Edição 186 – Maio 2016
Editorial
O cenário nacional e a influência nas
eleições em Brumadinho
O
cenário político federal é um tanto confuso. Veja-se que uma Presidenta
legitimamente eleita, com quase 55 milhões de votos (8.369 em Brumadinho), foi
retirada do cargo enquanto seus algozes diziam combater a corrupção. E, menos
de um mês de governo interino depois, já caíram dois ministros acusados de
corrupção, além de ter o envolvimento em denúncias – agora com pedido de prisão
pela PGR - dos maiores nomes do PMDB e do PSDB, os dois principais partidos
responsáveis pelo Golpe de Estado contra a Presidenta.
A
questão é se o cenário nacional interferirá nas eleições locais.
Todos
estão vendo o atual governo interino e a que ele serve. Em menos de um mês de
governo, as conquistas populares dos últimos anos foram duramente atacadas,
como o fim dos ministérios da Reforma Agrária; da Cultura; da Igualdade Racial;
das Mulheres e dos Direitos Humanos; da Comunicação, para citar alguns. E o fim
da CGU – Controladoria Geral da União - principal órgão de combate à corrupção,
o que mostra claramente que a verdadeira intenção do Golpe de Estado contra a
Presidenta foi para barrar a Operação Lava Jato e o combate à corrupção que
vinha sendo feito por seu governo. As conversas de Sérgio Machado, ex-senador
do PSDB, com o primeiro ministro interino que caiu, Romero Jucá, e depois com
Sarney e Renan Calheiros (os três com pedidos de prisão) provam isso.
Esse
governo interino não dura, tem enfrentado a oposição dentro do governo e nas
ruas dias após dias, todos os dias.
Em
relação à interferência nas eleições em Brumadinho, vejo dois aspectos. Num
primeiro, para a maior parcela da população, o que importa é a política local.
O cidadão quer saber dos problemas locais, se o candidato tem solução para a
escola de seu filho, para a saúde, para a questão do hospital municipal, quer
um quebra-molas na sua porta, quer solução para o trânsito etc. Por isso, essa
parcela vai se preocupar com a política local, e não dará a mínima para as
questões nacionais.
Outra
parcela, creio que bem menor da população, se lembrará sempre das questões
nacionais. Ora, qual era o discurso da grande imprensa para derrubar a
Presidenta? Que o PT tinha inventado a corrupção e era responsável por ela. E o
que está se vendo com a divulgação das gravações, todas feitas antes do dia da
votação da admissibilidade do impeachment? As gravações provam que a única
intenção era tirar Dilma a fim de parar a Lava Jato e o combate à corrupção,
“estancar a sangria”, como disse o Senador Jucá (daí o pedido de prisão da
PGR). A parcela da população que estava a favor de derrubar a Presidenta agora
percebe que realmente era um golpe de estado o que estava por trás do chamado
impeachment.
Nesse
sentido, quem será muito beneficiado em Brumadinho? O beneficiado será o
candidato (ou candidatos) dos partidos aliados da Presidenta. Primeiro, porque
caiu por terra o discurso da grande mídia, do PMDB, do PSDB e dos partidos que
apoiaram o golpe de que queriam combater a corrupção.
Segundo,
porque a população de Brumadinho conhece, e reconhece, quem são as pessoas
honestas do Município. A população sabe exatamente quem se enriqueceu com a
política, quem teve ou ainda tem envolvimento em questões obscuras. A população
sabe exatamente quem responde a processos e a inquéritos do Ministério Público,
por “improbidade administrativa”, o nome bonito para “corrupção”, ou roubo do
dinheiro do brumadinense.
Reinaldo Fernandes
Editor
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Aliás,
a recente prisão do ex-presidente do PSDB, Nárcio Rodrigues, pai de Caio
Nárcio, ambos os deputados mais votados em Brumadinho, também ajuda a
desmascarar quem combate a corrupção e quem participa dela ativamente.
A
população sabe quem pode andar de cabeça erguida nas ruas; quem pode entrar nas
casas das pessoas, porque não deve nada, nunca foi acusado de nenhuma corrupção.
E conhece os que deveriam se envergonhar até mesmo de frequentar locais
públicos, tamanho envolvimento em corrupção e roubo.
Por
fim, as eleições são sempre um momento de esperança da população, que já
mostrou que gosta de fazer a troca dos políticos, com aquele sentimento que se
apossa dela quando sai de casa para votar: “Agora vai dar certo!”.
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