Edição 202 – Setembro 2017
Editorial
Palmas para os vereadores
É certo “que
os partidos políticos brasileiros não estão em seu melhor momento na apreciação
da sociedade. Em 2016, segundo a Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas,
somente 6% dos brasileiros confiavam nos partidos”. Não é pra menos! O jeito de
agir da maioria arrasadora dos políticos é de dar nojo! No Congresso Nacional,
a coisa chegou a patamares inimagináveis, com aprovação de reformas como a
Trabalhista e a tentativa de aprovar a da Previdência, a Terceirização, a PEC
da contenção de gastos, a entrega do pré-sal e o agora o “Fundo Partidário”
bilionário. Além disso, trabalham (contra o povo, via de regra) de terça à
quinta feira e têm salários altíssimos, dezenas de assessores, inúmeras
regalias.
Em
Brumadinho não é muito diferente. Salário de R$ 7.480,62 sem exigência de ir à Câmara, a não ser
duas vezes por mês; diária de 160 reais se saírem do Município; pagamento no
dia 25 do mês (ou 24 ou 23 se o dia 25 “cair” no sábado, domingo ou feriado);
recebem verba de gabinete de aproximadamente R$ 500,00; possuem cantina com
café, leite, chá e pão à vontade, a menos de 10 metros do gabinete, mas, mesmo
assim, ainda recebem um frigobar; cópias de Xerox à vontade; e podem contratar
para seus gabinetes assessores que custam em torno de mais R$ 10.000,00 por mês
sem NENHUM controle de presença no trabalho feito pela Câmara, o que quer dizer
que podem ficar sem nunca ir lá e, mesmo assim, receber ao final, digo, no dia
25 de cada mês; recesso de 30 dias em janeiro, 15 em julho, mais de 10 a 20 em
dezembro e mais uns 20 durante o ano (Semana Santa, Carnaval e outros dias de
“ponto facultativo”). E um vergonhoso aumento salarial dado neste
ano por eles mesmos, no valor de R$ 735,00, elevando o salário de R$ 7.480,62 para R$ 8.215,62.
No
entanto, no meio disso tudo, alguma atitude merece nosso respeito e nossos
aplausos. É o caso dos vereadores Hideraldo Santana
(PSC), Caio César (PTB) e Maxiliano Maciel, o Barrão (PP). Esses vereadores,
segundo informou ao Jornal de fato o Setor de Recursos Humanos da Câmara, “não
recebem os valores referentes ao cartão alimentação”. Palmas para eles!
Enquanto isso, os
demais vereadores agiram como se
não tivessem nenhuma preocupação com seus eleitores e a população em geral. No
momento em que boa parte dessa população está desempregada e passando por
dificuldades, nossos vereadores Alessandra do Brumado (PPS), Toninho da Rifel
(PV), Vanderlei Xodó (PRB), Henerson Rodrigues, o Ninho (PP); Zé
Raimundo (PTC), Juca Dornas (PV), Geada (PR); Ivam do Aranha (PR); Flávio Flecha
(PTC) e Bruno Fernandes decidiram aumentar o próprio salário em R$ 735,00 (setecentos e trinta e cinco reais). Não quiseram nem
mesmo dar tempo a si próprios para refletirem: correram para colocar o projeto
em pauta, na surdina, às vésperas do Carnaval, para se darem um aumento de 735
reais; sem publicar o PL no site da Câmara, e sem contar para nós, população,
quem votou a favor e quem votou contra. Quem sempre combateu a falta de
transparência agora faz o mesmo: Alessandra escreveu no DOM: “Confira a votação
completa no site www.cmbrumadinho.mg.gov.br.”
Mas no site não havia uma linha sequer sobre quem aprovou esse aumento! E o
cinismo continuou: “A próxima reunião está agendada para o dia 6 de abril, às
19h. A sua participação é muito importante!” (Jornal de fato nº 195, Fev/2017)
Já os vereadores
Hideraldo Santana (PSC), Caio César (PTB) e Maxiliano Maciel, o Barrão (PP)
votaram contra.
O Projeto de Alessandra do Brumado e Toninho da Rifel elevou o salário dos
vereadores de R$ 7.480,62 para R$ 8.215,62. Ao final do mandato, cada vereador
receberá em torno de R$ 37.000,00, o que significarão quase R$ 500.000,00 (meio
milhão de reais) a mais de gastos da Câmara de Brumadinho. Esse dinheiro
poderia, por exemplo, comprar remédios para a população de São José do
Paraopeba.
O aumento
proposto por Alessandra
do Brumado e Toninho da
Rifel é vergonhoso! Aumentar o próprio salário, já tendo tantas regalias, é uma
atitude que deveria deixar os vereadores com vergonha de andar nas ruas da
cidade e de encarar seus eleitores e aos brumadinenses em geral. Daí o fato de
que, nesse quesito específico, merecerem os aplausos os vereadores
Hideraldo, Caio César e Barrão.
Ao se recusarem a
receber os R$ 735,00, agiram,
no nosso entender, de forma correta, honesta e corajosa. Creio que, se não agissem assim,
recusando-se a receber mais esse privilégio, passariam à população a ideia de
que foram piores do que os outros: votaram contra apenas porque sabiam que o
aumento seria aprovado mesmo, que já havia votos necessários (sete) para ser
aprovado. Votar contra e depois usufruir do privilégio os tornaria, nessa
questão, piores do que Alessandra do Brumado, Toninho da Rifel e os demais. Não
foi o que fizeram!
O que os outros vereadores fizeram é
completamente indefensável! Quando a notícia do projeto de autoria de
Alessandra e Toninho da Rifel caiu na rede social houve uma reação imediata das
pessoas, posicionando-se contrariamente a esse absurdo. Os vereadores ficaram
sabendo dessa reação, é claro. Esperava-se, então, que refletissem em sua
atitude, percebessem que era errado o que queriam fazer, além de ser ilegal, e
voltassem atrás. Não foi o que fizeram: votaram um projeto de lei imoral.
Alguns desses vereadores, que eles me
perdoem a franqueza, jogam a própria história na lata de lixo, enquanto Caio,
Hideraldo e Barrão contribuem para melhorar a política e os políticos. Aqueles
contribuem para que a população desacredite nos políticos e os coloquem todos
no mesmo saco, corroborando o dado que apresentamos acima (“em 2016 somente 6% dos brasileiros
confiavam nos partidos”). Caio, Hideraldo e Barrão nos dão esperança de
que é possível ter políticos melhores.
Reinaldo Fernandes
Editor
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Não poderíamos deixar de registrar que o
Vereador Maxiliano Maciel, o Barrão, tem tido mais coragem. Na 15ª Reunião Ordinária no Plenário
votou contra 2 (dois) projetos de lei sobre o Calendário de Eventos do
Município, que já tem em torno de 150 festas no ano! “Eu fui contra, pois
acredito que inflar o Calendário de Eventos não é o foco do papel de um
Vereador. Mais uma vez votei contra TODOS estes projetos por entender que nosso
Calendário Turístico, Cultural e Religioso já contém muitas datas comemorativas
e a maioria delas NÃO são celebradas e até mesmo esquecidas
pelo Executivo, e também porque a maioria das proposituras já são Leis
Estaduais e Federais, inexistindo a necessidade de inflar o calendário, criando
“novas” Leis Municipais”, disse o Vereador. Mostra coragem ao ter coragem de
posicionar-se francamente contra projetos de leis que nada, ou quase nada,
acrescentam à melhoria de vida da população. Ou que já existem e só servem para
que o autor divulgue que apresentou um Projeto de Lei Aprovado. Lado outro, Barrão tem sido firme
na fiscalização do Executivo, o que demonstra que ele entendeu o verdadeiro
papel de um vereador que se preze! Mais palmas para ele!
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