Edição 162 – Maio/2014
Editorial
Bola fora!
Imagine você
colocar a raposa no galinheiro e dizer para ela: “Raposinha, minha amiga, cuida
dessas galinhas pra mim por uma semana.” Você acha, honestamente, que a raposa
vai tratar carinhosamente suas galinhas, que não vai comê-las? Desconfio de que
não! E não tem nada a ver com bondade ou maldade da raposa. É da natureza dela
gostar de comer galinhas. É por isso que não se pode confiar na raposa. Só por
isso! Não é o que está acontecendo em Brumadinho, mas é algo parecido.
A Prefeitura está
comemorando o Dia Mundial do Meio Ambiente com a “Semana do Meio Ambiente –
2014”. Uma programação legal, incluindo palestra, “limpeza (?!) e plantio de
mudas”. Mas quem está apoiando o evento? A MIB, Mineração Ibirité, a mesma que
foi recentemente denunciada em diversos órgãos ambientais e, pasmem!, até na
Secretaria de Meio Ambiente de Brumadinho, a mesma que está promovendo a Semana
do Meio Ambiente, com o apoio da denunciada MIB. Pode isso, produção? Não
deveria poder, mas acontece...
Ora, se uma
mineradora, que deveria ser normal e temporariamente fiscalizada pelo órgão
ambiental – sem ter que esperar denúncias para agir, creio -, é apoiada numa atividade
do mesmo órgão, certamente contribuindo com algum recurso financeiro ou algo
que o valha, me respondam, honestamente: a Secretaria de Meio Ambiente vai
poder, quando precisar e se precisar, fiscalizar essa mineradora? Essa parceria não é, no mínimo, estranha?
Outro fato
curioso: a Prefeitura, que tem a obrigação de cuidar de centenas de quilômetros
de estradas sem pavimentação do Município, não possui nenhum caminhão-pipa que
possa usar para molhar as estradas numa precisão. Quando precisa, ela pede um
caminhão emprestado da mineradora Ferrous. Agora, me diga honestamente, querido
leitor, você acha mesmo que a Prefeitura terá “cara” de fiscalizar uma
mineradora a quem ela vive pedindo favores? Será que não é por isso que não se
fiscaliza os caminhões transportadores de minério que, desrespeitando o decreto
de proibição, continuam trafegando pelos bairros e Centro da cidade?
Por outro lado, a
reunião mensal do CODEMA – órgão deliberativo e fiscalizador das questões
ambientais de Brumadinho – não aconteceu na última sexta feira. A Presidência
do órgão – exercida pelo Executivo – disse que não tinha assunto. Como “ansim”,
produção? Então só se reúne quando há problema, se for para decidir alguma
questão que a Prefeitura precise? Ou para outro setor do colegiado que esteja
defendendo seus interesses de grupos?
Não seria
oportuno aproveitar a falta de problemas para fazer palestras para os
conselheiros, para discutir o papel do Conselho, para fazer curso de formação
ou para discutir questões ambientais do Município?
Não poderia o
CODEMA aproveitar a falta de problemas (será?!) para discutir, por exemplo, o
que fazer com a COPASA? Essa empresa não cumpre leis, detona com o Município, e
fez de nossos rios – para usar as palavras do vereador Aurélio do Pio – “rios
mortos”. Essa empresa joga todo o esgoto de Brumadinho nos rios e córregos,
como no Bananal e deixa famílias – como aquela que mora na Estrada de
Automóvel, entre ruas Rio São Francisco e Aníbal Coelho -, convivendo e
sofrendo, dia e noite, 24 horas por dia, com a podridão e o mau cheiro. Foi
multada por outras infrações e não se sabe se pagou. Não seriam esses assuntos
a serem discutidos pelo CODEMA?
Ou
estaria este Editor tomado de loucuras e apenas criticando por criticar? De
quem é a bola fora?
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