Edição 172 –
Março 2015
Aécio Neves
deverá responder a inquérito do Supremo
Senador
é apontado com um dos beneficiados pela corrupção na Operação Lava Jato
O Senador Aécio
Neves (PSDB) deve ser incluído nas investigações da Operação Lava Jato, da
polícia Federal. Segundo o deputado estadual Rogério Correia e os deputados
federais Padre João e Adelmo Leão (todos do PT), já existem provas suficientes
para que seja abeto o inquérito, especialmente após a divulgação do vídeo em
que o doleiro Alberto Yousseff afirma ter transportado para o ex-deputado federal
pelo PP, José Janene, morto em 2011, propinas pagas pela empresa Bauruense por
contratos em Furnas.
Em depoimento à
Justiça Federal do Paraná, onde corre o processo da Lava Jato, Yousseff revelou
ter ouvido de José Janene que uma diretoria da estatal (Furnas) era controlada
pelo PSDB (Aécio) e o seu partido, o PP.
Essa diretoria
promovia uma “caixinha” de onde Janene e Aécio Neves obtinham uma mesada no
valor de R$ 120 mil mensais, relativa à coleta de propinas na manipulação de
contratos de obras entre empreiteiras e a subsidiária da Eletrobrás.
Além de pagar propinas ao PSDB e PP, esse esquema
também distribuiu quase R$ 40 milhões aos principais políticos do PSDB e de
partidos coligados nas eleições de 2002. Entre eles, aparecem na lista como
principais beneficiários da propina os candidatos aos governos de Minas Gerais,
então deputado federal Aécio Neves; São Paulo, Geraldo Alckmin; e ao Senado por
São Paulo, José Serra.
Anteriormente,
quando da divulgação da primeira lista de 54 nomes, na maior parte, políticos
com mandatos, o nome de Aécio Neves ficara de fora, embora o Procurador Geral
da República, Rodrigo Janot, tenha dito que poderia a ser incluído se aparecem
provas mais substanciais contra o tucano.
A “Lista de Furnas”
Os deputados estiveram
na sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília, no dia 19 de março, quando
apresentaram uma representação solicitando a inclusão do senador Aécio Neves
nas investigações da Operação Lava Jato.
Nesse dia, os
parlamentares garantiram que já existiam “provas suficientes” para que se abrisse
um inquérito em nome do senador tucano, em especial após a divulgação do vídeo
em que o doleiro Alberto Yousseff revela ter tomado conhecimento de um esquema
de distribuição de propinas pagas pela empresa Bauruense por contratos em
Furnas. Segundo o delator, o ex-deputado federal pelo PP José Janene teria
afirmado a colegas correligionários que estes valores eram repassados ao seu
próprio partido e ao PSDB, na figura de Aécio Neves, que dividiam a diretoria
da estatal Furnas.
O esquema ao qual
o doleiro se referia remontava ao caso Lista de Furnas. A lista, já comprovada
autêntica por um laudo do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia
Federal, traz o nome de 156 políticos, entre tucanos e aliados, que teriam
recebido dinheiro publico através de um esquema de caixa dois nas eleições de
2002. Sozinho, Aécio Neves teria sido beneficiário de R$ 5,5 milhões, quantia
repassada em uma única parcela. No total, o esquema teria desviado R$ 39, 9
milhões.
Em 2012, a
utilização de caixa 2 em Furnas já havia sido alvo de uma denúncia realizada por
Andrea Bayão, então Procuradora do Ministério Público Federal do Rio de
Janeiro. No documento, a Procuradora pede abertura de inquérito contra o então
diretor de Furnas Dimas Toledo Fabiano, indicado ao cargo por Aécio Neves, e
contra diversas empresas que fariam parte do esquema, dentre as quais a
Bauruense, citada agora no depoimento de Yousseff.
Em nota, o
senador tucano se limitou a desqualificar a robusta denúncia dos parlamentares
petistas, sem responder pelos seus atos, afirmando levianamente mais uma vez
que a lista seria falsa.
Processo contra
Rogério Correia
Em 2014, Correia
passou incólume por tentativas do ex-governador em desconstruí-lo e
criminalizá-lo por meio de processo civil público instaurado em Minas Gerais
pelo PSDB.
No processo, o
tucano acusa Correia de ter providenciado a falsificação da lista e de
improbidade administrativa, por ter pago com dinheiro da verba de gabinete na
Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) o suposto autor da fraude
documental.
Em dezembro, a
Promotoria de Minas determinou, no entanto, o arquivamento do inquérito aberto
contra Correia. O argumento: inexistência de “provas consistentes” alegadas
pelo PSDB e também por restar demonstrada a veracidade da Lista de Furnas, até
então acusada de “falsificação grosseira” por Aécio Neves.
Nova visita ao
Procurador
No último dia 31
de março, os deputados mineiros Rogério Correia, Adelmo Carneiro e Padre João;
e ainda os deputados federais Fernando Marroni (PT-RS) e Pedro Uczai (PT-SC),
foram recebidos pelo Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem
entregaram novos documentos que, segundo eles, provam o envolvimento do senador
Aécio Neves (PSDB-MG) no escândalo de Furnas.
Os deputados voltaram
a pedir a reabertura de inquérito para investigar a ligação de Aécio Neves ao
esquema de corrupção que veio à tona em 2006. Eles também apontam, no documento
entregue no dia 31, que depoimentos da Operação Lava Jato também provam as
irregularidades cometidas pelo tucano. Os documentos entregues foram anexados,
aditados à petição protocolada no dia 19.
"Fomos muito bem acolhidos pelo
procurador, que manifestou-se claramente pela intenção de considerar todas as
provas e evidências para instaurar o inquérito", afirmou o deputado
federal Odelmo Leão (PT-MG) a jornalistas após o encontro. "Procuramos
demonstrar que, com todas as provas, o caso Furnas não pode ficar sem abertura
de processo: há, mais que indícios, provas de caixa dois com envolvimento do
PSDB em que Aécio Neves é o principal responsável", acrescentou o deputado
estadual Rogério Correia (PT-MG). Correia disse que este é o momento certo para
que o Brasil possa “passar a limpo uma parte de sua história. Nós trouxemos
muitas provas, inclusive a Lista de Furnas original autenticada pela Polícia
Federal, comprovando que Aécio Neves recebeu R$ 5,5 milhões da estatal”, afirmou.
Já o deputado federal Padre João (PT-MG) se
disse confiante na investigação de Janot. "Temos esperança e confiança no
Dr. Rodrigo Janot. Apresentamos provas e pedimos que abra processo de
investigação. Investigar não é condenar ninguém. Isto faz parte do estado
democrático e de direito. Se a investigação concluir que houve ilícitos, crime,
então que seja ofertada a denúncia ao Supremo Tribunal Federal. Simples
assim", disse.
Os cinco parlamentares do PT foram ao gabinete do Procurador
a seu convite. No dia em que protocolaram a petição o Procurador não estava em
Brasília e não os pode atender.
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