Edição 172 –
Março 2015
Ex-deputado do PSDB e dono do
jornal OTEMPO é condenado por lavagem de R$ 3,8 bilhões
O
empresário e ex-deputado federal pelo PSDB e PV Vittorio Medioli, de 63 anos,
foi condenado a cinco anos e cinco meses de prisão por crime contra o sistema
financeiro. O ex-parlamentar foi um dos alvos da Operação Farol da Colina,
realizada pela Polícia Federal para desbaratar um esquema por meio do qual
foram enviados ilegalmente R$ 3,8 bilhões para o exterior com uso da Beacon
Hill Service Corporation.
A
sentença contra Medioli foi expedida pela Justiça Federal em Minas Gerais no
último dia 28 de fevereiro e divulgada no dia 2 de março pelo Ministério
Público Federal (MPF), que informou ter recorrido da decisão. A Procuradoria da
República solicita ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) o aumento
da pena para “patamares próximos ao máximo”. O acusado foi condenado a três
anos e um mês de prisão pelo crime de evasão de divisas e a dois anos e quatro
meses de prisão por “manutenção clandestina de depósitos” no exterior. A lei
prevê penas de até seis anos de prisão para cada um dos crimes.
Segundo
o MPF, as operações pelas quais Medioli foi acusado foram realizadas em 2002 e
totalizaram US$ 595 mil, equivalentes a cerca de R$ 3,8 milhões em valores
corrigidos. De acordo com as investigações, o então deputado federal teria
entregue a quantia a um doleiro brasileiro, que a enviou para uma conta do
empresário na Suíça por meio da subconta Monte Vista, mantida pela Beacon Hill
na agência do Banestado em Nova York. Na denúncia, o Ministério Público acusou
Medioli de efetuar “operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover
evasão de divisas” e também de manter “depósito de quantias no exterior sem
informá-lo às autoridades competentes”.
Revelia
Proprietário
da Sempre Editoria, que publica os jornais O Tempo e Super Notícia, e do grupo
Sada, entre outras empresas, Medioli alegou em sua defesa que não sabia sobre o
envio de recursos para o exterior, assim como sobre o depósito em banco suíço.
Mas fez retificação de declaração de renda para informar sobre a conta. ”Não se
revela crível que recursos dessa monta tenham sido enviados e mantidos em conta
no exterior de titularidade do acusado à sua revelia”, afirmou a juíza Rogéria
Maria Castro Debelli, da 4ª Vara Federal de Belo Horizonte.
Para
a magistrada, o empresário “não só detinha pleno conhecimento de sua existência
(conta), mas também dos mecanismos de abastecimento dela”. “As consequências do
crime são graves, tendo em vista que os fatos ora julgados integram-se a um
esquema de evasão, sonegação e lavagem de capitais, operacionalizados por
intermédio da empresa Beacon Hill Corporation, para o qual o acusado emprestou
colaboração, disponibilizando para evasão do País e custódia no exterior,
recursos financeiros vultosos”, afirmou a juíza.
Medioli
não foi encontrado para falar sobre o caso. No escritório de seus advogados, a informação
foi de que um dos defensores, Décio Flávio Gonçalves Torres Freire, está
viajando e outro, João Felipe Pinto Gonçalves Torres, não estava. Eles não
retornaram os recados. Outro advogado que consta no processo, Fábio Antônio
Tavares dos Santos, baseado em São Paulo, não foi localizado. A defesa já
apresentou recurso à Justiça.
A
Beacon Hill era uma espécie de conta-ônibus, que abrigava diversas subcontas
usadas para enviar recursos ilegalmente para o exterior.
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