno do Legislativo e
da enrolação da Prefeitura para não votar o fim dessa taxa ilegal”, disse o
Vereador.
No dia 28 de novembro, diante de cerca de 30 populares que
acompanhavam a reunião de Comissões do Legislativo, o Vereador Reinaldo
Solicitou aos vereadores que decidissem sobre o Projeto mas eles não quiseram
fazê-lo, alegando que as informações não tinham chegado. Reinaldo insistiu em
que o PL seja votado neste ano, com ou sem as informações da Prefeitura.
No dia 2 de dezembro, o gabinete de Fernandes acionou a
Prefeitura solicitando que as informações sejam enviadas à Câmara.
Centenas de pessoas apóiam o fim da taxa ilegal
Centenas de brumadinenses apóiam o fim da taxa ilegal de
iluminação pública. Várias centenas de pessoas assinaram um abaixo-assinado de
apoio à aprovação do Projeto de Lei. Até o fechamento desta edição, mais de 400
pessoas tinham assinado em apoio à iniciativa de Fernandes.
“Tenho absoluta certeza de que os colegas
vereadores votarão a favor do projeto, já que a Taxa é ilegal e o seu fim
significará economia no bolso dos brumadinenses”, diz Reinaldo Fernandes. “Além
disso, esse é o desejo da população, e os vereadores representam, a população”,
conclui Reinaldo.
Aprovado o projeto, toda a população de Brumadinho será
beneficiada mais uma vez, com uma redução na carga tributária a partir de
janeiro de 2017.
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